• Nenhum resultado encontrado

O cognitivismo na psicologia

No documento As faces da dor (páginas 36-40)

2.3. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

2.3.1 O cognitivismo na psicologia

O movimento Cognitivista, assim como a Psicologia Cognitiva enquanto campo de pesquisa, influenciaram também a Psicoterapia.

Segundo Castañon (2007), dentre as características inerentes à imagem de Ser Humano ligada ao Cognitivismo, é possível ressaltar as seguintes: 1) A imagem de um sujeito dotado de consciência; 2) Um sujeito Ativo ( pois busca ativamente metas e constrói ativamente as suas estruturas cognitivas, atribuindo ativamente significado); 3) O Ser Humano como um processador de informações ( um organismo ativo que processa a informação, inicialmente recebendo-a, após decodificando-a, transformando-a, armazenando-a, recuperando-a e por fim utilizando-a); 4) O Ser Humano que possui um Insconsciente Cognitivo ( que consiste num conjunto de estruturas e processos inacessíveis ou muito dificilmente acessíveis à consciência); 5) Um Ser Humano que constrói as regras que regem sua Cognição (que são construídas pelo sujeito em um processo de contínua interação com o mundo. Daí o caráter construtivista implicado no Cognitivismo acerca da origem do conhecimento); 6) Um Ser Humano que possui emoções que atuam através de Cognições (na teoria cognitiva de personalidade, as emoções são mais conseqüências do que causas das cognições, assim, as crenças disfuncionais geram emoções disfuncionais, porém o inverso também é verdadeiro. Diante disso, não são os fatos que geram as emoções e sim as interpretações sobre eles).

De acordo com Castañon (2007), “a filosofia da ciência que melhor oferece suporte ao Cognitivismo e a Psicologia Cognitiva é o Racionalismo Crítico”, fundado por Karl Popper. A Revolução Cognitiva só se tornou possível graças à mudança na concepção de ciência moderna. A adoção do método hipotético- dedutivo como modelo de investigação científica produziu impacto na Psicologia, pois propiciou a “investigação de hipotéticos processos cognitivos através de suas conseqüências necessárias diretamente observáveis”. (Castañon, 2007, p. 22).

Ainda para o autor acima citado, a respeito do critério de ciência empregado no Cognitivismo, ao minar e posteriormente derrotar o Positivismo Lógico como teoria epistemológica geral, o Racionalismo Crítico acabou com o mito da indução e da observação neutra como fonte original de conhecimento científico. Além disso, ajudou a generalizar o reconhecimento de que o método de investigação da ciência moderna era o hipotético-dedutivo, e não o indutivo-experimental. Sem o enfraquecimento da posição antes hegemônica do Positivismo Lógico em filosofia da ciência, o estudo empírico de processos cognitivos não poderia ter conquistado o respeito da comunidade científica. O Cognitivismo é plenamente compatível com o

Racionalismo Crítico, como podemos ver na identidade entre as teses filosóficas de Popper e do Cognitivismo sobre o construtivismo realista (Piaget), o caráter antecipatório da percepção (Bruner), a observação que se faz contra ou a favor de uma teoria (Neisser), a rejeição da tabula rasa (Chomsky),o interacionismo (Sperry) e o caráter de imprevisibilidade que o conhecimento traz ao sujeito(Neisser).

O Cognitivismo e a Psicologia Cognitiva não só tem trabalhado em conjunto com a Filosofia, como também reconheceram plenamente esta interdependência. Na verdade, muitos pontos chaves do Cognitivismo e da Psicologia Cognitiva não são mais do que antigas questões filosóficas: construtivismo, racionalismo, intencionalidade, consciência, representação mental, inatismo, significado (Castañon 2007).

A terapia cognitiva é uma abordagem psicoterapêutica estruturada e diretiva, que pressupõe que afeto e comportamento são em grande parte determinados pelos padrões de pensamento que o indivíduo desenvolve a partir de experiências anteriores. A Terapia Cognitiva auxilia a pessoa a desenvolver a metacognição, ou seja, habilidade de pensar sobre como ela pensa, de como os pensamentos afetam o humor, sentimentos, comportamentos e como essa cadeia se retro-alimenta, desenvolvendo estresse, hábitos não-saudáveis, pensamentos disfuncionais, contribuindo para a manutenção de comportamentos inadequados (Beck,1997).

A Terapia Cognitivo-Comportamental integra os conceitos e as técnicas vindos de duas principais abordagens: a cognitiva e a comportamental. De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significados aos acontecimentos de sua vida. As hipóteses formuladas têm grande influência sobre o comportamento do indivíduo, podendo afetar também a sua auto-imagem (crenças a respeito de si mesmo) e, conseqüentemente, a sua auto-estima. A terapia comportamental fundamenta-se nas teorias do comportamento desenvolvidas no início do século XX, tendo grande repercussão na década de 50 através da obra de Skinner (BAHLS; NAVOLAR, 2004).

O comportamento operante é aquele que modifica o ambiente, estando sujeito a alterações a partir das conseqüências de sua atuação sobre o ambiente. Ou seja, as probabilidades futuras de um operante ocorrer novamente está na

dependência das conseqüências que foram geradas por ele (SKINNER,1953 apud BAHLS; NAVOLAR,2004)).

Ainda para Bahls; Navolar (2004), mudanças terapêuticas acontecem na medida em que ocorrem alterações nos modos disfuncionais de pensamento. Neste ponto de vista, o mundo é considerado como constituinte de uma série de eventos que podem ser classificados como neutros, positivos e negativos, no entanto a avaliação cognitiva que o sujeito faz destes acontecimentos é o que determina o tipo de resposta que será dada na forma de sentimentos e comportamentos. Desta forma, a Terapia Cognitivo Comportamental dá uma grande ênfase aos pensamentos do paciente e a forma como este interpreta o mundo.

Um dos objetivos da Terapia Cognitivo Comportamental é corrigir as distorções cognitivas que estão gerando problemas ao indivíduo e fazer com que este desenvolva meios eficazes para enfrentá-los. Para tanto são utilizadas técnicas cognitivas que buscam identificar os pensamentos automáticos, testar estes pensamentos e substituir as distorções cognitivas. As técnicas comportamentais são empregadas para modificar condutas inadequadas relacionadas com o transtorno em questão (ABREU E ROSO, 2003).

Assim, o terapeuta, faz um planejamento que envolverá por exemplo: reestruturação cognitiva das crenças irracionais e prescrição de técnicas comportamentais.

A reestruturação cognitiva é uma técnica da terapia cognitiva, em que, no procedimento terapêutico o sujeito apreende a identificar as distorções cognitivas e transformá-las em formas mais adequadas de pensar, através do registro de pensamento, ou seja, o paciente a chamado a se monitorar quanto aos seus pensamentos e a registrá-los a fim de que, juntamente ao seu terapeuta ele possa trabalhar a reestruturação cognitiva (ANGELOTTI; FORTES, 2007)

No documento As faces da dor (páginas 36-40)