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Caracterização Geral dos Produtores no Arranjo Produtivo

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Caracterização Geral dos Produtores no Arranjo Produtivo

A apicultura explorada no arranjo produtivo local é constituída por mini, pequenos, médios e grandes produtores onde em sua grande maioria são informais, existindo apenas um produtor formal, ou seja, quase a totalidade dos produtores não possui firma reconhecida pela junta comercial.

Conforme a Tabela 5, dada a amostra de 78 apicultores (que foram trabalhados como firmas) entrevistados, foram constatados 17 mini, 30 pequenos, 23 médios e 08 grandes produtores, representando respectivamente 21,8%, 38,5%, 29,5% e 10,3% do total de entrevistados.

Tabela 5 – Distribuição dos apicultores segundo o porte do empreendimento.

Tamanho Nº de apicultores % Nº de funcionários na atividade % 1. Mini 17 21,8% 36 17,6% 2. Pequena 30 38,5% 71 34,8% 3. Média 23 29,5% 64 31,4% 4. Grande 8 10,3% 33 16,2% Total 78 100,0% 204 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

Foi computado um total de 204 empregados, constatando a geração de emprego pela atividade, dos quais 34,8 % e 31,4% estão respectivamente nas pequenas e médias empresas e 16,2% e 17,6% se encontram trabalhando nas grandes e mini empresas.

Quanto à necessidade de mão-de-obra na atividade, foi explicado pelos produtores durante as entrevistas que para poucas caixas povoadas já há a necessidade de no mínimo dois funcionários para a manutenção do apiário e processamento do mel, e tal carência aumenta conforme avança o número de colmeias sendo trabalhadas, no entanto, esse incremento no quadro de trabalhadores não se dá na mesma proporção do aumento de caixas. Um exemplo dado foi de que, tanto para dez caixas quanto para cinquenta, necessita-se do mesmo número de trabalhadores (em média de dois), que para até duzentas caixas necessita-se geralmente de três trabalhadores, e que para até quatrocentas caixas pode-se trabalhar com apenas quatro funcionários. Foi também discutido que os trabalhadores que operam na manutenção do apiário também podem atuar no processamento do mel (o que caracteriza a apicultura como

uma atividade de simples manuseio) o que corrobora com a baixa proporção de aumento do número de funcionário. Assim, entende-se que a apicultura cria vagas de trabalho, porém em escalas menores para as grandes empresas.

6.1.1 Ano de fundação das empresas

A Tabela 6 evidencia que grande parcela das mini, pequenas e médias empresas iniciaram no período de 2004-2009 onde respectivamente ocorreram 64,7%; 70% e 60,9% das fundações. Percebe-se também que a maior abertura de mini empresas foi de 2007 a 2009 com 47,1%, já as pequenas e médias apresentam maior percentual entre 2004 e 2006. As grandes empresas tiveram 50% de suas fundações no período 2001 a 2003 e até o ano de 2006 ocorreu a totalidade de suas fundações.

Tabela 6 – Distribuição absoluta e relativa das empresas apícolas quanto ao seu ano de fundação.

Ano de Fundação

Mini Pequena Média Grande

Nº Empresas % Nº Empresas % Nº Empresas % Nº Empresas % Até 1998 0 0,0% 1 3,3% 0 0,0% 0 0,0% 1998-2000 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 1 12,5% 2001-2003 1 5,9% 4 13,3% 8 34,8% 4 50,0% 2004-2006 3 17,6% 13 43,3% 10 43,5% 3 37,5% 2007-2009 8 47,1% 8 26,7% 4 17,4% 0 0,0% 2010-2012 5 29,4% 4 13,3% 1 4,3% 0 0,0% Total 17 100,0% 30 100,0% 23 100,0% 8 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme mostrado anteriormente, a maior parte das mini, pequenas e médias empresas foram iniciadas mais recentemente, correspondendo aproximadamente ao período de atividade do projeto APIS-SEBRAE no Pará e ao começo da política incentivadora realizada pelo governo estadual através do plano de desenvolvimento da apicultura pertencente à SAGRI. Quanto às grandes empresas, estas se mostraram mais tradicionais tendo maior percentual de criação no período que compreende de 1998 a 2006, na qual se encaixam também no período oportuno para produção de mel decorrente do embargo europeu ao mel chinês e argentino. Neste último caso os grandes produtores paraenses não se voltaram para o comércio internacional, mas sim para o comércio regional sucedendo o abastecimento

que até aquele momento, em grande maioria, era proveniente de outras regiões que por sua vez se voltaram para o mercado externo.

6.1.2 Origem do Capital da Empresa

Todas as empresas foram constituídas a partir de recursos nacionais, não havendo participação de capital estrangeiro. Sendo que para todos os portes das firmas do arranjo, a maior parcela do capital investido deu-se através de empréstimos bancários. No caso das grandes empresas, que já estão presentes no segmento apícola há mais tempo, estas informaram que inicialmente começaram através de recursos próprios, porém a sua ampliação deveu-se largamente através de recursos bancários, deixando sua participação monetária ínfima para os dias de hoje (TABELA 7).

Tabela 7 – Origem do capital da empresa. Descrição

Mini Pequena Média Grande

Nº Empresas % Nº Empresas % Nº Empresas % Nº Empresas % 1. Origem do Capital 1.1. Próprio 7 41,2 13 43,3 2 8,7 0 0,0 1.2. Parentes e amigos 2 11,8 2 6,7 0 0,0 0 0,0 1.3. empréstimos bancários 8 47,1 15 50,0 21 91,3 8 100,0 Total 17 100 30 100 23 100 8 100 2. Sua Empresa é 2.1. Independente 7 41,2 7 23,3 5 21,7 4 50,0 2.2. Parte do Grupo 10 58,8 23 76,7 18 78,3 4 50,0 Total 17 100 30 100 23 100 8 100

3. Qual a relação com o Grupo

3.1. Coligados 7 41,2 7 23,3 5 21,7 4 50,0

3.3. Associados 10 58,8 23 76,7 18 78,3 4 50,0

Total 17 100 30 100 23 100 8 100

Fonte: Dados da pesquisa.

Através da Tabela 7 também se pode observar que a grande maioria das mini, pequenas e médias empresas pertencem a um grupo, e somente as grandes empresas aparecem de forma equilibrada, com metade das firmas independentes. Porém, todas as firmas independentes mostram-se coligadas indiretamente a um grupo, e, todas aquelas que se assumiram como parte de um grupo, pertencem a uma ou mais associação local.

6.1.3 Perfil do Sócio-Fundador (proprietário)

Considerando o perfil do produtor no momento da criação da empresa (Tabela 8), observa-se que 41,2% das mini empresas e 46,7% das pequenas empresas tinham sócio- fundador na idade entre 21 e 30 anos, onde deste percentual, respectivamente, 88,2% e 90% pertencem ao sexo masculino, sendo que 94,1% dos fundadores das mini empresas possuem pais vinculados à agricultura ou pecuária, já nas pequenas esse valor alcança a totalidade. São nestes dois portes de empresa que se localizam os 100% dos analfabetos, porém grande parte dos proprietários possui pelo menos o ensino médio incompleto.

Para os fundadores dos dois níveis de empresas acima a apicultura surgiu como uma alternativa de melhoria de renda, logo que, segundo as entrevistas, a atividade ainda é praticada de forma secundária e paralela principalmente a agricultura. Este ponto de análise também é reforçado pelo último item da Tabela 8, que mostra o alto percentual de fundadores pertencentes a outras atividades antes de criar a empresa.

Já nas médias e grandes firmas a idade dos fundadores situa-se na faixa de 31 a 40 anos, além de ter 95,7% e 100%, respectivamente, o sexo masculino. Assim como nas mini e pequenas empresas, os sócio-fundadores possuem em grande maioria parentesco com agricultores, porém também se vinculam como filhos de comerciantes e empresários. Nas médias empresas ainda verifica-se o grau de escolaridade com maior percentual variando entre o ensino fundamental e médio, evidenciando que a apicultura é uma atividade que não exige grandes níveis de escolaridade. Porém, as grandes empresas apresentam 75% de seus fundadores entre o ensino médio completo e o ensino superior.

Vale destacar que embora a presença do nível superior seja acentuada nas grandes empresas, ele também ocorre no perfil dos sócios-fundadores dos demais níveis de firmas, porém para estes a apicultura normalmente não exerce uma função de atividade de renda complementar, mas sim uma atividade hobby ou uma atividade que cria oportunidades de emprego não para o sócio-fundador mas sim para a localidade onde estes possuem afinidades e frequentam.

Por conseguinte, a maior parte da totalidade de empresas foi fundada por jovens com idades de até 40 anos. Os sócio-fundadores das mini, pequenas e médias empresas encontram- se de certa forma aproximadas quanto ao nível de escolaridade tendo como seus pais, em grande maioria, vinculados à agricultura. As grandes empresas possuem sócio-fundadores mais qualificados quanto aos estudos e possuíam geralmente atividades comerciais antes da

fundação da empresa. Por fim, para qualquer porte de empresa há a predominância do sexo masculino.

Tabela 8 – Perfil do sócio-fundador.

Especificação Mini Pequena Média Grande

1. Idade 1.1. Até 20 anos 5,9% 0,0% 0,0% 0,0% 1.2. Entre 21 e 30 anos 41,2% 46,7% 26,1% 25,0% 1.3. Entre 31 e 40 anos 35,3% 20,0% 43,5% 50,0% 1.4. Entre 41 e 50 anos 5,9% 6,7% 17,4% 25,0% 1.5. Acima de 50 anos 11,8% 26,7% 13,0% 0,0% Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 2. Sexo (%) 2.1. Masculino 88,2% 90,0% 95,7% 100,0% 2.2. Feminino 11,8% 10,0% 4,3% 0,0% 2.3. Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 3. Pais Empresários (%) 3.1. Sim 5,9% 0,0% 8,7% 25,0% 3.2. Não 94,1% 100,0% 91,3% 75,0% 3.3. Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 4. Escolaridade (%) 4.1. Analfabeto 5,9% 3,3% 0,0% 0,0%

4.2. Ensino Fundamental Incompleto 23,5% 26,7% 26,1% 0,0% 4.3. Ensino Fundamental Completo 17,6% 20,0% 34,8% 12,5% 4.4. Ensino Médio Incompleto 17,6% 20,0% 13,0% 12,5% 4.5. Ensino Médio Completo 29,4% 26,7% 21,7% 50,0%

4.6. Superior Incompleto 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

4.7. Superior Completo 5,9% 3,3% 4,3% 25,0%

4.8. Pós-Graduação 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

5. Atividade antes de criar a empresa (%)

5.1. Estudante Universitário 0,0% 0,0% 0,0% 12,5% 5.2. Estudante de Escola Técnica 0,0% 3,3% 0,0% 0,0% 5.3. Empregado de mini ou pequena empresa local 5,9% 6,7% 21,7% 12,5% 5.4. Empregado de média ou grande empresa local 0,0% 3,3% 8,7% 12,5% 5.5. Empregado de empresa de fora do arranjo 5,9% 3,3% 4,3% 0,0% 5.6. Funcionário de instituição pública 11,8% 6,7% 13,0% 0,0%

5.7. Empresário 0,0% 0,0% 0,0% 25,0%

5.8. Outra (agricultor, doméstica, etc). 76,5% 76,7% 52,2% 37,5%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.4 Dificuldades na Operacionalização da Empresa

As dificuldades para as mini e pequenas empresas foram bem semelhantes. Os produtores indicaram que no início da atividade as principais dificuldades foram a falta de

conhecimento técnico na atividade, a contratação da mão-de-obra qualificada, a produção de mel com qualidade, a venda de seus produtos e principalmente a falta de capital de giro. Há também a existência de problemas na aquisição de maquinários, porém o mesmo muitas vezes é sanado através de compartilhamentos de equipamentos ou da casa de mel. Estes dois níveis de firmas também evidenciaram dificuldades na venda do produto.

As médias empresas relataram que a falta de aprimoramento técnico dos próprios apicultores e a dificuldade na escoação da produção são empecilhos para elas. Também indicaram problemas na capacitação de seus funcionários que acabam limitando a produção. Assim como as mini e pequenas empresas, este porte de firmas elucidam a falta de uma linha de crédito específico, embora muitas delas tenham tomado empréstimos, as mesmas caem na maioria das vezes em inadimplência sendo impedidas da aquisição de novo capital.

As grandes empresas demonstram ter menos problemas quanto à mão-de-obra especializada, porém sua limitação se dá através da dificuldade na venda da produção e, em alguns casos, a necessidade de capital de giro e empréstimos também são obstáculos. Este porte de empresas destacou que a falta do selo de inspeção, seja estadual ou federal, impedem que seus produtos entrem no mercado de forma direta. Vale destacar que das grandes empresas entrevistadas apenas uma possui o selo de inspeção federal.

6.1.5. Relação do Trabalho nas Empresas

Conforme a Tabela 9, na mini empresa, dada a amostra de 17 firmas entrevistadas, identificou-se um total de 36 pessoas ocupadas, na qual 47,2% são representadas pelos sócios, 36,1% por empregados temporários e 16,7% por familiares que desenvolvem a atividade sem contrato formal e sem remuneração fixa.

Na pequena empresa, as relações de trabalho são caracterizadas pelos proprietários, serviços temporários, familiares sem contrato formal e estagiários. Sendo que das 30 empresas entrevistadas, detectou-se um montante de 71 pessoas ocupadas, das quais 42,3% são sócios e 21,1% são trabalhadores temporários, 35,2% são familiares sem contrato formal e apenas 1,4% são de estagiários.

No que tange às médias empresas, foram entrevistadas 23 firmas constatando-se um total de 64 trabalhadores, sendo que 42,3% deste contingente são formados pelos proprietários, 4,7% por estagiários, 34,4% são trabalhadores temporários e 25% por familiares sem contrato formal.

Nas grandes empresas, dada a amostra de 8 firmas, identificou-se a presença de trabalhadores com contratos formais representando 12,1% do total, os estagiários somam 9,1%, os trabalhadores temporários configuram 48,5%, os familiares sem contratam formal aparecem em menor proporção com 9,1% e os proprietários somam 21,2% do restante da mão-de-obra.

Tabela 9 – Relação de trabalho nas empresas Tipos

Mini Pequena Média Grande

Nº Pessoas % Nº Pessoas % Nº Pessoas % Nº

Pessoas % Sócio Proprietário 17 47,2% 30 42,3% 23 35,9% 7 21,2% Contratos Formais 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 4 12,1% Estagiário 0 0,0% 1 1,4% 3 4,7% 3 9,1% Serviço Temporário 13 36,1% 15 21,1% 22 34,4% 16 48,5% Terceirados 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% Familiares sem contrato formal 6 16,7% 25 35,2% 16 25,0% 3 9,1% Total 36 100% 71 100% 64 100% 33 100%

Fonte: Dados da pesquisa.

Percebe-se que na apicultura os serviços temporários aparecem com percentuais representativos independentemente do porte das empresas. Isto se deve pela atividade necessitar de maiores esforços somente no período de colheita do mel, sendo que até este ponto a necessidade básica dos apiários é configurada somente pela revisão e manutenção das caixas de abelha em determinados períodos do ano, a qual não exige alta quantidade de mão- de-obra. Nota-se também o decréscimo da presença da mão-de-obra familiar simultaneamente com a redução da presença dos proprietários na medida em que se aumenta o porte da empresa.

6.2. Produção, Mercados e Emprego