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ANEXOS ANEXO A KEY WORDS LÍNGUA INGLESA

1.2 CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO

1.2.1 As contribuições da agropecuária brasileira para o desenvolvimento do país

A atividade agrária, com o passar dos anos, vem ganhando novos contornos e se desenvolvendo de forma bastante acentuada. Passa a ser destinada, além do atendimento do mercado interno, também com propósitos de exportação, para a qual são utilizadas grandes extensões de terra com aplicação de tecnologias que alcançam elevados índices de produtividade, exigindo maior profissionalização. Dessa forma, um conhecimento técnico desempenha papel cada vez mais importante para o crescimento do setor, dado o aumento da população mundial e às novas demandas de produção favorecidas pela incorporação de inovações tecnológicas aplicadas à agropecuária.

Esse processo de modernização da atividade agrícola, conhecido como Revolução Verde, resultou na capacidade de um grande aumento na produção de alimentos, a partir dos avanços tecnológicos e de variedades de plantas modificadas geneticamente em laboratórios. Espécies agrícolas foram desenvolvidas com a finalidade de se atingir altos índices de produtividade pela utilização de uma série de procedimentos técnicos, com o predomínio do uso de defensivos agrícolas (fertilizantes de alta solubilidade, pesticidas e herbicidas) e de maquinários nas lavouras.

Motivos variados contribuíram para a rápida disseminação, em âmbito mundial, deste modelo de produção. Segundo Buttel (1995), a Revolução Verde surgiu no contexto da “Guerra Fria”, em um mundo polarizado entre dois blocos hegemônicos.

Entendia-se, durante o referido período, que o rápido crescimento populacional aliado a uma distribuição inadequada de alimentos, seriam as principais causas da fome e da instabilidade política no dito Terceiro Mundo. Para Conway (1990), a estratégia central da Revolução Verde foi a de lutar contra a deficiência na capacidade de oferta de alimentos, via aplicação massiva de inovações tecnológicas no campo. O objetivo era claro: maximizar a produtividade agrícola.

De acordo com George (1978), a Revolução Verde foi lançada oficialmente em 1943, através de um programa financiado por iniciativa da Fundação Rockfeller, sediada em Nova York, aliada à consequente criação do Centro Internacional de Melhoramento do Trigo e do Milho (CIMMYT). Este trabalho foi também estendido à cultura do arroz, com a criação, em 1962, do Instituto Internacional de Pesquisa sobre o Arroz – (IRRI) tendo o apoio e participação financeira da Fundação Ford. Com o pretexto de aumentar a produção de alimentos para erradicar a fome no mundo, o grupo Rockfeller expandiu seu campo de ação, fortalecendo a corporação com vendas de verdadeiros pacotes de insumos agrícolas.

A ideia que subjaz a este raciocínio é a de que a adoção de tecnologias modernas gera maior rendimento na agricultura, resultando em maior bem-estar social. O auge desse processo no Brasil ocorreu a partir da década de 60, sendo que o modelo foi criado e difundido a partir dos modelos já instaurados nos países industrializados. Conforme Salles Filho (1993:6), isto é resultado de um "lento e irreversível processo de mudanças que a agricultura sofreu a partir da Revolução Industrial, quando as primeiras máquinas agrícolas vinham propor o desuso de ferramentas tradicionais".

Paralelamente, a Revolução Verde causou grandes impactos ambientais, como a consequente destruição de nutrientes naturais do solo nativo por meio do uso de adubos empregados excessivamente, contribuindo no processo de poluição de rios e mares e gerando degradações na flora e na fauna em razão de pesticidas e fertilizantes nocivos ao meio. Do ponto de vista político e financeiro, muitos países em desenvolvimento se tornaram dependentes da tecnologia disponibilizada pelos poucos que dominavam o mercado de máquinas e produtos.

Uma vez que os pequenos agricultores não conseguiam financiar os gastos necessários para acompanhar tal processo de modernização agrícola,

observou-se um grande aumento das estruturas latifundiárias, obrigando o pequeno produtor a abandonar a lavoura.

Nos anos 1970, iniciam-se os grandes êxodos partindo do campo para as cidades. As periferias das grandes cidades crescem desordenadamente e fogem ao controle das políticas governamentais. Teoricamente, há alimento para suprir as necessidades da população, porém há carência de mão de obra no campo e falta de condições de educação e saúde nas cidades.

Pensando-se positivamente, países como o Brasil tiveram benefícios com o crescimento da produção. Em paralelo, a tecnologia nacional voltada ao setor agropecuário se desenvolveu, sobretudo por meio de ações de instituições privadas. O apoio de órgãos governamentais ligados à atividade, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) além dos suportes científicos desenvolvidos nas universidades permitiu solidificar avanços efetivos. A difusão de tecnologia para emprego no campo proporcionou ao País importante desenvolvimento, aumentando suas fronteiras agrícolas. O Brasil atingiu recordes de produtividade em culturas como a soja, o milho e o algodão entre outras, o que fortaleceu a exportação de nossos produtos e favoreceu o agronegócio.

O Jornal O Estado de São Paulo (versão online) em sua coluna Economia & Negócios de 6 de março de 2010, aponta que o Brasil ultrapassou o Canadá e passou a ser o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo. Ainda, na mesma coluna, mostrou que na última década, o País já havia ultrapassado Austrália e China e que somente Estados Unidos e a União Europeia, hoje, comercializam mais alimentos no mundo que os agricultores e pecuaristas brasileiros.

Na mesma direção, o Jornal do Brasil (versão online) do dia 12 de agosto de 2013, comentou sobre um artigo publicado pelo jornal canadense Globe & Mail, de Toronto, em 9 de agosto de 2013, que discute os interesses do Canadá na consolidação das relações com as Américas. O informativo canadense destaca que o Brasil merece atenção especial entre os países das Américas por ser um dos maiores produtores mundiais de alimentos, energia e minerais, bem como por sua expressiva representatividade como produtor de café, cana-de-açúcar e suco de laranja. Cabe ressaltar que não é nossa intenção neste trabalho discutir posições em relação à Revolução Verde. As críticas são muito variadas, sobretudo em razão de suas implicações ambientais, políticas, antropológicas e sociais. Acreditamos, todavia, que se os avanços na agropecuária não permitiram erradicar o problema da fome, deve haver outros setores que não estão funcionando devidamente. Parece não se questionar que os progressos no setor propiciaram a adoção de novas

tecnologias e processos de produção, visando o aumento da produtividade e, implicitamente, valorizando o conhecimento científico.

No momento, muito se discute a respeito da necessidade de novas técnicas que permitam melhor integração entre desenvolvimento científico e preservação do meio ambiente. No presente, o setor agropecuário está diante de um novo e grande desafio.

1.2.2 Expansão agropecuária: necessidade de entendimento do inglês