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A ergonomia do ambiente construído representa a disciplina científica que promove a integração do ambiente arquitetônico com o desenvolvimento das tarefas, levando-se em consideração as capacidades, habilidades e limitações humanas, e sobretudo as características de percepção, compreensão e interação com os espaços. Englobando assim, os conceitos da Ergonomia nos projetos de Arquitetura e Design aplicados no ambiente construído, MONT´ALVÃO (2011).

Ainda segundo Mont´Alvão (2011), a abordagem ergonômica tem que problematizar o espaço, suas relações com as atividades e tarefas projetadas para o seu usuário. Os estudos atuais contemplam questões de orientabilidade, acessibilidade e luminotécnica, acrescidas às já conhecidas variáveis físicas. Wilson e Corlett (2005) entendem que a “ergonomia pode ser definida como a aplicação do conhecimento das características do humano à concepção de sistemas. ”

A interação do humano com o ambiente e sua tarefa constitui a Ergonomia Ambiental, a qual leva em consideração que o indivíduo não responde de forma linear aos aspectos e normas regulamentadoras, cabendo ao ergonomista a inclusão dos requisitos funcionais e psicológicos do usuário. De tal sorte que o ambiente atenda as características do homem no desempenho de suas atividades, incorporando a ergonomia alguns conceitos de arquitetura, anatomia, antropometria e psicologia, objetivando uma eficaz análise ergonômica do ambiente construído.

Para Villarouco (2002), a ergonomia do ambiente excede as questões arquitetônicas, analisando aspectos de adaptabilidade e conformidade dos espaços, com vista nas tarefas e atividades idealizadas. Considera-se ainda os elementos de conforto, percepção ambiental, materiais de revestimento e acabamento, posto de trabalho, leiaute e mobiliário.

A avaliação da interação entre o homem e o ambiente pode fazer uso de diversas metodologias e ferramentas, dentre as quais destacamos: a Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (MEAC), Análise Ergonômica do Trabalho (AET) e a Macroergonomia.

Os estudos arquitetônicos e projetos de espaço ainda se refutam da abordagem ergonômica. Refletindo diretamente na elaboração de projetos inadequados às necessidades do usuário e da sua atividade, VILLAROUCO (2011). O arquiteto, responsável pelos projetos de ambientes físicos, através da unificação da Arquitetura e da Ergonomia, pode projetar espaços que atendam o bem-estar do homem e eficiência ambiental, complementa BINS-ELY (2003).

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Estima-se que o arquiteto deve inserir as suas preocupações ergonômicas desde a fase conceitual, buscando entender as necessidades, anseios, desejos e prospecções do indivíduo para realização das tarefas. Leva-se em consideração ainda, elementos da percepção ambiental, da ergonomia cognitiva, da antropometria e os conceitos da acessibilidade e do conforto térmico, lumínico e acústico. O uso inadequado do conhecimento causa "stress ambiental", gerando insatisfação e baixa produtividade, comprometendo o conforto, a segurança e o desempenho do ambiente.

Sob este prisma, Villarouco (2011) entende que durante a abordagem ergonômica do ambiente construído é fundamental tratar o homem, usuário deste espaço, como foco principal, de forma que a ergonomia entenda, avalie e modifique situações do trabalho para o conforto e bem- estar do indivíduo. Torna-se fundamental a composição de metodologias de avaliação físico-espacial com ferramentas de identificação da percepção ambiental, lapidando a análise ergonômica do ambiente construído.

A ergonomia do ambiente construído pode ser conceituada como o emprego objetivo do conhecimento adquirido na psicologia do planejamento ambiental, quer seja antes, no projeto, ou na avaliação do ambiente ocupado, conceituam BESSA e MORAES (2004, p.68).

2.2. HOSPITAIS

Os Hospitais sempre foram instituições complexas e importantes, com imensa responsabilidade social, em nossa sociedade. Se faz presente nos momentos fundamentais do ser humano, cito: vida, enfermidade e morte. Além do atendimento a pacientes, diagnósticos de doenças, prevenção e restauração da saúde, os hospitais atuais também têm a função educativa, já que muitos profissionais cumprem neles os seus estágios acadêmicos.

O Ministério da Saúde (MS) conceitua em 2002, “Hospital é a parte integrante de uma

organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.”

A procura por hospitais é atrelada a recomposição da saúde, muitos em momentos de vulnerabilidade buscam os direitos garantidos pela Constituição Federal. A instituição é composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, administradores e afins, todos com o objetivo maior de salvar a vida humana, cuidar também de forma preventiva e educacional os seus clientes. Parte-se do pressuposto de que as instituições hospitalares são dotadas de equipamentos modernos e funcionários capacitados.

O significado de Hospital vem do latim "Hospes", que significa hóspede, dando origem aos locais para cuidar dos enfermos. Segundo Borba (1991, p.45), "O Hospital é um elemento de

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Organização de caráter médico-social, cuja função consiste em assegurar Assistência Médica completa, curativa e preventiva à determinada população e cujos serviços externos se irradiam até a célula familiar considerada em seu meio; é um centro de medicina e de pesquisa biossocial."

Rosen (1958) relata que nos primórdios da civilização os médicos faziam, muitas vezes, o papel de sacerdote. A fusão do religioso e do místico conduzia as doenças para o sobrenatural na fase inicial da assistência médica. Na época do Mercantilismo, surgem edifícios especializados no controle de doenças transmissíveis e as primeiras maternidades.

Ramos (1972) defende que a origem da assistência hospitalar se deu na China, no século XII a.C., onde funcionaram agências para o atendimento de doentes pobres.

Já na era Cristã, surgem os primeiros hospitais na Itália, junto às catedrais de cada cidade, destinados ao atendimento dos destituídos do meio, aos peregrinos fatigados e àqueles enfermos privados de esperança de cura. Durante toda Idade Média, funcionou um grande número desses estabelecimentos por toda a Europa, os quais atenderam aos doentes em nome da caridade cristã, segundo MASCARENHAS (1976). A Grécia contribuiu para o surgimento dos modelos de hospitais com atendimento ambulatorial.

A Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo, inaugurada em 1543, por iniciativa do português Brás Cubas, foi o primeiro hospital brasileiro. Diante da ausência de médicos, os enfermos eram cuidados pelos jesuítas. Apenas em 2 de julho de 1945, o atual prédio foi inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas. Sendo, naquele momento, uma das maiores edificações do país. Atualmente existem mais de seis mil hospitais, destaca-se que 24 unidades possuem certificação de excelência internacional concedida pela JCI (Joint Commission International). Citamos: o Hospital Nove de Julho, Hospital Albert Einstein, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Hospital Rios D'Or e Hospital Sírio-Libanês.

Figura 04 - Santa Casa de Misericórdia em Santos - SP

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O acelerado crescimento das cidades agravou as condições de vida das classes mais pobres e, sobretudo, os novos desenvolvimentos tecnológicos exigiam um fluxo mais ordenado do processo produtivo, durante a Revolução Industrial, STERN (1983).

A crescente especialização aumentou os investimentos no setor médico, transformando o antigo médico de família, que guardava em uma maleta de mão todo seu arsenal diagnóstico e terapêutico, foi substituído por um profissional ultra especializado que tem, entre si e o objeto de seu trabalho, todo um conjunto altamente custoso de recursos de diagnóstico e tratamento. Tornando os profissionais dependentes do aparato técnico da ultra especialização da medicina tecnológica para realizar suas atividades, SIQUEIRA (1985).

Na última década os gestores se conscientizaram que o investimento nas condições de trabalho, nas inovações tecnológicas, nos espaços físicos, na remuneração, na capacitação de pessoal e benefícios, visando a motivação e satisfação do seu corpo técnica, potencializa o grau de resultados e obtenção de metas, refletindo na agradabilidade dos seus pacientes. O avanço tecnológico e a pressão por resultados, tornam os profissionais de saúde cada vez mais especializados. Novos procedimentos, métodos, equipamentos e terapias que somam esforço no prolongamento da vida humana.