4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS:
4.6 ASPECTOS COGNITIVOS RELACIONADOS COM A DOR
Sobre o segundo objetivo específico foi observado que as subcategorias formavam as seguintes categorias conforme indica a tabela 3 .
Tabela 3: Categorias e Subcategorias – intervenção da terapia cognitivo comportamental/ dor
Categorias Subcategorias
Tratamento e manejo da dor Proposta terapêutica para o tratamento da dor Aspectos cognitivos relacionados com a dor Indicação no tratamento da dor
Indicação no tratamento da dor no hospital geral Relação com a neurofisiologia da dor
Neurofisiologia da dor Aplicabilidade no contexto atual da área da
saúde
Relação entre dor e crença de auto-eficácia Relação entre dor e crenças disfuncionais
Fonte: Autora.
Segundo demonstra o gráfico 2, foram encontradas 7 subcategorias para o objetivo específico – b) intervenção da terapia cognitivo comportamental/ dor
Gráfico 2: Freqüência das Subcategorias - intervenção da terapia cognitivo comportamental/ dor
4.5 TRATAMENTO E MANEJO DA DOR
Como assinala Beck (1997), no referencial teórico, em primeiro lugar, é necessário o estabelecimento de um diagnóstico da dor que deve se basear nos dados colhidos através de uma anamnese detalhada do paciente. Essa avaliação inicial deve abranger os aspectos físico, psicológico e social do paciente, buscando a compreensão da etiologia da dor, sua progressão, os fatores responsáveis pela sua manutenção assim como os sintomas associados a ela. A anamnese do paciente deve explorar em primeiro lugar as características da dor através de elementos como: a história patológica (quando a dor começou e como evoluiu), localização, intensidade, aspectos qualitativos da dor, freqüência e duração da dor, fatores de melhoria e piora.
SOARES, Vera de Araújo & FIGUEIREDO, Margarida
Dor: fenômeno com características cognitivas na medida que se atribui um significado a dor. A auto-regulação da dor depende das estratégias de coping: descanso, relaxamento.
Proposta terapêutica para o tratamento da dor
Em relação aos fatores psicossociais, deve-se explorar os aspectos cognitivos comportamentais e emocionais associados à dor como: sintomas de ansiedade e depressão, sentimentos de raiva e hostilidade associados à dor, crenças e atitudes acerca da dor e do seu tratamento, estratégias de enfrentamento da dor, relacionamentos familiares e sociais antes e depois da dor. Deve-se explorar também os sintomas associados através da avaliação dos prejuízos ocasionados pela dor ao longo do tempo.
Ainda para Beck (1997), é importante compreender de que forma a dor mudou a vida do indivíduo e como está a sua qualidade de vida atualmente, explorando aspectos como o sono, apetite, humor, relacionamentos interpessoais, funcionalidade, atenção e concentração, atividades de lazer, trabalho.
LIMA, Luciano Ramos de et al
As terapias físicas incluem a aplicação de calor e frio, massagem, estimulação elétrica e acupuntura e as cognitivo-comportamentais, o relaxamento, distração, imaginação dirigida e biofeedback, capazes de promover relaxamento muscular e distração da atenção, o que pode
interferir positivamente no controle do estímulo doloroso no pós- operatório.
Proposta terapêutica para o tratamento da dor
A partir desse diagnóstico multifatorial é que serão selecionadas as estratégias terapêuticas a serem utilizadas naquele caso em particular. O tratamento da dor deve ser realizado através de uma combinação de intervenções.
As intervenções não- farmacológicas: incluem as técnicas cognitivo- comportamentais derivadas de psicologia experimental e teorias de aprendizagem social. Utilizam de técnicas. Freqüentemente, essas técnicas pretendem alterar os processos cognitivos "inadequados" e reforçar os processos cognitivos adequados para lidar com a dor.
4.6 ASPECTOS COGNITIVOS RELACIONADOS COM A DOR
A dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor como “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tecidual, real ou potencial, ou descrita em termos de tais danos. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências anteriores...” Dessa definição corrobora-se que a relação lesão tecidual e dor não é exclusiva ou direta e que na experiência dolorosa os aspectos sensitivos, emocionais e culturais estão relacionados de modo indissociável. Entende-se ainda, como assinalam Menegatti, Amorim e Avi (2005) que dor é sempre uma experiência subjetiva que pode ser compartilhada a partir do relato de quem a sente, e muitos fatores podem influenciar a sua percepção, tal como fadiga, depressão e raiva.
Corroborando com este pensamento Angelotti e Dotto (2005), o tratamento deve se basear na etiologia e fisiopatologia da dor e nas suas repercussões, envolvendo assim a eliminação do fator causal . O uso medidas não farmacológicas (procedimentos da Terapia Cognitivo Comportamental) são utilizadas como recursos importantes, indicados no tratamento da dor.
MOTA, Dálete Delalibera Corrêa de Faria & PIMENTA, Cibele Andrucioli de Mattos
Para patologias como a dor, as terapias complementares são cada vez
O tratamento visa reduzir a dor e o uso de medicamentos, reintegrar funcionalmente o paciente e melhorar sua qualidade de vida. Em casos de dor aguda, as intervenções visam à eliminação do desconforto e recorrem fundamentalmente à remoção das causas. No tratamento de dor crônica, por exemplo, ocorre o emprego de psicoterapia e intervenções de reintegração social.
XAVIER, Thaiza Teixeira et al
O conhecimento dos aspectos relacionados à qualidade da dor, é importante na prática clínica para que sejam tomadas medidas adequadas para o alívio da dor aguda pós-operatória de acordo com a classificação obtida em cada avaliação da percepção dolorosa. Sendo desta forma realizada uma abordagem farmacológica através de analgésicos e anestésicos, associada a condutas não farmacológicas, através de terapias físicas e técnicas cognitivo-comportamentais.
Indicação no tratamento da dor no hospital geral
Os efeitos incapacitadores da dor devem diminuir quando o paciente começa a ver a dor menos como uma catástrofe sobre qual ele não tem controle e mais como uma condição até certo ponto controlável. De acordo com este raciocínio, o que realmente faz a Terapia Cognitivo Comportamental funcionar é o processo de mudança cognitiva (Thorn, Boothby & Sullivan, 2002; Weisenberg, 1987).
A filosofia da Terapia Comportamental Cognitiva é de racionalidade. A abordagem tem uma ênfase forte no sentir-se melhor (no sentido de diminuir emoções negativas). Um estilo de pensamento racional, evita distorções e vê o mundo através de um conjunto de crenças adaptativas. Mudanças em pensamentos catastróficos e de crenças relativas à dor, podem promover mudanças na intensidade da dor no fim do tratamento. Assim mudanças na cognição negativa podem afetar o resultado.
A contribuição da Terapia Cognitivo Comportamental para o tratamento da dor consiste em enfatizar que a epistemologia pessoal do paciente é uma variável relevante. Ela aponta que dor está intimamente relacionada com o que a pessoa acredita sobre o mundo e sobre si mesma. O mais importante é entender que a interpretação que o paciente faz da sua experiência é um aspecto válido de intervenção terapêutica.