• Nenhum resultado encontrado

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.5 ORIENTAÇÃO INTERNACIONAL

2.5.1 Escalas para avaliar orientação internacional

A orientação global ou internacional dos executivos, segundo vários estudos, pode ser caracterizada como um subconstruto multidimensional, tendo como conceito mais amplo a orientação global ou global mindset (FREEMAN e CAVUSGIL, 2007; NUMELLA et al., 2004).

Uma das primeiras investigações empíricas que buscou antecedentes e impactos na

performance sobre o fenômeno das born globals foi a tese de doutorado de Knight (1997). O

autor procurou identificar características destas empresas e um modelo causal comparando empresas BG e não-born globals (NBG). No estudo deste autor, o construto da orientação global foi derivado de subconstrutos da orientação para mercado a partir dos construtos desenvolvidos por Narver e Slater (1990) e Jaworski e Kohli (1993).

O quadro 11 apresenta o conjunto de variáveis utilizadas no estudo de Knight (1997). Nesse estudo, foram entrevistadas 122 empresas americanas BG e 168 empresas norte-americanas NBG. O modelo causal proposto pelo pesquisador demonstrou a orientação global como uma característica significativa das empresas BG e um antecedente importante da

Orientação global

Comprometimento com mercados externos (adequação dos recursos financeiros e humanos).

Visão internacional (mundo como um mercado único, comunicação da missão de ser bem-sucedido em mercados externos e foco no desenvolvimento de recursos).

Pró-atividade internacional (cultura de explorar oportunidades, ousadia nas decisões e abordagem não conservadora do ambiente internacional).

Orientação para clientes internacionais (compreender as necessidades, sucesso em satisfazer estas necessidades e serviços de pós-venda).

Resposta ao mercado internacional (comunicar experiências com consumidores, responder rapidamente, discutir pontos fortes e fracos e compreender como criar valor).

Competência em marketing internacional (conhecimento dos clientes, adaptação dos produtos, eficácia no apreçamento, eficácia na publicidade, eficácia na distribuição e habilidade no uso das ferramentas de marketing para a diferenciação).

Uso de tecnologias avançadas de comunicação Quadro 11 – Orientação global (a)

Fonte: Knight (1997, p.51)

Subsequentemente, Moen (2002), na Noruega e na França, e Moen e Servais (2002), na Dinamarca, Noruega e França, replicaram a escala para medir a orientação internacional proposta por Knight (1997). Em seus estudos, aplicados em outros contextos nacionais, estes autores testaram validade do instrumento para medir orientação internacional de empresas BG.

Outro fator associado com a rápida internacionalização é a transmissão da visão estratégica global pelos principais executivos de uma organização (OVIATT e MCDOUGALL, 1995). Uma primeira tentativa de desenvolver uma escala que aferisse a transmissão da visão estratégica global dos executivos foi desenvolvida por Roth et al. (1991). Nessee estudo, executivos norte-americanos de indústrias globais foram instados a indicar a extensão em que as unidades de negócio de uma empresa dividem uma filosofia comum em relação a negócios globais. Os autores encontraram uma associação entre os executivos que perseguem uma estratégia global com mecanismos de coordenação. Esta escala de orientação global (quadro 12) foi replicada por Pla-Barber e Escribá-Esteve (2006) com 274 indústrias espanholas, divididas em empresas de rápida internacionalização e de internacionalização tradicional. O construto foi validado em ambos estudos.

Orientação Global As necessidades dos clientes são padronizadas no mundo inteiro. O produto da empresa é conhecido no mundo inteiro.

A tecnologia é padronizada no mundo inteiro.

A empresa encontra os mesmos competidores em todos os mercados. Os programas de marketing podem ser padronizados no mundo inteiro. Quadro 12 – Orientação global (b)

Em um estudo de Knight e Cavusgil (2004), foram explorados o papel da cultura inovadora e capacidade organizacional na rápida internacionalização das empresas BG e os impactos na performance. Nesse estudo, os autores usaram o termo orientação empreendedora internacional como reflexo da capacidade inovadora e da pró-atividade de uma empresa em atingir mercados externos. Para Freeman e Cavusgil (2007), a orientação empreendedora internacional refere-se aos elementos comportamentais de uma orientação global e captura a propensão dos altos executivos de uma empresa para assumir riscos, inovar e agir pró-ativamente.

Este novo conceito, dessa forma, sobrepõe a orientação internacional limitando-o às empresas de rápida internacionalização (NUMELLA et al., 2004). Assim, a partir de uma investigação empírica com 203 indústrias norte-americanas, a orientação empreendedora internacional foi identificada por Knight e Cavusgil (2004) como uma característica significativa de empresas BG. O quadro 13 destaca as variáveis desenvolvidas pelos autores e medidas com uma escala do tipo Likert de 07 pontos, para validar o construto proposto naquele estudo.

Orientação empreendedora internacional Nossos altos executivos são experientes em negócios internacionais.

Os altos executivos da empresa tendem a ver o mundo, em vez do mercado doméstico, como nosso mercado.

A cultura organizacional que predomina em nossa empresa (sistema coletivo de valores da empresa) conduz à busca ativa de novas oportunidades de negócios no exterior.

Os altos executivos continuamente comunicam sua missão de serem bem-sucedidos em mercados externos para todos os empregados.

Nos últimos 05 anos, nossa empresa comercializou vários produtos em mercados externos.* Os altos executivos estão focados no desenvolvimento dos recursos humanos e de outros

recursos que podem maximizar o atingimento de nossos objetivos no exterior.

Nos mercados internacionais, nossos altos executivos têm uma predisposição por projetos de alto risco (com possibilidade de altos retornos). *

Quando confrontados com situações de tomada de decisão em mercados externos, nós normalmente adotamos cautela, uma postura de “esperar e ver” com o objetivo de reduzir a possibilidade de erros que custarão caro à empresa (item reverso da escala).*

Os executivos comunicam para todos na empresa as informações sobre o sucesso e insucesso nas experiências com clientes no exterior.*

Os altos executivos da empresa estão dispostos a fazer todos os esforços para nossos produtos serem bem-sucedidos no exterior.*

Os altos executivos da empresa acreditam que, devido à natureza do ambiente de negócios internacionais, é melhor para a empresa explorar gradualmente e de maneira conservadora as oportunidades no exterior (item reverso da escala).

A visão e a direção dos altos executivos são importantes em nossas decisões de entrar em mercados externos.*

* indica os itens excluídos da escala após o processo de purificação. Quadro 13 – Orientação empreendedora internacional

Mais recentemente, Knight e Cavusgil (2005) conduziram um estudo com 365 empresas norte-americanas caracterizadas como BG para desenvolver uma taxonomia de tipos de empresas BG, o uso de estratégias genéricas e os efeitos na performance destas empresas. A investigação empírica replicou a mesma escala de orientação empreendedora internacional utilizada no estudo dos mesmos autores em 2004, agora denominada de orientação internacional (KNIGHT e CAVUSGIL, 2004), e demonstrou, novamente, que a orientação internacional dos executivos é um antecedente significativo da performance das empresas BG, ao mesmo tempo em que validou a escala para auferir a orientação internacional dos executivos.

Nummela et al. (2004) realizaram um teste empírico com 123 empresas finlandesas de tecnologia de informação, por meio do qual buscaram identificar a orientação para crescimento internacional. A orientação para crescimento internacional é uma pré-condição para uma empresa born global, principalmente em empresas intensivas em conhecimento (AUTIO et al., 2000; RIALP et al., 2005). Os autores usaram uma escala com seis variáveis que eram respondidas com escala do tipo Likert de 05 pontos. Após a validação e refinamento da escala, os itens da escala final estão no quadro 14.

Em outro estudo, os pesquisadores Jantunen et al. (2008) replicaram a escala de orientação para crescimento internacional desenvolvida por Nummela et al. (2005) com 299 empresas born globals da Finlândia, de diversos setores industriais. Nesse estudo, os autores validaram o instrumento proposto para medir o construto de orientação para crescimento internacional, bem como deram suporte à ideia de que a orientação para crescimento internacional é um antecedente significativo e uma característica das empresas BG.

Orientação para crescimento internacional

Internacionalização é a única maneira de alcançar nossos objetivos de crescimento. É importante para nossa empresa internacionalizar rapidamente.

Temos que internacionalizar para sermos bem-sucedidos no futuro.

O crescimento que desejamos pode ser alcançado principalmente pela internacionalização. Os riscos trazidos pela internacionalização são muito grandes (item reverso da escala).

O mercado doméstico ainda oferece potencial de crescimento suficiente para a empresa (item reverso da escala).

Quadro 14 – Orientação para crescimento internacional Fonte: Nummela, Puumalainen e Saarenketo (2004, p.11)