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As fontes bibliográficas de informação e os procedimentos de coleta dos dados em campo

2. A PROPOSTA DE TRABALHO, HIPÓTESES E OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.

2.2 Hipóteses

2.3.2 As fontes bibliográficas de informação e os procedimentos de coleta dos dados em campo

O primeiro procedimento, como não poderia deixar de ser, envolveu o levantamento de informações pertinentes ao objeto de estudo, incluindo, evidentemente, aspectos relativos à área onde fora desenvolvida a pesquisa. Parte do material bibliográfico consultado foi mencionada no capítulo referente à revisão bibliográfica (capítulo 3) e outra parte aparece diluída no desenvolvimento de todo o texto.

Das leituras das obras sobre climatologia urbana, procurou-se salientar os procedimentos metodológicos e alguns aspectos contidos nos resultados. O pressuposto que orientou a análise dessas obras, refere-se à própria característica da realidade com a qual o pesquisador se defronta que é, em essência, marcadamente diversa. Dessa forma, mesmo que houvesse um objeto comum em todos esses trabalhos (o “clima urbano”), a própria realidade do fenômeno, muitas vezes passada despercebida pelo próprio autor da obra, forçaria o pesquisador a se defrontar com um quadro multifacetado, o que justificaria, em parte, a pluralidade de metodologias empregadas e de resultados obtidos destacados dos trabalhos. Essa “pluralidade” de resultados destacados resumiu- se a uma tentativa de reconstruir neste trabalho, antes de iniciar a apresentação dos resultados aqui alcançados, um quadro mais próximo da realidade climática nas cidades.

Quanto às características da área de estudo, as poucas referências à bacia hidrográfica do rio Aricanduva constam, de forma mais ou menos genérica, das obras de Ab’Saber (AZEVEDO, 1958), no trabalho de Deli (1994), Jardim (1996; 1997; 2001; 2002) e Tarifa e Armani (2001a; 2001b). O primeiro autor concentra-se nos aspectos geomorfógicos do sítio urbano de São Paulo e menciona a bacia do Aricanduva ao tratar das “colinas e terraços de além-Tamanduateí”, aproveitados na caracterização do universo de análise. O segundo autor, a partir da sua monografia de conclusão do bacharelado, traz uma série de dados históricos referentes à urbanização da área, ao analisar a rota do Caguaçu, que ligava o antigo aldeamento de São Miguel (hoje um dos distritos que compõe a capital paulista), através da bacia do Aricanduva, à São Paulo daquela época (no séc. XVII). Os três autores mencionados em seguida, concentraram- se nos aspectos do clima. Os dados oriundos desses trabalhos foram amplamente utilizados aqui.

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Cabe ressaltar, apenas, que Tarifa e Armani tratam essa questão no âmbito do município de São Paulo e não particularmente da bacia do Aricanduva.

Outra fonte utilizada foi o estudo patrocinado pela prefeitura do município de São Paulo (PMSP/SMMA/SEMPLA, 2005), através do “Atlas Ambiental do Município de São Paulo”, cujas informações foram aproveitadas no capítulo referente à caracterização da área de estudo.

Como se trata de uma área praticamente desprovida em termos de estudos climáticos, a produção de material (e neste caso o trabalho de campo e a produção do material cartográfico assumiram aspectos relevantes nesse contexto) respondeu por uma etapa fundamental. A principal fonte de dados a esse respeito consta do trabalho de Jardim (2002). Em relação à obra citada, maiores detalhes quanto à obtenção dos dados, a calibragem dos equipamentos, instalação dos postos, procedimentos de análise etc., podem ser conferidos num volume depositado junto à biblioteca central da FFLCH/USP e na CAPES. Cabe, no entanto, destacar aqui alguns aspectos já que a referida obra constituiu-se numa importante fonte de dados.

Naquela ocasião, entre o inverno (de 26/07 a 02/09) e a primavera (24/10 a 23/12) do ano de 2000, foi instalada uma série de postos em vários pontos da bacia do rio Aricanduva. Para a mensuração dos dados de temperatura e umidade do ar, utilizou-se de sensores digitais (data- loggers), dispostos dentro de mini-abrigos meteorológicos (dois em cada abrigo, a partir de cinco postos no inverno e seis na primavera e início do verão), construídos especificamente para esse fim16. A distribuição dos postos, ao longo do eixo maior da bacia do Aricanduva, seguindo a calha principal do rio Aricanduva, foi orientada pelas diferenciações de topografia, altitude e uso da terra, conduzidos dentro de uma óptica que revelasse o comportamento do clima

16 Os detalhes da construção dos mini-abrigos, envolveram os seguintes aspectos: fundo aberto para

entrada de ar, com tela, laterais vazadas (orifícios circulares com diâmetro de ½ polegada), teto com caimento para os lados em forma de duas águas com abas mais largas que as paredes laterais, para permitir o escoamento do ar pelo vão. O conjunto todo media 43 cm de altura: o corpo, sobre o qual repousa o telhado, mede 26 x 26 cm de lado e 28 cm de altura, mais 15 cm de altura do telhado. A parte interna foi revestida com uma lâmina de 1,0 cm de isopor vazado (inclusive no teto), distante 1,0 cm das paredes laterais, também vazadas. A disposição das paredes de isopor dentro do abrigo se deu de maneira a não coincidir com os furos das paredes de madeira pois, sendo elas também vazadas, a entrada dos raios solares poderia interferir na leitura do aparelho. Todo esse arranjo na forma do abrigo teve por finalidade permitir a formação de um fluxo de ar contínuo interno, evitando a estagnação do ar e, conseqüentemente, alteração dos valores de temperatura e de umidade registrado pelos sensores. Desse modo, o ar contido na parte interna do abrigo aquece-se, torna-se mais leve, ascende e sai pelas

aberturas laterais entre o telhado e o teto, cedendo lugar para um novo volume de ar que entra por baixo (uma tela de arame fino fechava a parte inferior do abrigo), de maneira a renovar todo o volume interno continuamente. Os abrigos foram instalados entre 1,0 a 2,0 m de altura da superfície subjacente, sobre pedestais, nos telhados, beirais de telhados e lajes das casas.

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comprometido com fatores de ordem topoclimáticos e mesoclimáticos (daí o fato de terem sido instalados sobre os telhados das casas).

Cada um dos sensores instalados nos mini-abrigos (um para a mensuração da umidade relativa do ar e outro para a temperatura do ar) comportava uma programação relativa ao horário das tomadas e que, ao final do período de coleta, eram recolhidos e os dados descarregados no computador. Durante cem dias, de forma contínua num intervalo de uma hora entre uma medida e outra, foi mensurado um montante de 25314 dados, na forma de dados brutos. O posterior trabalho estatístico, na forma de valores médios diários de cada posto e o cálculo da amplitude máxima horária dos valores de temperatura e umidade relativa do ar entre os postos, gerou outro montante de dados. Devem-se acrescentar, ainda, os dados horários de vento da estação meteorológica do LCB/DG/USP para o mesmo período, utilizados como controle (inclusive para a calibração do equipamento e teste do mini-abrigo) das variações locais.

A caracterização dos locais de instalação dos postos é capaz de traduzir de forma mais precisa as condições em que foram tomadas a temperatura e a umidade relativa do ar. O posto 01, situado no extremo noroeste da bacia, na baixa vertente nordeste da margem esquerda do Rio Aricanduva, próxima a sua foz, foi instalado na cobertura de um edifício de 11 andares, sobre uma laje de cimento recoberta por brita. A altitude aproximada desse ponto, no terreno, é de 745 m. Soma-se a isso a altura do prédio, de aproximadamente 35 m (total de 780 m). Trata-se, também, do setor mais densamente urbanizado da bacia do rio Aricanduva, passando, inclusive, por um processo de rápida verticalização e valorização dos imóveis. Assim como o posto 02, possui reduzida porcentagem de áreas verdes (não superior a 5%).

O posto 02, na Vila Manchester, foi instalado sobre o parapeito de uma área ajardinada, encima da garagem de um sobrado, sobre um pedestal de madeira. O bairro está situado praticamente ao mesmo nível da planície de inundação do Rio Aricanduva (730 m). O bairro é predominantemente residencial, com casas térreas/01 andar (verticalização insipiente). A densidade de ocupação dos terrenos pelas construções é alta, onde se verifica um baixo estoque de áreas verdes (inferior a 10%), composto principalmente por praças e canteiros centrais de avenidas.

O posto 03 foi instalado sobre uma pequena laje de cimento (área aproximada de 2,3 m²), sobre um pedestal de ferro de 1,15 m de altura, no topo de uma residência de três pavimentos. A

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casa destaca-se como ponto mais elevado em meio ao entorno e o padrão de urbanização assemelha-se ao da Vila Manchester. A altitude nesse ponto, no terreno, é de 750 m. Tanto esse, quanto o posto 01 encontram-se em setores mais elevados do terreno, abrigados das cheias do Rio Aricanduva.

Os postos 04, 05 e 06 foram localizados no médio vale do Rio Aricanduva. Esse setor da bacia destaca-se pela presença de amplas áreas verdes (Parque e APA do Carmo, com 4,5 milhões de metros quadrados), de aspecto contínuo pelo espaço, e vertentes com alta declividade. O posto 04, no Jd. São Cristóvão foi situado sobre uma laje de cimento de uma casa residencial térrea, sobre um pedestal de 1,15 m, às margens do Córrego Inhumas (750 m). O posto 05, no Jd. das Rosas, a 795 m de altitude, situou-se no topo do divisor de águas entre o Córrego Inhumas e um ribeirão sem nome, paralelo ao seu curso, do lado esquerdo. O posto foi instalado no alto do segundo pavimento, também sobre um pedestal de 1,15 m, entre um telhado de amianto e um vão aberto para o quintal. As condições de instalação do posto 06 (bairro de São Mateus) são muito parecidas com as do posto 04. A sua altitude é de 760 m e encontrava-se praticamente às margens do Rio Aricanduva, à altura do cruzamento da Avenida Afonso Sampaio de Souza com a Marginal Aricanduva, tendo ao fundo a A.P.A. do Carmo.

A característica dos bairros nesse setor médio da bacia reproduz, ainda que de forma não tão veemente como aquela dos bairros do alto vale, aquilo que se denomina “autoconstrução” (o nome correto seria “padrão doméstico de construção” segundo a profa. Sandra Lencione, do Departamento de Geografia da USP), ou seja, construções levadas adiante pelos próprios moradores, a medida que a família cresce. Basicamente, predominam casas residenciais térreas/01 andar, a verticalização está praticamente ausente, a não ser por alguns condomínios de baixo padrão dispersos pelo espaço.

Os postos 07 no Jd. Santa Bárbara e o 08 no Jd. Iguatemi foram instalados no alto vale da bacia do Rio Aricanduva. Nesse setor ainda há grande disponibilidade de terrenos vazios, muitos em fase inicial de loteamento, e de áreas de mata (essa característica é mais evidente nas proximidades do posto 08). As características de urbanização nesse setor reproduzem o tipo descrito anteriormente (padrão doméstico de construção), sem qualquer tipo de planejamento inicial. O traçado “caótico” das ruas demonstra isso (figura 4.6). Aspectos da infra-estrutura, como asfalto, iluminação de ruas e residências e rede de esgoto, chegaram, na maior parte das

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vezes, após a construção das casas. Os loteamentos, realizados de forma irregular, não deixaram espaços reservados para equipamentos públicos e, portanto, reproduz o mesmo modelo de implantação urbana do médio vale. O posto 07 foi instalado sob um beiral de telhado de cerâmica, no andar superior de um sobrado, a 820 m, e o posto 08 sobre uma laje de cimento a 825 m. Ambos situavam-se em topo de vertentes.

Os postos 05 (Jd. das Rosas) e 08 (Jd. Iguatemi) foram utilizados nos trabalhos de campo entre 2004 e 2007, onde foram instalados os barômetros, além de incluir outros pontos da bacia do Aricanduva, em tomadas móveis, como o Pq. do Carmo e a Radial Leste.

Na fase atual da pesquisa, os dados produzidos em campo tiveram a finalidade refinar os já existentes, ao mesmo tempo em que se privilegiou tomadas pontuais, tanto na área de estudo quanto fora dela. Segundo Fachin (2001),

1. o fenômeno estudado em suas causas e efeitos deve ser repetidamente observado; 2. variar as condições em que foi produzido o fenômeno, a fim de verificar se sua natureza permanece constante ou se as mudanças continuam sendo as mesmas já observadas [...]

O segundo aspecto da citação merece aqui destaque. Disso decorre que os levantamentos em campo nesta fase ocorreram em períodos de coleta que variaram de algumas horas a três semanas, em horários pré-determinados.

No sentido de “variar as condições em que foi produzido o fenômeno”, privilegiaram-se tomadas em locais até então não visitados, a fim de que se pudessem abarcar outras situações não abrangidas pelos trabalhos anteriores (tomadas em ambientes florestais, ao longo de avenidas com intenso trânsito de veículos, ambientes confinados, bairros com características físicas peculiares etc.). Nesse sentido, deve-se acrescentar, também, a inserção de outro montante de dados, utilizados de forma subsidiária, produzida em Goiás, dentro e nos limites próximos à área urbana de Morrinhos no sudeste do estado, haja vista o já mencionado fato do autor residir e trabalhar na região atualmente.

As tomadas em Morrinhos e arredores permitiram verificar o comportamento da temperatura do ar e do solo em áreas urbanas, rurais e florestais e sob condições de forte aquecimento diurno (em algumas ocasiões, com temperaturas ao redor de 35,0ºC) e umidade relativa do ar inferior a 30% (fato incomum na bacia paulistana), dada à latitude do lugar e distância em relação ao oceano, característico de um clima tropical continental alternadamente

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seco e úmido, diferente das condições climáticas locais na bacia paulistana, área de transição entre os climas tropicais e subtropicais, marcadamente influenciada pelo oceano Atlântico. Ao mesmo tempo, proporcionou uma comparação com os dados tomados em uma cidade pequena, cujo porte e dinâmica não fossem (supostamente) suficientes para produzir um clima urbano. O que reforçou, de certa maneira, a importância dos “tipos de tempo”, em sua sucessão habitual, na definição dos climas urbanos.

Os instrumentos utilizados nessa fase da pesquisa, envolveram termômetros de mercúrio, termômetros digitais com haste de metal para penetração em superfícies (utilizados, neste caso, para tomadas da temperatura sobre superfícies, ao nível do solo), termo-higrômetros digitais, um termômetro digital para tomadas simultâneas de dois canais (para tomadas ar-solo e/ou solo em superfície e em profundidade), três psicrômetros de aspiração (semelhantes ao modelo Assmann, de fabricação caseira), dois barômetros de Torriceli, dois pHmetros para avaliação da acidez da água da chuva e um anemômetro digital (figuras 2.1 e 2.2). Cada um desses equipamentos foi utilizado em momentos distintos, combinados ou não, de acordo com as necessidades da pesquisa ou à medida que surgiam novas indagações. Tomou-se o cuidado, no entanto, com a aferição dos termômetros utilizados com os da estação meteorológica local (no caso, com a estação do INMET sediada no município de Morrinhos), a fim de que os dados fossem comparáveis17 entre si.

A montagem dos psicrômetros envolveu a introdução de dois termômetros de mercúrio (marca Incoterm, cedidos pelo Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da Unicamp) no interior de um tubo de pvc com 5 cm de diâmetro. Numa das extremidades foi instalada uma ventoinha, ligada a uma bateria de 9V. Quando ligada, um leve fluxo de ar ascendente percorria o tubo na posição horizontal, com o bulbo de mercúrio dos termômetros voltados para baixo. Como o aparato era posicionado verticalmente, a 1,5 metros das superfícies, o fluxo de ar encontrava pelo caminho, primeiramente, o bulbo de mercúrio, junto à extremidade inferior aberta do pvc. Em seguida, o fluxo de ar percorria toda a parte interna do conjunto até ser

17 Na ocasião, os termômetros utilizados foram dispostos dentro do abrigo meteorológico padrão, ainda

em uso nas estações convencionais do INMET (embora a prioridade, hoje, recaia sobre as estações automáticas, melhores naquilo que diz respeito à obtenção de dados e custos de manutenção). Após um determinado período, no qual foram realizadas leituras horárias de todos os aparelhos, determinou-se o quanto deveria ser subtraído ou adicionado às leituras realizadas, a partir de um termômetro tomado como padrão (no caso, um termômetro de mercúrio da marca Incoterm, utilizado pelo INMET, com resolução de 0,2ºC e precisão de 0,1º C).

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aspirado para fora pela ventoinha, situada na extremidade superior. O tempo esperado para estabilização da coluna de mercúrio variava entre 3 a 5 minutos.

As observações realizadas em Morrinhos (GO), em condições semelhantes àquelas realizadas em São Paulo, reforçaram, ainda, com dados e argumentos, apoiados em medidas sistemáticas, muito do que foi visto em São Paulo. Ajudou, inclusive, a compreender melhor a dimensão da interferência da cidade no clima, já que Morrinhos, com seus aproximadamente 37 mil habitantes, distribuídos entre a área urbana (com aprox. 10 km2) e rural do município, ficam atrás de qualquer um dos 14 distritos que compõem a bacia do rio Aricanduva que, somados, remonta um total superior a 1,6 milhões de habitantes18.

Evidentemente, os limites dos distritos, necessariamente, não acompanham os limites da bacia do rio Aricanduva. Entretanto, se for tomado como referencial o valor médio de 10,5 mil habitantes/km², obtido extraindo-se a média do somatório do número médio de habitantes/km² dos distritos que compõem a bacia e multiplicado pela sua área (aprox. 80 km²), chega-se a algo em torno de 840 mil habitantes.

Outro aspecto que justificou a inserção dos dados gerados em Morrinhos, diz respeito à fácil locomoção e, conseqüentemente, da instalação do aparato de medida e acompanhamento das variações dos atributos climáticos, através de diferentes setores dentro do município, entre a zona urbana, rural e florestal (este último, na forma de manchas, com poucos hectares, espalhadas pelo espaço, constituindo-se em reserva legal de propriedades agrícolas e áreas de conservação), além de pessoal apto tanto em número quanto em treinamento básico de observação meteorológica em campo. O que não seria possível, ou pelo menos de difícil realização, em São Paulo.

Os dados de umidade relativa do ar gerados no Aricanduva, o ano de 2000, com os sensores, foram retomados aqui, uma vez que na ocasião em que foram produzidos, não houve tempo hábil para se trabalha-los (JARDIM, 2002). Há que se lembrar que os sensores usados para a mensuração desse elemento apresentavam um erro instrumental, dado pelo próprio fabricante e

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Embora Morrinhos represente uma fração do que significa São Paulo em termos de economia e

população, não deixa de apresentar problemas tão graves quanto aqueles observados nas metrópoles, só que de outra natureza, ligados principalmente à atividade agrícola: substituição da paisagem natural por agricultura e pastagens e os problemas decorrentes disso, relativos à destruição do banco genético do cerrado e a simplificação dos ecossistemas, a multiplicação de pontos de erosão, formação de micro e topoclimasclimas com características marcadamente antrópicas, com maior disponibilidade de calor sensível e menores valores de umidade relativa do ar, ambos constatados por Jardim (2005), sem mencionar uma possível correlação (ainda não verificada) entre os mais elevados índices de câncer no pâncreas do estado de Goiás e a contaminação das águas pela intensa utilização de agrotóxicos.

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verificado durante a sua calibração, de + ou – 5%. Teoricamente esse erro poderia chegar a 10%. A fim de que isso pudesse ser minimizado, procedeu-se a uma análise pautada numa comparação com os dados de temperatura do ar, tomados na mesma ocasião, já que a variação desse atributo acompanha às variações da temperatura do ar.

Providenciou-se, também, junto ao Depto. de Geografia do Instituto de Geociências da Unicamp, um par de barômetros de mercúrio (ou barômetro de Torriceli, figura 2.2), com resolução de ½ mmHg (a precisão entre os dois instrumentos, determinada pela calibração, foi inferior a ½ mmHg) e cinco termômetros de mercúrio, com resolução de 0,2o C e precisão de 0,1oC, verificada após calibração19, todos da marca Incoterm (os mesmos utilizados pelas estações convencionais do INMET). A partir dos dados de pressão, seria possível inferir o movimento do ar dentro da bacia, já que o ar flui, necessariamente, das áreas de alta pressão para as áreas de baixa pressão, semelhantes aos mecanismos de brisa de vale e de montanha ou da brisa marítima e terrestre.

Os termômetros foram montados dentro de uma estrutura de pvc (figura 2.1), com uma ventoinha na extremidade superior, semelhante aos psicrômetros de aspiração. O bulbo de mercúrio de um dos termômetros foi recoberto por uma gaze, a qual era umedecida durante as tomadas de temperatura em campo. Da diferença de temperatura entre os dois termômetros (depressão psicrométrica) foi possível estimar por meio de tabelas, a umidade relativa do ar. A finalidade da ventoinha na extremidade superior do conjunto era criar um leve fluxo de ar e forçar a ventilação através do tubo de pvc e reduzir a inércia termal do mercúrio, ao mesmo tempo em que criava condições mais próximas às do ambiente real (o tempo para a estabilização dos termômetros de mercúrio nos psicrômetros de aspiração é mais rápida do que nos abrigos, daí o