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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 OS PROGRAMAS DE APOIO ÀS EXPORTAÇÕES

2.4.2 O apoio oficial às exportações no Brasil

No Brasil, fazendo uma breve retrospectiva da história econômica recente, pode-se verificar que o desenvolvimento de incentivos à exportação esteve por muitos anos voltado para a correção dos déficits na balança comercial e para gerar divisas para o pagamento de juros e amortização da dívida externa (CHRISTENSEN, ROCHA e GERTNER, 1987; LABATUT, 1994; MANTEGA, 1995; ROCHA, 1988). A política econômica adotada pelo governo brasileiro dos anos 50 até a década de 80 estava baseada no modelo de substituição de importações e no estímulo para a exportação de produtos manufaturados, para gerar

superávits que auxiliassem o pagamento da dívida (MANTEGA, 1995; ROCHA, 1988).

Contudo, no que diz respeito aos instrumentos de apoio à exportação, o governo brasileiro adotou, por algum tempo, basicamente os seguintes instrumentos de apoio à exportação: taxa de câmbio, subsídios e incentivos fiscais (HAAR e ORTIZ-BUENAFINA, 1995). Os subsídios, segundo Contador in Rocha (1988), podem ser entendidos, no caso brasileiro, como o apoio aos exportadores para corrigir e compensar as distorções domésticas que atingem os produtos exportáveis. De acordo com este autor, a partir da reforma tributária de 1965, os subsídios mais conhecidos foram: os “créditos-prêmio” de Imposto de Circulação de Mercadorias - ICM e Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI; os juros subsidiados e o imposto de renda. Ainda, é a partir de meados dos anos 60 que começam a aparecer os programas mais significativos de apoio aos exportadores brasileiros e surgem organismos públicos de apoio à exportação (MDIC, 2009), como é apresentado no quadro 8, a seguir.

Ano Programa

1964 Programa de Ação Econômica do Governo – PEAG, com um conjunto de incentivos fiscais e financeiros à exportação de produtos industrializados. 1965 Criação do Drawback, com o objetivo de isentar insumos importados,

para uso nas exportações.

1966 Criação do Conselho Nacional de Comércio Exterior – CONCEX, com o objetivo de estimular as exportações de produtos industrializados. 1966 Criação da Carteira de Comércio Exterior – CACEX do Banco do Brasil,

para, entre outras funções, dar apoio às exportações brasileiras. 1969 Isenção do IPI na exportação e uso dos créditos.

1973 Criação dos Benefícios Fiscais e Programas Especiais de Exportação – BEFIEX.

Quadro 8 – Organismos e programas de apoio à exportação, a partir de 1960 Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

Mais recentemente, as diretrizes gerais da política de comércio exterior foram implementadas durante o governo Collor, por meio da portaria 365/90 do Ministério da Economia Fazenda e Planejamento (LABATUT, 1994). Esta portaria subsidiou a implantação das linhas oficiais de financiamento às exportações, oferecendo os parâmetros e o perfil dos produtos que seriam exportados. Foi a partir desta portaria que se desenvolveu o PROEX e o atual BNDES-Exim, gerenciados, respectivamente, pelo Banco do Brasil S/A e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

Para um reconhecimento dos principais mecanismos oferecidos pelo governo brasileiro e por instituições privadas, buscou-se, de maneira resumida, identificá-los por meio de uma pesquisa telematizada em sites de organismos como Banco do Brasil, BNDES, MRE, SEBRAE, APEX, entre outros. O resultado dessa investigação é apresentado no quadro 9 a seguir.

Programa Característica

Drawback Suspensão ou isenção de impostos incidentes na importação de produtos que serão agregados à exportação.

Entreposto Aduaneiro Regime aduaneiro especial que possibilita a importação de mercadorias com suspensão temporária de impostos

Agência de Promoção às Exportações-APEX

Apoio à promoção comercial de produtos e serviços brasileiros no exterior. Atua também na formação de consórcios de exportação.

PROEX Financiamento à exportação na fase pós-embarque, com juros internacionais.

BNDES-Exim Financiamento à exportação nas fases pré e pós-embarque, com juros internacionais.

PROGER Exportação Financiamento com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a produção nacional de bens na fase pré-embarque e as atividades diretamente envolvidas com a promoção da exportação das micro e pequenas empresas.

PROGEX Ferramenta tecnológica que fortalece micro, pequenas e médias empresas brasileiras, contribuindo para a evolução dos processos produtivos atuais, buscando valor agregado e conteúdo tecnológico dos produtos brasileiros.

Exporta Fácil Serviço de exportação dos correios criado para facilitar as exportações de até US$ 10 mil por operação.

Programa Especial de Exportações – PEE

Programa articulado entre governo, setor privado, estados e municípios para viabilizar estratégias de exportação.

Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade – FGPC

Instrumento de garantia de crédito para operações realizadas com o BNDES.

Incentivos fiscais Desoneração de tributos e impostos ligados à exportação (IPI, ICMS, PIS, COFINS).

Seguro de Crédito Seguro contra o não recebimento das exportações. Administrado no Brasil pela Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação – SBCE.

Quadro 9 – Resumo dos principais mecanismos de apoio à exportação no Brasil Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

Com o objetivo de classificar os programas de apoio às exportações com o tipo de apoio oferecido, bem como os respectivos patrocinadores destes mecanismos, foi desenvolvido o quadro 10, que é apresentado a seguir.

Tipo de Apoio Programa Patrocinadores Promoção comercial Consórcios de exportação; participação em

feiras; missões empresariais; projeto comprador; desenvolvimento de marcas e

design; sites com potenciais compradores.

APEX, MRE, federações de indústrias, associações empresariais e sindicatos de indústrias.

Apoio creditício e financeiro

Seguro de crédito às exportações; FGPC; ACC; ACE; PROEX; PROGER; BNDES Exim.

Rede bancária pública e privada, MDIC, Banco do Brasil e BNDES.

Incentivos ficais Drawback; entreposto aduaneiro; créditos

de IPI, PIS, COFINS e ICMS; RECOF.

Secretaria da Receita Federal, MDIC e secretarias da fazenda estaduais.

Capacitação e treinamento

Cursos; palestras; seminários; revistas; vídeos; encontros de exportadores.

APEX, MDIC, MRE, Banco do Brasil, federações de indústrias, associações empresariais e sindicatos de indústrias.

Apoio operacional Centros de distribuição no exterior; entrega de pequenos volumes no exterior; gestão de pagamentos e entrega de produtos no exterior.

APEX, Correios e Banco do Brasil.

Quadro 10 – Classificação dos programas brasileiros quanto ao tipo de apoio oferecido Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

2.5 ORIENTAÇÃO INTERNACIONAL

O fator de maior explicação do fenômeno das empresas Born Globals (BG), segundo vários estudos empíricos, é o comprometimento dos gestores com a internacionalização dos negócios destas empresas, ou seja, a orientação internacional dos executivos (NUMMELA et

al., 2004; OVIATT e McDOUGALL, 1997; McDOUGALL, OVIATT e SHRADER, 2003;

RASMUSSEN e MADSEN, 2002; RENNIE, 1993). O conhecimento e a experiência sobre mercados externos, tratados em vários estudos sobre BG como orientação empreendedora internacional, são antecedentes significativos da performance destas empresas em mercados externos (AUTIO et al., 2000; KNIGHT e CAVUSGIL, 2004; KNIGHT e CAVUSGIL, 2005, RIALP et al., 2005).

Neste sentido, a orientação global pode ser entendida como a ênfase organizacional no sucesso em nível mundial ao invés do sucesso país-a-país e constitui parte da cultura da organização (ZOU e CAVUSGIL, 2002). Para ter sucesso internacional, os altos executivos de uma organização necessitam de um alto nível de “orientação global”, para identificarem e explorarem eficientemente as oportunidades dos mercados (GRAY, 1997).

Empresas mais experientes ou mais orientadas internacionalmente escolhem mercados mais estratégicos para entrar, buscam obter vantagem dos diferenciais competitivos de cada mercado, além de obterem um desempenho superior em relação a outras empresas menos experientes em mercados internacionais (CAVUSGIL e ZOU, 1994; ZOU e CAVUSGIL, 2002). De acordo com o estudo de Collinson e Houlden (2005), o nível de conhecimento e a