• Nenhum resultado encontrado

A análise dos dados nos monstrou que o processo de aprendizagem da criança com deficiência intelectual na Educação Infantil no CMEI “Florisbela” se articula de maneira desafiadora aos profissionais que estão diretamente envolvidos com a educação dessas crianças. Para tanto levamos em consideração que o espaço da Educação Infantil se constitui como um ambiente de reflexão e como possibilidade de aceitação das diferenças além de reconhecermos o “sujeito” criança como um ser de direito em sua forma singular de ser e estar no mundo.

Os resultados nos apontam que refletir sobre a aprendizagem e desenvolvimento da criança com deficiência intelectual na Educação Infantil nos coloca alguns desafios que devem serem levados em conta que são: as condições de trabalho, e a jornada dupla enfrentada pelos profissionais que atuam no CMEI. Podemos citar outros aspectos desafiadores como o ínfimo apoio pedagógico, a falta de professor de Educação Especial e a falta de recursos básicos para a manutenção de professores e alunos o que dificultava de uma certa forma a atuação desses profissionais no contexto do CMEI de uma maneira geral.

No entanto tivemos como intenção através do trabalho colaborativo despertar no educador momentos de reflexão-ação da prática pedagógica com vistas a atender as necessidades da criança com deficiência intelectual e compreender o seu processo de aprendizagem nesse contexto. Diante disso efetivamos esse objetivo por meio da formação continuada que a princípio começou sendo realizada com toda a escola e se efetivou de fato nos pequenos grupos com os sujeitos da pesquisa.

Entretanto o que percebemos no contexto da escola é que o trabalho com os profissionais que atuavam com esses alunos, apesar de estarem dispostos a interagir e compartilhar suas práticas foi um tanto quanto complexo. Neste sentido, fazia-se necessário compreender os profissionais que atuavam com essas crianças no sentido

de entender as dificuldades e problemáticas que acarretavam sua prática com os alunos com deficiência intelectual.

Diante disso, buscamos durante o movimento de pesquisa entender esses professores na dinâmica do espaço em que estavam inseridos os sujeitos com deficiência intelectual. Nesta lógica, a busca pela compreensão do processo de aprendizagem dessas crianças nos trouxe algumas indagações, visto que o processo de inclusão educacional vem sendo discutido com bastante ênfase no sistema de ensino.

O que se percebe no interior da escola são práticas ambíguas, como uso de papel e tesoura para recorte e colagem ocasionando atividades repetitivas, que segundo o educador tinham como objetivo, o desenvolvimento da coordenação motora da criança sem um propósito definido desvirtuado das atividades aplicadas para a turma e da realidade do aluno. O uso aleatório dessas atividades na perspectiva histórico-cultural ocasionam o desenvolvimento de funções elementares. De acordo com essa abordagem, o ensino dessas funções nada tem a acrescentar na evolução do processo de aprendizagem desses alunos, ocasionando uma estagnação de seu desenvolvimento.

O fazer diferente, causa uma desestabilização entre esses professores, que estão acostumados a não acompanhar o processo de aprendizagem desses alunos que ficam a cargo do estagiário ou professor de Educação Especial quando esse é disponibilizado pela SEME a escola. O movimento de se planejar é um processo difícil que buscamos trabalhá-lo durante a formação continuada no sentido de alertá-los da importância e necessidade de desenvolver um planejamento para a condução de suas atividades.

A falta de formação na área de Educação especial, é um dos fatores apontados pelos professores como comprometedores de sua prática com os alunos com deficiência intelectual por outro lado apontam a necessidade de formação continuada que aborde esses aspectos no sentido de ajudá-los na condução de suas práticas com esses alunos.

O conceito de criança/infancia, inclusão e deficiência intelectual apresentado pelos profissionais que atuam neste espaço com as crianças com deficiência intelectual nos mostram um total desconhecimento sobre esses assuntos, pelo fato de demonstrarem em seus conceitos idéias vagas e muitas vezes incorretas que podem acarretar sérias conseqüências no processo de desenvolvimento dessas crianças, já que a pratica desses profissionais estaria sendo regida por essas concepções.

Acreditamos que o processo de formação continuada que tinha como objetivo promover a reflexão em torno desses conceitos, foi um passo iniciado nesse movimento que necessita dentro do espaço do CMEI “Florisbela” se tornar constante e desbravadora.

Quanto à aprendizagem da criança com deficiência intelectual, podemos observar que existe uma desconfiança por parte dos professores na capacidade de aprendizagem desses alunos. Durante a realização das atividades nota-se que os alunos com deficiência intelectual são os últimos a serem chamados para realizá-las e quando conseguem faze-la com êxito são olhados com surpresa pelos professores.

Dentre as categorias que elegemos para observar o processo de aprendizagem da criança com deficiência intelectual que foram elas as atividades escritas, os jogos, as brincadeiras, e os momentos de higiene, podemos observar durante as intervenções realizadas nestes momentos que era notável a capacidade de aprendizagem das crianças se a elas fossem oferecidas formas diferenciadas de apresentação do conhecimento, já que a criança com deficiência intelectual aprende, porém em um tempo diferenciado da criança que apresenta desenvolvimento típico.

A observação do processo de aprendizagem desses alunos ocorre de forma lenta e muitas vezes inexpressiva, necessitando que o pesquisador tenha um olhar minucioso e atento para captar os momentos de desenvolvimento desses sujeitos. Frente aos diversos imprevistos que passamos durante o desenvolvimento da pesquisa, como a falta constante dos sujeitos, tornando esses processos de observações muito mais complexos, acreditamos que os seis meses que estivemos presentes na escola foi o

início de uma investigação intensa e minuciosa que merece ser desmantelado em um estudo posterior.

A prática da pesquisa no CMEI “Florisbela” nos mostrou a complexidade que perpassam esses processos investigativos, nos apontando um horizonte de dúvidas, intrigas, incertezas e ao mesmo tempo esperança na busca por uma “real escola inclusiva” (Alarcão 2006).

Documentos relacionados