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3. CAMINHOS DA ÁGUA NO DISTRITO INDUSTRIAL DE

3.1. O Departamento Municipal de Água e Esgoto DMAE

3.1.1 As práticas e gestões implementadas pelo DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto é uma autarquia da Prefeitura de Uberlândia, que dispõe de autonomia econômico-financeira e administrativa. Isso é importante, uma vez que uma concessionária que busque uma gestão ambiental deve possuir como é o caso do DMAE de Uberlândia, uma central de controle operacional com poder decisório e amparado por novas inovações tecnológicas, de forma a automatizar operações tanto na captação como na distribuição da água, como vem sendo realizado nos últimos dois anos pela concessionária. Essa central operacional possibilitou de forma direta um aumento significativo na instrumentalização para controle da qualidade intrínseca do produto final (água tratada ou esgoto recolhido e tratado).

A gestão ambiental do DMAE, em toda sua história, visa estudar, projetar e executar obras de construção, ampliação ou remodelação dos sistemas públicos de abastecimento de água potável, de efluentes e saneamento de cursos d’água, de acordo com as legislações ambientais das três esferas governamentais. Por meio de procedimentos e campanhas contínuas direcionadas à população de Uberlândia, o DMAE procura resolver possíveis problemas operacionais, de manutenção e de comercialização. Contudo, a própria diretoria da

concessionária admite que muito ainda falta para que haja uma conjugação harmônica entre preservação ambiental x tecnologia x lucro/desenvolvimento

A qualidade da água é o carro-chefe da gestão ambiental do DMAE em Uberlândia. Atualmente, 100% da população no perímetro urbano é abastecida com água tratada, sendo que segundo o referido órgão, a ETA Bom Jardim, produz 2.715.650 m³ de água potável/mês e a ETA Sucupira 2.805.867 m³/mês, sendo que o DI de Uberlândia tem capacidade para armazenar 5.300 m³. Essa preocupação constante do DMAE com os índices da qualidade da água fornecida está amparada por iniciativas de preservação ambiental dos recursos captadores de água, bem como de seus afluentes, bem como informar os seus usuários finais sobre a qualidade da água e dos relatórios de análises que ficam disponíveis no Portal da Prefeitura de Uberlândia e no site do Programa Escola Água Cidadã. Contudo, a gestão ambiental implementada pelo DMAE, ainda necessita de melhorar seu cadastro de usuários, setorizar sua distribuição diminuindo falhas tanto no abastecimento de água como na coleta de esgoto, por meio de monitoramentos planejados e gerenciados, desde a mais simples atividade da concessionária.

Quanto ao esgoto, a gestão pelo órgão referido, bem como seu atendimento em Uberlândia é modelo para outras cidades, tanto mineiras, como para de outros estados. Atualmente, 98% de efluentes são coletados e, destes, 100% são tratados. Como medida gestora, o DMAE vem desenvolvendo projetos de ampliação da rede coletora, como foi realizado na área de expansão do DI em 2007. Todos os processos interligados a normativas gestoras estão em conformidade com os padrões exigidos pelos órgãos regulamentadores (COPAM 10/86 e CONAMA 357). Ademais, o DMAE, realiza monitoramentos diários e semanais por meio de amostras compostas, tanto para o afluente como para os efluentes das diferentes unidades que compõem o processo de tratamento. A coleta é feita de acordo com o conceito de tempo de detenção hidráulico nos reatores. As amostras do afluente são recolhidas das 8h às 5h e do efluente, das 20h de um dia às 17h do outro dia (DMAE, 2008).

Os programas de gestão do DMAE são padronizados em rotinas relacionadas ao fornecimento de água, à necessidade da população e às atividades produtivas. Essa padronização em sua gestão faz com que os custos e metas na qualidade do abastecimento diminua que exista eficiência de atendimento ao público (telefônico e personalizado) e, em relação às questões ambientais, possibilite ao órgão criar mecanismos estabelecendo redução contínua e real das contaminações ambientais.

Contudo, é importante salientar que ainda não há por parte do referido órgão eficiência no monitoramento ambiental nos recursos hídricos que abastecem a cidade, bem como nos

seus afluentes, visto que grande parte dos impactos ambientais observados e fotografados nas pesquisas de campo no Distrito Industrial durante a pesquisa, quando perguntados do seu conhecimento pelo DMAE, quase sempre a resposta era negativa e com tom de surpresa.

Todavia, a gestão ambiental hídrica do DMAE, pode ser caracterizada como funcional, pois está aumentando gradativamente a redução de perdas de água principalmente nos processos de captação; redução de custos na manutenção e distribuição de água e comercialização de serviços. De acordo com Baggio (1995), o planejamento realizado pelo DMAE em processos de gestões, especificamente em gestões hídricas, é essencial em áreas onde o risco de impactação ambiental é maior, como é o caso de zonas e distritos industriais, como é o caso do DI de Uberlândia, que tem agraves, desde sua localização, até mesmo em sua destinação final de seus resíduos.

Destarte, é importante salientar o papel do DMAE, que mesmo com deficiências em seu gerenciamento, vem buscando adequações contínuas para a sociabilização ambiental e sua funcionalidade organizacional, por meio de campanhas na área de educação ambiental em defesa do uso racional da água, realizando projetos de preservação ambiental como o recente “Água - um bem comum”, onde por meio de 20 vídeos com diversos temas relacionados à água, demonstra seu caráter administrativo educacional, além do Programa de Recebimento e Monitoramento de Efluentes-Não Domésticos (PREMEND), que devido sua importância inovadora, será visto no próximo subitem. Existem, ainda, o programa Escola Água cidadã48 e o Buriti49(DMAE, 2008). Esse é o caminho que faz com que, segundo o estudo da Simonsen

48 Escola Água Cidadã - A Escola Água Cidadã é uma realização do Departamento Municipal de Água e Esgoto

(DMAE) que tem o objetivo de contribuir para a preservação do meio ambiente, com destaque para os processos de tratamento de água e esgoto e o uso consciente dos recursos naturais. As atividades propostas pelo Programa tem resultado em uma nova consciência social. O Programa atende alunos das escolas da rede pública e privada do ensino infantil ao superior. Em 2007, o atendimento foi ampliado para os alunos do ensino infantil (de 4 a 6 anos) e para os matriculados no período noturno do EJA - Educação de Jovens e Adultos. O Tintim por Tintim faz parte do leque de ações sociais do Programa Escola Água Cidadã. Este projeto direciona os estudantes de 13 a 16 anos para cursos de qualificação, a fim de prepará-los para o mercado de trabalho e o primeiro emprego. O Tintim conta com a parceria da Infraero, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Superintendência de Operação e Manutenção da Prefeitura de Uberlândia e da Escola Agrotécnica Federal de Uberlândia, para a realização de oficinas de mecânica de automóveis, gestão de recursos hídricos, gestão de resíduos sólidos e horticultura. (DMAE, 2007)

49 Programa Buriti - O Programa Buriti é uma iniciativa do DMAE, órgão que trata a água e o esgoto de

Uberlândia. Em cumprimento à Lei Estadual 12.503, de 1997, a autarquia está propondo aos produtores rurais da região parceria na proteção e recuperação das nascentes da bacia do rio Uberabinha. Proteger e recuperar nascentes, bem como fazer o plantio de matas ciliares é o mínimo necessário para que não faltasse água com qualidade e quantidade para o abastecimento das cidades e para as atividades rurais. E é assim que cada produtor rural torna-se também um Produtor de Água. O DMAE não está sozinho na criação do Programa Buriti. Trabalhando em conjunto com a autarquia e compartilhando os mais diversos recursos estão entidades que atuam na área ambiental e conhecem de perto as necessidades do produtor rural. O aporte financeiro é um desses recursos, mas não é o mais relevante que o conhecimento técnico e mão-de-obra qualificada que aponta soluções e identifica fundos de fomento criados para apoiar ações que conciliem geração de renda com respeito ao meio ambiente. Os parceiros são muitos: A SUPRAM, que congrega a FEAM, o IEF e IGAM, Emater, Sindicato

Associados, divulgado no anuário da Revista EXAME, o DMAE ocupe a 25ª posição entre as campeãs em infra-estrutura e entre as 20 melhores experiências do país em saneamento ambiental, de acordo com a publicação anual da Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE) (SOS RIOS DO BRASIL, 2009).