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3. Saberes e competências profissionais do professor de Enfermagem

3.2. As competências do professor de Enfermagem

Tradicionalmente são atribuídas ao professor do ensino superior três tipos de funções: o ensino, a investigação e a gestão, sendo que todas elas compreendem tarefas mais específicas relacionadas com a planificação, o desenvolvimento, a avaliação e a inovação. Atualmente, os estabelecimentos de ensino superior estão imersos em profundas e imparáveis processos de mudança, exigindo dos professores novas funções que ampliam e tornam cada vez mais complexos os seus papéis. A extensão (prestação de serviços à comunidade), o managerialismo (procura de financiamento, negociação de projetos e convénios com empresas e instituições, assessorias, participação como peritos em diversos campos científicos, etc.) e as relações interinstitucionais, quer a nível nacional quer internacional, com vista à criação e manutenção de redes de relações com

outras instituições de ensino superior, constituem bons exemplos desses novos cenários de atuação docente (Pinto, 2008; Graça, 2006; Zabalza, 2004). Neste contexto, os papéis e funções que os professores podem desempenhar variam consideravelmente, em conformidade com as configurações estruturais e os objetivos das instituições, os diferentes períodos da carreira académica, as aspirações e expectativas de cada docente. Sob esta moldura, a atividade docente é atualmente caraterizada por aspetos múltiplos e diferenciados no seu papel de educadores, de produtores e difusores do conhecimento e na prestação de serviços ao exterior, produzindo não um modelo único de professor do ensino superior mas, antes, vários modelos adaptados às instituições e grupos profissionais nos quais o professor se encontra inserido (Pinto, 2008).

Especificamente, no que se refere à docência em Enfermagem, a literatura internacional, nomeadamente, em países como a Austrália e os Estados Unidos, vem evidenciando alguns trabalhos cujos objetivos passam pela clarificação dos papéis e competências dos enfermeiros e também dos professores de Enfermagem (Benner et al., 2010; ANTS, 2010; Davis et al., 2005; SREB, 2002; Davis et al., 1992).

Na Austrália, com o objetivo de assegurar as melhores práticas no desempenho do papel de professor e, consequentemente, no desenvolvimento do ensino de Enfermagem, a Australian Nurse Teachers` Society (ANTS), desenvolveu alguns estudos dos quais resultou a Australian Nurse Teacher Competencies (2010), cujos standards se dividem por três principais domínios de competências docentes, nomeadamente: ensino e aprendizagem, comunicação e prática profissional.

O primeiro domínio, ensino e aprendizagem, tem como pressuposto que o papel central do professor é facilitar a aprendizagem. Por isso, recomenda o planeamento e realização de experiências de aprendizagem de qualidade, a operacionalização de estratégias de ensino eficazes e facilitadoras da aprendizagem, a implementação de programas e estratégias de apoio aos estudantes, avaliando as experiências de aprendizagem e programas em relação às necessidades dos estudantes e resultados de Enfermagem. O segundo domínio, comunicação, indica que os docentes precisam ser comunicadores eficientes em todas as áreas da prática educativa sendo, por isso, necessário demonstrar uma comunicação eficaz e habilidades interpessoais de nível avançado. O último domínio, prática profissional, tem implícito o argumento de que os professores devem demonstrar conhecimentos de Enfermagem avançada e experiência no contexto de

ensino, bem como, mostrar competências de gestão e liderança e, ainda, o compromisso com a investigação e com o saber em Enfermagem.

Nos Estados Unidos da America (EUA), na sequência da expansão dos programas de mestrado, aumento da procura dos cursos de doutoramento em Enfermagem e, ainda, da constatação da desadequação da formação pós-graduada face às necessidades da prática clínica, foram desenvolvidos diversos estudos, entre os quais, os de Davis et al. (1992) e Krisman-Scott (1998), cujo principal objetivo era clarificar as funções|papéis dos professores de Enfermagem face às novas exigências da formação em Enfermagem naquele país. Como resultante desses estudos, foram encontradas competências fundamentais para os docentes que posteriormente vieram a ser integradas como critérios de formação ao nível da formação pós-graduada em Enfermagem. Com base nesses estudos, surgiram outras pesquisas que salientaram a necessidade de (re)definição dos papéis e competências dos professores de Enfermagem, uma vez que, a maioria dos programas de doutoramento, preparava os enfermeiros para serem investigadores em vez de professores (Johnson et al., 2002).

Em resposta à crescente preocupação com a necessidade de professores de Enfermagem adequadamente preparados, o Board of Directors of the Council on Collegiate Education for Nursing, filiado no Southern Regional Education Board (SREB), desenvolve também diversos estudos no domínio das competências dos professores de Enfermagem, sob tutela da Universidade de Atlanta, dos quais resultaram alguns instrumentos que possibilitaram a implementação de guias de programas académicos e novos desenhos curriculares nas escolas de Enfermagem nos EUA (SREB, 2002). Entre essas propostas, salienta-se o – Nurse Educator Competencies – no qual são elencadas trinta e sete competências que integram os diversos papéis dos docentes em Enfermagem.

Nessa proposta, numa primeira parte, são categorizadas as competências docentes em três tipos de papéis (roles), designadamente: professor (teacher), académico (scholar) e colaborador (collaborator) (Quadro 1) e, numa segunda parte, são apresentadas outras competências decorrentes do conjunto das trinta e sete antes mencionadas, baseadas em dados que foram adicionados ao estudo aquando da revisão por uma comissão ad hoc, nomeada para o efeito, e ainda, das sugestões dos professores participantes no levantamento e validação dos resultados (SREB, 2002).

O papel de professor (teacher role) remete para funções de liderança no desenvolvimento e avaliação curricular nos mais diversos contextos educativos, designadamente: no ensino clínico e respetiva supervisão; no ensino em sala de aula e nos seminários; no ensino simulado e virtual; na aplicação do conhecimento produzido durante o próprio processo de ensino-aprendizagem e, ainda, na gestão do ambiente de aprendizagem. Este papel fornece aos professores, um core de conhecimentos úteis para o desenvolvimento de outros papéis no âmbito da educação em Enfermagem. Uma componente essencial do papel do professor de Enfermagem deve ser a capacidade de este se constituir como modelo de boas práticas (role model), manifestas em comportamentos assertivos e desejáveis. Os saberes desses professores fundamentam-se em princípios, filosofias e teorias de aprendizagem; num amplo reportório de estratégias de ensino; no uso de tecnologias; nos princípios do currículo e no desenvolvimento de programas; nos instrumentos de avaliação (incluindo na formação de professores os resultados quer da auto quer da hetero avaliação, bem como dos procedimentos de acreditação e avaliação clínica); nos princípios éticos e legais que governam a prática profissional; na orientação clínica (mentoring); nas influências culturais ao nível da saúde e numa comunicação eficiente (Davis et al., 2005).

No âmbito do papel de académico (scholar role), os professores de Enfermagem são responsáveis pela vertente académica do ensino (scholarship), pela investigação, aplicação e integração do conhecimento numa dada disciplina e, ainda, pela capacidade de orientar (menthoring)|comunicar com eficiência, a terceiros, as melhores práticas educativas, de cuidados de saúde e de pesquisa (Pape, 2000). Para tal, os professores devem ser capazes de demonstrar proficiência em cinco principais aspetos: clareza, relevância, precisão, originalidade e diversidade intelectual (Hegyway, 2000). De entre os papéis do académico distinguem-se: desenhar, colaborar e fazer uso da investigação na educação e na prática de Enfermagem; procurar oportunidades para a pesquisa inter e intradisciplinar; desenvolver, simultaneamente, conhecimento comum e novo conhecimento; integrar a investigação e os resultados de estudos académicos na prática. Estes professores detêm os métodos e procedimentos de pesquisa e de investigação em Enfermagem, o que remete para as capacidades de comunicar com eficácia, dominar princípios de orientação de estudantes; tornar-se consciente de novos desafios, de oportunidades, de problemáticas, de tendências e de necessidades na profissão e no ensino; ter responsabilidade e habilidades pessoais para o desenvolvimento do pensamento criativo e analítico na atitude cuidativa (Davis et al., 2005).

O papel de colaborador (collaborator role) remete para o desenvolvimento de parcerias institucionais face à dinâmica dos sistemas de cuidados de saúde, bem como a colaboração com pares, estudantes, gestores, grupos e comunidade, o que se torna essencial nos papéis de desempenho destes professores (O`Neill, 1998 citado por Davis et al., 2005).

Os três papéis – teacher, scholar e collaborator – desafiam os professores de Enfermagem a todos os níveis, e nos mais diversos quadros de atividade docente, à modelação das atitudes, comportamentos e valores em comportamentos profissionais e à implementação das melhores práticas de ensino de Enfermagem independentemente dos contextos de aprendizagem (teórico, teórico-prático ou prático).

Considerando que o currículo de formação de enfermeiros deve fazer mais do que simplesmente combinar os valores do cuidar em Enfermagem e o processo de ensino- aprendizagem para além dos diversos referenciais de papéis e competências, Davis et al. (2005) indicam ainda os valores subjacentes à ideologia profissional pela qual a ação dos professores se deverá pautar: cuidar (empatia, sensibilidade e suporte na prestação de cuidados); altruísmo (preocupação como o bem-estar e crenças de terceiros, defesa do utente e orientação de pares); autonomia (tomada de decisão profissional e colaboração com os utentes no planeamento dos cuidados de saúde e Enfermagem); dignidade humana (respeito e sensibilidade respeito e sensibilidade para com o valor da singularidade dos indivíduos e das populações); integridade (adesão ao código de ética de Enfermagem e a standard de prática profissional reconhecidos); justiça social (imparcialidade, não-discriminação e igualdade de acesso aos recursos de cuidados de Enfermagem) e, por último, formação ao longo da vida (compromisso de manutenção da competência profissional ao longo da carreira profissional de Enfermagem).

Professor (Teacher) Académico (Scholar) Colaborador (Collaborator)

 Promover cuidados proficientes a populações diversas.

 Usar quadros teóricos apropriados e ferramentas para promover a socialização dos estudantes acerca do papel da Enfermagem profissional.

 Ajudar os estudantes a utilizar os recursos efetivamente de acordo com as necessidades em cuidados de saúde dos clientes em cuidados de saúde.

 Ajudar os estudantes a reconhecer livremente o impacto das forças sociais nos cuidados de saúde aos indivíduos e grupos.

 Providenciar supervisão clínica aos estudantes.

 Manter registos académicos apropriados.

 Incorporar tecnologia nos currículos e nos programas educacionais

 Avaliar as necessidades dos programas para futuros planeamentos.

 Desenvolver currículos baseados na missão, filosofia e enquadramento do programa e da instituição.

 Definir objetivos institucionais e conteúdos consistentes com a globalidade das finalidades curriculares

 Organizar conteúdos e experiências de aprendizagem de acordo com os princípios de aprendizagem estabelecidos.

 Planear experiências de aprendizagem adequadas.

 Desenhar estratégias institucionais, materiais de aprendizagem e tecnologias educacionais para alcançar os objetivos de aprendizagem.

 Propor intervenções de ensino-aprendizagem adequadas baseadas na análise das necessidades de aprendizagem.

 Usar instrumentos de avaliação adequados para avaliar a consecução dos objetivos de aprendizagem.

 Envolver os estudantes na seleção, planeamento e avaliação das experiências de aprendizagem

 Usar a informação da avaliação dos programas no planeamento e melhoria dos processos.

 Comunicar com eficiência.

 Promover as melhores práticas na educação em Enfermagem.

 Servir como modelo e mentor intelectual para os estudantes.

 Avaliar o seu próprio conhecimento e capacidades, implementando planos para o seu desenvolvimento profissional contínuo.

 Ajudar os estudantes a interpretar e a aplicar a investigação na prática em Enfermagem.

 Usar os resultados da investigação e trabalhos académicos da área para o desenvolvimento da educação em Enfermagem.

 Reconhecer oportunidades para conduzir investigação em Enfermagem.

 Promover relações profissionais nos contextos académicos e na prática de Enfermagem.

 Usar o conhecimento adquirido através da prática clínica para manter e desenvolver os currículos de Enfermagem.

 Demonstrar compromisso com a investigação.

 Divulgar o conhecimento acerca das melhores práticas na educação em Enfermagem e da investigação.

 Demonstrar proficiência na escrita académica.

 Servir de modelo e mentor intelectual para os estudantes.

 Discutir com terceiros interna e externamente à disciplina.

 Estabelecer ligações fortes entre instituições educativas, instituições clínicas e a comunidade.

 Usar diversos instrumentos para construir relações de parceria com e entre grupos para melhorar a educação em Enfermagem.

 Comunicar adequadamente com pares, estudantes, gestores e outros grupos para legitimar as melhores práticas na educação em Enfermagem.

 Trabalhar com outros para promover a Enfermagem e os cuidados de saúde nas agendas políticas ou legislativas.

 Explicitar o currículo de Enfermagem aos vários grupos: pares, estudantes, gestores, agências reguladoras e outras associações de saúde.

 Demonstrar valores profissionais e educacionais e preceitos ético-legais em interação.

Não obstante as diferenças socio-economico-político-educacionais entre os EUA e Portugal, as tipologias de competências apresentadas parecem ter algum grau de correspondência com a situação nacional quando se analisam as funções dos professores de Enfermagem, na perspetiva dos normativos legais que descrevem as funções preconizadas no Estatuto da Carreira do Pessoal Docente do Ensino Superior Politécnico para os papéis de professor coordenador e professor adjunto (já apresentados), embora tais papéis sejam genéricos e transversais a todos os docentes desse subsistema educativo.

A nível europeu, no âmbito da European Federation of Nurse Educators (FINE), professores de Enfermagem de diversos países, entre os quais Portugal, têm participado em workshops, procurando elementos que possam constituir-se como linhas orientadoras na proposta de competências dos professores de Enfermagem e estabelecer um standard de competências comum em termos europeus, que faça sentido na diversidade e na complexidade, face a uma formação superior que visa preparar para um perfil profissional de competências, pelo que inclui as exigências de ensino clínico, logo de formação em alternância, e que, simultânea e obrigatoriamente, enquadre os desígnios propostos por Bolonha (Mestrinho, 2011; 2006; FINE, 2007).

No âmbito nacional, nas últimas décadas, vem sendo reconhecido que no âmbito do “novo” enquadramento do ensino em Enfermagem (decorrente da adesão ao Processo Bolonha), existe um “novo papel” a que os docentes de Enfermagem são chamados a responder. Sob este prisma, têm vindo a ser desenvolvidos alguns estudos, embora parcos, que abordam as mudanças no ensino, os saberes e as identidades profissionais (Lopes et al., 2013; Figueiredo, 2013; Gonçalves, 2012; Pedro, 2011; Nascimento, 2007) e ainda outros que têm especificamente como objeto a problemática dos papéis e competências dos professores de Enfermagem (Mestrinho, 2011, 2010, 2009, 2008; Pereira, 2007; Nunes, 2006;), os quais passamos a apresentar com maior detalhe.

Na convicção de que as mudanças no ensino superior promovem alterações nos papéis, nos valores e nas competências docentes, Mestrinho (2011) desenvolveu um estudo no qual procurou compreender e caraterizar as conceções dos professores de Enfermagem sobre o seu profissionalismo, papéis, competências e construção identitária. Nesse âmbito, elaborou uma proposta de referencial de competências docentes que integra as três dimensões do ser professor em Enfermagem: ser enfermeiro, ser professor de

Enfermagem e ser professor do ensino superior. O modelo proposto organiza-se em quatro principais domínios, conforme pode ser observado na Figura 3:

Figura 3 - Competências do professor de Enfermagem (Mestrinho, 2011).

O domínio das competências éticas refere-se ao reconhecimento da missão

docente, ao ideal ético do professor (em relação aos estudantes, aos utentes, aos orientadores clínicos e aos pares) com expressão nos valores de ensinar e cuidar, integrantes do profissionalismo docente que se reflete nas ações e se traduz numa ideologia profissional de professor de Enfermagem, na linha dos estudos desenvolvidos por Davis et al. (2005).

O domínio das competências sócio-pedagógicas refere-se à profissionalidade nas diversas dimensões operativas da atividade docente, nomeadamente, no que toca ao desenvolvimento curricular; à motivação; ao planeamento; à intervenção; à diversificação de estratégias, regulação e avaliação;

O domínio das competências de auto-desenvolvimento diz respeito à

responsabilidade de o professor se desenvolver profissionalmente, seja por via da investigação, da formação contínua ou da colaboração com o coletivo profissional, o que remete o docente ao trabalho em equipa, à participação na gestão da escola e à utilização e domínio das novas tecnologias de ensino;

O domínio das competências sócio-organizacionais remete para o modo de pensar a docência com base na colaboração com diversas instâncias: orientação do processo formativo e colaboração inter e intra institucional.

De acordo a autora, os domínios de competências dos professores de Enfermagem a que chegou, decorrem das observações realizadas, do processo de desenvolvimento do referencial e, ainda, de estudos como os de Perrenoud (2004; 2001; 2000; 1993), Davis et al. (2005; 1992), Le Boterf (2008; 2005; 2003; 1999) e Graça (2008; 2006), que contribuíram para os definir. Esses domínios assentam nas atividades docentes e integram uma diversidade de saberes específicos da Enfermagem, e de competências de banda larga, bem como, nas particularidades das situações formativas e nas exigências académicas e clínicas atuais.

Um outro estudo que visou traçar um perfil de competências pedagógicas dos enfermeiros docentes na formação inicial em Enfermagem foi desenvolvido por Pereira (2007). Os resultados do estudo possibilitaram identificar um conjunto de competências que a autora categorizou em sete dimensões: competências no domínio da organização e desenvolvimento do ensino; competências na área do ensino da prática de Enfermagem; competências no acompanhamento|supervisão de estudantes; competências de avaliação; competências para desenvolver nos estudantes as atitudes|comportamentos desejados; competências no âmbito do auto-desenvolvimento e competências pessoais. Quanto aos momentos em que tais competências foram adquiridas, os docentes entrevistados apontaram os seguintes: experiência enquanto aluno de Enfermagem; auto-formação; prática clínica enquanto enfermeiro; formação pós-graduada realizada; período de integração na Escola de Enfermagem e, ainda, a própria prática docente. No estudo a autora verificou ainda, “com estranheza”, que os professores referiam “com alguma naturalidade” que não possuiam formação específica para o exercício da docência em Enfermagem e não faziam qualquer referência à investigação enquanto competência necessária a esse mesmo exercício.

O estudo desenvolvido por Nunes (2006), tem a sua génese na revisão do plano de estudos da formação inicial de enfermeiros face aos desafios propostos por Bolonha (formação centrada em competências) e, também, na constatação da inexistência de um perfil de competências do professor em Enfermagem na instituição onde desempenha funções docentes. Como resposta às necessidades identificadas, a autora procedeu ao desenvolvimento e consensualização de um perfil de competências docentes no seio da

equipa de professores da área disciplinar de Enfermagem, do qual resultou o elenco de competências que esquematicamente apresentamos seguidamente:

Figura 4 - Perfil de competências do professor de Enfermagem (Nunes, 2006).

1. Promove ambiente de aprendizagens significativas, criando e promovendo, em ensino teórico, prático e clínico, um ambiente facilitador de experiências de aprendizagem significativas para os estudantes;

2. Facilita o desenvolvimento da aprendizagem e da socialização dos estudantes, apoiando o desenvolvimento dos estudantes para serem enfermeiros e integrarem os valores e deveres esperados no cumprimento do seu papel, bem como as competências dos enfermeiros de cuidados gerais;

3. Utiliza e desenvolve as competências do enfermeiro de cuidados gerais, aplicando o perfil de competências do enfermeiro de cuidados gerais, na dimensão da docência e mobilizando os respetivos domínios e subdomínios nos processos de ensino|aprendizagem e avaliação;

4. Estabelece uma relação cuidativa com o estudante, estando atento e mostrando disponibilidade efetiva para ajudar e orientar o estudante;

5. Participa no desenho do curriculum, na avaliação e evolução dos resultados, sendo responsável por formular os resultados e por um desenho curricular que reflita as tendências atuais dos cuidados de Enfermagem e que prepare para agir, efetivamente, em ambientes de cuidados de saúde;

6. Utiliza estratégias de apreciação e avaliação, socorrendo-se de uma variedade de estratégias para a avaliação e apreciação da evolução de aprendizagem dos estudantes;

7. Envolve-se ativamente na vida académica, reconhecendo que o envolvimento na vida académica é uma componente integral do seu papel no ensino superior e que ensinar-se a si mesmo é uma atividade académica e científica pertinente e relevante, que reverte também para a disciplina de Enfermagem;

8. Atua como líder e agente de mudança, de modo a criar um futuro melhor para a educação em Enfermagem e a prática profissional;

9. Procura a melhoria contínua da qualidade no seu papel de professor de Enfermagem, reconhecendo que o seu papel nas organizações, é multidimensional e que o seu compromisso contínuo com o desenvolvimento e manutenção de competências no papel é essencial;

10. Age no ambiente educacional, conhecendo o ambiente educacional em que exerce e reconhecendo o impacto das forças políticas, institucionais, sociais e económicas no seu papel, como “cidadão da academia”.

Posteriormente, em 2008, Nunes “voltou ao terreno”, num exercício heurístico de aferição dos resultados obtidos em 2006, tendo apresentado os mesmos numa conferência da FINE. De acordo com a autora, as conclusões do trabalho apontam para a necessidade de continuidade e aprofundamento do mesmo. Entre as recomendações que faz, salienta a imprescindibilidade do cruzamento de perfis de competências com