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TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS NO HOSPITAL GERAL

No documento As faces da dor (páginas 67-71)

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS:

4.1 TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS NO HOSPITAL GERAL

4.3 Características da intervenção psicoterapêutica 4.4 Intervenção psicoterapêutica

4.1 TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS NO HOSPITAL GERAL

Nesse contexto encontramos a Terapia Cognitivo Comportamental na busca de técnicas que aumentem a capacidade do paciente em lidar com a hospitalização e a dor.

Albert Bandura, com a Teoria da Aprendizagem Social, afirma que a capacidade humana de pensar é justamente o que diferencia o comportamento das pessoas. Isso ocorre, segundo o referido autor, devido aos processos cognitivos relacionados à aprendizagem. (CLONINGER, 2003).

SOARES, Vera de Araújo & FIGUEIREDO , Margarida

Peters e Large ( 1990 ), selecionaram pacientes internados para programa com orientação cognitiva comportamental. Incluía treino

de relaxamento, reestruturação cognitiva, distração, terapia individual, gestão da medicação e reforço de comportamentos saudáveis. Os resultados indicaram que os pacientes internados

apresentavam níveis mais elevados de bem estar psicológico, menos comportamento de dor e menos limitações relacionadas com a saúde. Philips ( 1987 ), utilizando uma amostra de doentes com dor, em ambulatório, os quais submeteu a uma intervenção cognitiva-comportamental, utilizou-se de nove sessões que envolviam treino de relaxamento, estabelecimento de objetivos,

redução da medicação, treino de estratégias de coping aumento gradual da atividade e lidar com emoções como a ansiedade e a depressão

Modelação

Bandura trabalhou sobretudo com as técnicas de modelação, como uma importante estratégia para a mudança do comportamento. Assim, para uma

modelação efetiva, desenvolveu a auto-eficácia em sua teoria, em que é trabalhada

com o paciente a sua capacidade de acreditar que poderá desempenhar um determinado comportamento. Como Bandura considera que a modelação é a forma que originalmente se aprende um determinado comportamento, também pode ser um modo eficaz para reaprender ou modificar um comportamento no paciente hospitalizado.

A investigação das crenças, atitudes e conhecimentos que o paciente possui sobre a dor, quais expectativas trazem, quais medos e fantasias expressam é fundamental para minimizar desinformação e esclarecer conceitos errôneos, visto que estes podem contribuir para a manutenção do quadro de dor e inadequado manejo da dor. A história familiar relacionada à expressão e manejo da queixa dolorosa pode contribuir para a identificação de “modelo” culturalmente aprendido de experienciar e relatar dor.

LIMA, Luciano Ramos de et al

As terapias não farmacológicas em pacientes internados, ou seja, as

físicas e cognitivo-comportamentais, incluem um conjunto de medidas de ordem educacional, física, emocional e comportamental, capazes de ativar os centros supra-segmentares

responsáveis pela dimensão sensitivodiscriminativa da experiência dolorosa, estimulando, portanto, o sistema supressor de dor

Caráter Educativo

Estratégias de mudança cognitiva, afetiva e comportamental

Os procedimentos e técnicas da terapia cognitivo-comportamental promovem ganhos na diminuição do impacto da hospitalização na vida dos pacientes. Assim a psicoterapia cognitivo-comportamental pode vir a auxiliar no tratamento. Baseado no modelo da Terapia Cognitivo Comportamental, o objetivo principal do tratamento em paciente hospitalizado é focalizar o papel das cognições, emoções e comportamentos nos sintomas e sinais da patologia. Para Judith Beck (1997),os procedimentos de avaliação determinarão como o tratamento deverá ser conduzido para cada paciente, propondo estratégias de mudança cognitiva, afetiva e comportamental.

VANDENBER GHE, Luc

A contribuição da terapia comportamental cognitiva para a clínica da dor crônica , em pacientes internados, consiste em enfatizar que a

epistemologia pessoal do paciente é uma variável relevante. Ela

aponta que a dor está intimamente relacionada com o que a

pessoa acredita sobre o mundo e sobre si mesma. Para o clínico, o mais importante é entender que a interpretação que o paciente faz da sua experiência é um alvo válido de intervenção terapêutica.

Reestruturação Cognitiva

MIYAZAKI, M. Cristina O. S. et al

Um repertório comportamental que auxilie paciente e familiares a enfrentar de forma positiva o tratamento envolve, por exemplo, a

participação ativa no processo de tratamento, a mudança de cognições prejudiciais e o desenvolvimento de estratégias adequadas de enfrentamento e manejo da dor.

Relação terapêutica colaborativa Reestruturação cognitiva

Dentre as estratégias utilizadas está também incluída a reestruturação cognitiva: que consiste na análise de pensamentos que afetam o humor ou o estado físico do paciente. O objetivo é, após pensar sobre o problema, conseguir relacionar erros de interpretação da realidade ou, ainda, detectar falta de lógica no conteúdo dos pensamentos realizados àquela situação (ANGELOTTI; FORTES, 2007).

MAZUTTI, Sandra Regina Gonzaga & KITAYAMA, Marcela Mayami Gomes

Frente à realidade vivida dentro dos hospitais, onde a demanda de atendimento psicológico é grande, com necessidade de resolução rápida, a TC tem-se mostrado eficaz, tanto na sua aplicabilidade como nos resultados obtidos. Isto se deve às próprias

características da TC com relação a ser uma terapia breve, focada no problema, de forma estruturada, com resolução de problemas e flexibilidade de pensamentos e crenças disfuncionais. O terapeuta busca produzir a mudança cognitiva dos pensamentos e crenças dos pacientes, com objetivo de mudança emocional e comportamental.A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder seus pensamentos e

crenças disfuncionais. A TC baseia-se no modelo cognitivo, que levanta a hipótese de que as emoções e comportamentos das pessoas são influenciados por sua percepção dos eventos

Foco no problema Resolução de problemas Caráter educativo Reestruturação Cognitiva

Estratégias de mudança cognitiva, afetiva e comportamental

Para Beck (2007), o foco no problema busca modificar a relação da pessoa com o meio externo, enfatizando o contato com a patologia. A focalização no problema pode ser correspondente, por exemplo, à reestruturação cognitiva ou à busca por informações acerca da patologia, caracterizando-se pela objetividade do indivíduo diante da doença. O foco na emoção enfatiza a resposta emocional a patologia, visando reduzir a sensação desagradável da doença.

CHAVES, Lucimara Duarte & PIMENTA, Cibele Andrucioli de Mattos

Dentre as principais técnicas não farmacológicas, temos as terapias físicas (aplicação de calor e frio, massagem, estimulação elétrica transcutânea e acupuntura), que, por meio da ativação do sistema sensitivo-discriminativo, estimulam o sistema supressor de dor, e

técnicas cognitivo-comportamentais (relaxamento, técnicas de distração, imaginação dirigida, biofeedback) que, possivelmente, promovem relaxamento muscular, distração da atenção e sugestão, o que interfere na apreciação do estímulo doloroso pós operatório.

Relaxamento muscular Distração

Imaginação dirigida Biofeedback

Os autores Chaves e cols. (2003), assim como Soares e Figueiredo (2001), propõem que as técnicas de recondicionamento psicofísico, também chamadas de relaxamento, venham a ser empregadas no contexto do tratamento de pacientes hospitalizados. Por meio delas, procura-se o restabelecimento do tônus muscular dos indivíduos e promover uma melhora na qualidade de vida, uma vez que oferecem, por conseqüência, bem-estar físico e mental. O relaxamento muscular pode ser útil no manejo da dor. Em pacientes internados em hospital, com dor crônica, por exemplo, o treino em relaxamento pode auxiliar na redução do estresse frente às crises por reforçar neles uma maior sensação de controle, ao invés do sentimento de vulnerabilidade, pois propicia uma forma eficaz de lidar com a hospitalização e com a dor (BARROS , 2003).

O estudo demonstrou também relação entre distração e alívio da dor na hospitalização. Conforme Angelotti (2004), a distração consiste na mudança do foco de atenção para outras situações que podem ser agradáveis e disponíveis no próprio ambiente podendo ocorrer a partir disto o engajamento em atividades que “concorram” com o estímulo aversivo (no caso do presente trabalho, a dor). É bastante utilizada em momentos agudos de dor, e auxilia o paciente hospitalizado a combater crenças sobre a falta de controle nas situações em que o sintoma aparece.

A imaginação dirigida é estimulada pelo próprio terapeuta, sugere-se

imagens interiores existem e que não é tão difícil percebê-las. A hospitalização pode fazer o paciente adquirir novos comportamentos, muitas vezes, o paciente tende a ter pensamentos mais negativos, e provavelmente perceba que esteja impedido da realização de uma série de atividades que antes praticava, sejam essas atividades ligadas à vida profissional ou pessoal (FREEMAN; DATTÍLIO,1998).

Uma outra estratégia da Terapia Cognitivo Comportamental é o treino de

biofeedback (auto-regulação psicofisiológica), com o auxílio do equipamento de

biofeedback, o paciente recebe informações sobre quais componentes do sistema nervoso que estão ou não relaxados, aumentando a sua percepção do relaxamento total (NETO, 2007).

Na resolução de problemas, com estratégias passo a passo, o paciente

traduz cada problema em metas tangíveis. Como componente básico da intervenção o paciente é estimulado a treinar cognitivamente, nas diversas situações as estratégias de resolução aprendidas e desenvolve planos de ação.

Neste sentido é importante que o paciente seja um elemento ativo em seu tratamento e que o estabelecimento de metas sejam estabelecidas entre o psicólogo e o paciente.

As estratégias de resolução de problemas podem incluir : identificação dos pensamentos negativos, interrupação do pensamento irracional, construção e repetição de afirmações positivas, prevenção de recaídas envolvendo pensamentos catastróficos, viabilização de meios para estimular e aumentar suporte social.

No documento As faces da dor (páginas 67-71)