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3. CAMINHOS DA ÁGUA NO DISTRITO INDUSTRIAL DE

3.1. O Departamento Municipal de Água e Esgoto DMAE

3.1.2. A gestão de efluentes pelo DMAE PREMEND

Um dos programas para controlar os efluentes lançados indevidamente em Uberlândia foi instituído em 2007. O Programa de Recebimento e Monitoramento de Efluentes-Não Domésticos (PREMEND) já monitora e orienta cerca de 110 empresas do comércio e da indústria de acordo com as suas normativas (DMAE, 2008). A prática desse programa possibilitou e vem demonstrando que é possível melhorar o controle no lançamento de efluentes não domésticos. No caso de Uberlândia, a eficiência aumentou 40% na carga orgânica, em relação à demanda química de oxigênio (DQO), do esgoto que chega à ETE Uberabinha, diminuindo assim a sobrecarga da estação e conseqüentemente menor custo no tratamento. De acordo com o engenheiro Alexandre Silva,

[...] O PREMEND surgiu, por que tão logo foi inaugurado a Estação de Tratamento de Esgoto Uberabinha, percebemos que chegava junto com o esgoto, substâncias que poderiam prejudicar o tratamento e a saúde dos funcionários que aqui trabalham (ÁGUA, 2009, transcrição nossa).

A gestão dos efluentes em Uberlândia no que tange ao setor industrial, e como foi visto anteriormente ainda apresenta falhas de planejamento e execução, mas iniciativas como o PREMEND instituído para que os parâmetros do efluente líquido das empresas estejam em condições ideais de lançamento no sistema público de coleta e tratamento de esgoto é uma melhoria significativa na gestão hídrica no segmento industrial e por seguinte para a cidade. É preciso salientar, que o exemplo a ser seguido por outras cidades deve estabelecer limites por decretos municipais, obedecendo as NBR’s e as deliberações ambientais de cada estado em particular, para que os princípios de educação, respeito e preservação ambiental sejam mantidos. No caso específico de gestão de efluentes pelo DMAE em Uberlândia, o decreto municipal não exige um tratamento completo do efluente doméstico a fim de que se fosse lançá-lo diretamente em corpos d’água. Na verdade o programa regulamenta a exigência de

Rural, as secretarias municipais de Agropecuária, Meio Ambiente, a SOM - Superintendência Municipal de Operações e Manutenção, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a ONG SOS Uberabinha. (DMAE, 2007).

um tratamento pela empresa para que seu efluente líquido industrial seja compatível com a carga orgânica de um esgoto doméstico.

Se partirmos para uma análise, e associarmos a política ambiental que a Souza Cruz realiza em suas dependências, especificamente em relação ao uso da água, como será visto mais adiante, é possível já nesse momento compreender a importância, da participação mútua do segmento industrial, sociedade doméstica e administração na mitigação dos impactos ambientais. Tal integração caracterizaria um principio melhor na gestão hídrica e não apenas um fator compensatório e imposto pelas leis ambientais vigentes. Ademais, ao contrário do que muitos pensam, corroborando novamente com Alexandre Silva, “o programa do PREMEND não foi criado para penalizar os empresários, mas, sim, fazer com que eles cumpram o que por lei eles são obrigados a cumprir” (ÁGUA, 2009, transcrição nossa).

O DMAE também não tem interesse em prestar um serviço de recebimento e tratamento de efluentes com características industriais ou carga poluidora acima dos limites previstos nas normas técnicas. Essa postura, segundo funcionários e técnicos da referida concessionária, possibilita que os “usuários industriais” que produzem efluentes em grande volume, com alta carga orgânica e com características que representam riscos de explosividade, corrosividade e toxidade ao sistema público de esgotamento sanitário possam ser monitorados e autuados se preciso50.

O que se percebe, é que a sociedade uberlandense, não diferente de outras, parece não perceber o quanto é difícil tratar a água e como é fácil sujá-la, ou seja, a sociedade não é constituída de uma educação ambiental e ainda insiste em práticas poluidoras e degradantes ao meio ambiente. Em Uberlândia de acordo com o depoimento do engenheiro Alexandre Silva do DMAE, há muitos problemas de manutenção de rede, das subestações elevatórias e da própria ETE em função do tipo de resíduos que é lançado diariamente na rede coletora de efluentes:

[...] eles, utilizam a rede de esgoto como se fossem lixo, lançam resíduos sólidos, que causam entupimento e muitas vezes transtornos a si mesmos e a outros usuários, como por exemplo entupimentos que causam refluxo na residências de pessoas que as vezes tem procedimento todo correto em relação a utilização da rede e é prejudicado (ÁGUA, 2009, transcrição nossa).

50 Após o aviso formal do DMAE, a empresa que não se manifestar será cobrada compulsoriamente pela carga

poluidora (fator k) que lança na rede pública de esgoto. Esta condição de cobrança é provisória, até que a empresa execute o seu projeto técnico de adequação e/ou auto-monitoramento do sistema de efluentes líquidos não domésticos. Para utilizar o sistema público de esgotamento sanitário em Uberlândia, sem qualquer tipo de penalização, a empresa deve incluir-se, voluntariamente, no PREMEND e garantir ao DMAE que seu efluente líquido está dentro dos limites estabelecidos pelo Decreto Municipal. Para o pleno funcionamento do PREMEND, as empresas instaladas em Uberlândia serão orientadas, vistoriadas e auditadas por engenheiros do DMAE. (DMAE, 2008).

Assim, programas como PREMEND (ANEXO 7), além da sua função fiscalizadora tem a função de educar a população e aperfeiçoar a utilização dos recursos hídricos. Fato esse fundamental na gestão da água em qualquer sociedade organizada, além de que, no segmento industrial, tem papel ambiental importante e essencial na dinâmica nos diversos tipos de utilização da água, uma vez que a má utilização das redes coletoras traz transtornos adicionais para a concessionária, para funcionários, que já lidam com situações adversas e difíceis no trabalho e limpeza de galerias de esgoto, além de onerar a administração da concessionária e causar impactos ao meio ambiente (FIG. 15). Cumpre-se aqui dizer, que há também os lançamentos clandestinos diretamente em corpos d’água como será observado mais adiante na apresentação da condição hídrica do Distrito industrial de Uberlândia, no contexto da pesquisa agora desenvolvida.

FIGURA 15 - Manutenção das redes e estações elevatórias por funcionários do DMAE de Uberlândia. Fonte: ÁGUA, 2009.

Nesse contexto, o subitem a seguir traz a apresentação do Distrito Industrial de Uberlândia, caracterizando e argumentando sobre a situação real do mesmo em relação a utilização do recursos naturais, especificamente no que tange ao uso da água pelo segmento industrial.