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μm Figura 2.5.7 Micrografi a eletrônica de varredura da superfície dentinária após aplicação do primer de EDTA.

No documento Introdução Aos Materiais Dentários (páginas 160-163)

MATERIAIS DENTÁRIOS DE USO CLÍNICO

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capaz de se combinar com dois materiais distintamente diferentes. A situação é análoga àquela da união da resina ao vidro nos compósitos, onde é usado o agente de união silano (Cap. 1.10). A fórmula geral para o agente de união dos primers dentinários é a seguinte:

Grupo metacrilato – grupo espaçador – grupo reativo M – S – R

O grupo metacrilato (M) possui a habilidade de se ligar à resina composta e fornecer uma forte ligação covalente. O grupo metacrilato deve ser capaz de promover um meio satisfatório para a polimerização com a resina do compósito.

O grupo espaçador (S) deve ser capaz de fornecer fl e- xibilidade necessária ao agente de união para melhorar o potencial de adesão dos grupos reativos. Se a molécula for excessivamente rígida (devido à hidrância estérea), a capacidade do grupo reativo em encontrar um arranjo conformacional satisfatório pode ser prejudicada, levan- do, na melhor das hipóteses, a um arranjo deformado da união e, na pior, à disponibilidade limitada de locais para união.

Os grupos reativos (R) são grupos polares penden- tes ou terminais. Uma variedade de grupos polares fun- cionais é mostrada na Tabela 2.5.2. A polaridade da união é uma consequência da distribuição eletrônica assimétrica na ligação. As reações polares ocorrem como resultado das forças atrativas entre as cargas positivas e negativas nas moléculas (Cap. 1.3). Portanto, os grupos polares pendentes e terminais do agente de união podem se combinar com as moléculas polares similares da dentina, tais como os grupamentos hidroxila na apatita e os grupamentos amino no colágeno. A atração pode ser puramente física, mas em alguns casos pode resultar na formação de uma ligação química. A natureza desse grupo reativo determinará se a adesão será na apatita da dentina ou no colágeno. Em alguns casos ambos podem ser envolvidos.

Embora todos os agentes de união usados nos primers dentinários possuam grupos polares reativos, eles va - riam de um sistema adesivo dentinário para outro. Todos possuem o objetivo de produzir uma forte união à dentina, mas os fabricantes e os pesquisadores não concordam em qual é o melhor agente de união. Uma Dentina desmineralizada

Dentina não desmineralizada

Figura 2.5.9 Vista da seção transversal da dentina após a aplicação de um primer ácido.

ADESÃO AO ESMALTE E À DENTINA

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pequena seleção desses agentes de união é mostrada na

Tabela 2.5.3, com o hidroxietil metacrilato (HEMA),

sendo particularmente uma escolha muito popular. O HEMA é capaz de penetrar na dentina desminerali- zada e unir-se ao colágeno via hidroxila e grupos amino do colágeno. A ação do agente de união na solução do

primer é, portanto, criar uma rede de entrelaçamento

molecular de poli (HEMA) e colágeno (Fig. 2.5.10). É muito importante que o primer seja capaz de pene- trar totalmente e saturar a camada de colágeno desmi- neralizado. Se isso não ocorrer, então uma fi na camada de colágeno permanecerá desmineralizada. Essa camada não será reforçada pela resina e formará uma região inter-

facial fraca. Com o objetivo de obter uma boa profun- didade de penetração, o agente de união é, portanto, dissolvido num solvente, como o etanol ou a acetona. Os solventes são muito efi cazes na busca por água e no seu deslocamento (“captura da água”), levando junto o agente de união conforme o solvente penetra na dentina desmineralizada. No entanto, é importante que a dentina não seja excessivamente desmineralizada, pois a profun- didade da desmineralização pode se tornar excessiva para que ocorra a completa penetração do primer.

Com o objetivo de saturar a dentina desmineralizada, é importante que seja aplicada quantidade sufi ciente de agente adesivo dentinário na superfície dentinária. Isso pode exigir a aplicação de algumas camadas, e também deve ser permitido que o material fi que por tempo sufi - ciente para o primer penetre e seja absorvido. A redução da espessura do adesivo com jato de ar excessivo também deve ser evitada, pois o que se quer é a evaporação suave do solvente.

Tabela 2.5.2 Padrões de polaridade de alguns grupos funcionais usuais

Tipo de componente Estrutura do grupo funcional Álcool C O H δ – δ+ Amina C N H 2 δ – δ+ Ácido carboxílico Cδ+ Oδ– OHδ– Aldeído Cδ+ Oδ– H

Tabela 2.5.3 Agentes de união utilizados na adesão dentinária

Hidroxietil metacrilato (HEMA)

H C C CH3 H C O O CH2 CH2 OH

Dimetacriloxietil fenol fosfato (MEP-P)

H C C CH3 H C O O CH2 CH2 O P O OH C NPG-GMA H C C CH3 H C O O CH2 CH OH CH2 N CH2 C OH Dentina desmineralizada

Dentina não desmineralizada

Penetração do agente de união dentinário

Figura 2.5.10 A penetração do agente de união na dentina desmineralizada.

MATERIAIS DENTÁRIOS DE USO CLÍNICO

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IMPORTÂNCIA CLÍNICA

A técnica de aplicação do primer é determinante no desenvolvimento ou não da microinfi ltração.

Selante

Os primeiros selantes dentinários eram simples- mente resinas Bis-GMA ou UDMA sem carga, ativadas por luz ou de dupla ativação. Embora a aplicação de uma resina sem carga, tal como a Bis-GMA, diretamente em uma superfície dentinária condicionada por ácido resulte na formação de prolongamentos de resina, foi mostrado que este procedimento não resultava numa união ade- quada entre a resina e a dentina. A diferença principal é que sem o uso do primer, a resina hidrofóbica se adapta fracamente à dentina hidrofóbica. Quando um primer é empregado, sua ação torna a superfície dentinária mais hidrofílica, impedindo então a resina de se retrair das paredes dos túbulos dentinários e assegurando a forma- ção de uma trama de prolongamentos resinosos alta- mente adaptados. Por exemplo, os terminais metacrilato do agente de união HEMA fi cam disponíveis para aderir ao selante quando esse for aplicado depois na superfície dentinária preparada.

A superfície dentinária é então intimamente selada com a resina, que é aderida à dentina à custa do agente de união contido no primer. Esse selante se unirá facil- mente à resina composta. A camada resultante da inter- penetração de dentina e resina é normalmente chamada de camada híbrida, como mostra esquematicamente a

Figura 2.5.11.

A maioria dos selantes dentinários mais recentes é uma mistura de Bis-GMA e HEMA. Isto ajuda a melhorar a adaptação do selante à superfície dentinária.

IMPORTÂNCIA CLÍNICA

Embora ocorra alguma penetração do selante para dentro dos túbulos dentinários, fornecendo adesão micromecânica adicional, é o primer que determina a qualidade da adesão fi nal.

Técnica de Adesão Úmida à

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