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Segundo dados divulgados pelo INE, em 2006, Cabo Verde possuía, aproximadamente, 484.904 habitantes, com um número muito grande da população emigrada, principalmente, para EUA, Portugal, Holanda, França e Senegal. As remessas de dinheiro geram benefícios, sendo um fator importante para o país.

A taxa de pobreza é de 26,6%, sendo 21,3% masculino e 33,0% feminino. 72% dos pobres são da zona rural e 28,2% são da zona urbana. Em 2007, com 130.900 habitantes, a ilha que apresenta maior taxa de pobreza é a ilha de São Antão com o seu Municipio Paul liderando o ranking com 59% da população pobre; seguida da ilha do Fogo com o seu Município Mosteiros liderando com 51% da população pobre. As ilhas que têm menor taxa de pobreza são Ilha de São Tiago (Praia) e a Ilha de São Vicente.

O crescimento acelerado dos três principais centros urbanos contribuiu também para a estagnação de algumas ilhas como a ilha da Brava, São Nicolau e Santo Antão, pois estas ilhas são as mais pobres e atrasadas economicamente. Isto deixa a população em uma situação muito delicada e com grandes disparidades regionais. Cabe realçar que é nestas ilhas que se registram as mais altas taxas de pobreza, analfabetismo e desemprego.

Tabela 2 : Taxa de desemprego Fonte: INE. 2006

Os estudos estatísticos realizados no país apontam o desemprego como a principal causa da pobreza no território, atingindo mais pessoas do sexo feminino e

da zona rural, conforme a tabela acima. Em 2008, 38,3% dos pobres eram do sexo

Taxa de Desemprego em Sentido Lato

Masc Femin Urb Rur Total Masc Femin Urb Rur Total Masc Femin Urb Rur Total

15-24 anos 25,1 41,8 40,9 26,6 32,3 25,0 38,3 42,5 21,4 31,0 0,0 -3,5 1,7 -5,2 -1,3 25-34 anos 12,1 23,9 20,1 15,1 17,8 12,2 24,8 21,4 14,1 18,3 0,1 0,9 1,3 -0,9 0,5 35-44 anos 6,7 14,0 7,1 13,5 10,5 7,7 14,7 12,2 10,4 11,3 1,0 0,7 5,1 -3,2 0,8 45-54 anos 7,4 13,2 9,8 11,1 10,5 4,4 10,9 11,5 5,7 8,0 -3,0 -2,3 1,7 -5,4 -2,5 55-64 anos 6,4 5,5 7,3 5,0 6,0 5,2 10,4 12,5 4,0 8,2 -1,2 4,9 5,3 -1,0 2,3 65 anos e + 2,6 1,8 5,9 1,4 2,2 4,3 3,8 9,1 1,4 4,0 1,6 2,0 3,2 0,0 1,8 Total 13,9 23,0 20,3 16,7 18,3 13,8 22,0 22,7 13,1 17,8 -0,2 -1,1 2,3 -3,5 -0,5

feminino e 25% do sexo masculino. E 42,5% desses desempregados são da zona urbana, o que confirma mais uma vez a fraca capacidade da economia do país em produzir empregos.

Assim, com as constantes idas das pessoas da zona rural para os centros urbanos, o crescimento das cidades, que não têm condições de infraestrutura para comportar tanta gente, acelera-se; e, sem capacidade de absorver todos que se deslocam em busca de trabalho, aumenta o índice de pobreza das famílias que ali residem.

Tudo isso resulta em consequências negativas para as áreas da educação, saúde, saneamento, habitação e emprego, uma vez que, conforme mencionado antes, as infraestruturas sociais não acompanharam a evolução do crescimento destes centros urbanos.

A nível econômico, o setor industrial é bastante fraco. Inclui atividades como processamento de peixe, construção, reparação naval, confecções, calçados e bebidas, normalmente na dependência da importação de matéria-prima. Os setores mais promissores para o desenvolvimento são o turismo e a pesca.

Indubitavelmente, até este momento, um dos setores com maior potencial a nível econômico, em Cabo Verde, é o turismo, devido a diversos fatores como a posição e condição geográfica e o clima. Para ganhar ainda mais potencialidade, deve ser trabalhado de forma estratégica e sustentável.

A economia do país, em virtude do clima desértico, em todo o território, é de uma carência generalizada de recursos naturais, e, sem recursos naturais imediatamente exploráveis, torna-se bastante vulnerável; o que se reflete na forte dependência de transferências de reservas externas que servem de ajuda ao desenvolvimento público. Neste sentido, de acordo com o diagnóstico feito pelo Banco Mundial, os recursos externos representam mais de um quarto do PIB, cobrem mais de 60% do déficit da balança comercial, financiam, através de donativos e empréstimos externos, mais de 80% dos programas de investimento do orçamento de Estado, e financiam, através de remessas de emigrantes, cerca de 67% dos agregados familiares com o chefe de família desempregado. (SILVA, 2007, p. 123).

Tabela 3: Comércio externo - principais indicadores ÁREA 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Importações 27.519 30.519 34.238 34.632 38.475 38.911 47565 60119 Exportações 1.261 1.201 1.239 1.216 1.347 1.575 1833 1552 Reexportações 1.544 1.626 1.555 3.547 5.021 6.397 7956 7850 Taxa de Cobertura 4,6 3,9 3,6 3,5 3,5 4,1 3,9 2,6 Balança Comercial - 26.258 - 29.318 - 32.999 - 33.416 - 37.128 - 37.336 - 45.732 - 58.567

Na tabela, acima, percebe-se claramente a vulnerabilidade da economia. Há um desequilíbrio muito grande na balança comercial, com a importação, em 2007, de 60,119 milhões de escudos cabo-verdianos e com a exportação de 1,552 milhões, gerando uma balança comercial deficitária de menos 58,567 milhões, uma das piores nos últimos 6 anos. A taxa de inflação, em 2008, foi de 6,8%, a mais alta dos últimos 10 anos; exatamente no ano em que o país passou para o grupo dos Países de Rendimento Médio (PRM), o que denota o grande nivel de fragilidade em que Cabo Verde adentra nesse grupo.

Com a ascensão ao PRM, Cabo Verde terá, pela posição que ocupa, uma redução na ajuda externa, e, com o agravamento das economias junto às instituições financeiras internacionais, as condições de empréstimo, de acordo com Silva (2007), irão passar de uma taxa de juro de 2-3%, com períodos de carência de 10 anos e de reembolso de 40 anos, para taxas do mercado (7 - 8,5%), com dois anos de deferimento, no máximo, e duração de reembolso na ordem dos 10 anos.

Fica claro que, no aspecto econômico, Cabo Verde apresenta-se fragilizado, com forte dependência do exterior, a despeito de pertencer ao grupo de países de desenvolvimento médio.

No que diz respeito à política econômica, que vem sendo seguida pelos sucessivos governos de Cabo Verde, mostra-se marcada, principalmente, pelas profundas mudanças na estrutura e funcionamento da economia cabo-verdiana, por causa da liberalização e privatização de importantes ramos da atividade econômica. E, no tocante ao aspecto desenvolvimento, desde 1997, o país vêm adotando o conceito de inserção dinâmica na economia global, reconhecendo que será

Fonte: INE- Dados em milhões de escudos cabo-verdianos 2009

impossível o desenvolvimento isolado do mundo; refutando-se, portanto, toda e qualquer ideia de autocentramento (SILVA, 2007).

Essa situação pode ser traduzida nas seguintes palavras de Ianni (1997, p. 105),

as condições para a formulação e implementação de projetos nacionais são drasticamente afetadas pela globalização. Ou melhor, os projetos nacionais somente se tornam possíveis, como imaginação e execução, desde que contemplem as novas e poderosas determinações “externas”, transnacionais e propriamente globais.

De acordo com Silva (2007), pode-se entender que o procedimento adotado por Cabo Verde apresenta, de forma clara, como se processa a centralização das políticas ou mesmo a internacionalização do Estado. Neste sentido, Ianni (1997, p. 262) explica que “a sua influência mais comum é converter o estado em uma agência para ajustamento das práticas e políticas da economia nacional às exigências estabelecidas pela economia global”.

Deste modo, no contexto das privatizações, de acordo com Silva (2007, p. 111), elas

foram executadas dentro de um ambicioso Programa de Reformas Econômicas, (ERSO) visando a criação de uma economia de mercado, um ambiente de negócios competitivo e um setor público eficiente capaz de contribuir positivamente para o crescimento e desenvolvimento econômico. O Projeto de privatização e Reforço da Capacidade de Regulação Institucional (PPRCRI) Financiado pelo Banco Mundial articulava-se e complementava-se com os objetivos de quatro outros programas: Projeto de Capacitação Institucional para Promoção do Sector Privado, o Projeto das Infra-estruturas e Transportes (PIT), o Projeto de Reforma e Capacitação do setor Público, o Projeto de Educação de Base e Formação Profissional e o projeto de Energia Água e Saneamento Básico (PAES), numa abordagem abrangente com o objetivo de reduzir a intervenção do Estado, enquanto agente econômico, reforçar o papel do sector privado e melhorar o ambiente econômico, empresarial e institucional de forma a impulsionar a aceleração do crescimento econômico.

Inversamente aos defensores incondicionais dos mecanismos do mercado como reguladores econômicos racionais e automáticos, pensa-se que, em uma pequena e frágil economia insular com as características da de Cabo-Verde, uma maior intervenção do Estado é premente, principalmente nesta fase de reestruturação econômica.

2.6 POLITICA EDUCACIONAL E ESTRUTURA DO SISTEMA EDUCATIVO CABO-