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Indicadores de inovação e tecnologia: O arranjo produtivo local de apicultura no nordeste paraense

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA MESTRADO ACADÊMICO EM ECONOMIA RURAL

EDNEY SARAIVA MONTEIRO

INDICADORES DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA: O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE APICULTURA NO NORDESTE PARAENSE

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EDNEY SARAIVA MONTEIRO

INDICADORES DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA: O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE APICULTURA NO NORDESTE PARAENSE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Rural, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Área de Concentração: Economia Aplicada ao Agronegócio.

Orientador: Prof. Ph.D Ahmad Saeed Khan

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Pós-Graduação em Economia Agrícola

M776 i Monteiro, Edney Saraiva

Indicadores de inovação e tecnologia: O arranjo produtivo local de apicultura no nordeste paraense. / Edney Saraiva Monteiro. 2013.

107f. : il., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Economia Agrícola, Programa de Pós-Graduação em Economia Rural, Fortaleza, 2013.

Área de Concentração: Economia Aplicada ao Agronegócio. Orientação: Prof. Dr. Ahmad Saeed Khan.

1. Apicultura. 2. Índice. 3. Inovação. 4. Tecnologia. I. Título.

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EDNEY SARAIVA MONTEIRO

INDICADORES DE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA: O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE APICULTURA NO NORDESTE PARAENSE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia Rural, do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Área de Concentração: Economia Aplicada ao Agronegócio.

Orientador: Prof. Ph.D Ahmad Saeed Khan.

Aprovada em: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Ahmad Saeed Khan, Ph.D. (Orientador)

___________________________________________________ Prof.ª Patrícia Verônica Pinheiro Sales Lima, Dra.

_________________________________________________ Prof. Kilmer Coelho Campos, Dr.

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A Deus.

Aos meus pais (Maria da Conceição Saraiva da Costa e Neivaldo de Oliveira Monteiro), ao meu irmão (Walney Saraiva Monteiro) e a todos que, de alguma forma, tornaram possível a realização de um objetivo/sonho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela vida, saúde e força; por sempre guiar e iluminar meus caminhos.

Aos meus pais Maria da Conceição Saraiva da Costa e Neivaldo de Oliveira Monteiro responsáveis pela formação do meu caráter e personalidade; que nunca mediram esforços para ajudarem na realização dos meus sonhos.

Ao meu irmão Walney Saraiva Monteiro que é e sempre será meu eterno amigo e parceiro; que mesmo por ser uma pessoa de poucas palavras, me passa confiança e força para minhas conquistas.

Aos meus grandes amigos de mestrado que tive o privilégio de conhecer: Diogo Brito, Kélvio Felipe, Renato Alencar, Diego Holanda, Diana Cajado, João Josino, Élica Martins, Soraia Madeira, Maria Jordana, Tércio Leite, Ana Claúdia, Kamille Leão, Ana Cristina e, em especial, ao Juan Fernado que foi um amigo excepcional durante o curso.

Aos meus amigos de condomínio Joelmir Coelho, Francisco Marcelo, Thiago Bento e Samuel Gameiro por todos os momentos de vivência em Fortaleza.

Ao meu orientador Professor Saeed, por toda sua compreensão, ensinamento e principalmente pela frase dita no dia 13 de junho de 2011 “você consegue”, que fez toda a diferença para que eu contornasse um momento difícil. Por todo o auxílio e compreensão dos professores doutores da banca examinadora: Patrícia Verônica Pinheiro Sales Líma, Kilmer Coelho Campos e Eliane Pinheiro de Sousa.

A todos os professores e funcionários do Mestrado Acadêmico em Economia Rural e do Departamento de Economia Agrícola.

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“O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos.”

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RESUMO

O objetivo deste trabalho foi caracterizar os arranjos produtivos locais de apicultura quanto aos seus processos de inovação e uso de tecnologias nos municípios de Capitão Poço, Igarapé-Açu e Ourém, localizados no Nordeste do Estado do Pará. Especificamente, pretendeu-se traçar o perfil socioeconômico e tecnológico dos apicultores, identificar as dimensões fatoriais determinantes da inovação e tecnologia; tipificar o grau de inovação e tecnologia dos arranjos produtivos de apicultura e tipificar os apicultores paraenses segundo o índice de inovação e tecnologia. Para tanto se utilizou como métodos: Análise Fatorial para extração dos principais fatores representativos da prática de inovação e uso da tecnologia pelos apicultores, além da construção de um índice agregado por meio da análise de clusters que pode estabelecer quais deles tem uma menor ou maior propensão à prática de inovações e tecnologias. Os resultados mostraram que a apicultura paraense é composta em maioria de pequenos produtores; utiliza mão-de-obra de baixo grau de escolaridade; mostra-se como uma alternativa de geração de renda e de trabalho para a zona rural e tem como gargalos a falta de posse de selo de inspeção por parte das associações e produtores, o que aumenta as dificuldades no escoamento da produção, e a carência de políticas realmente consistentes e adequadas à realidade regional. Através da análise fatorial foram obtidos dois fatores nomeados como aspectos tecnológicos e aspectos inovativos e de informação, a análise também permitiu a construção de um índice chamado de Índice de Inovação e Tecnologia. Quanto aos grupos formados com base no índice calculado, o Pará possui grande quantidade de apicultores no grupo de baixos índices de inovação e tecnologia, configurando assim uma reduzida propensão ao uso de tais práticas por grande parte dos produtores. No que tange ao grupo de médio índice, este apresentou membros bastante heterogêneos, possuindo, portanto, o maior valor de coeficiente de variação. O último grupo, de maior índice, exibiu apenas 16% do total de 78 entrevistados na pesquisa, e é onde são encontrados quase todos os grandes produtores da região. Por fim, concluiu-se que a apicultura mostrou-se como um importante instrumento de geração de emprego e renda na zona rural, porém que carece de maior atenção pública para o seu real avanço.

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ABSTRACT

The aim of this study was to characterize the local productive beekeeping as their processes of innovation and use of technology in the municipalities of Capitão Poço, Igarapé-Acu and Ourém, located in northeastern Pará State. Specifically it was intended to profile socioeconomic and technological beekeepers, identify the factor dimensions determinants of innovation and technology; typify the degree of innovation and technology clusters beekeeping and classify beekeepers paraenses according to the index of innovation and technology. To be used as both methods: factor analysis to extract the main factors representative of the practice of innovation and technology use by beekeepers, besides the construction of an aggregate index for the analysis of clusters that can establish which of them has a higher or lower propensity practice innovations and technologies. The results showed that beekeeping is composed of Pará in most small producers; uses hand-to-work of low literacy; shows up as an alternative source of income and employment for the rural area and its lack bottlenecks possession of seal inspection by the associations and producers, which increases the difficulties in production flow, and the lack of consistent and appropriate policies actually the regional reality. Through factor analysis were obtained from two factors named as the technological and innovative aspects and information, the analysis also allowed the construction of an index called the Index of Innovation and Technology. As for the groups formed based on the index calculated, Pará has lot of beekeepers in the group of low levels of innovation and technology, thereby constituting a reduced propensity to use such practices by many producers. Regarding the group of medium-index that showed a heterogeneous members, possessing, therefore, the highest value of coefficient of variation. The last group, the largest index, showed only 16 % of 78 respondents in the survey, and is where are found almost all the major producers in the region. Finally it was concluded that beekeeping proved to be an important tool for generating employment and income in rural areas, but it needs more public attention to his real breakthrough.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Produção mundial de mel em 2011... 23

Figura 2 – Produção brasileira de mel (1990-2011)... 26

Figura 3 – Participação por região brasileira – produção de mel 2011... 28

Figura 4 – Crescimento da produção por região brasileira entre 1990-2011... 29

Figura 5 – Crescimento da produção paraense (toneladas) de 1990-2011... 30

Figura 6 – Produção em toneladas por mesorregião do Estado do Pará... 31

Figura 7 – Vinte principais municípios paraenses produtores de mel em 2011... 32

Figura 8 – Estruturação do APL de Apicultura da região nordeste paraense... 36

Figura 9 – Divisão territorial dos municípios estudados do nordeste paraense... 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Maiores produtores de mel do mundo em 2011... 22

Tabela 2 – Produção e valor da produção de mel por regiões do Brasil em 2011... 28

Tabela 3 – Produção e valor da produção de mel dos estados do Norte em 2011... 30

Tabela 4 – Estatística KMO (Kaiser-Mayer-Olkin)... 61

Tabela 5 – Identificação da empresa... 68

Tabela 6 – Ano de fundação das empresas... 69

Tabela 7 – Origem do capital da empresa... 70

Tabela 8 – Perfil do sócio-fundador... 72

Tabela 9 – Relação de trabalho nas empresas... 74

Tabela 10 – Escolaridade do pessoal ocupado... 76

Tabela 11 – Atividades cooperativas em 2012... 82

Tabela 12 – Teste de KMO (Kaiser-Mayer-Olkin) e BTS (Teste de Esferecidade de Bartlett)... 86

Tabela 13 – Valores das raízes características e percentagem da variância total explicada pelos dois fatores identificados na análise fatorial... 87

Tabela 14 – Fatores extraídos pelo método das componentes principais e percentagem da variância explicada antes e após a rotação... 87

Tabela 15 – Cargas fatoriais após a rotação ortogonal e comunalidades... 87

Tabela 16 – Número de clusters e seus limites elaborados a partir do Índice Geral de Inovação e Tecnologia... 89

Tabela 17 – Composição dos clusters quanto ao porte das empresas... 90

Tabela 18 – Características gerais do produtor inserido no cluster de baixo índice de inovação e tecnologia... 91

Tabela 19 – Características relacionadas às inovações e tecnologias do produtor inserido no cluster de baixo índice... 91

Tabela 20 – Características do produtor inserido no cluster de médio índice de inovação e tecnologia... 92

Tabela 21– Características relacionadas às inovações e tecnologias do produtor inserido no cluster de médio índice... 92

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAPRI Associação dos Apicultores de Primavera ABEMEL Associação Brasileira dos Exportadores de Mel ACP Método dos Componentes Principais

ADA Agência de Desenvolvimento da Amazônia ANOVA Análise de Variância

APIC Associação dos Apicultores do Pará

APISAL Associação dos Criadores de Abelha de São João de Pirabas e Salinópolis

APLs Arranjos Produtivos Locais

APRISCO Apoio a Programas Regionais Integrados e Sustentáveis da Cadeia de Ovinocaprinocultura

AVAPIS Associação Viseuense de Apicultores BANPARÁ Banco do Estado do Pará

BASA Banco da Amazônia

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BTS Teste de Esfericidade de Bartlett

CBA Confederação Brasileira de Apicultura DAI Development Alternatives Incorporated EAFC Escola Agrotécnica Federal de Castanhal

EMATER/PA Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FAPIC Federação das Associações de Apicultores do Estado do Pará FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos FVO Serviço Alimentar e Veterinário

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístíca

KMO Kaiser-Mayer-Olkin

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MSA Medida de Adequação da Amostra

PAF Programa de Agroindústria Familiar

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PIB Produto Interno Bruto

POEMAR Núcleo de Ação para o Desenvolvimento Sustentável

REDESIST Rede de Pesquisas em Sistemas e Arranjos Produtivos Locais SAGRI Secretaria de Agricultura do Estado do Pará

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SECTAM Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

SEDECT Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SETEPS Secretaria Executiva de Estado do Trabalho e Promoção Social SUDAM Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 16

2. OBJETIVOS ... 20

2.1 Objetivo geral ... 20

2.2 Objetivos específicos ... 20

3. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE APÍCOLA ... 21

3.1 Caracterização e produção internacional de mel ... 22

3.2 Produção de mel brasileira ... 26

3.3 Produção de mel no Norte brasileiro ... 29

3.4 Contexto histórico e características da apicultura paraense ... 32

4. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ARRANJOS PRODUTIVOS ... 37

4.1 Arranjos Produtivos no Estado do Pará... 46

4.2 Considerações sobre Tecnologia e Inovação ... 48

5. METODOLOGIA ... 52

5.1 Área Geográfica de Estudo ... 52

5.2 Natureza e Fonte dos Dados ... 53

5.3 População e Amostra ... 54

5.4. Método de Análise ... 54

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 68

6.1 Caracterização Geral dos Produtores no Arranjo Produtivo ... 68

6.2. Produção, Mercados e Emprego ... 74

6.3. Inovação, Cooperação e Aprendizado... 77

6.4 Estrutura e Vantagens Locais ... 83

6.6. Análise Fatorial ... 86

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ... 95

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1. INTRODUÇÃO

1.1 O problema e sua importância

O agronegócio representa em torno de um terço do PIB brasileiro, razão pela qual é considerado o setor mais importante da economia nacional. Atualmente, um de seus maiores desafios é identificar e promover atividades produtivas que sejam “inclusivas” sob os aspectos

tecnológicos e gerenciais, isto é, que permitam uma “difusão tecnológica”, democratizando e viabilizando a incorporação das inovações nas atividades de pequenas propriedades rurais (SEBRAE, 2006).

Atividades antes tidas como “hobbies”, como a piscicultura, apicultura, floricultura, turismo rural, entre outras, ganharam nova dimensão nesta última década e atualmente assumem importante papel na redução da pobreza e do desenvolvimento no meio rural (GRAZIANO DA SILVA, 1996).

Dentre tais atividades, se destaca a apicultura como sendo uma atividade produtiva em franca expansão, socialmente justa e ambientalmente correta, além de reunir alguns requisitos que a credenciam como uma alternativa de elevado potencial de inclusão social, face à sua competitividade em relação aos aspectos econômicos (devido à geração de renda), sociais (por demandar mão de obra) e ambientais (por não ocasionar danos ambientais e incentivar a preservação), ou seja, do “desenvolvimento sustentável” (LIMA, 2005).

Segundo Silva (2011), o desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental, que está intimamente ligado à conservação da vegetação nativa, é elemento fundamental para que a atividade apícola apresente níveis produtivos satisfatórios e mel de qualidade. Ainda para Silva (2011), o fator ambiental é de grande relevância para o meio rural uma vez que, na maioria das atividades agropecuárias, há níveis de degradação em maior ou menor grau, dependendo do bioma ao qual estão inseridas e das formas de manejo que são realizadas nos anos que se seguem. Para Lima (2005), a apicultura desperta grande interesse por conhecimento de técnicas que visem à preservação do meio ambiente.

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Na medida em que acontece o aumento da percepção do produtor de que a apicultura pode resultar no acréscimo de renda1, a agricultura de subsistência, que anteriormente era a prática principal dentro da propriedade, toma caráter secundário em favor do aumento de investimentos e da produção da atividade apícola (SEBRAE, 2012).

Segundo o entendimento de Dallemole et. al. (2010), só recentemente, de fato, a atividade foi vista como real contribuição ao desenvolvimento rural, embora o setor apícola tenha sido implantado há bastante tempo no Brasil2, onde saltou, em determinadas situações, de uma simples atividade complementar para uma atividade de caráter empresarial. Para Paula (2008), esta mudança de caráter produziu um avanço na produção e inseriu o Brasil no cenário mundial do comércio do mel natural. O mesmo autor ainda anota que até a década de 1950, o Brasil produzia somente cerca de 4 mil toneladas de mel por ano, produção esta voltada apenas para o consumo interno. Até o ano 2000, o Brasil ocupava apenas a 27ª posição no ranking mundial de exportação de mel, com menos de 300 toneladas/ano.

Conforme a FAO (Organização da Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), para o ano de 2011, o Brasil já se encontrava entre os maiores produtores de mel, ranqueado no término daquele ano como o 11° produtor mundial, com sua produção chegando a 41 mil toneladas. Para o mesmo ano, os três principais países produtores, por ordem de volume de produção, eram: a China, com 446 mil toneladas produzidas; a Turquia com 94 mil toneladas e a Ucrânia com produção de aproximadamente 70 mil toneladas (SEBRAE, 2013).

Neste cenário internacional, a principal característica do mercado mundial de mel é a sua concentração. Apenas dois países (Alemanha e Estados Unidos) são responsáveis por quase a metade de toda a importação mundial. Também são dois os países (China e Argentina) que se destacam como os maiores exportadores. Alguns países, principalmente a Alemanha, atuam como canal de distribuição para outros mercados, sendo simultaneamente grandes importadores e grandes exportadores de mel (MAPA, 2007).

Trazendo este contexto para o cenário brasileiro, se verifica certa semelhança entre a realidade mundial e a nacional quanto à produção e à exportação de mel. Conforme

1

Sendo o mel o principal produto em termos comerciais e, portanto, o elemento impulsionador da renda (BUENO et al., 2011).

2

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dados do IBGE (2013) e pesquisas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID (2006), a produção nacional de mel está concentrada nos estados do Nordeste e do Sul, porém, assim como a Alemanha, São Paulo aparece nas estatísticas por importar mel de outras regiões e exportar para outros países, isto porque processadores locais se organizaram rapidamente para aproveitar oportunidades no mercado externo a partir de 2001, desbancando o então estado líder do sul brasileiro, Santa Catarina.

Embora a região Sul, detenha a maior participação percentual na produção nacional, estudos da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) relatam que esta foi a região de menor crescimento em termos de produção entre os anos de 1990 e 2011. Ainda conforme a CBA, neste mesmo período, as duas principais regiões que apresentaram crescimento vertiginoso foram a região Nordeste (848,96%) e a região Norte (1.260,35%).

Ingressando no mérito do crescimento produtivo do norte brasileiro, Both (2008), relata que a região detém um reconhecido potencial para o desenvolvimento da apicultura, isto através da exploração da grande disposição natural de flora. No entanto, Silva et al. (2006) cita que, apesar do potencial, o segmento apícola dessa região ainda não se tornou expressivo no âmbito nacional devido apresentar alguns problemas de nível organizacional (baixo nível de coordenação do arranjo), tecnológico (carência de equipamentos e técnicas avançadas na atividade) e mercadológico (dificuldades na colocação do mel paraense nas prateleiras dos principais mercados locais).

Dentre os estados do Norte, a CBA aponta que o Pará tem despontado como o maior produtor de mel. Sendo a apicultura uma atividade recente na região, de acordo com a Federação Paraense de Apicultura (FAPIC), ainda caracteriza-se pela produção como atividade secundária por meio de pequenos apiários fixos, baixo manejo dos enxames, desconhecimento da flora apícola, falta de controle de qualidade do produto e apresentando movimentos de cunho associativista em plena expansão.

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existência de um arranjo produtivo local (APL)3 especializado na produção de mel orgânico (FANEP; MDA; SDT, 2006).

No entanto, como o APL de apicultura é recente, existem alguns entraves que impedem o pleno desenvolvimento da atividade no arranjo. Os principais itens definidos pela Secretaria de Agricultura do Estado (SAGRI), através do seu plano para o desenvolvimento do arranjo (2007), foram a falta de acompanhamento e assistência técnica sistemática e especializada junto aos produtores, a desorganização do sistema de produção, a deficiência estrutural (casa do mel) e a carência de inovações e tecnologias.

Quanto ao último item exposto no parágrafo anterior, sabe-se que tais práticas são fundamentais para o crescimento das empresas em um ambiente cada vez mais concorrido e, neste quesito, segundo o diagnóstico realizado pelo SEBRAE (2006), a carência de tecnologias de manejo, a insuficiência de equipamentos apícolas avançados, a baixa inovação nos produtos finais e a falta de informações sobre o mercado impossibilitam a avanço da apicultura paraense.

Contudo, o estudo dos arranjos produtivos locais surge como instrumentos de fortalecimento da produção local, envolvendo toda a dinâmica para alcançar a sustentabilidade e estimular a competitividade de determinada territorialidade (locus), o que permitiria o progresso do setor apícola na região.

Considerando, portanto, a apicultura como uma atividade produtiva e promissora, em pleno crescimento no Estado do Pará, surge o interesse em se estudar o assunto através da análise de seu arranjo produtivo que, por conseguinte, pode auxiliar na promoção do desenvolvimento e inserção de mini e pequenas empresas apícolas no mercado competitivo e globalizado.

A hipótese básica é de que o arranjo produtivo local de apicultura do Nordeste paraense apresente grande parcela de produtores integrados, cooperando e desenvolvendo relações locais, porém com baixo nível de tecnologia e inovação, o que possivelmente seja o principal entrave do desenvolvimento da atividade.

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Em 2006, o Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP-APL) no Pará, orientado pelo MDIC, identificou o APL de Apicultura paraense constatando 21 municípios em sua composição (Anexo). No ano seguinte, estudos básicos em cadeias produtivas estratégicas, financiados pelo Banco da Amazônia, reforçou a constituição do arranjo por tais municípios, os quais participaram do plano para o desenvolvimento da apicultura da SAGRI elaborado naquele ano. Por

fi , e , o projeto do BNDE“ A álise do Mapea e to e das Políticas para Arra jos Produtivos locais o Norte, Nordeste e Mato Grosso , através da Nota Téc ica , ratificou os estudos

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral desse trabalho é caracterizar os arranjos produtivos locais de apicultura quanto aos seus processos de inovação e uso de tecnologias nos municípios de Capitão Poço, Igarapé-Açu e Ourém no Estado do Pará.

2.2 Objetivos específicos

 Traçar o perfil socioeconômico e tecnológico dos apicultores;

 Identificar as dimensões fatoriais determinantes da inovação e tecnologia;

 Mensurar o grau de inovação e tecnologia dos arranjos produtivos de apicultura;

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE APÍCOLA

A apicultura brasileira reúne requisitos que a coloca num elevado potencial de inclusão, pois sob o ponto de vista ambiental, econômico e social é capaz de gerar ocupações socialmente justas, ambientalmente corretas e economicamente viáveis, sendo, portanto uma das atividades econômicas que mais se enquadra no conceito de sustentabilidade propagado pelo mundo (VIEIRA; RESENDE, 2006).

De acordo com estudos do SEBRAE (2006), a atividade forma uma cadeia produtiva composta por mais de 300 mil apicultores e uma centena de unidades de processamento de mel, que juntos empregam, temporária ou permanentemente, quase 500 mil pessoas. Em 2011, este setor foi responsável pela produção de 41,6 mil toneladas de mel e 1,7 mil toneladas de cera de abelha, atraindo divisas de mais de US$ 70 milhões com exportação e se inserindo com destaque na pauta de exportação de agroprodutos do País.

Este segmento vem obtendo grande destaque no âmbito do agronegócio brasileiro desde os anos 80, quando o movimento naturalista passou a divulgar a importância da utilização da alimentação natural na melhoria da qualidade de vida do homem.

Os novos hábitos de consumo proporcionaram o aumento da procura dos produtos da colmeia e, consequentemente, sua valorização, possibilitando ao apicultor melhor remuneração. Com isso, o mercado se expandiu no Brasil fazendo com que a criação de abelhas, que era uma tradição quase que exclusiva das regiões Sul e Sudeste, passasse a ser praticada também nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Embora o mercado interno tenha crescido ele ainda é relativamente pequeno, nos últimos anos os processadores se voltaram principalmente para o mercado exportador, aproveitando as barreiras comerciais e fitossanitárias impostas à China e à Argentina, para adquirir o mel de novas regiões produtoras do Nordeste e acessar os mercados tradicionais dos Estados Unidos e da Europa (SEBRAE, 2006).

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O mel brasileiro é produzido por abelhas mais resistentes a doenças devido à maior carga genética da espécie Apis mellifera scutellata (conhecida como africana), o que elimina a necessidade do uso de antibióticos para o controle de doenças.

Os fatores mais atraentes desta atividade são o baixo custo de implantação, o manejo fácil, o retorno financeiro e o fato deste mercado apresentar-se ainda em crescimento.

3.1 Caracterização e produção internacional de mel

A produção mundial de mel natural atualmente é liderada pela China, como mostra a tabela 1, e alcançou mais de 1,6 milhões de toneladas em 2011. Nos últimos dez anos, a produção exibiu um crescimento médio na ordem de 2,17%.

Tabela 01 – Maiores produtores de mel no mundo em 2011.

POSIÇÃO PAÍS PRODUÇÃO (ton)

1º CHINA 446.089

2º TURQUIA 94.245

3º UCRÂNIA 70.300

4º ESTADOS UNIDOS 67.000

5º RÚSSIA 60.010

6º ÍNDIA 60.000

7º ARGENTINA 59.000

8º MÉXICO 57.783

9º ETIÓPIA 53.675

10º IRAN 47.000

11º BRASIL 41.578

Fonte: FAOSTAT (2013).

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Figura 01 - Produção mundial de mel em 2011.

Fonte: FAOSTAT (2013).

Dentro da pauta exportadora, China e Argentina4 respondem por quase 40% das exportações mundiais. Tendo entrado mais recentemente neste mercado, o Brasil ainda amplia seus números, mas atualmente já possui expressão considerada no cenário internacional (SEBRAE, 2012).

A apicultura brasileira ingressou no mercado externo somente na última década. Até então, o mel brasileiro era comercializado no próprio mercado, principalmente na região Sul. O Brasil passou a se destacar de seus concorrentes internacionais por apresentar uma grande biodiversidade de flora nativa, clima favorável, rusticidade das abelhas e enorme disponibilidade de mão de obra e tecnologia acessível (SEBRAE, 2006).

Em 10 anos, a produção brasileira triplicou e as exportações deram um salto de mais de 9.000%, segundo a CBA (2013). Este crescimento foi resultado de uma combinação de fatores, que vão desde o embargo do mel chinês no mercado mundial, até a crise que quase causou o extermínio de colmeias americanas e europeias, além de o setor ter passado por um crescente investimento governamental (FINEP, 2011). Parreiras (2007) ressalta que as restrições impostas em 2002 pelo mercado europeu ao mel proveniente da China e da Argentina foram as grandes responsáveis por esse salto.

Quanto ao embargo imposto à China e Argentina, que até então eram os principais fornecedores mundiais de mel, estes países tiveram suas exportações suspensas pelos

4

A produção de mel da argentina não se aproxima dos patamares chineses, o país encontra-se somente como o 7º maior produtor mundial, porém a maior parte de sua produção é voltada para o mercado externo, se inserindo desta forma como um dos maiores exportadores mundiais ao lado da China.

0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 450000 500000

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europeus sob alegação de contaminação do produto e pela presença de resíduos de antibiótico5 (ABEMEL, 2013). As restrições impostas a eles determinaram um acirramento da concorrência por importação de mel de qualidade, promovendo a entrada de países não tradicionais em exportação neste mercado, bem como, com o aumento da exportação dos antigos países exportadores, com vistas a aproveitar o momento de elevação do preço do produto (SEBRAE, 2006).

Conforme o Ministério da Agricultura (2007), esse abalo na oferta internacional de mel provocou uma súbita escassez de mel e uma consequente alta de preços, estimulando o aumento da produção de outras áreas ao redor do mundo. A oportunidade foi aproveitada pelos produtores e exportadores brasileiros que redirecionaram as vendas de parte do produto para o mercado estrangeiro visando a utilização dessa alta de preços (CRESPAM; SCHERER, 2009).

Para Lima et. al. (2006) o preço do mel, em nível mundial, é afetado por inúmeros fatores, como as condições de produção e a demanda nos países importadores e exportadores, a qualidade e o tipo de mel disponível para exportação, a disponibilidade de substitutos e a existência de tarifas e barreiras comerciais.

Segundo a Development Alternatives Inc - DAI Brasil (2006) o mel tem seus preços fixados, em geral, por traders internacionais como commodities não negociadas em bolsas de mercadorias, e os fatores-chave de compra do mel são sempre baseados em rígidos controles das propriedades do mel - cor, sabor, umidade, disposição à cristalização, com preferências variando de país para país - além do atendimento às normas fito-sanitárias e de boas práticas de fabricação. A exigência dos importadores acaba por balizar também o preço e a qualidade do mel no mercado interno. Somente quando existe uma significativa diferenciação do mel, normalmente por florada especial, os processadores passam a ter maior controle no estabelecimento dos preços e a influência dos traders é reduzida (USAID, 2006).

Os preços praticados com o mel natural começaram a voltar a seus patamares anteriores com o início da normalização da oferta chinesa no ano de 2004, o que desacelerou a expansão da produção brasileira e o preço médio alcançado (ABEMEL, 2013). Parreiras (2007), pondera que com a acomodação do mercado a partir daí, os preços chegaram, em 2005, perto do nível observado em 2001, com uma redução de cerca de 33% na quantidade brasileira exportada, comparada com o pico alcançado em 2004.

5

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Após o período que oportunizou o crescimento da produção e exportação de mel brasileira, o cenário tornou-se contra. Em 2006, a União Européia, um dos principais compradores do mel nacional, veda a entrada do produto de procedência brasileira sob a justificativa da ausência de controle e monitoramento de resíduos nos moldes europeus exigidos (SEBRAE, 2006a). Além do veto, a União Européia utilizou-se da alegação de que o governo brasileiro teria descumprido a exigência feita pelas autoridades sanitárias do bloco de realizar um controle rigoroso para detectar resíduos no produto6 (MAPA, 2007).

A medida de vetar a entrada do mel de origem brasileira foi fundamentada em dois relatórios apresentados pelo Serviço Alimentar e Veterinário (FVO), que foram elaborados em 2003 e em 2005, a partir de visitas realizadas para inspecionar os processos de produção e monitoramento de produtos de origens animal e vegetal no país (CRESPAM; SCHERER, 2009).

De acordo com a ABEMEL (2013), o veto ocasionou uma transferência do comércio para os Estados Unidos, que, entretanto, compram a preços mais baixos, interferindo, assim, na remuneração dos apicultores e implicando na diminuição de investimentos no setor e na redução da produção nacional. Contudo, posteriormente à implantação de normas técnicas7 e de um controle rigoroso na produção, em março de 2008, a União Européia retomou o comércio com o Brasil (PORTAL DO AGRONEGÓCIO, 2013).

É importante salientar que a exportação de mel é muito atraente para os apicultores brasileiros, logo que, segundo a USAID (2006), a demanda global é ligeiramente maior nos países desenvolvidos, que não conseguem atender sua demanda interna. De acordo o SEBRAE (2006), tais países, consequentemente, tornam-se os principais importadores, como a Alemanha e os Estados Unidos que respondem por pouco menos que 50% do volume total importado, seguidos por Japão, Reino Unido, França, Itália, Espanha e Arábia Saudita.

6

Segundo o MAPA (2007), pesquisadores, especialistas e agentes que operam no setor já haviam alertado sobre a falta de fiscalização e de controle do produto pelo governo brasileiro, bem como apontavam as falhas na existência de regulamentação específica que versasse sobre padrões de qualidade, o que prejudicaria o desempenho das exportações do mel brasileiro no mercado americano e europeu.

7

(26)

Quanto aos dois principais importadores, vale ressaltar que a Alemanha, grande importadora do mel brasileiro, tem característica peculiar, pois, mesmo sendo um grande consumidor e também um produtor tradicional, exerce a função de um entreposto comercial, fracionando e revendendo para a Europa cerca de 25% do mel adquirido a granel de outros países, conforme dados da FAOSTAT (2013). Os Estados Unidos, que praticamente só importam mel a granel, fracionam quase 60% do pouco volume que exportam, principalmente para países do Oriente Médio, segundo a National Honey Report da USDA (United States Department of Agriculture) do início de 2006.

Sendo parceiro comercial desses dois países, no ano de 2012, o Brasil exportou somente para os Estados Unidos 11.434 toneladas de mel, faturando aproximadamente US$ 35,5 milhões de dólares. Neste mesmo ano a quantidade exportada para a Alemanha foi de 2.895 toneladas de mel, e sua arrecadação com este, que é seu segundo maior importador brasileiro, foi de US$ 9,2 milhões (ABEMEL, 2013). Com estes números a apicultura no Brasil se mostra atraente.

3.2 Produção de mel brasileira

O Brasil registrou um rápido crescimento nos últimos 10 anos e embora tenha atingido um relativo destaque na indústria, ainda é considerado um novo player no mercado. Neste período, a produção brasileira triplicou, apresentando ainda grande possibilidade de ampliação, e suas exportações deram um salto. Desta forma o país aparece atualmente como o 11º maior produtor mundial de mel (ABEMEL, 2013).

No período compreendido entre os anos de 1990 e 2000, a produção brasileira de mel natural cresceu 30,12%, tendo atingindo, no ano de 1996, a produção de 21.173 toneladas, como mostra a figura 2:

Figura 2 - Produção brasileira de mel /1990-2011.

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Na década seguinte, houve um salto expressivo na produção, isto porque o mel brasileiro entra no cenário mundial graças a uma combinação de fatores, que vão desde o recente embargo do mel chinês (que será discutido no próximo tópico) no mercado mundial, até a crise que quase causou o extermínio de colmeias americanas e européias, além da atividade ter passado por um crescente investimento governamental neste período (FINEP, 2011). Percebe-se claramente o efeito do mercado externo sobre a produção nacional de mel observando o seu crescimento produtivo da ordem de 87,24% no período de 2001 a 2011, momento em que o mercado externo abriu-se para o Brasil.

Em 2011, a produção brasileira chegou a 41.604 toneladas. As regiões brasileiras com maior expressividade para o mesmo ano foram, em ordem de importância: Nordeste, com 16.911 t.; Sul, com 16.181 t; Sudeste, com 6.150 t; Centro-Oeste, com 1.416 t; e Norte, com 946 toneladas. Vale destacar que nas últimas décadas até o ano de 2010 a região Sul sempre foi a principal região produtora brasileira de mel natural, sendo superada pelo Nordeste a partir do ano seguinte.

Embora a última década seja marcada pela maior oferta de mel proveniente dos tradicionais estados produtores do Sul e Sudeste, pioneiros na cultura, foram os estados do Nordeste que mais aproveitaram a oportunidade de mercado aberta em 2001 e ampliaram sua participação na produção nacional de 18% em 2000 para 40,65% em 2011, com destaque para Piauí, Ceará e Bahia (IBGE, 2013).

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Figura 3 – Participação por região brasileira – Produção de mel/2011.

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal (2013).

Embora o Nordeste tenha superado a produção da região Sul em 2011, não a superou em relação ao valor da produção. Conforme a última pesquisa realizada pelo IBGE, o sul brasileiro ainda desponta possuindo 39,65% do total de valor, e é seguido pelo nordeste e sudeste com 29,47% e 21,5% respectivamente, como mostra a Tabela 2.

Tabela 02 – Produção e valor da produção por regiões do Brasil - 2011.

Regiões Quantidade (ton) % Valor da Produção

(R$ 1000) %

Norte 946 2,27 9.953 4,02

Nordeste 16.911 40,65 73.016 29,47

Sudeste 6.150 14,78 53.266 21,50

Sul 16.181 38,89 98.234 39,65

Centro-Oeste 1.416 3,40 13.291 5,36

TOTAL 41.604 100 247.760 100

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013).

Quando se analisa os números do valor da produção de mel por Estados brasileiros, o estado do Rio Grande do Sul ficou com 18,5% do valor da produção total, o Paraná com 12,11% e o estado de Minas Gerais com 9,45%. Piauí e Ceará aparecem apenas na 6ª e 7ª posição com 7,22% e 6,79% respectivamente.

(29)

últimos 20 anos, conforme os dados do IBGE (2013). Esta região apresentou um crescimento aproximado de 1.260% quando comparado a produção de 2011 e a de 1990. Para os mesmos anos, a região Nordeste aparece em segundo lugar com crescimento de 848% e o Sul em último lugar com crescimento de apenas 56% (Figura 4).

Figura 4 – Crescimento da produção de mel por região de 1990 - 2011.

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013).

Estudos de Venturieri (2006) apontam que a região Norte detém um reconhecido potencial para o desenvolvimento da apicultura através da exploração das potencialidades naturais da flora. No entanto, ainda para o autor, apesar do potencial, o segmento apícola do norte brasileiro ainda não se tornou expressivo no âmbito nacional.

3.3 Produção de mel no Norte brasileiro

Assim como as demais regiões brasileiras a região norte vem apresentando crescimento no segmento apícola. No ano de 2011, a região produziu aproximadamente 946 toneladas de mel e está longe de alcançar as principais regiões produtoras, porém, para a Confederação Brasileira de Apicultura (2013), apesar dos gargalos que limitam o acréscimo da produção, a região apresentou crescimento notável considerando sua entrada recente neste setor.

Entre os estados da região, Pará e Rondônia são os dois principais produtores de mel, com respectivamente 413 e 185 toneladas produzidas em 2011. Juntos, os dois estados possuem mais da metade da produção, contudo, a produção paraense detém 43,74% do total produzido na região, arrecadando 3,8 milhões de reais no mesmo ano (IBGE, 2013). Através

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

(30)

da Tabela 3, percebe-se a importância do Estado do Pará na produção de mel para a região Norte.

Tabela 03 –Produção e valor da produção de mel dos Estados do Norte - 2011.

Regiões Quantidade (ton) % Valor da produção

(R$ 1000) %

Pará 414 43,75 3.880 38,98

Rondônia 185 19,53 2.262 22,72

Tocantins 153 16,22 1.610 16,17

Roraima 132 13,97 1.067 10,72

Amazonas 48 5,12 925 9,29

Amapá 8 0,86 113 1,14

Acre 5 0,56 97 0,97

TOTAL 946 100 9.954 100

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013).

A atividade apícola paraense se fortaleceu substancialmente nos últimos 10 anos e, de acordo com a secretaria de Agricultura do Estado do Pará – SAGRI (2012), figura como uma importante alternativa de ocupação e geração de emprego e renda para o estado.

Para a Federação das Associações de Apicultores do Estado do Pará – FAPIC (2006) o crescimento repentino do estado neste setor, como pode ser visto na figura 5, é o resultado do esforço conjunto de apicultores e das organizações de representação do segmento apícola do estado, instituições de capacitação, empresas do setor, instituições de fomento e gestores locais. Ainda para a federação, apesar do grande crescimento na última década, o Pará ainda é incipiente na produção de mel.

Figura 5 – Evolução da produção paraense (toneladas) de mel, 1990 - 2011.

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013). 0.00

100.00 200.00 300.00 400.00 500.00

(31)

Quadros (2002) relata que a apicultura racional do Pará é uma atividade nova apresentando movimentos de cunho associativista em plena expansão. Ainda segundo o autor a atividade no estado apresenta um grande potencial, não só de mel como também de diversos outros produtos apícolas e, embora a atividade ainda esteja vinculada à pequena produção, apresenta profissionalização com uso de tecnologias apropriadas ao ecossistema amazônico, assegurando índices de produtividade satisfatórios.

Estudo realizado por Guedes (2005) indica que a mesorregião nordeste paraense apresenta o maior potencial do estado. Atualmente possui aproximadamente 70% da produção estadual (285 toneladas) e tem como principal município produtor Capitão Poço (Figura 6).

Figura 6 – Produção de mel em toneladas por mesorregião do Estado do Pará - 2011.

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013).

Em dados publicados pelo IBGE (2013), Capitão Poço lidera a produção paraense de mel com 37 toneladas produzidas, seguido de Ourém com 25,7 toneladas e Santa Maria com 21 toneladas, todos pertencentes ao nordeste do estado (Figura 7).

285 76

21 18

11 3 Nordeste

Sudeste

Metropolitana de Belém

Baixo Amazonas

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Figura 7 – Vinte principais municípios produtores de mel paraenses – 2011.

Fonte: Elaboração Própria com base no IBGE (2013).

A FAPIC aponta que uma das razões de Capitão Poço liderar a produção paraense de mel acontece pelo fato de apicultores do município já praticarem a atividade de maneira econômica desde a década de 1980, a partir de colmeias trazidas do Município de Peixe-Boi, que em migração, iniciaram a atividade racional (FEDERAÇÃO, 2006).

Ainda de acordo com a FAPIC (2006), embora alguns municípios como Ourém, Viseu e Bragança apresentassem um histórico com a apicultura, estes e os demais municípios tomaram real crescimento a partir da década de noventa com o fortalecimento do associativismo através da realização das primeiras reuniões de 11 apicultores e da formação das primeiras associações apícolas municipais, e na última década tomaram impulso através de oportunidades de mercado, programas governamentais e apoios institucionais como o do

SEBRAE através de seu projeto “APIS”.

3.4 Contexto histórico e características da apicultura paraense

Há menos de duas décadas a Apicultura no Pará não tinha grande expressão econômica, apesar do grande potencial apícola e da larga extensão territorial do Estado. Estudos realizados pelo SEBRAE (2005) mostraram que nesse curto período a atividade passou por um processo de transição do extrativismo apícola, praticado pelos meleiros, para a apicultura profissional voltada para uma formação empreendedora com fins econômicos.

A SAGRI (2007) informa que o surgimento da atividade apícola paraense deu-se isoladamente por parte de alguns apicultores pioneiros na década de 1970. Até a década de

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1990, ainda tratava-se de uma atividade exótica junto aos agricultores locais, ocasionado principalmente pelo receio de possíveis ataques das abelhas. Este cenário se transformou com o início da organização associativa, que então começaram a incentivar agricultores vizinhos a iniciarem a criação da espécie de abelha Apis sp como uma fonte de renda adicional.

A formação das primeiras associações apícolas municipais deu-se através da realização de reuniões dos praticantes da atividade em seus respectivos municípios, que originaram a Associação dos Apicultores do Município de Capitão Poço (AMEL), a Associação dos Criadores Orgânicos de Abelhas de São João de Pirabas (APISAL), a Associação Viseuense de Apicultores (AVAPIS), a Associação dos Apicultores do Pará (APIC)8 e a Associação dos Apicultores de Primavera (AAPRI). Estas associações, exceto a AVAPIS, criaram, em 2002, a Federação das Associações de Apicultores do Estado do Pará (FAPIC), entidade que tem como missão representar, organizar e capacitar o segmento apícola do Pará em parceria com instituições governamentais e não governamentais.

Dada sua organização, as associações buscaram a capacitação para os apicultores em parceria com diversas instituições. A partir do ano 2000, foi iniciado o primeiro programa de capacitação modular apícola, através do Programa de Agroindústria Familiar (PAF) direcionado para a Apicultura e desenvolvido pelo Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR)9 com apoio da APIC. A capacitação consistiu em cursos em todos os níveis da cadeia produtiva da Apicultura, no município de Santarém-Novo.

Em seguida, ocorreram aquisições de programas de crédito através da Secretaria Executiva de Estado do Trabalho e Promoção Social (SETEPS) e do Banco do Estado do Pará (BANPARÁ), onde o chamado Crédito Produtivo contribuiu decisivamente para a consolidação do Pólo Apícola do Nordeste Paraense e para o desenvolvimento da Apicultura. Em 2003, houve aprovações de financiamento pra a construção de entreposto de mel e cera de abelhas, consolidando o polo de produção da mesorregião nordeste paraense. Esse esforço conjunto acarretou bons resultados na produção, como pode ser visto na figura 5.

Dada a firmação da atividade, foi largamente desenvolvido um novo programa de capacitação apícola no Estado, que desta vez além do apoio da Secretaria Executiva de Estado do Trabalho e Promoção Social (SETEPS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador (PLANFOR), também contou com a atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Universidade Federal Rural da

8

Atualmente a APIC tornou-se a Associação da Região Metropolitana de Belém.

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Amazônia (UFRA), Núcleo de Ação para o Desenvolvimento Sustentável (POEMAR), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e Escola Agrotécnica Federal de Castanhal (EAFC), em todo o Estado do Pará. Em seguida, ocorreu a fortalecimento de uma rede associativa composta por 16 associações municipais, sendo que mais de 60% localizam-se em municípios da Mesorregião do Nordeste Paraense, além da formação de parcerias com instituições governamentais e não-governamentais na busca da implementação de políticas voltadas para esse segmento produtivo.

Com o avanço do setor, o SEBRAE regional passou a contribuir mais intensamente articulando a busca da criação e do desenvolvimento de estruturas de governança modernas e eficientes na cadeia produtiva da Apicultura. Para tanto, ele promoveu, em 2005, estudos como um diagnóstico do setor no estado e também utilizou-se de uma experiência inovadora no âmbito do Agronegócio Apícola testada no nordeste brasileiro, o Projeto APIS - Apicultura Integrada e Sustentável10.

Mediante o diagnóstico, foi constatado que apesar do seu elevado potencial, o agronegócio paraense de mel e derivados, tem como principal ponto de estrangulamento a falta de coordenação entre os agentes desta cadeia produtiva, caracterizada por desorganização do sistema de produção, deficiência de uma logística de comercialização e distribuição, desconhecimento das exigências dos mercados internos e externos, entre outras séries de fatores.

Foi visto também pelo diagnóstico, que estruturalmente este Arranjo tem sua capacidade de expansão limitada pela insuficiência do número de unidades de processamento (casa do mel) para atender as unidades produtoras e pela carência de entrepostos de comercialização de mel e outros produtos apícolas, aliado a falta de um local centralizador para armazenamento das produções. Outro ponto constatado é a falta de unidades localizadas para fabricação e fornecimento de cera alveolada e colmeias, além de uma fábrica que atenda as demandas por embalagens padronizadas para envase do mel, que influenciam diretamente na expansão da atividade.

10

(35)

Segundo a SAGRI (2007), o APL de apicultura da região nordeste paraense11 está distribuída em vinte e dois municípios, com sua produção apícola sendo captada por nove

“Casas de Mel” onde os produtos são processados e embalados para a venda ao consumidor final12. Integram esse APL empresas fornecedoras de insumos apícolas (fábricas de caixas apícolas, fornecedores de cera etc.), máquinas e equipamentos, assistência técnica e extensão rural, escolas de ensino técnico-profissional de nível médio e pós-médio e superior, universidades (Universidade Federal do Pará e Universidade Federal Rural da Amazônia).

Em 2007, a Secretaria de Agricultura do Pará (SAGRI) elabora o plano de desenvolvimento da apicultura da região nordeste paraense baseado nas informações obtidas junto a oficinas de planejamento participativo orientada para resultados e nos estudos do SEBRAE.

Através do plano foi instituído no município de Capitão Poço o Comitê Tecnológico para a Gestão do APL de apicultura na região nordeste paraense, que possui como integrantes: Instituições não governamentais e da sociedade Civil, de ensino e pesquisa, de assessoria agrícola e extensão rural, financeiras, poder publico local e de fomento. Tais instituições têm o poder de eleger um presidente entre os membros que as representarão na esfera estadual.

A figura 8 mostra como está estruturado o APL de Apicultura da região Nordeste Paraense de acordo com a SAGRI (2007). No anel externo situam-se as instituições de apoio que fazem parte do Comitê Tecnológico da Agroindústria, com atuação em nível estadual, no anel interno situam-se aquelas instituições que fazem parte do Comitê Tecnológico de Apicultura local e que representam efetivamente os produtores e trabalhadores rurais e as instituições de apoio locais. O centro do anel é preenchido pelos segmentos que compõe efetivamente o APL.

11

Dentre os estudos realizados pelo SEBRAE, foi produzido o mapeamento das aglomerações produtivas especializadas do Pará, onde identificava a região nordeste como um APL potencial de Apicultura no estado.

12

(36)

Figura 08- Estruturação do APL de Apicultura da região Nordeste Paraense

Fonte: SAGRI 2007.

(37)

4. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE ARRANJOS PRODUTIVOS

Nos últimos anos o interesse por arranjos produtivos aumentou substancialmente, principalmente pela sua expansão em todo o mundo e pelo papel que hoje representam para o crescimento econômico, tanto de países desenvolvidos como daqueles em desenvolvimento (AMARAL FILHO, 2002). Atualmente tais arranjos são amplamente debatidos em literaturas por terem se tornado um possível mecanismo fundamental para o desenvolvimento regional na visão de seus estudiosos (CROCCO, 2003).

Discussões acerca do desenvolvimento regional têm propiciado formações de correntes teóricas e linhas de pesquisa que tem tomado foco em diversos centros acadêmicos tanto em países centrais como em periféricos.

Para Damasceno (2005), as principais correntes teóricas relacionam o desenvolvimento regional à competitividade e a organização da indústria local. Estas investigações resultaram na identificação de vantagens competitivas presentes principalmente nas estruturas industriais que apresentam uma aglomeração espacial entre as empresas.

Contudo, muitos dos conceitos encontrados nas diferentes linhas de pesquisa desenvolveram-se a partir do pioneirismo de Marshall no seu livro Principles of Economics (1890). Por conta disto, discussões sobre a importância da concentração espacial para o desenvolvimento econômico das empresas costumam nos remeter, inicialmente, para os estudos deste autor sobre os distritos industriais na Grã-Bretanha.

Marshall (1920) observou os distritos industriais na Grã-Bretanha, no final do século XIX, e verificou que a presença concentrada de firmas em uma mesma região pode prover ao conjunto dos produtores vantagens competitivas que não seriam verificadas se eles estivessem trabalhando de forma isolada. Os principais fatores que justificam a importância da localização geográfica são as condições físicas e climáticas e o surgimento de um mercado de trabalho robusto e constante de trabalhadores especializados. Marshall denominou esses

fatores de “economias externas” (MARSHALL, 1920; MEYER-STAMER; HARMES-LIEDTKE, 2005).

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Dentre as correntes, cinco são as linhas de trabalhos principais com abordagens teóricas que procuram analisar aglomerações produtivas locais de acordo com suas inspirações teóricas e metodológicas, sendo elas: a nova geografia econômica, a economia das empresas; a economia da inovação; o desenvolvimento dos distritos industriais e a abordagem de pequenas empresas e distritos industriais (CASSIOLATO; LASTRES, 2000).

A primeira linha de pesquisa citada, a nova greografia econômica, está associada aos modelos da chamada nova teoria do crescimento e comércio internacional desenvolvidos no escopo da mainstream economics, na qual se destaca, particularmente, os trabalhos de Krugman (MARQUES, 2001). Para este autor, em síntese, as aglomerações de empresas resultam de causa cumulativa induzida pela presença de economias externas locais incidentais e a estrutura espacial econômica é determinada pela mão invisível operando forças centrípetas e centrífugas, onde a promoção de políticas públicas nos centros de alta aglomeração diferem dos centros com baixa aglomeração.

A segunda vertente relaciona-se com a abordagem das economias de empresas e está vinculada pelos aportes de autores como Porter (1993, 1998, 1999). O autor enfatiza a importância da concentração das habilidades locais para as inovações comerciais e tecnológicas, os fluxos de informação, a infra-estrutura e a formação de competências que viabilizam o salto de competitividade das firmas.

A terceira linha de pesquisa, a economia da inovação, é baseada nos trabalhos pioneiros de Schumpeter que posteriormente foram aprofundados por diversos autores (VIEIRA, 2006). Nesta linha o foco torna-se o desenvolvimento tecnológico e a formação de sistemas de inovação decorrentes da interação das empresas e outras organizações. Procura identificar também o papel da mudança tecnológica no desempenho econômico das firmas e o impacto dos fluxos de inovação no desenvolvimento regional e nacional. Dentre suas contribuições destacam-se, as colaborações sobre Economia Evolucionária e da Inovação, o conceito de Sistemas Nacionais de Inovação e estudos relacionados aos sistemas de inovação em nível regional e local, entre proximidade e inovação.

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Por fim, a última abordagem trata de pequenas empresas e distritos industriais, onde se destacam estudos de Schmitz (1994, 1995, 1997, 1998). Nesta linha é introduzido o conceito da eficiência coletiva. Para Schmitz (1997), além das economias externas locais incidentais, existe também nos distritos industriais uma força deliberada em ação, derivada da cooperação consistente entre agentes privados, e do apoio do setor público. A concepção de eficiência coletiva combina os efeitos espontâneos e aqueles conscientemente procurados e é definida como a vantagem competitiva derivada das economias externas locais e da ação conjunta (DAMASCENO, 2005).

As origens e desenvolvimento das várias correntes teóricas em aglomerações produtivas de empresas conduziram ao surgimento de diferentes conceitos no estudo da concentração geográfica de indústrias. Para Cassiolato e Szapiro (2002), não existe uma definição consensual sobre a noção de aglomerações, as diferentes abordagens utilizadas para tratar o tema não apenas são diversas, mas conceitualmente difusas, apresentando diferentes taxonomias que se relacionam aos diferentes programas de pesquisas. Sendo assim, é possível encontrar situações que são denominadas de distritos industriais (BRUSCO, 1990), cluster (KRUGMAN, 1991; PORTER, 1990; SCHMITZ, 1994, 1995, 1999), milieu innovateur (LUNDVALL, 1995), arranjos e sistemas produtivos locais (CASSIOLATO et. al, 2000). Essas abordagens procuram captar a diversidade das experiências empíricas. Entretanto, apesar das suas diferenças, podem-se identificar preocupações semelhantes e conclusões fundamentadas em fenômenos que também apresentam características similares, como será visto a partir do estudo de cada uma a seguir.

a) Distritos industriais

Como dito anteriormente, o ponto de partida desta análise remete-nos, primeiramente, aos estudos empreendidos por Marshall, nos quais enfatizou os motivos que levaram à concentração das firmas em determinada localidade. Este autor além de verificar que esta alteração no comportamento das firmas esteve, inicialmente, condicionada aos aspectos físicos da época, também observou as vantagens que a indústria localizada obtém em relação a outras indústrias que não concentram suas firmas geograficamente.

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vezes, da capacidade de inovação, e a manifestação de fortes associações setoriais que ensejam o desenvolvimento da eficiência coletiva.

De acordo com Albagli; Brito (2003), o distrito se refere a aglomerações de empresas com elevado nível de especialização e interdependência, seja de caráter horizontal, isto é, entre empresas de um mesmo ramo ou segmento que realizam atividades semelhantes, ou de caráter vertical, ou seja, entre empresas que desenvolvem atividades complementares em diferentes níveis da cadeia produtiva de produtos.

Pyke, Becattini & Sengenberger (1990) conceituam distrito industrial como sendo um sistema produtivo local, caracterizado por um grande número de firmas envolvidas em vários estágios, e em diversas vias, na produção de um produto homogêneo. Um forte traço desse sistema é que uma grande parcela das empresas envolvidas é de pequeno ou muito pequeno porte.

Ainda de acordo com os autores acima, alguns emblemas desse sistema são a adaptabilidade e capacidade de inovação combinados à capacidade de satisfazer rapidamente a demanda, isto com base numa força de trabalho e redes de produção flexíveis. No lugar de estruturas verticais tem-se um tecido de relações horizontais por onde se processam a aprendizagem coletiva e o desenvolvimento de novos conhecimentos, por intermédio da

combinação entre concorrência e cooperação. A interdependência “orgânica” entre as

empresas forma uma coletividade de pequenas empresas que se credencia ao cumprimento de economias de escala, só permitidas por grandes corporações.

Conforme Amaral filho (2002), o distrito industrial é o sistema que envolve um aglomerado de pequenas e médias empresas trabalhando de maneira flexível e estreitamente integrado entre elas e o ambiente social e cultural, alimentando-se de intensas economias externas formais e informais.

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b) Cluster

O termo cluster é traduzido do inglês como se agrupar, aglomerar-se e é definido como redes de produção de empresas fortemente interdependentes (incluindo fornecedores especializados) ligados entre si numa cadeia de produção de valor acrescentado.

Schmitz (1995) afirma que um distrito industrial pode representar um cluster, contudo, o inverso nem sempre é verdadeiro. Para este autor, o primeiro termo refere-se a uma profunda divisão do trabalho que se desenvolveu entre as firmas, implica também na existência de cooperação, enquanto que o segundo refere-se apenas a uma concentração setorial e geográfica de firmas.

Contudo, Michael Porter é quem pode ser considerado o criador do termo cluster e é um dos estudiosos do seu desenvolvimento. Seu enfoque é orientado para a competitividade. Em 1990, ele define como sendo um cluster um aglomerado ou agrupamento, geograficamente concentrado, de empresas inter-relacionadas e instituições de apoio e correlatas, numa determinada área de atividades, e vinculadas por elementos comuns e complementares. Como toda definição é rigorosa e restrita, um objeto está compreendido pela definição de se atender a todos os seus termos. No entanto, a concentração geográfica pode abranger apenas uma cidade, algumas cidades vizinhas, uma região de um país, o país todo ou até uma rede de países próximos.

A idéia de cluster está mais próxima da idéia de um “modelo” propriamente, que assume um caráter mais normativo. O indicador claro desse aspecto é o fato de se encontrar com frequência na literatura sobre cluster a solução do “diamante” proposto por Porter, uma solução forte e até certo ponto convincente. Deste modo, o cluster tem a vantagem de assumir uma forma menos precisa e mais abrangente do que outros conceitos e estratégias de desenvolvimento regional.

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Na perspectiva de Amaral Filho et al. (2002), a estratégia de cluster baseia-se no desenvolvimento endógeno, levando em consideração aspectos como a articulação sistêmica da indústria com ela mesma, com o ambiente externo macroeconômico e infra-estrutural e com as instituições públicas e privadas, a fim de maximizar externalidades tecnológicas; a associação e a interação de empresas e agentes locais, favorecendo a rápida adaptação destes em virtude das transformações do mercado; e a forte vocação externa, buscando a competitividade exterior. Consequentemente, a intenção é formar uma indústria-chave ou várias indústrias-chave numa determinada região, transformando-as em líderes de seu mercado, e fazer dessas indústrias a base do desenvolvimento regional, objetivos esses que só podem ser alcançados com a participação total e integrada entre os agentes deste processo na região.

Em resumo, cluster pode ser entendido como um conjunto de empresas interdependentes e geograficamente concentradas por elos de mercado, formando cadeias produtivas que podem ou não cooperar entre si; uma trajetória através de laços históricos; e um conjunto de agentes não produtivos com influência na produção, como instituições de ensino, associações comerciais (DAMASCENO, 2005).

c) Milieu innovateur

A análise de aglomerações produtivas segundo a abordagem do milieu innovateur (ambiente inovador) reflete uma preocupação legítima em identificar os elementos que podem, por um lado, fornecer elementos para contribuir para a sobrevivência dos distritos industriais e, de outro, fornecer elementos para que outras regiões e locais pudessem despertar seus próprios projetos de desenvolvimento de maneira planejada, inovadora e sólida (DIAS, 2011).

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Não sendo exatamente claras as definições do ambiente inovador, um dos pontos de partida das pesquisas do GREMI foi estabelecer a diferença entre “milieu” (ambiente ou a

região em questão) e “milieu innovateur” (ambiente inovador). Para Maillat (1995) “milieu” é definido como um conjunto territorializado e aberto para o exterior que integra conhecimentos, regras e um capital relacional. Ele é ligado a um coletivo de atores, bem como de recursos humanos e materiais, o mesmo não se constitui em nenhum caso de universo fechado, ao contrário, ele está em permanente relação com o ambiente exterior. Por outro lado, ainda conforme o mesmo autor, milieu innovateur não constitui um conjunto paralisado, diferente disto ele é o lugar de processos de ajustamentos, de transformações e de evoluções permanentes.

Conforme Cassiolato et. al (2000), o milieu innovateur pode ser definido como um conjunto de elementos materiais (firmas e infraestrutura), imateriais (conhecimento) e institucionais (regras e estrutura legal) que compõem uma complexa rede de relações direcionadas à inovação. Para eles, a firma não é considerada como um agente isolado no processo de inovação, mas um importante elemento de um ambiente sistêmico com capacidade inovativa. Este conjunto de elementos e relacionamentos é representado por vínculos entre firmas, clientes, organizações de pesquisa, sistema educacional e demais autoridades que interagem de forma cooperativa.

Para Albagli e Brito (2003), o ambiente inovador pode ser definido como o local ou a complexa rede de relações sociais numa região geográfica limitada que difunde a capacidade inovadora local por aprendizado sinérgico e coletivo.

Este modelo abre espaço para uma discussão em relação à formação do sistema nacional de inovação, pois, a ênfase nos relacionamentos entre os agentes internos e externos à indústria sugere uma proximidade conceitual entre os termos (GARCIA; COSTA, 2005).

d) Arranjos produtivos locais

Nos últimos anos, formou-se um impressionante consenso sobre a importância dos Arranjos Produtivos Locais (APL’s) para o desenvolvimento econômico e social de uma região (SANTOS et al., 2004).

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Tabela 01  –  Maiores produtores de mel no mundo em 2011.
Figura 01 - Produção mundial de mel em 2011.
Figura 2 - Produção brasileira de mel /1990-2011.
Figura 3  –  Participação por região brasileira  –  Produção de mel/2011.
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Referências

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