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SEÇÃO II DELINEANDO CAMINHOS: PERCURSO METODOLÓGICO

2.5 Aplicações dos Instrumentos

A escolha da EEEFM Luiz Paulino Mártires como lócus desta pesquisa, não se deu de forma aleatória. Como técnica em assuntos educacionais da SEDUC, possuía com a gestora e demais coordenadores pedagógicos dessa escola, uma espécie de parceria nos trabalhos ali

desenvolvidos. Dentre essas parcerias, destacamos: palestras sobre juventude, construção do PPP, participação em momentos culturais, gincanas e outros.

Com a inserção no doutorado do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA, na Linha Educação, Cultura e Sociedade, no ano de 2014 e após a delimitação da temática deste estudo, essa parceria se intensificou. A partir daí, procurou-se estar diretamente ligada às atividades ali desenvolvidas, intensificando ainda mais a aproximação com a referida escola.

Em 2015, foi desenvolvida uma pesquisa sobre Juventude e Escolarização, com os alunos que naquele ano estavam concluindo o Ensino Médio27, e ela foi apresentada no Simpósio Internacional sobre Juventude Brasileira (JUBRA), no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, os dados foram mostrados à gestão e coordenação da escola e apresentados ao corpo docente, na Jornada Pedagógica de 2016. Isso demonstra que não é de agora o contato com a EEEFM Luiz Paulino Mártires, o que facilitou a inserção nesse espaço e a coleta dos dados.

Podemos assertivar que a aproximação com o lócus da pesquisa se deu em cinco etapas: a primeira, resultante da relação anterior à entrada no doutorado; a segunda, a partir da apresentação do projeto de tese; a terceira, por meio do primeiro projeto piloto desenvolvido na escola; no quarto, o acesso aos jovens para apresentação do projeto de pesquisa e aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e aplicação do questionário; e no quinto, a realização do grupo focal.

A aplicação das técnicas se deu mediante a apresentação dos documentos devidamente assinados pela pesquisadora e por sua orientadora à gestão da escola, na pessoa da professora Roseane de Nazaré Luz Guimarães, que de forma solícita, me recebeu no estabelecimento e esteve sempre muito presente, inclusive auxiliando em alguns momentos.

No que tange à aplicação do questionário que consta no final deste estudo (Apêndice B), este foi dividido em duas partes. A primeira, composta por 27 (vinte e sete) questões mais fechadas e que versam sobre o perfil socioeconômico e cultural dos jovens estudantes. A segunda, intitulada “sentidos e significados atribuídos pelos jovens à escola”, composta por 14 questões. A proposição do segundo momento do questionário consistiu em traçar o perfil educacional dos sujeitos da pesquisa. A imagem abaixo (que foi tratada no sentido de resguardar o anonimato dos sujeitos), destaca o momento de aplicação da referida técnica.

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Esse exercício inicial já estava vinculado ao processo de doutoramento. No ano de 2015, fizemos uma pesquisa sobre a importância dada pelos jovens à escola. Os resultados obtidos serviram para reafirmar o desejo em adentrar no estudo da temática “Juventude e Escolarização”.

Figura 4 - Aplicação do Questionário (3º turno)

Fonte: Arquivo pessoal da autora, (FARIAS, 2017).

A EEEFM Luiz Paulino Mártires possui hoje, um quantitativo de cinco turmas que estão cursando o último ano do Ensino Médio, distribuído nos três turnos. Dessa feita, para traçar com mais propriedade o perfil desses sujeitos, o questionário foi aplicado a todos os alunos presentes na escola, no momento da produção dos dados do questionário sócio- econômico-cultural-educacional. Um número de 95 (noventa e cinco) estudantes respondeu ao questionário, do total de 142 alunos regularmente matriculados e frequentando o terceiro ano do Ensino Médio da referida escola.

Ressalta-se que, antes de iniciar o trabalho de aplicação do questionário, que se deu em três dias consecutivos, passando pelos três turnos, foi explicada a temática do estudo em questão, o objetivo geral e específico da pesquisa, bem como a leitura e assinatura do Termo de Livre Consentimento.

A técnica de Associação Livre de Palavras também foi aplicada aos 95 (noventa e cinco) jovens da escola. Assim, solicitamos que cada participante produzisse até três palavras, a partir de dois termos indutores. A referida técnica, aliada ao questionário e ao grupo focal, ajudou na produção do corpus necessário para analisar as representações dos jovens do ensino médio sobre seus processos de escolarização.

Como recorte para este estudo, por adesão dos próprios alunos, foi aplicada a técnica do Grupo Focal para 14 (quatorze) estudantes. Por sugestão deles próprios e da gestora, que nesse momento contribuiu significativamente com o processo, o local foi a sala de aula, lugar em que se sentiam mais acomodados e familiarizados.

Figura 5 - Foto do grupo focal

Fonte: Arquivo pessoal da autora, (FARIAS, 2017).

Para qualificar o uso dessa técnica, seguimos as orientações de Berg (1998) e Placco (2005), em suas quatro proposições:

a) Ter objetivo ou problema de pesquisa claramente definido;

b) Configurar a adequação da composição do grupo para os propósitos da pesquisa, no que concerne à homogeneidade e à heterogeneidade dos sujeitos em questão; c) Avalizar a qualidade na relação entre pesquisador e pesquisado, por meio do

aspecto da confiabilidade em relação aos assuntos discutidos, garantido participação efetiva e espontânea;

d) O facilitador deve estar munido de todos os materiais necessários, bem como, ter claras, as questões que serão postas em discussão.

De acordo com Neves (2014, p. 67), “a marca do Grupo Focal é levantar as diferentes opiniões, atitudes, pensamentos e sentimentos, expressos verbalmente ou não [...] visando compreender não apenas o que, mas também por que os participantes pensam a maneira que pensam”.

Por meio desta técnica, é possível produzir uma ambiência de grupo de pertencimento que concorre para a segurança em posicionar-se com relação ao objeto de discussão. No caso de sujeitos jovens, a decisão por usar essa técnica possibilitou condições de produções de dados bem mais objetivas, haja vista que uma das marcas do jovem é o agrupamento. É comum entre eles um posicionamento de maior segurança quando estão em grupo, que demarcam processos de identificações e de produções, de sentidos e significados, elementos balizares das representações sociais sobre os fenômenos.

Nessa perspectiva, a aplicação do Grupo Focal se deu mediante uma metodologia previamente construída. Para iniciar a dinâmica, novamente foi lido e explicado o Termo de Livre Consentimento, e também o Termo de Consentimento de Uso de Depoimento e Imagem e devidamente assinado por todos. A fala inicial caminhou no sentindo de explicar sobre o que é ser jovem, ressaltando marcos históricos e legais que envolvem essa categoria.

No segundo momento, foi colocado um vídeo com a música “Somos tão Jovens”, do compositor Renato Russo. O objetivo foi de relaxar o grupo e também dar continuidade ao questionamento posto acima, sempre os provocando para que revelassem os elementos figurativos relacionados à juventude, projeto de vida e educação.

No terceiro momento, dando continuidade ao trabalho, assistimos a um vídeo sobre Juventude28. O referido vídeo tratava das diversas representações construídas historicamente sobre os sujeitos jovens. Ao final, um rico debate se estabeleceu, sendo perceptível, a partir da fala de alguns jovens, que as representações construídas sobre eles, nem sempre correspondem aos seus processos de identificação.

No quarto momento, foi disponibilizada a entrevista “Olho na escola: um papo sobre juventudes”29

, com a teórica Mirian Abramovay. Nessa entrevista, a referida teórica comentava sobre uma pesquisa com jovens que culminou no livro “Juventude na Escola: Por que frequenta?” Após assistirem, novamente abriu-se para o debate e todos, indistintamente, fizeram suas colocações.

E por fim, no sentido de alcançar os objetivos da pesquisa, foram lançados cinco questionamentos para o grupo:

 Quando você pensa em escola, escolarização, quais as três palavras que lhe vêm à mente?

 Quais as dificuldades que você enfrentou ou ainda enfrenta para permanecer na escola?

 Qual a importância da escola na construção do seu projeto de vida? Quais valores você atribuiu a ela?

 Qual o tipo de escola que você gostaria de ter?

 Quando você concluir o Ensino Médio, quais os seus planos para o futuro?

Todas essas questões foram respondidas pelos jovens, gravadas e transcritas e compõem o banco de dados, de onde será retirado o corpus da análise deste estudo. Ao final, agradecemos tanto à gestão da escola, quanto os jovens que se dispuseram a participar.

28 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FYbmIEdTIQ0. Acesso em: 22/06/2017 29 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IDgN1ygicE0. Acesso em 22/06/22017.