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AS PECTOS C OR RELATOS AO PDNE E CONHECI MENTO TÁCITO

5 DIS CUSSÕES E CONSIDE RAÇÕES FINAIS

5.1 AS PECTOS C OR RELATOS AO PDNE E CONHECI MENTO TÁCITO

As deci sões tom adas pel as organiz ações invest i gadas, com o s e depreende das inform ações no Quadro 12, consti tuem -s e em P DNE, em virt ude da novidade, da compl exidade e do carát er aberto que as caract erizaram.

A novidade que M int zberg et al . (1976 ) informam s e refere à i nexistênci a de decis ão ant erior i dêntica ou mu it o semelhant e, situação que permiti ri a ao gest or reproduzir um process o decisóri o s em elhante. Mas, ao cont rári o, o problema de decis ão é novo, o que exi ge esforços cognit ivos mais am plos do que um simpl es reconhecim ento de padrão. P or cons egui nt e, o decis or s e apoi a em conheci mentos de nat ureza t áci ta, a exem plo do que ocorreu quando o ent revist ado E2 afi rmou que não ti nha experi ênci a do que repres ent ava a s ua decis ão .

A compl exidade deri va de um a quantidade de vari áveis em que o gestor terá que li dar ( M INTZBERG et al., 1976) . Mui tas dess as variáv ei s, pel a nat ureza qualitativa, teriam m uit a difi culdade de s erem programáveis , ou s eja, de se cri ar m odelos mat em áticos que as expliquem. Nes te s entido, o emprego de t rat am ent o qualit ativo aos vários dados que o deci sor s e depara s e torna rel evante. Dess e modo, o em prego do conhecimento tácito s e torna preponderante, com o, por exem plo, a percepção, a heuríst ica t áci ta, ent re outros. Ist o foi confi rmado em vári as falas. Com o exemplo, o parti cipant e E1 asseverou que o t erreno era compl exo (exi gi u m uitos estu dos).

O caráter aberto est á associado ao fato de que o i ndivíduo, neste ti po d e decisão, não deve t er form ado suas preferências ou não conhece claram ent e o caminho para ch egar a um a solução . Nestas situações, recorrer a habil idades

tácit as de conheci ment o s e faz important e, de form a que s e permit a o aprendiz ado cont ínuo di ante de situação imprevist as no plano ori gi nal, como pontuam M intzberg, Ahlst rand e Lampel (2010) . Tal fat o, por exempl o, foi verificado na im plement ação da decisão da organiz ação E5, por exem plo, quando o parti cipante decl arou que o processo deci sório ocorreu de form a gradativa.

Em sum a, quanto ao enquadram ent o das decisões investi gadas , à l uz dos dados apresent ados, todas dizi am res peit o a proces sos decisóri os não - est rut urados.

Não foi obj eto dest a pesquisa di scrimi nar s e as decisões s e referi am a est ratégias del iberadas ou em ergent es . C ontudo, pode -s e const at ar que al gum as decisões ti nham um caráter deliberado, a exempl o do que ocorreu com a empres a E7, que, na sua const itui ção, definiu que ni cho de mercado atuaria.

Por out ro l ado, foi identi fi cada si tuação que es pelha uma es trat égi a

em ergente, cons iderada aquel a que s urge em respost a a oportunidades que o

ambi ent e oferece ( OLIVE IR A et al ., 2011) . Ist o se veri ficou no caso da organiz ação E3, que teve que deli berar em face de am eaças no m ercado.

As decisões organi zaci onais s ão expli cadas por diversos modelos , conform e explicitado no Quadro 1 (seção 2.1.4). Apes ar da pres ent e pes quis a não t er como objeti vo dis secar a pres ença das característ icas d e cada modelo nas decisões investi gadas , é possí vel di scuti r al guns pontos em comum (ent re os modelos e a presença do conheci mento tácito).

No que se refere ao modelo racional , as fas es prévias do PDNE, como na defini ção d e um model o e na sua avali ação, a program ação lógi ca é um dos atribut os dest a t eori a (R OBBINS, 2003; ZANELA , 1999) . O conheci ment o tácito poderi a est ar present e, em virt ude da cri ati vidade neces sári a na modelagem ( ALLEN , 1974) . Contudo, esta i nvesti g ação não identi fi cou a apli cação explícit a de m odelagem nos casos estudados .

O model o da racionalidade li mitada aborda processos que cont empl am jul gamentos pessoai s (E INHOR N; HOGAR TH, 1981; TS OUKAS , 2007) . Ent ret anto, os jul gament os humanos, m esmo cal cados em análi ses racionais , sofre limit ações cognitivas ( S IMON, 1977) e out ras limit ações de inform ação sobre as possívei s alt ernativas de decisão (CHOO, 2003). A tomada de deci são,

nest e caso, apres ent a uma t endência em se compor m ais de art e do que ciência (ETZION I, 2001).

Considerando os dados que a pesqui sa col etou, const at a -se que o modelo que m elhor s e apli ca às decis ões invest igadas é o modelo da racionalidade limitada, pois as decisões:

i. est ão im pregnadas de jul gam ento pessoal . Is to se veri fi cou, por exempl o,

quando o entrevi stado E4 afi rm ou que a deci são requereu esforços d e pensam entos , de anál ises , de as sunção de ris cos;

ii. sofreram as limit ações cogni tivas, como, por exem plo, quando o

parti cipant e E1 as severou que foi neces sário m uito t empo para des envol ver os equipam entos, para ajus tar a deci são tomada;

iii. indi caram haver um a espéci e de art e cogniti va, como decl arado pelo

ent revist ado E7.

O model o pol íti co de decisão é caract eriz ado pela incidênci a do jogo de interess es diferent es e por conflit os ent re as pes soas na organização (A LLIS ON; ZELIK OW, 1999) , na bus ca ou m anut enção do poder (SCHERMER HORN J R.; HUNT; OS BOR N, 2004; WE ISSENBER GER -EIB L; TEUFEL, 2011) . Nos casos anali sados na presente pes quisa, não fi cou evi denci ado tal panoram a. C abe considerar que a invest i gação não s e debruçou diret am ent e sobre es ta rel ação, e, dess e modo, a m et odol ogi a não deu ênfase a possí vei s des cobert as acerca deste t ema.

O m odelo da l at a de l ixo, por sua vez, t em com o caracterís ticas princi pai s as anarqui as organi zadas, a ambi gui dade e a parti ci pação fluída (C OHEN, MARCH; O LSEN, 1972; S H IM IZU , 2001), podendo provocar, por vezes, o abandono ou a omis s ão da decisão. Tal q uadro, todavi a, não s e obs ervou nest a pesquisa.

A teoria i nstit ucional não se const itui um modelo t eóri co para expli ca r decisões , mas para apresent ar considerações sobre com o as regras s oci ai s interferem no com port am ento das pess oas nas organizações ( SE LZN IC K, 1949), incl uídas aí , é cl aro, as deci sões. A abordagem i nstitucional considera os si gni ficados que t erm inam por sedim entar no com portam ento d os gestores (TOLBERT; ZUC KER, 1996) .

Nos casos i nvesti gados, const atou -se que as deci sões são infl uenci adas, por exem plo, pel as crenças dos gestores, como ocorreu , por exempl o, com o

entrevistado E2, ao ter afirmado que há um direcionamento de “Deus” em suas decisões . Acred it a-se que out ras influênci as sub j eti vas ocorreram na est rut uração do hábi to dos decisores, que, por conseguinte, i nfluenci aram as decisões tom adas . Todavi a, est a pesquisa não enfatizou es ta abordagem.

Em sínt es e, os cas os investi gados dest a pesquis a s ão m elhor explicados pel o m odelo da racionali dade l imit ada concorrent em ent e com o que a abordagem instituci onal e xplica sobre as regras soci ais que i nt erferem n as decisões .