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4. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ARRANJOS PRODUTIVOS

4.1 Arranjos Produtivos no Estado do Pará

Tem havido, nos últimos anos, uma forte penetração de conceitos de aglomeração, em particular de noções de Arranjos Produtivos Locais, na organização de políticas de fomento do desenvolvimento na Amazônia, em geral, e no Pará, em particular (SANTANA, 2004).

Este avanço no crescimento nas políticas da região com foco em APLs decorre do retorno da antiga Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia14 (SUDAM), através do então novo governo federal, que desencadeou uma série de ações que visavam a formação de uma base de conhecimento que permitisse a constituição de uma comunidade epistêmica em torno das perspectivas de desenvolvimento anunciadas e a constituição de mecanismos organizacionais que permitissem iniciar gestão pautada nos APLs (SAGRI, 2012).

Costa et al.(2010) anotou que, com a volta da SUDAM, houve uma trajetória de evolução das políticas de apoio aos APLs no governo do estado do Pará, que já vinha sofrendo mudanças em sua orientação estratégica mais geral, saindo de uma política mais estrita à área de ciência e tecnologia e vinculada à antiga Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM), para uma nova orientação estratégica com diversos outros focos de atuação.

Dentre os novos focos, os autores acima destacam a utilização da perspectiva de arranjos produtivos locais com o intuito de fortalecer, em nível estadual, uma política de desenvolvimento territorial com base em forte apelo ao conceito de territórios rurais sustentáveis e à estratégia de fortalecimento da agricultura familiar (COSTA et al., 2010).

Embora o novo governo do Pará começasse a vislumbrar o potencial de aglomerações no Estado, na região amazônica, já havia sido realizado anteriormente pelo Banco da Amazônia, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no ano de 2002, um trabalho pioneiro que se selecionou 52 clusters prioritários para a Amazônia Legal.

O mapeamento dos arranjos produtivos no Estado do Pará foram atualizados no ano

de 2010 através do projeto de “Análise do Mapeamento e das Políticas para Arranjos

Produtivos Locais no Norte, Nordeste e Mato Grosso e dos Impactos dos Grandes Projetos

Federais no Nordeste” realizado pelo BNDES e RedeSist. O projeto teve como um de seus

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No Pará, o novo governo deu sinais de que, como parte da reorientação estratégica que se insinuava, seria possível reconstituir toda a institucionalidade de intervenção federal, começando por um equacionamento das condições de desenvolvimento da região e pela re-fundação da SUDAM (COSTA, 2005).

resultados a nota técnica 02 intitulada como “Arranjos produtivos locais no estado do Pará: mapeamento, metodologia de identificação e critérios de seleção para políticas de apoio”.

Tal nota técnica permitiu o entendimento das metodologias15 utilizadas por instituições como a ADA, BASA, SECTAM, SAGRI e SEBRAE para identificar os arranjos produtivos paraenses16. Como resultado o trabalho promoveu duas categorias de APLs

denominados de “APLs identificados” e “APLs não identificados”. O primeiro entendeu-se

como sendo aqueles para os quais há conhecimentos nele incorporados que permitem divisar, e definir, mesmo que de forma inicial e empírica, as territorialidades, os atores fundamentais e as sistemáticas de funcionamento de suas relações. O segundo entendeu aqueles que, não obstante conhecidos por instituições da sociedade civil de pesquisa ou assessoramento (universidades, ONGs, sindicatos, associações, etc.), não são identificados pelas organizações. Em sequência foram feitas duas subdivisões na primeira categoria de APL, sendo os

“APLs identificados e apoiados” e os “Não-apoiados”. Por “APLs identificados e apoiados”

entendeu-se como aqueles para os quais há esforço deliberado, ou seja, onde há intervenção positiva – de compreensão, de financiamento, de transferência de conhecimento, de transferência de capacidades. Os não-apoiados seriam os que são percebidos, para os quais, porém, não há vistas ao desenvolvimento.

Ainda segundo o projeto, para os anos de 2008 e 2009, apenas três instituições têm definições territoriais e operações claras em relação aos APLs no Pará: o SEBRAE, a antiga SECTAM, hoje SEDECT, e a SAGRI. Em torno delas formam-se arranjos institucionais dos quais fazem parte um número significativo de outras organizações de diversos níveis de governo que apoiam APLs.

O SEBRAE lidera atuação em seis APLs de apicultura (em seis municípios), dois de mandioca, dois de piscicultura, dois de leite e derivados, três de fruticultura e uma de hortaliças. Em todos esses, o SEBRAE atua com sua vasta plêiade de instrumento, encontrando-se o nível de evolução intervenções em diferentes estágios.

A SEDECT iniciou suporte ao que considera um APL de Apicultura bem amplo, com 21 municípios (incluindo os APLs de apicultura em que atua o SEBRAE), com vários pontos de tangência territorial, inclusive do município que considera centro estratégico – Capitão Poço. Esta instituição lidera, ademais, o auxílio ao APL de Floricultura em Belém e o

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Tais metodologias podem ser encontradas no próprio site do BNDES. 16

Santana (2009) ressalta que os APL potenciais do Estado do Pará ainda não atingiram a fase de APL maduro, sendo ainda embriões estruturais em diferentes estágios de formação, com articulações entre os agentes e destes com as instituições públicas e privadas insuficientemente desenvolvidas para caracterizá-lo como sistema produtivo local.

APL de Fruticultura em Castanhal, no qual há também a cooperação do MDIC e da Escola Agrotécnica Federal de Castanhal.

Por fim, a SAGRI, encontra-se em grande esforço de mobilização de atores para a atuação em APLs. Sendo sua atuação mais efetiva no arranjo de apicultura, sediando-se no município de Capitão Poço, ademais também atua nos APLs de olericultura e plantas medicinais no município de Ananindeua e no APL de Feijão Caupi no município de Augusto Corrêa.