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O impacto dos desastres ecológicos e a percepção de uma visível deterioração de muitos ecossistemas têm provocado reações globais e coletivas. Esse despertar da consciência pela ecologia trouxe ao cenário mundial o desenvolvimento sustentável, ou seja, a necessidade de se harmonizar o desenvolvimento econômico com uma qualidade do meio ambiente. Dissemina-se, então, a idéia de que a questão ambiental é algo multidisciplinar e que a sustentabilidade passa a ser o grande desafio no mundo das Organizações.

Hoje governos, ONGs, opinião pública, organizações internacionais e, agora, muitos industriais reconhecem a necessidade de uma mudança fundamental no manejo e uso dos recursos naturais, de modo a compatibilizar as atividades econômicas com os princípios ecológicos (BELLO, 1998, p.2).

O desenvolvimento e o meio ambiente estão indissoluvelmente vinculados, devendo, segundo Sachs; “[...] receber um tratamento sob ponto de vista de uma mudança do conteúdo, das modalidades e das utilizações do crescimento. Preconiza, para tanto, três critérios fundamentais, e que devem ser obedecidos simultaneamente: a eqüidade social, a prudência ecológica e a eficiência econômica (SACHS, 1993, p.7. grifo nosso).

Segundo Constanza, citado por Sachs (1993, p.24)

Sustentabilidade é um relacionamento entre sistemas econômicos dinâmicos e sistemas ecológicos maiores e também dinâmicos, embora de mudança mais lenta, em que: a) a vida humana pode continuar indefinidamente; b) os indivíduos podem prosperar; c) as culturas humanas podem desenvolver-se; mas em que d) os resultados das atividades humanas obedecem a limites para não destruir a diversidade, a complexidade e a função do sistema ecológico de apoio à vida.

Sachs (1993, p.25), cita que;

[...] ao planejar o desenvolvimento deve-se considerar, simultaneamente, as cinco dimensões da sustentabilidade: a Sustentabilidade Social (onde se entende a consolidação de um desenvolvimento sustentado dentro de uma visão benéfica a sociedade, considerando suas necessidades materiais e não-materiais); a Sustentabilidade Econômica (que propõe se tornar possível através da alocação e administração de forma eficiente dos recursos e, um fluxo constante de investimentos públicos e privados); a Sustentabilidade Ecológica (alavancada pela utilização dos recursos potenciais dos vários ecossistemas, com menores danos e para propósitos socialmente válidos); a Sustentabilidade Espacial (contemplada através de uma melhor distribuição territorial e com o propósito de frear a destruição dos ecossistemas, preservando reservas naturais e da biosfera e, portanto, protegendo a biodiversidade); e, a Sustentabilidade Cultural (buscando-se as raízes endógenas da modernidade e de um eco-desenvolvimento, envolvendo soluções para cada área, cada ecossistema, cada cultura e cada local).

Na primeira grande onda mundial de preocupações ambientais, década de 60 e início dos anos 70, os problemas levantados pareciam ter cunho local. As respostas foram todas no campo da regulamentação. Quando o meio ambiente reapareceu na agenda política, na década de 80, as preocupações passaram a ter um enfoque global. O centro da atenção passou a ser, então, a natureza das atividades humanas.

A natureza da crise diagnosticada é, na verdade, ecológica (esgotamento progressivo da base de recursos naturais) e ambiental (redução da capacidade de recuperação dos ecossistemas). Sendo uma crise que é também política, diretamente relacionada com os sistemas de poder para a distribuição e uso dos recursos da sociedade, o qual em última instância, determina a situação de escassez absoluta (esgotamento do estoque de recursos) ou relativa (padrões insustentáveis de consumo) (CIMA, 1991, p.14, grifos nossos).

A sociedade, crescendo populacionalmente, passa a ocupar novos espaços e oportunidades, e esta evolução implica em expansão de suas atividades, ou seja, em desenvolvimento. Não tem sentido, por outro lado, opor o meio ambiente com o

A sociedade, crescendo populacionalmente, passa a ocupar novos espaços e oportunidades, e esta evolução implica em expansão de suas atividades, ou seja, em desenvolvimento. Não tem sentido, por outro lado, opor o meio ambiente com o desenvolvimento, pois a qualidade do primeiro é resultado da dinâmica do segundo. Os problemas de preservação do meio ambiente, assim, vinculam-se aos problemas do desenvolvimento; os de um desenvolvimento que se percebe desigual para as diversas sociedades humanas e nocivo para os sistemas naturais.

Sobre a percepção da ciência com o desenvolvimento, cita Lerípio (2001 p.13);

[...] os desenvolvimentistas conscientizaram-se de que é ineficaz querer aumentar as rendas e o bem-estar, sem levar em conta os custos causados ao meio ambiente. Os protecionistas radicais, contudo, convenceram-se de que a solução de muitos problemas – especialmente nos países em desenvolvimento – consiste em acelerar, em vez de retardar o aumento de rendas e, paralelamente, partir para a adoção de políticas ambientais adequadas. (grifo do autor)

Se o desenvolvimento faz-se necessário e a ecologia deve ser encarada como parceira, então, qual o enfoque a ser seguido pelas atividades econômicas? “[...] quando políticos, industriais e ambientalistas esgotam suas recomendações, muitas vezes recorrem a apelos por uma nova visão, um novo compromisso, uma nova ética” (SCHMIDHEINY, 1992, p.12). O conceito definido, por consenso, como uma nova forma de pensar o progresso foi o desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável obviamente exigirá algo mais do que prevenir a poluição e improvisar regulamentações ambientais. Dado que são as pessoas comuns – consumidores, comerciantes, agricultores, [...] que de fato tomam as decisões ambientais do dia-a-dia, é preciso elaborar sistemas políticos e econômicos baseados na participação efetiva de todos os membros da sociedade (todos os órgãos governamentais, todas as empresas e de fato, todas as pessoas) na tomada de decisões. Envolver todos os seus interessados, com todos os seus diferentes pontos de vista e preocupações, geralmente, leva a melhores decisões e a um apoio mais universal para a implementação das mudanças (SCHMIDHEINY, 1992, p.7, grifo nosso).

Como afirma Schmidheiny ”[...] a saída é perseguir os ideais do desenvolvimento sustentável, disseminá-los em todas as atividades e envolver todos os stakeholders, buscando-se soluções duradouras” (1992, p.7 ).

Passou a ser um consenso, no mundo dos negócios, que as organizações devem ser competitivas e ecológicas. Faz-se necessário, entretanto, que assumam posturas e compromissos sintonizados com a sustentabilidade, adotando estratégias de atuação que as levem de encontro aos paradigmas de um desenvolvimento que seja sustentável.

Passou a ser um consenso, no mundo dos negócios, que as organizações devem ser competitivas e ecológicas. Faz-se necessário, entretanto, que assumam posturas e compromissos sintonizados com a sustentabilidade, adotando estratégias de atuação que as levem de encontro aos paradigmas de um desenvolvimento que seja sustentável.