• Nenhum resultado encontrado

2.2 C ONHECIME NTO

2.2.2 Conh ecim ento organi zacional

2.2.2.1 Con versão do conhecim ento

Um dos modelos clássicos da conversão do conhecim ento é o model o propost o por Nonaka (1994) , denomi nado SEC I, que descreve quatro modos de convers ão do conheciment o, a partir dos dois ti pos de conheci ment o – o tácit o e explí cito, result ando na s oci aliz ação, na externaliz ação, na com binação e na internaliz ação . A Fi gura 2 sintetiz a t al model o.

Figura 2 – Quatro modos de conversão do conhecimento - SECI

Conhecimento tácito Conhecimento explícito

Conhecimento tácito

Socialização Externalização

Conhecimento explícito

Internalização Combinação

Fonte: Nonaka (1994)

A s ocial ização diz respeit o à convers ão do conhecimento t ácito em out ro conhecim ento t áci to, m edi ant e a i nt eração social ent re indi ví duos . O canal de com uni cação, nes te caso, não é expli cit ado e a aprendizagem s e dá por m eio de obs ervação, imit ação e práti ca. Logo, a experi ênci a s e torna o caminho para a aquisi ção do conheci ment o t ácito ( NONAKA; TAKEUC HI, 2008) .

As relações s oci ai s nas organizações moti vam os indivíduos a s e benefi ciarem m utuament e dos conhecim ent os compartil hados , o que produz impactos no desem penho e na inovação das em pres as (ASRAR-UL-HAQ; ANWAR , 2016).

As organiz ações, quando cri am incenti vos informais , como o

reconhecim ento de contribui ções, para o com partil ham ento de conhecim entos, podem m otivar os indivíduos a compartil har o conhecim ent o tácito (ASRAR -

UL-HAQ; ANW AR , 2016) e este com partilhamento pode s e dar também em ambi ent es vi rtuais ( NATH, 2015).

A externalização, por sua vez, representa a conversão do conhecimento tácito em explícito. “É a quintessência do processo de criação do conhecimento, no qual o conhecim ent o tácit o s e torna explícito, [...] tom ando a form a de

met áforas , anal ogi as, conceitos, hipóteses ou modelos” ( NONAKA;

TAKEUCH I, 2008, p. 6 2). O m odo de externalização do conhecim ento é encontrado – de forma tí pi ca – “no process o de cri ação de conceit os e é desencadeado pelo diálogo ou reflexão coletiva” ( NONAKA; TAKEUCHI, 2008, p. 62) .

Quando há m uitos component es t ácitos na t rans ferência do conhecim ent o, Szulans ki (1996) coloca que um rel acionam ent o árduo, que é trabal hoso e dist ant e, pode cri ar difi cul dades adi ci onais na conversão do conhecim ento. O aut or acres cent a que é precis o ver a t rans ferênci a como um processo, com vist as a m elhor compreender as di fi cul dades i nerentes à convers ão do conhecim en to. Por out ro l ado, a com binação trat a da conversão do conhecim ento explí cit o em conhecim ent o explíci to – que não é uma simples repeti ção – m as sim uma reconfi guração de tal conhecimento, gerando outro conheci ment o. Consoante Nonaka (1994), envolve o uso de um process o soci al que com bina corpos distint os do conhecim ento explí cit o dos indiví duos, de modo que s ej a sistemat izado um novo conhecim ento, i gualm ent e cod i fi cado.

Nonaka (1994) acres cent a que sist em as modernos de com put ador s ão exempl os cl aros de t ais situações. Do ponto de vis ta organiz acional, gerentes de nível m édi o poss uem papel deci sivo na criação de novos conceitos por mei o da rede de inform ações e conhecim entos codificados. Por s ua vez, gerent es de nível alto des envol vem a combi nação do conheci mento explí cito no m om ento em que conceitos i nterm edi ários são combinados e integrados a conceitos princi pai s (POP AD IUK; R ICC IARD I, 2011) .

Por últim o, a i nt ernaliz ação refere -s e à conversão do conhecimento explícito em tácito, correspondendo ao “aprender fazendo”, ou seja, através de práti cas a partir do conhecim ent o codi ficado, que envolve trei nam ento e simul ações. Nonaka e Takeuchi (2008) afirm am que para que s ej a facilit ada tal convers ão, é import ant e que o co nheci ment o explí cit o seja verbalizado, ou apresent ado em diagram as, m anuais ou rel atos orai s. A influênci a de um rel at o

pessoal bem sucedido na organização pode gerar um m odelo m ent al t ácito, que, quando partilhado pelos outros m em bros da organização, pode tornar -s e part e da cultura organizacional ( NONAKA; TAKEUCH I, 2008), correspondendo, desse modo, ao que Schein (1992) denomina de valores ou s uposi ções bási cas com partil hadas pelo grupo.

É precis o ress alt ar que os conhecim ent os tácit os e explí ci tos não s ão separados , mas mut uam ent e com plementares , como acentua Nonaka (1994). Como exempl o, para s ent enci ar um a proposi ção que denot a conhecim ento explíci to, é neces sári o do conhecim ent o t ácito para proferi -la ( NONAKA; VON KROGH, 2009, p. 638) , acrescent ando ainda que ao longo do conti nuum, o conhecimento pode momentaneamente assumir diferentes maneiras, “pois a cri ati vidade hum ana proporciona essas form as alt ernadas com o obj eti vo de interagir, descobrir a ‘verdade’, justificar observações, identificar problemas e resolvê -los .”

Na est ei ra dess a compreens ão, Nonaka e Takeuchi (2008, p. 69) col ocam que “criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e dinâmica ent re o conhecim ent o tácit o e o explíci to.” Tal di nâmica é il ust rada na Fi gura 3.

Figura 3 – Espiral do conhecimento

Diálogo

Construção de campo

Socialização Externalização Vinculação do

conhecimento explícito

Internalização Combinação

Aprender fazendo

Fonte: Nonaka e Takeuchi (2008)

A socialização normalmente se inicia com a construção de um “campo de interação”, que facilita o compartilhamento as experiências e os modelos mentais dos membros. Depois, a externalização é provocada pelo “diálogo e pela reflexão coletiva” significativas, em que o emprego da metáfora apropri ada ou da analogi a contribui para que os m em bros do grupo a arti cul em

o conhecim ent o t áci to ocult o, cas o contrári o, seri a difí cil com uni car. Em terceiro lugar, a combinação é desencadeada pela “rede” do conhecimento há pouco cri ado e do conhecimento existente de out ros s etores da organiz ação, formatando um novo conhecim ent o útil (process o, produto, s ervi ço, sis tem a administrativo). Finalmente, ocorre a internalização por meio do “aprender fazendo”. A s i nt e r a ç õ e s e nt r e c o n he c i me n t o t á c i t o e c o n he c i me n t o e xp l í c i t o t e nd e r ã o a s e t o r n a r ma i s a mp l o s e m e s c a l a e ma i s r á p i d o e m ve l o c i d a d e q ua nt o ma i s a t o r e s d e nt r o e e m vo l t a d a o r ga n i z a ç ã o s ã o e n vo l vi d o s . A s s i m, a c r i a ç ã o d o c o n he c i me n t o o r ga n i z a c i o n a l p o d e s e r vi s t a c o mo u m p r o c e s s o e m e s p i r a l a s c e nd e n t e , c o me ç a nd o no ní v e l d o i nd i v í d uo q ue s e d e s l o c a p a r a o ní v e l c o l e t i vo ( gr up o ) , e d e p o i s p a r a o ní v e l o r ga n i z a c i o n a l , à s ve z e s c he g a nd o a o ní v e l i n t e r o r g a ni z a c i o na l ( N O N A K A, 1 9 9 4 , p . 2 0 ) .

Essa perspectiva amplia o aspecto epist emológi co da dinâmi ca do conhecim ento (t ácit o ver sus explí cit o) para a dimens ão ontológi ca (de indiví duo, para grupo, depois para organização e ent re organizações), com o apresent a a Fi gura 4.

Figura 4 – Espiral da criação do conhecimento organizacional

Fonte: Nonaka (1994)

No que atine ao conhecimento tácito dos indivíduos, que é “a base da criação do conhecimento organizacional”, consoante Nonaka e Takeuchi (2008, p. 70), uma das formas de se com preendê -lo é t ent ar arti cul á -l o por m eio de uma l inguagem que poss a ser reconheci do por outros. O conhecimento t ácit o,

por não s er facilm ente arti cul ado, apresenta di fi culdades de s er converti do em conhecim ento explí cito. S egundo Gubbi ns et al . (2012) , para transferir o conhecim ento t ácito , é preciso externaliz ação e int ernaliza ção. A dificuldade é intensi ficada porque o reposit óri o fundam ent al do conhecim ent o t áci to est á nos indiví duos (AR GOTE; INGRAM, 2000) , s endo necess ária habili dade e boa vont ade das pes soas para externaliz ar o conhecim ento t ácito de modo que as outras pess oas poss am entendê -lo.

Sobre o processo de externalização, Bal coni (2007) afirm a que est e envolve a codi fi cação e, em s egui da, um a articul ação do conhecimento at ravés de um a li nguagem que pode ser compreendida por out ros indivíduos. Gubbi ns et al. (2012) as severam que o conhecim ento codifi cado é aquel e m at eri alm ent e codifi cado, enquanto que o conhecim ento articul ado é t al que out ras pessoas podem reconhecer como codifi cável, como t ambém i denti fi cam as regras e códi gos de t ransl ação.

Ainda acerca do processo de externalização, é import ante defi ni r qu e com ponent es do conhecim ent o tácit o devem s er convertidos em códi gos, pois part e dos component es podem não s er rel evant es para os aprendizes recept ores (GUBBINS et al ., 2012) . Nes se senti do, os autores acres cent am que a provis ão de um a revi são fi nal de um docum ento que repres ent e o conhecimento t ácit o dos experts (especi al istas ) result a em um a positi va mudança de habilidades dos aprendiz es. Est a consideração dos pes qui sadores cham a a at enção para o fat o de que aspectos do conhecimento tácit o são import ant es , por exempl o, para as tomadas de deci sões não estruturadas.

A internaliz ação do conhecim ent o t ácito , por sua vez , foca na incorporação do conhecim ent o explíci to para o conhecim ento tácit o dent ro do indiví duo. Ao l er m anuais s obre s eus trabalhos, os alunos podem i nternaliz ar o conhecim ento explí cito es crito e enri quecer a s ua bas e de conhecim ent o t ácito (GUBBINS et al., 2012) . É preciso reconhecer, t odavi a, que a incorporação do conhecim ento explícito que se t raduz a em conheci mento t áci to deve ter uma

confi guração própria para cada indivíduo em parti cular, dadas as

idiossincras i as de cada pessoa. Nesse sentido, Gubbins et al. (2012) colocam que o conheci mento transm itido por um indivíduo pode ser diferent ement e interpretado por doi s indiví duos recept ores e, desse modo, produz dois tipos diferentes de conheciment o suport ad o em seus conhecimentos ant eriores.

O proces so da obt enção do conhecim ento é m el horado por experi ências ou abordagens m últipl as. Estar familiar com di ferentes abordagens epistemológicas para o processo conduzem a um “repertório maior de gestão do conhecim ento, e um a m elhor compreensão das li mit ações de cada abordagem ” (VENZIN; KROGH; ROOS, 1998, p. 36) .

Regis tre -s e que as pectos emoci onais têm influênci a di reta com o com partil ham ento de conhecim entos ( HOOF; SCHOUTEN; S IMONOVS KY, 2012).

2.2. 3 Conh ecim ento tácit o

Ant es de defini r o conhecim e nto t ácito, m ister t rat ar o conheci ment o nas organiz ações. Por conhecimento, pode -se ent ender com o uma combinação fluí da de experi ênci a condensada, valores, i nform ação cont extual e insight experim ent ado, que propicia uma est rut ura para a avali ação e incor poração de experi ênci as novas e i nformações (DAVENP ORT; PRUS AK, 1998 ). Nas organiz ações, o conheciment o est á pres ente não apenas em docum ent os, com o também em rotinas , process os, práti cas e normas organizacio nais .

O conhecim ent o, de forma didáti ca, pode ser di vidi do em duas form as: o conhecim ento explí cito e o conheci mento t ácito ( TAKEUCHI; NONAKA, 2008).

O conhecim ent o explícit o “pode s er express o em pal avras , números ou sons , e compartilhado na form a de dados, fórmul as ci entí fi cas, recurs os vis uais, fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais” (TAKEUCHI; NONAKA, 2008, p.19) .

Diferent ement e do conhecimento explí ci to , o conhecim ento tácito não pode ser codi ficado e é a parti r d el e que os i ndi víduos usam para maior ou menor al cance de s ucess o ( BUSCH, 2008; M ILLER; ZHAO; CALANTONE, 2006).

O conhecim ento t áci to foi ori ginalm ent e descrito com profundidade por Polan yi (1962) . O autor assevera que o conhecim ent o é int egrado por dois com ponent es: o proximal (subsi di ári o) e o dist al (focal), que, int egrados, dão a noção de obj eti vidade ao conhecedor. Todavia, est e soment e apreende epistem ologicam ent e o objeto t endo por subsí dios out ros conhecim ent os qu e

não s abe expli car, a que o autor cham a de conhecim ento tácito. Logo, o

conhecedor sabe m ais do que pode relatar3. Exempli fi cando, um defi cient e

visual, ao us ar s ua bengal a, s ent e de modo focal o que est á em sua pont a, não em s eu cabo (S A IANI, 2004) . Sem o cabo – que é subsidi ário – o defi ci ente visual não percebe o que est á na pont a da bengala – o foco. Ress alt e -s e que outros el em entos subsidi ári os (movimentos mus cul ares, s inaps es cerebrais et c.) contri buem para o entendimento do defi ci ent e visual .

Da mesma form a que num processo sensori al , o conhecer de natureza intel ectual sofre o mesm o processo de conh ecim ento. Quando um ci entist a integra “um todo a partir de suas partes, ocorrem processos inefáveis, que não podem ser explicitados” (SAIANI, 2004, p. 55).

O conheci mento tácito é profundam ente identi fi cado nas ações e experi ênci as i ndivi duais , t ais como: ideais, val ores e em oções ( NATH , 2015).

Det erminados aut ores afi rmam, por out ro lado, como Gubbi ns et al. (2012), que há aspectos do conhecim ento t ácito que podem ser facilm ent e codifi cados em form a de símbolos, códi gos ou im agens, embora out ros as pectos não s ej am pas síveis de codi ficação . Frappaolo (2008) , por s ua vez, afi rm a que há um equí voco sobre a possibilidade de explici tação do conhecimento t ácito , uma vez que o conhecim ento a priori não conheci do e que, depois, é codificado, é o conheci m ent o im plíci to e não o conhecim ento t ácito .

Sobre es se ent endi m ent o de que o conhecim ento t ácito é inarti cul ável, ali am-se C olli ns (2000) , Ts oukas (2007) e Gourla y (2006). Ts oukas (2007) , por exempl o, afirm a que o jul gam ent o que as pes soas faz em não deriva apenas do conhecim ento explí cito, m as necess ari am ent e de s ens ações e cogni ção, o que requer, s egundo o autor, o concurs o dos s enti dos humanos . Dess a form a, é prati camente im pos s ível des crever o conhecim ent o t ácito , em vi rtude de um a quantidade grande de m ecanismos autôm atos do corpo, que s ão m obiliz ados para os processos cognitivos nas t arefas com plexas, como o j ul gamento.

Gourl a y (2006) coloca que a efi cáci a da descrição do conhecim ento tácit o depende de outros conhecim entos genuinam ent e t ácitos, provavelment e em virt ude das condi ções especí ficas e locais e/ou do desenvolvim ent o cul tural das pessoas.

3 “We know more than we can tell.”

Out ros autores, entretant o, asseveram que o conhecim ento t áci to , apes ar da di fi culdade de sua arti cul ação, pode ser expli cit ado ( GUBBINS et al., 2012; MILLER et al., 2006; NONAKA; TAKEUCHI, 2008 ; KOGUT; ZANDER, 1992 ;

WAGNER; S TER NBER G, 1987 ). S egundo est es te óri cos , part e do

conhecim ento t ácito pode s er expli cit ada, todavi a s ua arti cul ação é compl exa e difí cil (TAKEUC HI; NONAKA, 2008) , com o tam bém impli ca um esforço grande para o s eu entend im ent o e é complexo para s er i mi tado e di fundido (KOGUT; ZANDER , 1992) .

No sentido de clarear que tipo de conhecimento t áci to pode s er art iculado, Gourl a y ( 2006) classifica dois tipos do conheci ment o t ácito , a parti r do s eu us o (Quadro 3 ).

Q ua d r o 3 – U s o s d o c o n he c i me n t o t á c i t o

Tipos Descrição

Para conhecimento codificável

 Coisas conhecidas e facilmente expressadas  Competência internalizada (expertise) Para conhecimento

inarticulável

 As pessoas sentem o que elas sabem, porém não há evidências dos seus resultados

 As pessoas fazem sem serem capazes de explicitar, sendo tal conhecimento devido a:

- história de execução de atividades em geral; - educação geral (conhecimento cultural); - biologia (conhecimento inato).

F o nt e : A d a p t a d o d e G o u r l a y ( 2 0 0 6 )

Percebe-se, no Quadro 3, que o conhecim ento t áci to inarti cul ável atine a questões que foram const ruídas ao longo de m uito t empo. A t em porali dade pode represent ar, nest e s entido, um a vari ável em que o conhecim ento tácit o teri a maior ou m enor condi ç ão de s er expres sado, ou seja, para aquel es conhecim entos que foram incorporados há muit o tempo pel a educação geral e por um hist órico di fus o de ati vidades executadas em anos, a arti cul ação s e torna mais di fícil.

Takeuchi e Nonaka (2008) compl em entam que o conhecim ento tácito é muito pessoal e di fícil de formal izar, o que t orna sua com uni cação e com partil ham ento compl exos. S egundo est es pes quis adores, exist em duas dimensões que caract eriz am o conhecim ento t áci to :

i. a dimensão “técnica”: engloba as habilidades informais e de difícil

subj etivos e pessoais , as intui ções, os pal pit es e as i nspi rações deri vadas da experi ênci a corporal ;

ii. a dimens ão “cogniti va”: consist e em crenças, percepções, ideais, val ores , emoções e model os ment ais que estão t ão imbri cados nas pes soas, que as consideram naturais.

Segundo Hooff et al . (2012) , as emoções s ão est ados m ent ais, de natureza cognitiva, s endo revel ados na forma físi ca e que l evam a atitudes o u com portam entos que s ão um a form a de express ão, ou m anei ra de lidar, com ess es estados ment ai s.

Fenton-O’Creev y et al. (2011) , t ratando das emoções , afi rm am que est as têm um papel cent ral no funci on am ento da cogni ção, o que , por cons eguint e, interfere nas tom adas de decisão . Compl ement am os aut ores uma caracterís tica dos que realiz am negóci os com m elhor des empenho pode s er uma m ai or disponibil idade para refl e ti r criti cam ent e sobre as s uas intui ções e sentim ent os nos proces sos de negoci ação .

Las hgari (2015) acres cent a que as emoções, como as i ntui ções e o s sent imentos mai s ínti mos das pes soas ( gut feeling ) s ão part es si gnificati vas dos pensam entos e tom ada s de deci são das pessoas e tendem a aum entar a capaci dade e/ ou vel oci dade das ações por m ei o da com bi nação de áreas refl exivas e refl etivas do cérebro4.

Dane e P ratt (2007) defi nem a int uição como um proces so não consci ente, envolvendo associ ação holísti ca, que é produzido rapidam ent e e que resul ta em jul gamentos impregnados de a fetividade.

Na m esm a di reção, Adiandari (2014) col ocam as s eguint es característi cas da intui ção:

i. é diret am ent e ass oci ad a ao processo de p ens am ent o; ii. ocorre incons cient e ou s ubconsci entem ente;

iii. surge rapi dament e, de s úbit o;

iv. é im pulsi onada pel a experi ênci a, que é uma das suas font es; v. afet a sobremaneira as deci sões em curso.

4 De acordo com Lieberman (2003), o julgamento reflexivo é aquele que deriva da cognição automática, com forte

carga tácita, enquanto que o processo decisório refletivo advém de uma análise mais ponderada das circunstâncias e das incertezas presentes em uma decisão, contudo apresenta ainda um caráter cognitivo no nível das manifestações neurais.

Em um a abordagem que t rat a do ent endi ment o do process o decisório, a s cogni ções gerenciai s incluem as est ruturas de conheci mento, as crenças cent rai s e esquem as o u m apas caus ais (EVERS OLE; GLOEC KNER; BANNING, 20 07). Quanto às crenças dos executi vos , os autores rel at am que est as são i nfl uenciadas pel a experi ência de vi da e fat ores da personalidade, al ém de fat ores como a idade e a educação. A i mport ânci a das crenças no pensam ento s e dá pelo fato das m es mas gui a rem ou limit arem as condut as, embora out ros fatores s ejam i gualment e rel evant es ( P ÁTARO, 2007) .

Sem elhant es às crenças, os valores condi cionam os pensam ent os e ações das pes soas (SCHW ARTZ, 1992). Segundo Gouvei a et al. (2008) , os val ores são conceitos ou cat egori as sobre est ados des ej áveis de exist ênci a, que trans cendem sit uações específi cas, podendo as sumi r graus di ferent es de importância entre s i e que represent am cogniti vamente as necessi dades hum anas.

Embora haj a pos ições distint as acerca do concei to de valores , Gouvei a (2003) identifi cou duas funções dos valores, que s ão congruentes nos estudos sobre o tema: a) os valores ori ent am as ações hum anas e b) os valores express am