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3 METODOLOGIA E PLANO GERAL DE TRATAMENTO DOS DADOS

4.2 ANÁLISE DA PRÁTICA DA PROFESSORA 2

4.2.2 As modalidades de leitura na turma 2

Abaixo, a Tabela 7 indica alguns dados relevantes acerca dos seguintes modos de ler praticados nas atividades de leitura da turma 2: leitura silenciosa, leitura coletiva, leitura em voz alta (pela criança e pela professora), leitura compartilhada e leitura dramatizada (feitas pelas crianças). Através da Tabela 7 é possível observar a freqüência de utilização de cada modalidade de leitura ao longo das observações:

Tab. 7 – Distribuição e freqüência de uso de diferentes modalidades de leitura nas aulas observadas na turma 2.

Um dado interessante presente nesta Tabela, revela que a leitura oral pela docente predominava nas aulas, tendo em vista que, durante as observações, ela praticou mais leituras orais do que os alunos, ou seja, em todas as aulas ela se preocupou em ler em voz alta para a turma, evidenciando que ela era a “leitora” da turma. Vejamos os fragmentos de aula a seguir:

Após colar os poemas que os alunos pesquisaram em um mural fixado no quadro da sala, a professora inicia o diálogo:

Professora 2: Pessoal, de quê tratam os poemas?

Professora 2: Eu vou fazer a leitura em voz alta dos poemas e que

vocês escreveram, pesquisaram e que estão aqui no mural.

Professora 2: eu vou ler cada um e depois vou fazer perguntas para

vocês responderem (EXTRATO DA 4ª AULA – TURMA 2).

Após acolher a turma na sala, a professora 2 inicia o seguinte diálogo:

Professora 2: Pronto, turma! Cada um no seu lugarzinho! Aluno (a): ...espera aí, oh!

Professora 2: Pronto! Gente, vamos começar? Por favor! Olha,

gente, presta atenção, vou começar a leitura.

Professora 2: Bom dia! Guardando o material, guardando, deixa ele

se organizar, não se organizou ainda?

Aluno (a): não.

MODALIDADES DE LEITURA Aulas observadas TOTAL 10ª 11ª 12ª Leitura silenciosa 1 9 1 11 Leitura coletiva 1 1 1 3 Leitura em voz alta

(pela criança) 9 5 12 26 Leitura em voz alta

(pela professora) 3 2 1 13 2 1 1 2 3 1 1 1 31

Leitura compartilhada 1 1

Leitura dramatizada 0

Professora 2: Olhe, minha gente, eu vou começar, vou fazer a

leitura do livrinho como sempre eu faço, não vai ser o jornal hoje, vai ser um livrinho.

Aluno (a): A revistinha?

Professora 2: Quem? Eu vou fazer o que? Senta, eu vou

começar....quer dizer já comecei a falar, preste atenção na historinha!

Professora 2: O Berimbau Encantado, autora: Nita Ferreira,

ilustrações de Paulo Rocha (EXTRATO DA 1ª AULA – TURMA 2).

Estudos de Marinho; Silva e Morais (2009), revelaram que as modalidades de leitura silenciosa e compartilhada seriam pouco exploradas em alguns contextos das salas de aula da Rede Municipal do Recife. Ao investigar a prática de duas professoras quanto ao ensino de leitura, na etapa da Educação de Jovens e Adultos, e ao analisar os Livros Didáticos utilizados pelas docentes, os autores verificaram um índice expressivo de leitura em voz feita pelas professoras. Algo preocupante, na opinião dos autores, tendo em vista que os professores deveriam suprir a carência da diversidade dos comandos das leituras nos Livros didáticos, em suas práticas de sala de aula, a fim de favorecer ao aprendiz, através da leitura silenciosa e compartilhada, a reflexão detalhada de cada parágrafo do texto, identificando tema ou idéia central de partes do texto.

Quando perguntada sobre as atividades de leitura desenvolvidas na sala de aula, a professora relatou claramente como se configurava a dinâmica da leitura oral, nas suas aulas. Vejamos o relato a seguir:

Eu faço muito assim... essa atividade de leitura. Eles pegam livrinhos para ler, compreender e ilustrarem, leitura deleite. Eu...tem a questão também do jornal, das notícias, que a gente começa o dia lendo sempre as notícias e eu quero avançar nessa questão. No lugar de eu estar lendo, porque eu faço a leitura e eles fazem a interpretação e muitos, às vezes, sabem mais do que eu em relação a alguns assuntos, em relação ao futebol, estão por dentro. Então, a gente faz leitura da primeira folha do caderno, né? do jornal. A gente lê a charge, né? fala sobre a questão, o quê que eles querem dizer, contextualizando tudo , né? E é um trabalho que é bem interessante, porque todo mundo fica sabendo o que está acontecendo na nossa cidade e no mundo também. E tem de casa, também, o que eles assistiram, aí eles contribuem (PROFESSORA 2).

Outro aspecto importante corresponde ao número de vezes em que as crianças eram solicitadas a ler, totalizando quarenta e uma vezes nas doze aulas. Entretanto, apesar deste dado expressivo de leitura pela criança, observamos que, na maioria das aulas, os alunos eram mais ouvintes do que leitores, já que, geralmente, eles eram mais solicitados a ler nas atividades de leitura em grupo, como nos dias em que a professora trabalhou o suporte jornal, com as leituras de notícias (2ª aula) e a leitura de contos para produzir um novo final sobre a história, através de uma produção textual (6ª aula). Vejamos o extrato de aula a seguir:

Após distribuir os livrinhos de conto para os grupos, a professora inicia o seguinte diálogo:

Professora 2: Vamos ver. O que é que vocês vão fazer?

Professora 2: Vocês vão, entre si, escolher um livrinho e eu vou dar

um tempo, e vocês vão me dizer depois para eu escrever no quadro.

À medida que os alunos iam escolhendo seus livrinhos, eles liam o título para a professora, que escrevia, no quadro, o título dos contos que cada grupo escolheu.

Professora 2: agora, vocês vão escolher quem é o aluno que vai ler

o livro em voz alta, na frente do quadro. Enquanto isso, os outros fazem silêncio (EXTRATO DA 6ª AULA – TURMA 2).

Portanto, se “o modo como a leitura é feita (se individual ou em grupo, de forma silenciosa ou em voz alta) deve variar em função do gênero, da finalidade, e do nível de leitura dos alunos”, de acordo com as idéias de Albuquerque e Coutinho (2006, p. 83), não encontramos tal cuidado nas aulas.

Na seção a seguir, iremos analisar como eram praticadas as estratégias de leitura, durante as leituras dos textos, em sala de aula, de acordo com a análise dos protocolos de observação daquela sala de aula.