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3. O MODELO TEÓRICO

5.4 TESTE DAS HIPÓTESES

5.4.1 Hipóteses derivadas do modelo teórico

As hipóteses derivadas do modelo teórico, desenvolvido a partir da revisão de literatura, são retomadas no Quadro 28, a seguir. Algumas hipóteses de pesquisa já foram testadas a partir da validação do modelo realizada na seção anterior. Ao se tomar por base os testes realizados na validação dos construtos e de suas relações causais, conforme Tabela 24, percebe-se que as hipóteses de pesquisa H1, H2, H2a, H4 e H4a puderam ser testadas.

Relação causal Hipóteses

Orientação internacional   Desempenho exportador.

H1: Existe uma relação positiva e significante entre a orientação internacional dos gestores e a performance internacional das PME’s. Orientação internacional 

 Comprometimento exportador

H2: Existe uma relação positiva e significante entre a orientação internacional e o comprometimento dos gestores com a exportação nas

PME’s. Comprometimento exportador 

Desempenho exportador.

H2a: Existe uma relação positiva e significante entre o comprometimento dos gestores com a exportação e a performance exportadora das PME’s. Orientação internacional 

Comprometimento   Desempenho exportador.

H3: O comprometimento com a atividade de exportação modera a relação entre orientação internacional e a performance exportadora nas PME’s. Comprometimento 

Conhecimento dos programas

H4: Existe uma relação positiva e significante entre o comprometimento com a exportação e o conhecimento sobre programas de apoio à exportação

nas PME’s. Conhecimento dos programas 

Desempenho exportador.

H4a: Existe uma relação positiva e significante entre o conhecimento sobre programas de apoio à exportação, por parte dos gestores, e a performance

exportadora das PME’s. Quadro 28 – Resumo das hipóteses do modelo teórico

Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

A hipótese H1 indicava que a orientação internacional impactava positivamente no desempenho exportador das PME’s. Contudo, a partir da análise das cargas fatoriais padronizadas e o teste t, recomendadas na literatura (HAIR et al., 2005) , verificou-se que esta hipótese não pôde ser suportada. Zhou et al. (2007), em seu estudo que investigou o papel moderador dos laços sociais no desempenho de empresas born global, também concluíram que o impacto da orientação internacional sobre o desempenho ainda é impreciso e carece de um maior aprofundamento empírico. Este argumento também é apontado por Jantunen et al. (2008), que investigaram o papel das orientações estratégicas de PME’s com precoce internacionalização, também não encontraram sustentação empírica para essa relação. Os resultados da investigação de Knight e Cavusgil (2005) apontam na mesma direção. Segundo os autores, a orientação internacional continua sendo um pré-requesito para acelerar o processo de internacionalização, mas, para que exista um impacto no desempenho internacional, outras habilidades gerenciais precisam ser desenvolvidas como, por exemplo, a postura empreendedora e a capacidade de aprendizagem.

Relações causais entre construtos

Cargas Fatoriais

Padronizadas Teste t Sig.

H1 Orientação internacional  Desempenho 0,121 1,411 0,158

H2 Orientação internacional  Comprometimento

exportador

0,805 10,194 ***

H4 Comprometimento exportador  Conhecimento dos

programas de apoio

0,511 9,088 ***

H2a Comprometimento exportador Desempenho 0,586 5,754 ***

H4a Conhecimento dos programas de apoio Desempenho 0,077 1,642 0,101 Tabela 24 – Teste das relações causais entre construtos do modelo teórico

As relações com (***) são significativas ao nível p. <0,001. Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

A hipótese de que a orientação internacional impacta positivamente no comprometimento exportador (H2) foi suportada. Tal relação é condizente com os argumentos teóricos de outros estudos nos quais as experiências internacionais pregressas dos gestores de PME’s, que representam a orientação internacional, repercutem no direcionamento de recursos e persistência nas atividades internacionais (KNIGHT e CAVUSGIL, 2004; ZAHRA, 2005), características que representam o comprometimento exportador. Da mesma forma a hipótese H2a também foi suportada, o que torna coerente a afirmação de que um maior direcionamento de recursos para com a atividade exportadora traz impactos positivos na performance em mercados externos da empresa. Este resultado coaduna-se com as descobertas de outras investigações empíricas (GRAY, 1997; ZOU e CAVUSGIL, 2002; ZOU e STAN, 1998).

No que diz respeito às hipóteses ligadas ao conhecimento dos programas de apoio à exportação, como observado na Tabela 24, a hipótese 4 também foi suportada. Essa hipótese dava conta de que o comprometimento dos gestores para com a atividade exportadora tem influência positiva sobre o nível de conhecimento sobre os programas de apoio à exportação. Por outro lado, a hipótese H4a afirmava que o conhecimento dos programas de apoio à exportação conduzia a um desempenho exportador da PME. Essa hipótese não foi suportada pela análise do modelo geral aprovado. Alguns estudos também avaliaram que o impacto dos programas de apoio à exportação sobre o desempenho exportador das empresas não é claro. A relação seria indireta e dependeria mais do nível de envolvimento das empresas com o mercado externo. Ainda, o impacto mais significativo seria sobre o desenvolvimento de habilidades gerenciais na exportação (CZINKOTA, 1996; FRANCIS e COLLINS-DODD, 2004).

Já o teste do efeito moderador descrito na hipótese H3, a qual indicava que o comprometimento exportador desempenha um papel de moderação na relação da orientação internacional com a performance exportadora, foi realizado pela técnica de regressão múltipla

hierárquica. Esse procedimento possibilita verificar a ocorrência de interações entre variáveis. Para a sua consecução, devem-se avaliar as mudanças no coeficiente de determinação múltipla (R2) antes e após a inclusão de novas variáveis à equação. O processo é realizado em etapas, sendo que em cada fase um novo conjunto de variáveis é avaliado. Depois da inserção de variáveis em pelo menos dois blocos, os modelos são avaliados quanto ao acréscimo de coeficiente de determinação múltipla. Se o modelo final, após a inserção das variáveis preditoras e moderadoras, possui significância estatística (p. ≤0,05), torna-se factível o efeito de interação entre os conjuntos de variáveis (FRAZIER et al., 2004).

Segundo Frazier et al. (2004), para a consecução da regressão hierárquica, cinco etapas precisam ser realizadas: 1) criar variáveis dummy para codificar as variáveis categóricas; 2) padronizar as variáveis contínuas pela média de variável, para a redução dos efeitos de multicolinearidade entre as variáveis preditoras, moderadoras e os termos de interação; 3) criar termos de interação entre a variável de preditora e a moderadora pela sua multiplicação; 4) elaborar a equação pela inserção de variáveis na análise de regressão em uma série de blocos (ou passos) específicos; e 5) testar a significância do efeito moderador.

Seguindo esses passos, foi testada a hipótese do efeito moderador do comprometimento na relação entre orientação internacional e performance. Na Tabela 25, verifica-se que ao incluir os termos de interação no Modelo 3, representando a interação das médias das variáveis orientação internacional e comprometimento exportador, não houve mudança significativa no valor de F do Modelo2 para o Modelo 3. Este resultado, de acordo com Frazier et al. (2004), não daria suporte estatístico para aceitar a hipótese de moderação.

Modelo R R2 R2 ajustado Mudança do R2 Mudança do F df1 df2 Sig. 1 0,546 0,298 0,297 0,298 228,719 1 538 0,000 2 0,639 0,408 0,406 0,110 99,744 1 537 0,000 3 0,641 0,411 0,408 0,003 2,376 1 536 0,124

Tabela 25 – Análise de regressão (moderação do comprometimento) Fonte: elaborado pelo autor da pesquisa

Percebe-se, então, que a relação da orientação internacional com a performance não se dá pela moderação do comprometimento exportador. Da mesma forma como se analisou no teste da hipótese 1, que propunha a relação entre orientação internacional e desempenho, pode-se arguir que o impacto da orientação internacional no desempenho verificado nas PME’s estudadas depende de outro conjunto de variáveis e não da moderação do comprometimento exportador.