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33 Figura 05 Santa Casa de Misericórdia de Salvador BA

2.2.2. ARQUITETURA HOSPITALAR

O projeto de unidades hospitalares requer cuidado devido à complexidade operacional, e preocupação redobrada com a satisfação dos funcionários e pacientes que utilizam o sistema. A exposição dos usuários a agentes físicos e químicos, o sistema de trabalho em plantões que muitas vezes desestabiliza emocionalmente os funcionários e o contato diário com diversas patologias, torna o indivíduo vulnerável. Os ergonomistas e arquitetos tem função social valorosa na melhoria das condições de conforto, de segurança, de atendimento e recuperação dos pacientes, bem como, para o aperfeiçoamento condições de trabalho dos funcionários.

A arquitetura hospitalar tem o compromisso de adequar as inovações tecnológicas da medicina, no cumprimento das normas regulamentadoras, de forma a garantir a qualidade e eficiência dos ambientes projetados. É essencial que o profissional tenha uma visão sistêmica, englobando: a implantação do edifício, a relação com o entorno, os princípios de sustentabilidade, os padrões de conforto e segurança dos seus usuários, a manutenção dos produtos e serviços, a flexibilidade e funcionalidade dos espaços, o controle térmico, acústico e sonoro, as inúmeras

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instalações especiais, a tipologia construtiva, os sistemas de ventilação e exaustão e, por fim, a capacidade de investimento dos proprietários.

As construções hospitalares passaram por transformações ao longo dos anos, fundamentadas nas necessidades da sociedade e das inovações na medicina. Na Grécia, durante a Antiguidade, os hospitais tinham tipologias formada com pórticos e templos com o único objetivo de isolar os enfermos com patologias muitas vezes desconhecidas. Durante a Idade Média, a morfologia utilizada foi a nave que permite vãos maiores com melhoria da ventilação e iluminação. Neste período começam a separar os enfermos por gênero e patologia, e surgem os primeiros pátios centrais. No período do Renascimento a junção de diversas naves em busca de melhor solução para complexidade e demanda, deu origem aos formatos de Cruz e Claustro, SAMPAIO (2005)

Com a chegada da Era Industrial, os hospitais passam a absorver atividades terapêuticas. O programa incorpora funções de internamento, cirurgia, consultório ambulatorial e diagnóstico, administração e serviços de apoio. A implantação do sistema de visitas e a observação sistemática dos médicos exigiram dos arquitetos uma melhor solução para a troca de ar nos ambientes. Nesta busca de espaços mais amplos e aproveitamento da luz solar, os arquitetos criam os Pavilhões. Uma composição de salões com pé direito elevado, janelas altas, ventilação consistente e iluminação natural.

Diante da valorização territorial, somados ao crescimento das cidades e ao desenvolvimento de tecnologias construtivas, os hospitais passam por nova transformação durante as guerras mundiais. Os edifícios começam a ser verticalizados, surgindo os monoblocos. Trata-se de enfermarias que são sobrepostas em pavimentos. O sistema de monoblocos verticais foi largamente utilizado pelos arquitetos modernistas brasileiros, tais como Oscar Niemeyer, Rino Levi e Roberto Cerqueira Cézar.

Os hospitais brasileiros podem ser classificados como públicos ou privados. Segundo Goes (2004), de acordo com o porte físico e atividades desenvolvidas podemos subdividir as unidades de saúde como sendo:

- Hospitais Gerais - implantados nas grandes cidades, englobam diversas especialidades e urgências, sendo responsáveis pelo atendimento da população de toda a área metropolitana em que foi inserido.

- Hospitais Especializados - são focados no atendimento de uma área específica da medicina, geralmente são hospitais privados, implantados nos grandes centros urbanos. Devido ao pequeno porte atendem apenas a população daquele município.

- Hospital Universitário - são vinculados a uma faculdade de medicina, geralmente atendem a todas as especialidades. Cuidam da população carente das grandes cidades e do interior do estado. Além do atendimento médico desenvolve atividades nas áreas de ensino, pesquisa e extensão.

- Hospitais de Pequeno Porte e Postos de Saúde - limitam-se a zelar por uma pequena parcela da sociedade. São responsáveis por atendimentos emergenciais de primeiros socorros e

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triagem para os Hospitais Gerais.

Quanto a tipologia, os edifícios hospitalares não classificados em: vertical e horizontal. O primeiro é composto por torres que geralmente abrigam as internações nos pavimentos mais elevados, cabendo aos pavimentos inferiores abrigar os setores ambulatoriais, clínico, cirúrgico, urgências, administração e serviços complementares. A tipologia horizontal são construções de menor porte, geralmente com número máximo de 100 leitos, de maneira que a distância física não comprometa a qualidade e celeridade do atendimento.

Dentre os aspectos funcionais que norteiam os projetos arquitetônicos dos Hospitais, a simbiose entre a flexibilização de espaços, a expansibilidade, a modulação, a contiguidade e a conformidade, associados a obediência dos critérios ergonômicos, psicológicos, tecnológicos e econômicos determinam a classe do projeto e ratificam a competência do profissional projetista.

A referência para projetos arquitetônicos no Brasil é a Rede Sarah, projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o "Lelé". O profissional é responsável pela criação de um sistema de racionalização e industrialização dos componentes construtivos, atendendo a demanda do setor e reduzindo os custos da construção. Os projetos hospitalares de "Lelé" são reconhecidos pela perfeita harmonia como o seu entorno, o estudo do clima da região, a iluminação natural, um controle rígido de insolação, a constante renovação de ar e a preocupação com o bem-estar do usuário no uso dos ambientes.

A humanização dos espaços com a utilização de sheds que regulam a incidência solar, e a implantação de pátios e terraços ajardinados para os pacientes circularem contribui na reabilitação dos pacientes. A arquitetura hospitalar de João Filgueiras Lima torna-se um marco para sustentabilidade, conforto ambiental e qualidade espacial em ambientes hospitalares,

LUKIANTCHUKI (2010).

Figura 07 - Rede Sarah - Salvador Circulação interna para pacientes

Fonte - http://www.archdaily.com.br/br/01- 36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarah-

kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima- lele/36653_36661

Figura 08 - Rede Sarah - Brasília Vista externa do Lago Norte

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