• Nenhum resultado encontrado

Variáveis do Operador

No documento Introdução Aos Materiais Dentários (páginas 95-97)

As variáveis que estão sob controle do dentista e que podem afetar a qualidade fi nal da restauração são as seguintes:

■ proporcionamento da liga e mercúrio;

■ trituração;

■ condensação; e

■ escultura e polimento.

Proporcionamento

O proporcionamento é mais comumente realizado usando- se dispensadores volumétricos ou cápsulas pré-dosadas. As vantagens dessas últimas são que o dentista não precisa se preocupar em obter a melhor proporção de liga e mercúrio (que é pré-fi xada pelo fabricante) e que existe risco menor de derramamento de mercúrio durante os estágios de manuseio da confecção do amálgama. Infe- lizmente, as cápsulas são mais caras que a aquisição do pó da liga em frasco.

Portanto, o dispensador volumétrico é uma propo- sição mais atrativa para alguns dentistas, mas limita a escolha da liga para aquelas de grãos fi nos, pois as ligas de granulação média e grossa tendem a produzir misturas errôneas. Por sua vez, o dispensador volumétrico permite mais liberdade na proporção liga:mercúrio, que é uma característica que atrai particularmente aqueles dentistas que gostam de iniciar com uma mistura bem molhada. Um alto conteúdo de mercúrio inicial não apresenta problemas desde que seja empregada uma boa técnica de condensação. É importante que seja obtida uma mistura sufi cientemente plástica para permitir uma amalgama- ção e uma manipulação adequadas; uma mistura seca

Tabela 2.1.3 Propriedades selecionadas de alguns amálgamas dentários

Material Fabricante Tipo % do teor

de cobre

% Creep Resistência à compressão (MPa)

1 h 24 h

Amalcap-F Ivoclar Limalha 6 2,5 94 410

Dispersalloy J & J Misto 12 0,25 226 440

AMÁLGAMAS DENTÁRIOS

85

deve ser evitada de todas as formas. Em geral, uma pro- porção de 1:1 de liga:mercúrio basta para as ligas de partículas tipo limalha; mas para as ligas de partículas esféricas, uma maior proporção de liga:mercúrio é permi- tida devido à menor área de superfície total das partículas esféricas.

O baixo teor de mercúrio nesse caso não signifi ca que isto reduz a necessidade da remoção do excesso de mercúrio. É importante que o conteúdo fi nal de mercúrio seja o menor possível, não dispensando ainda uma boa técnica de condensação.

Trituração

A trituração é uma das variáveis mais importantes do operador. A trituração adequada é essencial para asse- gurar uma mistura plástica e uma completa amalgama- ção. O tempo de trituração necessário depende tanto do tipo de liga como do sistema de dispensamento de mistura.

As ligas esféricas tendem a se misturar mais rapida- mente e, em geral, requerem um tempo de trituração mais curto. Isso é porque as partículas são mais facil- mente umedecidas que as partículas tipo limalha.

O tempo exato de trituração depende do sistema da mistura. Para um sistema vibrando a velocidade de 4.000 rpm, num deslocamento de 50 mm, o tempo de amalgamação pode ser tão breve como cinco segundos. Para um sistema mais lento, com velocidade de 2.600 rpm, o tempo de trituração pode ser de 20 segundos ou mais.

A recomendação geral é que é melhor errar para o lado da supertrituração que para o lado da subtritura- ção. Se acharmos que o amálgama está tomando presa muito rapidamente, então, o tempo de trituração deve ser aumentado, e não diminuído como se poderia ima- ginar; a trituração extra promoverá uma mistura mais plástica e com maior tempo de trabalho.

O tempo de trituração também afeta as alterações dimensionais que ocorrem quando o amálgama toma presa. O ideal é que o material deve se expandir leve- mente durante a presa, o que ajuda na adaptação das margens e reduz o potencial de infi ltração marginal.

Antes da introdução das cápsulas e dos amalgamado- res, os amálgamas tradicionais continham grandes par- tículas de liga que eram trituradas manualmente; essas formulações mostravam uma leve expansão quando após a presa total. A alteração dimensional em função do tempo é apresentada na Figura 2.1.5.

Existe uma contração inicial à medida que o mercúrio se difunde pela liga. Isso é seguido por uma expansão assim que a fase γ1 se forma, devido ao impingimento

dos cristais de γ1 um com os outros, produzindo uma

pressão de direção externa que se opõe à contração. Isso ocorre somente se uma quantidade sufi ciente de mercúrio estiver presente para produzir uma mistura plástica.

A introdução dos amalgamadores mecânicos de alta velocidade, baixas proporções de mercúrio:liga, tamanho pequeno de partículas e altas pressões de condensação reduziram a quantidade de mercúrio na mistura, favore- cendo a contração do amálgama, de forma que os amál- gamas modernos apresentam uma contração controlada depois de tomado presa.

Condensação

As exigências mais importantes da técnica de conden- sação são que o máximo de excesso de mercúrio seja removido, que a restauração fi nal não seja porosa e que se obtenha uma ótima adaptação marginal de forma a impedir a sensibilidade pós-operatória.

Para as ligas tipo limalha, pode ser obtido um con- teúdo fi nal de mercúrio de 45%. Embora as reduções abaixo de 50% possuam pouco efeito na resistência à compressão após 24 horas, uma resistência à compressão imediata bem maior pode ser obtida, e a suscetibilidade ao creep é bastante reduzida. A alta resistência imediata reduz a probabilidade de fraturas do corpo do amál- gama durante as primeiras horas após a colocação. Isso se aplica igualmente aos sistemas de ligas esféricas, exceto naqueles casos em que o conteúdo fi nal de mercúrio é de aproximadamente 40%.

Os componentes importantes da condensação são o uso da força máxima; o uso de condensadores de tamanho adequado em relação ao tamanho da cavidade; o uso de porta-amálgamas efi cientes e; a inserção de pequenos incrementos.

Embora, em geral sejam recomendadas pressões de condensação de 30-40 N, isso não signifi ca que pressões menores de condensação fornecerão um resultado mais defi ciente, uma vez que as baixas pressões de condensa- ção podem ser compensadas pela colocação de pequenos incrementos. A colocação de grandes incrementos não só

Expansão

Tempo

Figura 2.1.5 Alteração dimensional de um amálgama misturado tradicionalmente de forma manual (a) e um amálgama misturado mecanicamente (b).

MATERIAIS DENTÁRIOS DE USO CLÍNICO

86

levará à formação de grandes quantidades de γ1 e γ2, mas

também produzirá alto nível de porosidade.

A condensação dos amálgamas de liga esférica requer uma abordagem diferente dos sistemas de partículas tipo limalha. Uma vez que a mistura escoa mais facilmente mesmo com pequena pressão, pequenas cargas necessi- tam ser aplicadas por condensadores maiores, se possível. No entanto, uma íntima adaptação marginal parece ser mais difícil com o amálgama de liga esférica devido ao maior tamanho dos grãos destas ligas.

No documento Introdução Aos Materiais Dentários (páginas 95-97)