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Apresentação e Aplicação

No documento Introdução Aos Materiais Dentários (páginas 191-195)

O material é fornecido em sachets na forma de tubo para carregar a moldeira ou em seringa para fácil adaptação aos dentes. O conteúdo de ágar no material fornecido

OH C O H H C OH C H CH SO H2 4 C C O C OH O H OH H C H OH H C OH C O H H C H O C H C H OH OH C H C H OH C H H C O

Figura 2.7.3 Estrutura de um polissacarídeo.

Tabela 2.7.5 Composição de um material de moldagem à base de ágar

Componente Quantidade (%) Propósito

Ágar 12,5 Fase dispersa

Bórax 0,2 Gel reforçador

Sulfato de potássio

1,7 Acelerador do modelo Alquil benzoato 0,1 Preserva a forma Corantes e

aromatizantes

Traço Aparência e gosto

MATERIAIS DE MOLDAGEM

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em seringas é menor que aquele do material empregado para carregar a moldeira, de forma a se tornar mais fl uido e mais fácil de ejetar da seringa para aplicar em volta do dente.

Quando imergidos em banho-maria com temperatura controlada, ambos os materiais tornam-se líquidos visco- sos depois de aproximadamente 8 a 12 minutos e pode permanecer assim por várias horas. É importante que o material não seja superaquecido, pois isso causará a ruptura do polímero.

O banho-maria usualmente consiste em três compar- timentos, cada um com uma temperatura diferente. Um compartimento contém água próxima ao seu ponto de ebulição e é usado para a liquefação do ágar. Um se gundo compartimento é mantido a 63°C-66°C para armazena- gem do ágar. O terceiro compartimento é mantido a 46°C e é usado para o temperamento do ágar, depois que ele é colocado na moldeira especial com refrigeração à água. Esse compartimento é necessário para assegurar que o ágar seja resfriado a uma temperatura aceitável ao paciente e que não queime os tecidos. Devido à quanti- dade relativamente pequena do material de seringa a ser utilizada, este não necessita ser temperado e pode ser mantido no compartimento de armazenagem.

Os conteúdos do tubo são espremidos dentro da mol- deira de moldagem e colocado no banho-maria. Uma vez que o ágar é sufi cientemente resfriado, o que leva cerca de dois minutos, a moldeira é colocada na boca do paciente. O suprimento de água é conectado na moldeira apenas nessa etapa.

A temperatura da água para o resfriamento da mol- deira deve ser em torno de 13°C, de forma a ser confor- tável ao paciente; se estiver muito fria, o choque térmico resultante pode causar dor considerável e desconforto. É feita a circulação da água pela moldeira e, após cinco minutos, o ágar terá solidifi cado. A moldeira pode ser então retirada da boca do paciente, obtendo-se uma reprodução fi el dos tecidos.

Se por qualquer motivo, o material não for usado, ele poderá ser utilizado novamente numa data posterior. O tempo necessário para a nova liquefação do material pode ser maior, de modo que o processo pode demorar em até quatro minutos a mais. Cada vez que o material é aque- cido, ele sofre alguma ruptura da estrutura polimérica, o que torna o ágar consideravelmente mais rígido. Portanto, ele não deve ser reaquecido mais que quatro vezes.

Propriedades

Como ele é um líquido altamente fl uido quando colo- cado na boca ele adapta-se rapidamente aos contornos dos tecidos duros e moles por causa da sua natureza hidrofílica; assim esse material fornece uma reprodução muito precisa do detalhamento superfi cial. Além disso, o material mais próximo da moldeira resfriada se geleifi ca primeiro, enquanto que o material em contato com os tecidos permanece líquido por mais tempo e pode com-

pensar quaisquer imperfeições devido à contração ou ao movimento sem intenção da moldeira.

O modelo deve ser vazado na moldagem imediata- mente, e se isso não for possível, o material de molda- gem deve ser mantido em umidade relativa de 100% envolvido em uma toalha molhada. Em qualquer caso, o modelo precisa ser vazado dentro de uma hora, pois o material sofre de dois problemas potenciais:

1. Sinérese. Este é um processo pelo qual a água é forçada

para fora da superfície da moldagem na medida em que as moléculas do gel se aproximam umas das outras, com o objetivo principal de aliviar as tensões internas. A água evapora da superfície causando a contração do material de moldagem.

2. Embebição. Refere-se à absorção de água que ocorre

se o material se torna seco, possivelmente devido à técnica inadequada de armazenamento. Se isso ocorrer, haverá a distorção da moldagem, por causa do alívio das tensões internas que estão sempre presentes durante o processo.

O material pode ser facilmente removido das reten- ções, mas muito cuidado deve ser tomado já que ele se rasga muito facilmente e não adere à moldeira de estoque. Apesar de a moldeira ser perfurada, existe sempre a pos- sibilidade de que alguma separação ocorra quando se trabalha com uma anatomia oral com grandes áreas retentivas.

O material é altamente viscoelástico, por isso é impor- tante que a moldeira seja removida em movimento rápido e instantâneo, de forma que ocorra uma resposta quase elástica. Isso se aplica igualmente a muitos outros materiais de moldagem à base de polímeros. É necessá- rio que o material de moldagem possua uma espessura razoável para limitar a extensão da deformação que surge durante a remoção de áreas retentivas.

O bórax no material, que está presente para controlar o pH, possui o efeito adverso de reagir com o mate- rial do modelo retardando a sua reação de presa; isto pode resultar numa superfície amolecida do modelo. O sulfato de potássio é adicionado no intuito de evitar esta ocorrência.

O material é atóxico e não irritante aos pacientes desde que o procedimento recomendado seja cuidadosa- mente seguido. Ele é relativamente barato, e é utilizado em alguns laboratórios para duplicar modelos, já que pode ser reciclado por até quatro vezes.

Os materiais de ágar para moldagem possuem algumas desvantagens, pois há necessidade de equipamento especial, tais como as moldeiras refrigeradas à água e o banho-maria de temperatura controlada, e existe um custo inicial para obter este equipamento. Além disto, a moldeira refrigerada à água é muito pesada, o que pode causar algum desconforto ao paciente. Apesar de o mate- rial poder, em princípio, ser reciclado, a preocupação decorrente da infecção cruzada inviabiliza este procedi-

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mento nos dias atuais. Também se deve tomar cuidado para assegurar que os banhos-maria não se contaminem. Por esses motivos, este material de moldagem é relativa- mente pouco usado hoje em dia.

Alginatos

Os alginatos são baseados no ácido algínico, que é deri- vado de uma alga marinha. A estrutura do ácido algínico é um tanto complexa e é mostrada na Figura 2.7.4. Algumas das moléculas de hidrogênio dos grupos carbo- xílicos são substituídas pelo sódio, formando então um sal solúvel, com peso molecular de 20.000 a 200.000. A reação de presa desse material ocorre pela criação de liga- ções cruzadas entre as cadeias poliméricas do alginato de sódio. A composição de um alginato típico é apresentada na Tabela 2.7.6.

Reação de Presa

Quando misturada com a água, ocorre uma reação química que leva à formação de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas, formando uma estrutura reticu- lada tridimensional. Como essas reações cruzadas não podem ser quebradas uma vez formadas, isto é um pro- cesso irreversível, de modo que o material só pode ser usado uma vez:

sol gel

reação química

Reação de Presa

O sulfato de cálcio di-hidratado fornece os íons de cálcio para a formação de ligações cruzadas que convertem o sol

em um gel. Os íons de cálcio são liberados do sulfato de cálcio di-hidratado, que é parcialmente solúvel em água:

(CaSO4)·2H2O → 2Ca2+ + 2SO 4

2–

+ H2O

O mecanismo de formação das ligações cruzadas é mostrado na Figura 2.7.5 e pode ser descrito pela seguinte reação geral:

Nan Alg + n/2 CaSO4 → n/2 Na2SO4 + Can/2 Alg

alginato + sulfato → sulfato + gel de

de de de alginato

sódio cálcio sódio de cálcio di-hidratado

Os tempos de trabalho e de presa são determinados pela velocidade de liberação dos íons de cálcio e pela sua disponibilidade para a formação das ligações cruzadas.

Ácido algínico

Alginato de sódio

Figura 2.7.4 Estrutura do alginato de sódio com os íons de hidrogênio do ácido algínico sendo substituído pelos íons sódio. Tabela 2.7.6 Composição de um alginato para moldagem Componente Quantidade (%) Propósito Alginato de sódio 18 Formador de

hidrogel Sulfato de cálcio

di-hidratado

14 Fornece íons de

cálcio

Fosfato de sódio 2 Controla o tempo de trabalho Sulfato de potássio 10 Presa do modelo Cargas (terra diatomácea) 56 Controla a consistência Silicofl uoreto de sódio 4 Controla o pH

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A dissolução rápida do sulfato de cálcio daria ao mate- rial um tempo de trabalho inadequado, portanto, para superar isto, o fosfato de sódio é adicionado para regular a rápida liberação inicial de íons de cálcio. O fosfato de sódio age como um retardador, e a quantidade incluída pode ser variada para produzir versões de presa regular e rápida desse material de moldagem. Os íons de sódio são produzidos pela seguinte reação:

Na3PO4→ 3Na + + PO

4 3–

Os íons de cálcio reagem preferencialmente com os íons fosfato para formar um fosfato de cálcio insolúvel:

3Ca2+ + 2PO 4

3–

→ Ca3(PO4)2

Portanto, os íons de cálcio que são liberados inicial- mente do sulfato de cálcio di-hidratado não estão dis- poníveis para formação de ligações cruzadas, pois eles reagem com os íons de fosfato. Só quando íons de cálcio sufi cientes tiverem sido liberados para reagir com todo o fosfato de sódio que foi adicionado é que haverá íons de cálcio livres e disponíveis para formação das ligações cruzadas.

Durante a reação de presa ocorre uma alteração con- siderável do pH que passa de 11 para aproximadamente 7. Esta alteração no pH é utilizada por alguns fabricantes em algumas formulações para permitir uma percepção visual do tempo de trabalho e da reação de presa, pela incorporação de indicadores de pH.

Propriedades

Esses materiais são fornecidos na forma de pó livres de poeira para superar qualquer irritação potencial devido às pequenas partículas de poeira que entram na atmos- fera e são inaladas. O pó deve ser misturado comple- tamente antes do uso, para eliminar a segregação dos componentes que pode ocorrer durante a armazenagem e para incorporar a camada superfi cial, que em geral é contaminada com umidade da atmosfera. A embalagem deve ser fechada logo após a remoção da quantidade desejada. A proporção correta de pó e água é impor- tante, e os fabricantes fornecem uma colher-medida adequada. A mistura é feita mais facilmente numa cuba de borracha com uma espátula semelhante à usada para misturar gesso-pedra.

Esse material possui um tempo de trabalho contro- lado, mas ele varia de um produto para outro. Podem ser alterados os tempos de trabalho e de presa com o uso de água morna, mas é preferível optar por um produto com tempo de trabalho e de presa adequado para as neces- sidades individuais e usar água em temperatura entre 18°C e 24°C. Os valores típicos para os alginatos de presa regular e rápida estão mostrados na Tabela 2.7.7. O tempo de presa clínico pode ser detectado pela perda da pegajosidade da superfície. A moldagem deve perma- necer no lugar por dois a três minutos depois da perda da pegajosidade superfi cial.

A reprodução de detalhes da superfície obtida com estes materiais não é tão boa como aquela alcançada com ágar ou com elastômeros, portanto, eles não são recomendados para trabalhos de coroas e pontes. No entanto, estes materiais são muito populares para traba- lhos de próteses totais e parciais.

Os alginatos sofrem dos mesmos problemas do ágar, pois são suscetíveis a sinérese e embebição, resultado em baixa estabilidade dimensional. Assim como com o ágar, o modelo deve ser vazado dentro de uma hora e mantido úmido durante tal período, enrolando uma toalha molhada no modelo.

Como o ágar, o alginato é altamente viscoelástico, e é necessário o emprego de uma técnica de remoção rápida e instantânea com o objetivo de obter uma resposta elástica. A quantidade de deformação compressiva que o material pode experimentar durante sua remoção das áreas retentivas pode ser tão alta quanto 10%. A defor- mação permanente em tais circunstâncias pode ser na ordem de 1,5%, que é aceitável para o tipo de aplicações no qual esses materiais são usados. A deformação perma-

Figura 2.7.5 Formação de ligações cruzadas no alginato de sódio na presença de íons cálcio.

Tabela 2.7.7 Comparação dos alginatos de presa regular e rápida

Presa regular Presa rápida Tempo de mistura (minutos) 1 0,75 Tempo de trabalho

(minutos)

3–4,5 1,25–2 Tempo de presa (minutos) 1–4,5 1–2

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nente é um tanto maior que a do ágar de moldagem, que, nas mesmas condições, seria na ordem de 1%.

A deformação permanente pode ser minimizada, asse- gurando-se que não exista nenhuma área retentiva pro- funda, já que quanto mais profunda a retenção, maior a quantidade de deformação compressiva. Utilizar uma técnica de remoção instantânea assegurará que o mate- rial será mantido por compressão pelo menor tempo possível, o que é uma vantagem porque quanto mais tempo o material for mantido sob compressão, maior a quantidade de deformação permanente devido à natu- reza viscoelástica dos alginatos. Parte da deformação será recuperada assim que a moldagem é retirada e a carga compressiva removida. Contudo, embora tempos de recuperação maiores resultem em menor deformação permanente, essa vantagem não deve ser utilizada em função da instabilidade dimensional do material.

Os alginatos possuem uma resistência ao rasgamento menor que o ágar.

IMPORTÂNCIA CLÍNICA

Embora o emprego de uma maior velocidade de remoção conseguida com o uso de uma técnica de remoção instantânea aumente levemente a resistência ao rasgamento, os alginatos não podem ser usados para a moldagem de coroas e pontes, pois ocorrerá ruptura excessiva durante a remoção.

A moldagem deve ser lavada após a remoção da boca do paciente para remover qualquer resíduo de saliva, pois ela interferirá com a reação de presa do modelo de gesso. Qualquer água na superfície deve ser removida antes do vazamento do modelo, pois a água residual diluirá o material do modelo, resultando numa superfície amolecida, que é facilmente danifi cada.

O alginato não deve permanecer no modelo por muito tempo, pois a separação se torna difícil se o molde de alginato estiver ressecado. Isso resultaria num modelo com superfície defi ciente, pois remanescentes de alginato são deixados na superfície do modelo.

A aceitabilidade do paciente não é problema com esse material de moldagem. O material é barato, mas possui tempo de validade curto, provavelmente relacionado à contaminação com água.

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