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Uma produção absolutamente isenta de riscos e resíduos é algo difícil de se conceber num sistema industrial. Se for imperativa sua necessidade, por outro lado, a melhoria despertada, quando percorremos alguns passos nessa direção, faz com que se busque a sustentabilidade de forma abrangente. Assim, da Produção Limpa do Greenpeace, saiu o programa do PNUMA, onde a diferença se traduz na medida exata do quanto se espera conseguir, na reordenação do modelo de produção de bens e serviços.

Segundo Lerípio (2001, p.25)

A exemplo da Produção Limpa, a Mais Limpa defende a prevenção da geração de resíduos na fonte, a exploração sustentável de matérias- primas, a economia de água e energia e o uso de outros indicadores ambientais para a indústria.

A Produção Mais Limpa não tem, portanto, os elementos técnicos e econômicos previstos na Produção Limpa, como os seus quatro princípios fundamentais – precaução, prevenção, integração e controle democrático. Ambos defendem, entretanto, a sustentabilidade como fator a ser buscado por processos e produtos. Se compararmos as tecnologias limpas com a certificação de organizações e seus processos pela ISO 14.000, verifica-se que esses atendem aos interesses de acionistas e não necessariamente dos demais agentes econômicos que defendem o Desenvolvimento Sustentável [como as primeiras] (FURTADO, 1999, p.22).

3.2.5.

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

O instrumento do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que tem obtido grande destaque no meio empresarial de uns tempos para cá, apresenta como enfoque principal o incentivo a processos produtivos ambientalmente adequados. Os projetos

O instrumento do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que tem obtido grande destaque no meio empresarial de uns tempos para cá, apresenta como enfoque principal o incentivo a processos produtivos ambientalmente adequados. Os projetos passíveis de tais benefícios financeiros deverão ter sintonia com o Desenvolvimento Sustentável, e com uma abrangência a diversos setores da sociedade. Sua viabilidade reside no fato de que, através do MDL, os países industrializados farão aporte de recursos para projetos nos países em desenvolvimento. Os projetos de compensação de poluentes de atividades industriais entrarão nesta linha. O seqüestro de carbono, projetos desenvolvidos a partir de unidades florestais exóticas ou nativas, se enquadram no conceito de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, e serão alvo de incentivos originados através de compensações de emissões industriais. Sua operacionalização se fará através de bolsas que irão intermediar tais investimentos, utilizando-se de transações de compra de Certificados de Redução de Emissões (CERs). Os projetos dentro do conceito do MDL e dos CERs, se bem operacionalizados em escala global, se constituirão nos instrumentos capazes de propiciar ao setor produtivo os recursos necessários para investir em tais melhorias ambientais.

As empresas, através dos programas MDL, receberão dividendos por manejarem os recursos florestais de maneira responsável e sustentável. A contabilização de tal seqüestro se fará pela redução líquida de suas emissões (VIDAL, 2002, pg.116).

Neste aspecto, destacam-se os projetos de reflorestamentos e de proteção de florestas naturais, como os mais importantes para as empresas florestais. Os programas de incentivos, no foco do MDL, deverão agregar valores às atividades florestais.

O setor florestal tem apresentado, em sintonia com os processos de certificações, um amadurecimento valioso de suas atividades, cujo comportamento fará o país usufruir suas vantagens comparativas, em termos de negócios, em caráter mundial (FUJIHARA, 2002, p.117).

É no contexto do MDL que se produzirão diversos dividendos para o país.

Precisamos ter uma atuação positiva para transformar essas vantagens comparativas em vantagens competitivas, já que, comparativamente, o país tem uma performance muito boa, tanto em relação às florestas homogêneas, quanto heterogêneas, possuindo a melhor tecnologia florestal para desenvolver esses sistemas (FUJIHARA, 2002, p.117).

O principal incentivo para promover a concepção do MDL no Brasil será por meio de políticas que valorizem os produtos, entidades e toda a gama de atividades ambientais que envolvem o setor florestal. Isso só será alcançado com práticas pró-ativas, pois quanto maior for o valor agregado ao produto, melhor será para a cadeia do recurso, numa análise globalizada. Além disso, em razão da sociedade ser a grande beneficiária dos serviços ambientais como um todo, é imprescindível seu envolvimento no sentido de assumir a conservação destas áreas. Uma forma seria pela incorporação através de tarifas, ou outras formas de cobranças (FUJIHARA, 2002, p.117).

A exemplo do que ocorre mundialmente, a organização brasileira está começando a incorporar as variáveis ambientais em seus balanços. Assim, através do mercado acionário, investidores conhecerão as atividades das organizações em prol do Desenvolvimento Sustentável. Esta é uma análise que, invariavelmente, os mercados nacional e internacional incorporarão, até para conseguirem visualizar indicativos de sustentabilidade das empresas.

O MDL, e os índices de sustentabilidade de empresas e de seus projetos, não têm por finalidade a fiscalização, mas sim, servirem de incentivos para as atividades florestais sustentáveis. Visam ainda, por conseqüência, despertar a consciência ambiental do consumidor para uma nova realidade.

No mercado da construção civil as organizações que trabalham no ciclo de vida dos produtos de recursos florestais, somente irão incorporar de forma pró-ativa tais conceitos, se o mercado consumidor despertar para as questões globais da sustentabilidade, de forma prioritária, adotando uma postura que incentive as práticas sintonizadas com o Desenvolvimento Sustentável.