• Nenhum resultado encontrado

5 ANÁLISES DE RESULTADOS II: OS DESEMPENHOS DOS ALUNOS EM

5.4. ANÁLISE DA DIFICULDADE RELATIVA DOS DIFERENTES DESCRITORES,

5.4.4 Pós-teste Escola 2

A Figura 6, apresenta o dendrograma que resulta da Análise de Agrupamento para as questões/descritores de compreensão de leitura realizadas no final do ano letivo pelas crianças da turma 2. A Tabela 17, a seguir, dá suporte à interpretação do dendrograma, apresentando o desempenho dos alunos em cada uma das questões/descritores, com base nas médias de acertos e desvio-padrão.

Figura 6. Dendrograma da Análise do Agrupamento para as questões/descritores de compreensão de leitura realizadas no final do ano letivo na Turma 2.

Dendrogram using Single Linkage

Rescaled Distance Cluster Combine

C A S E 0 5 10 15 20 25 Label Num +---+---+---+---+---+ IROHUM2 23 -+---+ IDEFIN2 27 -+ | FATOPI2 21 ---+---+---+ INFIMP2 29 ---+ | | RELLOG2 22 ---+ | REALPA2 17 ---+ IDETEM2 19 ---+---+ LOCINF2 16 ---+---+ | MARLIN2 20 ---+ | | CAUCON2 26 ---+---+ | | CONGER2 28 ---+ +---+ | COMTEX2 24 ---+ | | MATGRA2 25 ---+ | PONNOT2 30 ---+ INFSEN2 18 ---+

LOCINF= localizar informações explícitas; REALPA= estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto; INFSEN= inferir o sentido de uma palavra ou expressão; INFIMP= inferir uma informação implícita em um texto; MATGRA= interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.); IDETEM= identificar o tema de um texto; CONGER= identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa; CAUCON= estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto; IDEFIN= identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros; MARLIN= identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto; FATOPI= distinguir um fato da opinião relativa a esse fato; RELLOG= estabelecer relações lógico- discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.; IROHUM= identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados; PONNOT= identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações; COMTEX= reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.

Tabela 17. Média e Desvio-Padrão para as diversas questões/descritores de compreensão de leitura realizadas no final do ano letivo pela turma 2.

ATIVIDADES/DESCRITORES MÉDIA DESVIO-PADRÃO D1 - Localizar informações explícitas. 0,70 0,47

D2 - Estabelecer relações entre partes de um

texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

0,65 0,49

D3 - Inferir o sentido de uma palavra ou

expressão. 0,50 0,51

D4 - Inferir uma informação implícita em um

texto. 0,35 0,49

D5 - Interpretar texto com auxílio de material

gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.)

0,65 0,49

D6 - Identificar o tema de um texto. 0,60 0,50

D7 - Identificar o conflito gerador do enredo e

os elementos que constroem a narrativa. 0,55 0,51

D8 - Estabelecer relação causa/conseqüência

entre partes e elementos do texto. 0,55 0,51

D9 - Identificar a finalidade de textos de

diferentes gêneros. 0,35 0,49

D10- Identificar as marcas lingüísticas que

evidenciam o locutor e o interlocutor de um

texto. 0,65 0,49

D11 - Distinguir um fato da opinião relativa a

esse fato. 0,15 0,37

D12- Estabelecer relações lógico-discursivas

presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

0,30 0,47

D13 – Identificar efeitos de ironia ou humor em

textos variados. 0,30 0,47

D14 – Identificar o efeito de sentido decorrente

do uso da pontuação e de outras notações. 0,40 0,50

D15 – Reconhecer diferentes formas de tratar

uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que eles foram produzidos e daquelas em que serão recebidos.

0,80 0,41

TOTAL 7,50 3,47

Conforme o dendrograma da Figura 6, no final do ano letivo verificou-se a formação de três agrupamentos de atividades/descritores.

O Grupo 1 era composto por cinco questões/descritores consideradas de fácil resolução para os alunos da turma 2. As questões/descritores que fazem parte desse grupo eram: IROHUM - identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados; IDEFIN - identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros; FATOPI -

distinguir um fato da opinião relativa a esse fato; INFIMP - inferir uma informação implícita em um texto e RELLOG - estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.

As questões/descritores do Grupo 2, consideradas de dificuldade mediana para os alunos da turma 2, no final do ano letivo ,somavam um total de oito. Eram elas: REALPA - estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto; IDETEM - identificar o tema de um texto; LOCINF – localizar informações explícitas; MARLIN - identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto; CAUCON - estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto; CONGER - identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa; COMTEX - reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que eles foram produzidos e daquelas em que serão recebidos e MATGRA - interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.).

O Grupo 3 era formado por duas questões/descritores consideradas com maior grau de dificuldade de resolução par os alunos da turma 2: PONNOT - identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações e INFSEN - inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

No pós-teste, foi detectado que apenas a questão/descritor de distinguir um fato da opinião relativa a esse fato (FATOPI) se mostrou fácil para ambas as turmas. Já as questões/descritores de interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso - propagandas, quadrinhos, foto, etc (MATGRA) e de identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa (CONGER) se apresentaram com grau de dificuldade mediano para as duas turmas. E, a questão/descritor PONNOT (identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações) foi considerada como bastante difícil para os alunos de ambas as turmas no pós- teste.

Com relação a este dado, é relevante atentar para o fato de que a professora 1, cujas práticas de ensino exploravam diversas estratégias de leitura, pouco inseriu, nas atividades em sala de aula, os descritores CONGER (identificar o conflito

gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa) e PONNOT (identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações), os quais, respectivamente, tiveram baixo índice de ocorrência ao longo das observações (com uma proporção de 1/197 e 8/197 nas atividades). De acordo com a professora 1, estes descritores eram de natureza muito complexa para os alunos do 5º ano. Além disso, ela criticava o tipo de comando em alguns itens da Prova Brasil, tendo em vista que, na sua avaliação, a linguagem era muito “técnica”, isto é, continha muitos termos metalinguísticos, o que dificultava a compreensão dos alunos.

Ao avaliar o grau de dificuldade das questões/descritores durante todo ano letivo, foi verificado que apenas PONNOT (identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações) permaneceu difícil para ambas as turmas o ano inteiro.

Observamos, também, além disso, que nenhuma outra questão/descritor permaneceu com idêntica complexidade (muito fácil ou muito difícil) para ambas as turmas, ao longo do ano. Sequer, uma questão/descritor geralmente tida como “menos difícil” como LOCINF (localizar informações explícitas) permaneceu numa linearidade quanto ao grau de complexidade.

Diante de tais evidências, formulamos algumas questões: ocorreria variação na complexidade das questões/descritores do pré e do pós-teste, em função da formulação dos itens? Como explicar o fato de que, tanto numa turma como em outra, houve descritores que se mostraram fáceis no início do início do ano para os alunos e, no final, apareceram no grupo dos mais difíceis (INFIMP - inferir uma informação implícita em um texto para a escola 1 e INFSEN - inferir o sentido de uma palavra ou expressão para a escola 2)?

No caso da escola 2, um dado intrigante diz respeito ao fato de que nenhum dos descritores quem eram fáceis no início do ano se manteve com este grau de dificuldade no final do ano. Neste caso, é preciso não esquecer que esses alunos já apresentavam níveis elevados de dificuldade de compreensão de leitura no início do ano, bem como o fato de que os mesmos não foram submetidos a um ensino tão sistemático de compreensão de textos ao longo do ano letivo.

Em relação à turma 1, verificamos que apenas cinco das quinze questões/descritores de compreensão de leitura permaneceram fáceis para o aluno no final do ano letivo. Este dado também nos parece intrigante, tendo em vista que se esperaria um avanço significativo desses alunos: teriam iniciado o ano com um melhor desempenho em compreensão de leitura e teriam vivenciado, em sala de aula, um ensino cuidadoso deste eixo didático da língua.

Considerando as evidências apresentadas em relação às mudanças do nível de complexidade das questões para os alunos – e certos paradoxos encontrados - reafirmamos a necessidade de investigar as possíveis variáveis que teriam influenciado tais resultados.

Na seção a seguir, fazemos uma análise de alguns itens da Prova Brasil que avaliavam um mesmo descritor ou estratégia de leitura e que foram utilizados no pré e no pós-teste como equivalentes, tal como suporia o INEP, ao elaborar diferentes edições daquela avaliação em larga escala.

5.5 ANÁLISES QUALITATIVAS DOS DESEMPENHOS DAS DUAS TURMAS, AO