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1. ÁGUA: UM BEM IMPRESCINDÍVEL À VIDA E UM RECURSO

1.3. Contexto geográfico, socioeconômico e ambiental dos recursos hídricos no

O planeta Terra possui um volume de recursos hídricos disponível, que, por sua vez, possui uma dinâmica natural que estabelece e distribui geograficamente a água (FIG.1).

interesse comum ou coletivo. Comporão os Comitês: representantes públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. A representação dos poderes executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios está limitada à metade do total de membros de cada Comitê de rios federais. Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação. Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços a representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI e das respectivas comunidades indígenas.

32 Tem por objetivo dar suporte financeiro a projetos e programas que promovam a racionalização do uso da

água e a melhoria dos cursos d’água. “O FHIDRO já beneficiou 42 projetos de recuperação de recursos hídricos em Minas Gerais e só este ano disponibilizará recursos da ordem de R$ 75,6 milhões” (IGAM, 2009, s/p.)

Assim, a distribuição da água não é estabelecida por critérios de renda. Em realidade trata-se de uma distribuição física.

FIGURA 1 - Disponibilidade de água na Terra.

Fonte: UNESCO e WWAP (2003). Organização: Clóvis Cruvinel, 2009.

Assim, dos 1.386 milhões de km³ de água na Terra, 97,5% (1.351 milhões km3) são salgados e, apenas, 2,5% (35 milhões de km³) são de água doce. Deste total, entretanto, apenas 31,1% (10,9 milhões de km3) são de fácil acesso, estando em rios, lagos, pântanos e aqüíferos. O restante, 68,9% (24,1 milhões de km3) encontra-se em áreas de difícil acesso e extração, localizando-se em geleiras (a exemplo da Antártica - 21,6 milhões de km³, que equivalem a 61,7% do total de água doce da Terra) e nos picos gelados de altas montanhas (UNESCO e WWAP, 2003).

A questão é considerar que os problemas associados a essa disponibilidade hídrica estão ligados ao aumento da população mundial, que exerce pressões sobre o consumo de água doce, não apenas para suas necessidades vitais, mas, também para a produção de alimentos e de produtos industrializados (BIO, 1998).

De outro ponto de vista, a Agenda 21 relata que o consumo de água para fins domésticos representa apenas 6% do volume total de água consumido; enquanto que para a irrigação esse valor chega a 80% e o para fins industriais atinge 14%. Porém, esses valores podem oscilar de acordo com cada país. No Brasil, que é um país de dimensões continentais, a disponibilidade de recursos hídricos é privilegiada em relação ao restante do mundo. Nos rios localizados em território brasileiro, observa-se uma vazão média anual de 180 mil m³/s, o que corresponde a 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos que é de 1,5 milhões de m³/s de acordo com dados de ANA (2009). Ademais, se observarmos as vazões oriundas dos

países limítrofes, cujas águas deságuam no Brasil, verificar-se-á que a Amazônica atinge 86.321 mil m³/s, o Uruguai 878 m³/s e o Paraguai 595 m³/s. Assim, a vazão média total atinge valores da ordem de 267 mil m³/s, o que corresponde a 18% da disponibilidade mundial, ou seja, 6% a mais do que a primeira indicação, de acordo com dados da UNESCO (2002).

Desse modo, em termos de vazão média por habitante, o Brasil é considerado, pela UNESCO (2002), um país rico em recursos hídricos, com 33 mil m³/hab/ano. Porém, devido à espacialidade e temporalidade das vazões, a distribuição da água é muito desigual se levarmos em conta todo o território brasileiro. Destarte, segundo dados da UNESCO (1998), 74% dos recursos hídricos superficiais no Brasil estão na região Amazônica, que é habitada por apenas 5% da população total brasileira.

Segundo a ANA (2009), a menor vazão média por habitante é observada na região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental, com média inferior a 1.200 m³/hab/ano, chegando, em algumas localidades dessa bacia, a valores menores que 500 m³/hab/ano. A essa região se juntam algumas bacias das regiões hidrográficas do Atlântico Leste, Parnaíba e São Francisco33. Desse modo, entende-se que o uso equilibrado e amparado por gestões é fundamental para diminuição e degradação da água doce pelas sociedades.

O Brasil, apesar de ter uma posição privilegiada perante a maioria dos países, devido sua elevada condição hídrica, apresenta problemas na distribuição desses recursos, evidenciando que as mais baixas taxas de distribuição se localizam na região Sudeste, seguida da Nordeste e da Sul, que representam respectivamente as maiores concentrações populacionais de todo o país. Com menor índice populacional, a região Norte, seguida pela Centro-Oeste, apresenta a maior quantidade e disponibilidade dos recursos hídricos. Portanto, a dedução é simples: onde há muitas pessoas, a carência de água é maior; onde tem menor quantidade de pessoas, há maior abundância de água. Segundo o IBGE (2007), isso ocorre sobretudo devido a um crescimento desordenado e não planejado, primordialmente, da expansão agrícola, da industrialização e da urbanização.

Contudo, é preciso ter cautela ao afirmarmos que a escassez de água está representando um cenário dramático e irreversível, pois existem visões extremistas quanto a falta desse recurso natural em um futuro próximo. Porém, é preciso compreender que a quantidade de água na Terra, atualmente, é suficiente para que as diversas manifestações de vida e de produção possam coexistir, mas devido ao desenvolvimento desenfreado da

33 A presença dos açudes para o armazenamento de água, reutilização e regularização das vazões dos rios

intermitentes é fundamental e estratégica para o abastecimento humano, dessedentação de animais, irrigação e demais usos auxiliados pelas Unidades Gestoras de Recursos Hídricos (UGRHs) (GEO BRASIL, 2007).

sociedade de consumo capitalista e ao ritmo crescente na produção de mercadorias, a água poderá não ser suficiente, visto que esse recurso não pode ser produzido.

Os sistemas agrícolas são os que mais utilizam água em larga escala (irrigação), seguido dos sistemas industriais (matéria-prima, limpeza, resfriamento de máquinas), dos mais simples aos mais complexos. Apesar de fundamental, a produção industrial não utiliza a água de maneira adequada, quer dizer, não visa uma política de gestão ambiental e, sim, a vê como mercadoria. A água, antes de ingressar na planta industrial, é tratada pelos sistemas de tratamento municipais, que garatem sua potabilidade para o consumo humano; depois de ingressada na indústria, a água não recebe, na maioria das unidades industriais, tratamento para retornar às redes coletoras municipais ou ao ambiente com menor índice de poluição, ou mesmo, com o menor impacto possível.

1.4. A gestão dos recursos hídricos no Brasil por meio de bases territoriais