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SEÇÃO II DELINEANDO CAMINHOS: PERCURSO METODOLÓGICO

2.4 Técnicas e Instrumentos de Coletas de Dados

Para a construção deste estudo, foram utilizadas três técnicas de coletas de dados: Associação Livre de Palavras, Questionário e Grupo Focal (GP). Essas escolhas se deram pela necessidade de se buscar compreender em profundidade as imagens e significados dados pelos jovens aos seus processos de escolarização. Complementares entre si, elas oportunizaram aos participantes da pesquisa, o papel não de objetos, mas de sujeitos em suas próprias reflexões, conforme nos diz Neves (2014).

2.4.1 Questionário

Existem diversas técnicas de coletas de dados ao falarmos de pesquisas de cunho qualitativo. Dentre essas técnicas de coletas de dados, o questionário ainda se sobressai como uma potencial possibilidade, bastante utilizada, na apreensão dos dados de um estudo. De acordo com Gil (1999, p. 128), o questionário pode ser definido,

[...] como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.

Com base na proposição de Gil (1999), a técnica de coleta de dados por meio do questionário pode contribuir para a apreensão das informações, tanto dos sujeitos quanto da realidade na qual estão inseridos. Essas informações podem ser de cunho mais objetivo, geralmente, com a finalidade de traçar o perfil dos pesquisados, como também aspectos mais subjetivos.

Todos esses elementos são basilares na construção de um trabalho de pesquisa. Conforme (LEOPARDI, 2002, p. 180), “refere-se a um meio de obter as respostas às perguntas que o próprio informante preenche, contêm um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas a um problema central”.

Nas palavras de Gil (1999), uma das grandes vantagens na utilização do questionário sobre as demais técnicas de coleta de dados, consiste na possibilidade que ela possui de atingir grande número de pessoas. Esse autor ainda apresenta outros pontos fortes na utilização dessa técnica, que são:

a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelos Correios;

b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;

c) garante o anonimato das respostas;

d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente; e) não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal.

No caso deste estudo, o objetivo e a opção seguiram nessa direção, sendo que a finalidade inicial foi traçar um perfil socioeconômico, cultural e educacional dos jovens que estão cursando o 3º ano do Ensino Médio na escola pesquisada. Assim, a utilização do questionário foi fundamental no sentido de atingir grande número de participantes.

2.4.2 Grupo Focal

Muitas são as razões pelas quais a técnica de coleta de dados através do Grupo Focal ou Grupo Foco (GF), tem ganhado notoriedade nas pesquisas qualitativas. A principal delas diz respeito à oportunidade que essa metodologia provoca de interação dos indivíduos em/de um determinado grupo.

A consolidação dessa técnica, de acordo com Charlesworth e Rodwell (1997), tem se dado em virtude da priorização oferecida por ela à visão que os participantes possuem em relação às suas experiências vivenciadas. A compreensão, por parte do pesquisador, de determinada temática ou de um evento, é fruto dos depoimentos oriundos das próprias palavras, das percepções e dos comportamentos dos sujeitos.

A técnica do GF tem no sociólogo Robert Merton e seus colaboradores, a sua criação e estruturação, aproximadamente na década de 1940. As primeiras experiências com Grupo Focal se deram em pesquisas sociais com soldados, durante a II Guerra Mundial, cujo objetivo consistia em identificar a validez do material de treinamento para as tropas e as consequências das propagandas.

Aproximadamente na década de 1980, a técnica de grupos focais passou também a ser utilizada em outras áreas do conhecimento como Saúde e Ciências Sociais. Alcançando grande expansão, em tempos atuais, sua utilização tem sido vista também em estudos nas áreas de Antropologia, Comunicação, Educação, entre outras.

A autora Sônia Gondim (2003), em seu artigo “Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos”, ressalta o quanto essa técnica tem contribuído na percepção e nas RS dos vários grupos humanos.

Portanto, reafirmamos que a escolha da técnica de pesquisa de Grupo Focal, se deu por considerá-la capaz de reunir sujeitos em torno de temas comuns, No caso deste estudo, por reunir jovens que estão concluindo o último ano da educação básica, e que podem descrever e dissertar sobre os sentidos e os significados que possuem sobre seus processos de escolarização, enquanto sujeitos e enquanto grupo social, pois, de acordo com Placco (2005), “Tendo em foco um determinado assunto, a discussão não busca o consenso, mas levantar as diferentes opiniões, atitudes, pensamentos e sentimentos expressos verbalmente ou não, em um tempo relativamente curto”. (p. 302)

2.4.3 Associação Livre de Palavras

De acordo com Nóbrega e Coutinho (2003), o emprego da Técnica de Associação Livre de Palavras em consonância com a TRS, tem seu aparecimento na década de 1980. Conforme esses autores, sua utilização se dá de maneira diferenciada em comparação aos estudos de Carl Gustav Jung, uma vez que para a Psicologia Social interessava não os aspectos clínicos, mas “as dimensões latentes nas RS, através da configuração dos elementos que constituem a trama ou rede associativa dos conteúdos evocados em relação a cada estímulo indutor” (NÓBREGA; COUTINHO, 2003, p. 68).

A técnica de Associação Livre de Palavras também denominada de Evocação Livre (EL) ou ainda Teste de Associação Livre de Palavras (ALP), foi utilizada neste estudo, no sentido de “fazer emergir os conteúdos implícitos ou latentes” (ANJOS, 2014, p. 94), que os jovens estudantes do 3º ano do Ensino Médio da EEEFM Luiz Paulino Mártires possuem sobre seu processo de escolarização. Nas palavras de Bardin (2008, p. 53), a referida técnica serve para “localizar as zonas de bloqueamento e de recalcamento de um indivíduo”.