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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.3. Inovação, Cooperação e Aprendizado

Quanto às inovações realizadas na mini empresa, cerca de 29,4% realizaram inovações na forma de produto novo para a sua empresa, mas já existente no mercado; 33% implementaram inovações nos processos tecnológicos, porém já existentes no setor, 23,5% desenvolveram mudanças organizacionais na forma de avanços na técnica de gestão e 11,8% na estrutura organizacional.

A pequena empresa, durante o período proposto pelo estudo, pouco investiu em inovação de produtos para a empresa, sendo que somente 16,7% das empresas deste porte investiram neste quesito. Porém, observa-se que o foco mostrou-se voltado para inovações no processo tecnológico, onde 53,3% das pequenas firmas responderam afirmativamente a este item. Quanto à realização de inovações organizacionais, 30% implementaram novas técnicas de gestão, 36,4% promoveram mudanças na estrutura organizacional e 53,3% modificaram sua prática de comercialização.

Já nas médias empresas, houve uma maior atenção dos produtores na procura de inovação dos produtos, pois 52,2% destas firmas desenvolveram novos itens, mas existentes no mercado. Neste caso observou-se que alguns produtores deixaram de apenas comercializar o mel natural e passaram a investir também no trabalho com pólen. Cerca de 80% dos produtores deste porte também ampliaram seus níveis tecnológicos, passando a possuir maior número de equipamentos e/ou equipamentos mais avançados. Dentro desta categoria vale ressaltar que duas empresas mostraram-se diferenciadas quanto ao processo de inovação tecnológico, onde uma produziu um novo tipo de derretedor de cera que, embora exista um modelo similar no mercado, apresenta baixíssimo custo de aquisição e outra desenvolveu uma adaptação em motocicleta para transporte de caixas povoadas que facilita enormemente a condução das mesmas entre apiário e casa de mel. Quanto as mudanças organizacionais, 56,5% adotaram novas formas de gestão, 65,2% alteraram sua estrutura organizacional, 30,4% começaram a investir em práticas de marketing e 73,9% mudaram seus conceitos e/ou práticas de comercialização.

No que se refere às grandes empresas, embora ainda sejam poucas, todas investiram em novos produtos, onde passaram a comercializar pólen e própolis em paralelo ao mel natural e uma apresenta um esboço de atividade com melhoramento genético de abelhas rainhas. Todas elas também investiram em inovações tecnológicas, mas 12,5% delas passaram a se diferenciar através de mudanças no desenho dos produtos, durante as entrevistas foi ressaltado que as novas tecnologias ajudariam principalmente na diminuição de perdas da produção. No que tange às mudanças organizacionais, todas elas promoveram avanços na gestão, 87,5% modificaram sua estrutura, 62,5% modificaram suas práticas de marketing e todas alteraram seus conceitos e/ou práticas de comercialização.

6.3.2 Impactos resultantes da introdução de inovação

Considerando o resultado das inovações realizadas na apicultura, as mini e pequenas empresas apresentaram dois fatores comuns como os mais impactados pelas inovações realizadas, sendo eles o aumento da produtividade e o aumento da qualidade do produto. Neste caso, tanto os mini quanto os pequenos produtores consideram como sendo de alta importância o resultado das inovações para a produtividade, porém, os mesmos consideram como de média importância as modificações para a qualidade dos produtos.

Analisando os médios produtores, percebe-se que 82,6% obtiveram um crescimento na produtividade, 73,9% melhoraram a qualidade dos seus produtos e 87% indicaram as inovações como importantes para sua manutenção nos mercados de atuação.

Estudando a amostra dos grandes produtores, nota-se que todos tiveram um aumento na produtividade e na qualidade dos produtos e 75% reduziram seus custos do trabalho como uma das consequências da introdução das inovações.

6.3.3 Tipo de atividade inovadora realizada de 2010 a 2012 e sua constância

Observando os mini produtores, 64,1% e 5,9% buscaram o desenvolvimento da empresa através de pesquisas sobre a atividade, de forma ocasional e rotineira, e 76,5% ocasionalmente buscaram novos programas em gestão administrativa e/ou de modernização organizacional.

Os pequenos produtores se assemelharam aos mini quanto às principais atividades desenvolvidas ocasionalmente, porém com um percentual de 80% na busca de novas formas de gestão administrativa. Quanto ao aspecto de pesquisas ocasionais para o desenvolvimento da atividade apícola, seu percentual foi um pouco menor que o das mini empresas com 53,3%. Dentre as inovações realizadas pelas médias empresas, 17,4% procuraram rotineiramente desenvolver novas formas de comercialização e distribuição de produtos para os mercados, e 78,3% desenvolveram ocasionalmente aquisição de máquinas e equipamentos, como também programas de treinamento voltados à introdução de novos produtos e processos tecnológicos.

As grandes empresas destacam-se por ter 87,5% dos produtores desenvolvendo rotineiramente novas formas de comercialização do produto e 75% buscando tanto pesquisas quanto programas de treinamentos orientados à introdução de produtos/processos tecnologicamente novos ou significativamente melhorados. De forma ocasional, 87,5% procuram aquisição de máquinas e equipamentos, além da modernização organizacional.

Citando alguma atividades inovadoras desenvolvidas pelos apicultores, tem-se a aquisição de máquinas e equipamentos inox como centrífuga, decantador e mesa desoperculadora; a pesquisa e desenvolvimento, como o estudo do tipo de flora apícola próxima ao apiário e métodos de combate a traças e formigas; a introdução de novos produtos/processos tais como pólen, própolis, geleia real e fracionamento do mel; os programas de gestão e modernização organizacional como melhoramento das instalações dos apiários (posicionamento adequado das caixas de abelha) e correções no manejo sanitário, divisão dos enxames e substituição da abelha rainha.

6.3.4 Treinamento e capacitação de recursos humanos

A realização de treinamento e capacitação de recursos humanos deu-se através de cursos e palestras relacionados às formas de instalações, manejos e aproveitamento dos produtos oferecidos pela apicultura, além de visitas técnicas e estágio com outros membros da cadeia apícola e associações.

Dos mini produtores 13 realizaram treinamentos dentro da própria empresa, 13 fizeram cursos realizados no arranjo e 4 produtores consideram os treinamentos irrelevantes para sua empresa. Quanto aos pequenos produtores 29 realizaram treinamentos na própria empresa, 27 participaram de cursos no arranjo, 4 realizaram visitas a outras empresas do arranjo e 1 produtor considerou irrelevante a capacitação de recursos humanos na empresa.

Com relação aos médios produtores 21 realizaram treinamentos na própria empresa, 14 realizaram cursos oferecidos no arranjo, 2 efetuaram visitas a outros apiários do município, 2 acreditam ser irrelevante a capacitação de recursos humanos e um produtor contratou técnico de outro arranjo.

Dentre os grandes produtores, 7 efetuaram treinamento na própria empresa, apenas 1 realizou curso técnico oferecido no próprio arranjo e 1 realizou contratação de técnicos/engenheiro de fora do arranjo.

Percebeu-se que, dada a amostra de produtores entrevistados, 13 mini, 29 pequenos, 21 médios e 7 grandes produtores realizaram alguma forma de capacitação e de treinamento para seus empregados e/ou participaram destes processos.

6.3.5 Fontes de informação importantes para o aprendizado na atividade

Quanto às fontes de informação que foram consideradas importantes para o aprendizado dos mini produtores, 15 citaram quanto as fontes internas à empresa, a área de produção. Entre as fontes externas todas citaram a interação com outras empresas do grupo, 5 adquiriram conhecimentos através da universidade, 6 produtores indicaram empresas de fora do arranjo como fonte, 8 receberam assistência técnica da EMATER ou do SEBRAE e 6 melhoraram seus conhecimentos a partir de seminários, cursos e matérias televisivas feitas pelo “Globo Rural”.

Com relação aos pequenos produtores, 23 apontaram como fontes de informação interna as experiências obtidas na área produtiva da empresa, 17 adquiriram conhecimentos através de outros produtores do próprio arranjo, 14 mencionaram trocas de experiências com produtores de fora do município, apenas 1 relatou o fornecedor de insumos como fonte de informação, 6 apontaram informações provenientes de universidade, 17 ampliaram suas

experiências através de assistência técnica da EMATER e SEBRAE e 19 abrangeram seus conhecimentos através de cursos e seminários disponibilizados no próprio arranjo e em congresso regional (APIPARÁ).

Entre os médios produtores, 16 destacaram a experiência adquirida internamente através da área de produção da empresa e 5 relataram conhecimentos provenientes de pesquisas, quanto às fontes externas, 17 trocaram informações com outros produtores do arranjo, 3 citaram a aquisição de conhecimento através dos fornecedores de insumos, 8 indicaram trocas de informações com concorrentes, 10 receberam experiências através de assistência técnica (do SENAR, EMATER e SEBRAE), 5 produtores receberam instruções de universidades, 16 acentuaram seus conhecimentos através de feiras, exposições, congressos (APIPARÁ) e cursos.

Sobre os grandes produtores, quanto às fontes internas de informação, 5 destacaram pesquisas realizadas pela empresa, 6 informaram sua área de produção e área de venda como procedência de conhecimentos. Em relação às fontes externas, apenas 2 apontaram a universidade e institutos de pesquisa como referência, 4 receberam experiências de instituições de fiscalizadoras (como a ADEPARÁ), 6 indicaram informações provenientes de empresas de assistências técnicas como o SEBRAE e EMATER, 5 citaram a Secretaria de Agricultura (SAGRI) e o Ministério da Agricultura como fontes de informação e 6 visitaram feiras e exposições no Pará e no Brasil.

Percebe-se que com a medida do aumento da estrutura da firma, também passa a ocorrer o aumento no número de informações e de seus canais. Grande parte dos mini produtores, na entrevista, destacaram que não possuem renda suficiente para buscar informações fora do arranjo e sentem tal necessidade. Os pequenos e médios produtores destacaram o APIPARÁ (congresso regional anual dos apicultores do estado do Pará) como boa fonte de informações através de cursos e palestras. Já as grandes empresas, possuem maior interatividade com instituições e mostram-se amplamente mais informados sobre o cenário e sobre a atividade apícola.

6.3.6 Atividade cooperativas em 2012

Dada a Tabela 11, de um total de 17 mini, 30 pequenos, 23 médios e 8 grandes produtores, constata-se, respectivamente, que 52,9%, 76,7% , 69,6% e 75% destes produtores, conforme sequencia especificada, estiveram envolvidos em atividades cooperativas e de

parceria, formais ou informais, com outros produtores e/ou órgãos municipais e agentes locais do respectivo arranjo.

Tabela 11 – Atividades cooperativas em 2012.

Tamanho da Empresa Sim Não Total

1. Mini 9 8 17 52,9% 47,1% 100,0% 2. Pequena 23 7 30 76,7% 23,3% 100,0% 3. Média 16 7 23 69,6% 30,4% 100,0% 4. Grande 6 2 8 75,0% 25,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.7 Formas de cooperação

O estudo percebeu o desenvolvimento de formas de cooperação ou parcerias entre produtores e destes com instituições públicas, empresas de consultoria, assistência técnica e órgãos de apoio e promoção.

Dentro deste assunto constatou-se que para os mini produtores a cooperação ocorrida ajudou-os relevantemente na capacitação de recursos humanos e na venda conjunta de produtos, onde tais itens corresponderam, respectivamente, a 58,8% e 52,9% dos produtores. E para os pequenos produtores apenas a capacitação dos recursos humanos teve alta importância representando 63,3% dos produtores, 53,3% caracterizaram a venda conjunta como média importância assim como a compra de insumos e equipamentos.

Quanto ao médio produtor, 69,6% destacaram como sendo de média importância o desenvolvimento de produtos e processos de forma cooperativa, 60,9% acharam que as parcerias ajudaram na obtenção de financiamento e 39,1% sentiram que estas interações os ajudaram na participação conjunta de feiras e congressos.

Para os grandes produtores 75% deles concluíram que a cooperação foi de alta importância somente para ajuda-las no sentido de reinvidicações e na capacitação de recursos humanos. Para os outros itens analisados, este porte de produtor os considera de baixa ou nula importância.

Os itens questionados quanto às formas de cooperação foram quanto a compra de insumos e equipamentos, venda conjunta de produtos, desenvolvimento de produtos e processos, design e estilo de produtos, capacitação de recursos humanos, obtenção de financiamento, reivindicações e participação conjunta em feiras.

6.3.8 Resultados de ações conjuntas realizadas

Como resultado das ações conjuntas realizadas entre os mini produtores e os agentes locais, 58,8% afirmaram que tiveram melhoria nos processos produtivos onde passaram a ter melhor conhecimento no manuseio das colmeias e na divisão dos seus enxames e 64,4% citaram que houve melhoria nas condições de comercialização e que conseguiram novas oportunidades de negócio.

Praticamente os mesmos itens dos mini produtores foram apontados como resultados pelos pequenos produtores, porém, estes com 63,3% também destacaram as inovações organizacionais que tiveram através das ações conjuntas que permitiram principalmente correções no manejo sanitário e na condução do apiário.

Entre os médios produtores, 69,6% destacaram a melhoria da capacitação dos recursos humanos, 78,3% evidenciaram melhorias no processo produtivo e 60,9% promoveram seus nomes no mercado regional passando a ter maior inserção no mercado.

Quanto aos grandes produtores, 75% deles destacam que as ações conjuntas propiciaram novas oportunidades de negócio, 62,5% acreditam que melhoraram suas condições de comercialização e seus recursos humanos, novamente 75% destacaram que tais ações propiciaram o desenvolvimento de novos produtos e a melhoria da qualidade dos mesmos.