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2. Atitudes dos professores do ensino regular face à Inclusão de alunos com NEE

2.1. Apresentação de dados

Como já assinalámos, as atitudes dos professores face à Inclusão de alunos com NEE são estudadas considerando dois níveis de análise (subescala 1 e subescala 2).

Começamos por apresentar os dados relativos à primeira (subescala 1), que pretende identificar e analisar a intensidade das atitudes face à Educação Inclusiva de alunos com NEE, iniciando a sua apresentação pelas frequências relativas obtidas (tabela 5).

Tabela 5: Medidas de frequência obtidas na subescala 1 - Atitudes face à Educação Inclusiva de alunos com NEE.

Subescala 1

1 2 3 4

% % % %

1. Estou disposto(a) a adequar o processo de ensino/aprendizagem às Necessidades Educativas Especiais (NEE)

dos alunos com limitações decorrentes de deficiência. 0,3 3,5 56,3 39,9 2. Penso que a inclusão é uma prática educacional desejável para todos os alunos. 1,9 16,5 53,2 28,5 3. Acredito que a maioria dos alunos com NEE (independentemente do grau da sua deficiência) pode integrar

turmas regulares. 7,0 40,8 45,6 6,6

5. Acredito que a maioria dos alunos com NEE (independentemente das suas limitações) pode realizar

aprendizagens curriculares quando inseridos na sala de aula regular. 4,7 36,8 52,6 5,9 7. Considero que inseriralunos com NEE resultantes de limitações significativas devidas a deficiência na turma

regular prejudica o processo de aprendizagem dos restantes alunos. 6,9 36,1 50,2 6,9

Nota. 1 = Discordo muito; 2 = Discordo; 3 = Concordo; 4 = Concordo muito

Assim, a tabela 5 mostra que a maioria dos respondentes se posicionam em valores atitudinais positivos (Concordo e Concordo muito) nos itens 1, 2, 3 e 5, com 96,2 % dos professores a mostrarem disponibilidade para adequar o processo de ensino/aprendizagem às

necessidades dos alunos com NEE, logo seguido por 81,7 % da amostra a considerar a inclusão como uma prática educacional desejável para todos.

A exceção é o item 7 cuja afirmação foi formulada pela negativa, relativamente aos fundamentos da educação inclusiva, pelo que foi pontuado ao contrário. Deste modo, ao manifestarem a sua concordância (Concordo e Concordo muito), os inquiridos recolhem valores negativos, o que sucede com 57,1 % dos docentes, desta forma, considerando a inclusão de alunos com limitações significativas resultantes de deficiência como prejudicial ao processo de aprendizagem dos restantes alunos da turma.

Decorrente das frequências obtidas, a tabela 6 exibe os dados globais, a partir do cálculo das pontuações médias de todos os itens. Deste modo, não admira que os mesmos itens 1, 2, 3 e 5 mostrem valores atitudinais dos professores superiores ao ponto médio definido (2,5) e, como consequência, positivos. Também é o item 1 aquele que mostra o valor mais elevado ( ̅ = 3,36; DP = 0,56), seguido do item 2 ( ̅ = 3,08; DP = 0,72) e do item 5 ( ̅ = 2,60; DP = 0,67). Embora ainda dentro de valores positivos, com uma média de 2,52 (DP = 0,72), a nossa amostra revela uma atitude mais próxima de valores negativos perante a inclusão de alunos com NEE, independentemente do grau da sua deficiência. Do mesmo modo, os professores inquiridos revelam uma atitude negativa perante as consequências para o processo de aprendizagem dos restantes colegas da turma, com a inclusão de alunos que apresentam limitações significativas (item 7 – ̅ = 2,43; DP = 0,72). De sublinhar que, como já explicitámos, este item foi pontuado ao contrário, uma vez que quanto maior o nível de concordância perante a afirmação, menos positiva a atitude face à educação inclusiva de alunos com NEE.

Tabela 6: Medidas de distribuição obtidas na subescala 1 - Atitudes face à Educação Inclusiva de alunos com NEE.

Subescala 1 n ̅ DP Mín. Máx.

1. Estou disposto(a) a adequar o processo de ensino/aprendizagem às Necessidades Educativas Especiais

(NEE) dos alunos com limitações decorrentes de deficiência. 318 3,36 0,56 1 4 2. Penso que a inclusão é uma prática educacional desejável para todos os alunos. 316 3,08 0,72 1 4 3. Acredito que a maioria dos alunos com NEE (independentemente do grau da sua deficiência) pode

integrar turmas regulares. 316 2,52 0,72 1 4

5. Acredito que a maioria dos alunos com NEE (independentemente das suas limitações) pode realizar

aprendizagens curriculares quando inseridos na sala de aula regular. 321 2,60 0,67 1 4 7. Considero que inseriralunos com NEE resultantes de limitações significativas devidas a deficiência na

turma regular prejudica o processo de aprendizagem dos restantes alunos. 319 2,43 0,72 1 4

Média subescala 1 305 2,79 0,47 1,2 4

A tabela 6 mostra ainda que a média de toda a subescala 1 é de 2,79 (DP = 0,47), portanto, situada num valor atitudinal global positivo.

Relativamente à subescala 2 (Atitudes face à Inclusão de alunos com NEE numa turma

do regular em função da natureza da sua problemática – tipo de deficiência), a tabela 7

evidencia que a maioria dos inquiridos exibe uma atitude positiva face à inclusão de alunos com problemas de saúde (94,4), deficiência nas funções motoras (91,6 %), dificuldades de aprendizagem (90 %), deficiência nas funções auditivas (75,4 %), nas funções visuais (68,8 %) e distúrbios de comunicação linguagem e fala (65,3 %). Inversamente, a maioria da amostra discorda da inclusão de alunos que apresentam limitações resultantes de multideficiência (76,4 %), de deficiência nas funções mentais/cognitivas (61,1 %), de distúrbios comportamentais (60,8 %) e de perturbações do espectro do autismo (58,9 %).

Tabela 7: Medidas de frequência obtidas na subescala 2 - Atitudes face à Inclusão de alunos com NEE numa turma do

regular em função da natureza da sua problemática (tipo de deficiência).

Subescala 2

1 2 3 4

% % % %

8. Dificuldades de aprendizagem 0,9 9,0 71,0 19,0

9. Distúrbios comportamentais 9,1 51,7 36,0 3,2

10. Deficiência nas funções motoras 1,2 7,2 65,1 26,5

11. Deficiência nas funções auditivas 2,2 22,5 63,8 11,6

12. Deficiência nas funções visuais 2,8 28,4 56,9 11,9

13. Distúrbios de comunicação, linguagem e fala 3,8 26,9 54,4 10,9

14. Problemas de saúde 0,3 5,3 72,8 21,6

15. Deficiência nas funções mentais/cognitivas 9,8 51,3 34,2 4,7 16. Multideficiência (deficiência nas funções mentais e deficiência motora e/ou sensorial) 17,6 58,8 21,4 2,2 17. Perturbações do espectro do autismo 11,9 47,0 36,4 4,7

Nota. 1 = Discordo muito; 2 = Discordo; 3 = Concordo; 4 = Concordo muito

Analogamente à sequência de apresentação de dados da subescala 1, a tabela seguinte ilustra a intensidade das atitudes dos professores do estudo, obtidos na subescala 2.

Da observação da tabela 8 verificamos que os docentes inquiridos revelam atitudes positivas face a seis problemáticas, com melhores valores perante alunos com limitações decorrentes de deficiência nas funções motoras ( ̅ = 3,17; DP = 0,60), de problemas de saúde ( ̅ = 3,16; DP = 0,51) e de dificuldades de aprendizagem ( ̅ = 3,08; DP = 0,56). Seguem-se as limitações resultantes de deficiência nas funções auditivas ( ̅ = 2,85; DP = 0,64) e nas funções visuais ( ̅ = 2,78; DP = 0,68), bem como de distúrbios de comunicação e fala ( ̅ = 2,77; DP = 0,69). Os mesmos docentes patenteiam atitudes negativas, em valores médios iguais, perante limitações relacionadas com problemas nas funções mentais/cognitivas ( ̅ = 2,34; DP = 0,72) e perturbações do espectro do autismo ( ̅ = 2,34; DP = 0,75) e, logo a seguir, perante alunos que apresentam distúrbios comportamentais ( ̅ = 2,33; DP = 0,68). A

atitude mais negativa é expressa face à multideficiência, com um valor médio de 2,08 (DP = 0,69).

Tabela 8: Medidas de distribuição obtidas na subescala 2 - Atitudes face à Inclusão de alunos com NEE numa turma do

regular em função da natureza da sua problemática (tipo de deficiência).

Subescala 2 n ̅ DP Mín. Máx.

8. Dificuldades de aprendizagem 321 3,08 0,56 1 4

9. Distúrbios comportamentais 317 2,33 0,68 1 4

10. Deficiência nas funções motoras 321 3,17 0,60 1 4

11. Deficiência nas funções auditivas 320 2,85 0,64 1 4

12. Deficiência nas funções visuais 320 2,78 0,68 1 4

13. Distúrbios de comunicação, linguagem e fala 320 2,77 0,69 1 4

14. Problemas de saúde 320 3,16 0,51 1 4

15. Deficiência nas funções mentais/cognitivas 316 2,34 0,72 1 4 16. Multideficiência (deficiência nas funções mentais e deficiência motora e/ou sensorial) 318 2,08 0,69 1 4 17. Perturbações do espectro do autismo 319 2,34 0,75 1 4

Média subescala 2 310 2,69 0,42 1,6 4

Como também podemos extrair da tabela 8, tal como sucedeu com a subescala 1, a média global obtida na subescala 2 foi positiva, com uma média de 2,69 (DP = 0,42), portanto num valor inferior ao da primeira subescala.

Imediatamente a seguir, a tabela 9 revela o número e respetiva percentagem de docentes que se mostram favoráveis à inclusão de todos os alunos com NEE em turmas regulares, independentemente da problemática que os caracteriza (Sim) e daqueles que discordam da inclusão de alunos com limitações resultantes de, pelo menos, uma das problemáticas apresentadas aos inquiridos na subescala 2 (Não).

Tabela 9: Medidas de frequência de atitudes face à Inclusão de todos os alunos com NEE em função da natureza da sua problemática (tipo de deficiência).

Subescala 2 n %

Sim 39 12,6

Não 271 87,4

Total 310 100

Os valores expressos na tabela anterior indicam que apenas 12,6 % dos inquiridos acreditam que os alunos com NEE podem ser inseridos em turmas regulares qualquer que seja a sua problemática ou tipo de deficiência. A esmagadora maioria dos professores (87,4 %) expressaram a sua oposição à inclusão de alunos caracterizados com alguma das problemáticas que lhes foram propostas na subescala 2.

A tabela 10 apresenta os dados de distribuição de frequência da escala completa, considerando os valores globais médios dos itens das subescalas 1 e 2, calculados conjuntamente.

Tabela 10: Medidas de distribuição obtidas na escala completa - Atitudes face à Inclusão de alunos com NEE.

n ̅ DP Mín. Máx.

Escala completa 295 2,71 0,37 1,67 4

A sua análise mostra que, globalmente, as atitudes dos docentes da amostra se situam em terreno positivo, com um valor médio de 2,71 (DP = 1,67)

Por último, a tabela 11 traduz os valores de frequência absolutas e relativas dos inquiridos cujos resultados médios obtidos se situam em valores atitudinais positivos (média ≥ 2,5) versus negativos (média < 2,5), para cada uma das subescalas e escala completa.

Tabela 11: Medidas de frequência de atitudes positivas versus negativas face à Inclusão de alunos com NEE.

Atitudes

Subescala 1 Subescala 2 Escala completa

n % n % n %

Positivas (média ≥ 2,5) 217 71,1 230 74,2 214 72,5

Negativas (média < 2,5) 88 28,9 80 25,8 81 27,5

Total 305 100 310 100 295 100

De acordo com os dados expressos na tabela 11, mais de 70 % dos docentes que participaram na investigação apresentam atitudes positivas em todos os níveis de análise. Destes realçamos o valor global para a escala completa, em que 72,5 % (n = 214) dos inquiridos mostram atitudes positivas face à Inclusão de alunos com NEE, ao que correspondem 27,5 % (n = 81) da amostra que revelam atitudes negativas.