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7.3 – EM BUSCA DE INDÍCIOS DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: ANALISANDO OS EPISÓDIOS

APRENDENDO AS CORES MAS QUAIS CORES?

Cheguei à escola e me dirigi para a sala de Verônica, pois iria acompanhar esta aluna. Ao chegar à sala os alunos estavam sentados em roda, pois desceríamos para o lanche. Na volta do lanche seria aula de Artes e eu também acompanharia esta aula. A professora de Artes entrou na sala, sentou as crianças em roda e disse que as levaria para o Pátio, pois estávamos estudando as cores primárias e no pátio tinham diversos brinquedos com essas cores que deveriam ser observadas pelas crianças que depois que voltassem, deveriam desenhar as cores que estavam no pátio. As crianças foram levadas para o pátio. No pátio permaneceram durante 20 minutos. Na volta a professora pediu que desenhassem as cores dos brinquedos que elas haviam visto no pátio. As crianças pegaram a folha que a professora havia dado e começaram a desenhar outras coisas menos o que haviam visto no pátio. Verônica estava apavorada, a professora pedia que desenhassem as cores dos brinquedos do pátio. Ela não se lembrava das cores e ficava agitada jogando a folha de um lado para o outro sem realizar a atividade. Virei para a professora e disse que levaria Verônica ao pátio, para mostrar a ela quais eram as cores dos brinquedos para que ao retornar pudessem desenhá-los. Ela concordou comigo. Peguei Verônica no colo e levei-a até o pátio no pátio mostrei a ela lápis de cor com as cores primárias: verde, amarelo e azul. Depois pegava cada uma das cores e pedia q Verônica me mostrasse quais eram os brinquedos que possuíam as mesma cores do lápis verônica ia me apontando animadamente. Enquanto isso a professora observava minha ação atentamente pela janela da sala de aula. Após esse momento, retornei com Verônica para a sala de aula, e pedi a criança que desenhasse os brinquedos com as cores que ela havia encontrado no pátio. Depois disso Verônica conseguiu realizar a atividade que a professora havia pedido com sucesso. Ao final da aula, a professora falou que poderia ter levado as crianças para o pátio e também mostrado a ela as cores dos brinquedos com o lápis de cor, e lamentou o seu descuido, mas que na próxima aula levaria as crianças para o pátio e faria a mesma coisa que eu havia feito com Verônica, pois ela havia notado que esse procedimento havia surtido efeito, inclusive com a aluna que para ela não tinha condições de entender e fazer a atividade

O planejamento das aulas é de suma importância para o processo de aprendizagem da criança com deficiência intelectual, visto que através do ato de se planejar o professor estaria pensando nas especificidades dos alunos e, conseqüentemente, visualizando táticas desencadeadoras de processos de aprendizagem na criança. O fato de levar as

crianças para o pátio sem um objetivo prévio, fez com que as expectativas da professora em relação aprendizagem das crianças fossem desanimadoras.

Apesar dos imprevistos ocorridos durante a aula, é nítido o processo de aprendizagem de Verônica a partir da visualização dos brinquedos no pátio. Observa-se que após levarmos Verônica até o pátio mostrando os objetos com as cores primárias, a aluna consegue desenhar os brinquedos rapidamente. Isso na realidade devia ter sido feito com todas as crianças da turma e durante o momento que estavam no pátio. No entanto percebe-se que a falta de organização e atenção da professora para esses detalhes dificultou o andamento da aula.

Porém, o fato de ter reconhecido que falhou e se mantido atenta enquanto realizávamos a ação com a criança com deficiência intelectual nos mostrou que a professora refletiu sobre sua prática ao passo que reconheceu que devia ter feito esse percurso com todas as crianças. Nesse sentido, nosso intuito de mostrá-la as possibilidades a partir da simples ação de desenvolver um planejamento prévio e a partir da nossa atuação junto a Verônica foi de suma importância para aquele momento e para o contexto daquela professora, desencadeando processos de reflexão sobre a práxis.

De acordo com Garms (2005), o professor como todo profissional deve dispor de modelos que lhe permitam pensar e organizar sua ação. Sem ele, todo profissional tateia de maneira empírica sem ter a menor visão de conjunto daquilo que faz, nem ao menos chance de atingir os objetivos que fixou. O autor ainda nos faz pensar que a eficácia da diferenciação pedagógica está subjacente à concepção do professor sobre o que é educação, sobre suas metas, sobre como as crianças constroem seus conhecimentos.

A brincadeira também poderia ter sido explorada pela professora neste contexto para se trabalhar as cores primárias. No entanto percebe-se que esse fenômeno não é muito aproveitado pelos professores que atuam no CMEI sendo a ação de levarem as

crianças para brincarem no pátio apenas uma forma de aliviar o estresse da sala de aula.

De acordo com Lima (2005), a constatação de que a brincadeira è uma atividade imprescindível, no contexto educacional, não é resultado de uma mera especulação ou hipótese. De acordo com o autor a relação que a criança estabelece com os objetos não se restringe à exploração e a experimentação, mas cria condições e as premissas para o surgimento da brincadeira o que estabelece esse elemento como fundamental para a Educação Infantil.

Diante disso, a brincadeira é vista como um aspecto de suma importância para o espaço da Educação Infantil podendo desencadear significativos processos de aprendizagem tanto na criança com deficiência intelectual quanto na criança com desenvolvimento típico como podemos observar no episódio abaixo onde são nítidos esses acontecimentos.

EPISÓDIO VI JUNHO DE 2009

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