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Capítulo II Análise e comparação de resultados

1. As empresas que apenas recorreram ao capital e as empresas que apenas recorreram ao

1.6. Aspectos jurídicos

Algumas questões constantes do questionário tiveram como intuito, aferir a opinião das empresas sobre alguns aspectos jurídicos do capital de risco e do financiamento bancário.

No que concerne às questões jurídicas relativas ao capital de risco, solicitou-se a opinião das empresas inquiridas sobre o tratamento fiscal, o limite de tempo e a percentagem da detenção da participação pelo capitalista de risco.

Quanto ao primeiro aspecto, a maioria das ECR (57,1%) respondeu que considera a tributação, imposta às SCR, FCR e ICR, adequada a promover o investimento de capital de risco numa PME. Contudo, uma percentagem significativa (41,9%), entendeu que o tratamento fiscal é desajustado.

Relativamente ao segundo aspecto, observou-se, oportunamente, que existe um limite de tempo, imposto legalmente, para a detenção da participação no capital. Pela observação da figura 27, verifica-se que a grande maioria das ECR considera que o limite temporal de 10 anos, é tempo suficiente para a participação do capitalista de risco no capital da empresa. Deste modo, os resultados apontam para a possibilidade de o limite temporal não ser

considerado como um custo para as empresas, mas antes um benefício. A imposição legal do tempo limite de detenção poderá, então, consubstanciar um benefício, na medida em que a certeza de que o capitalista de risco não irá participar no capital por tempo indefinido ou por demasiado tempo, fica assegurada. Contudo, dever-se-á ter em conta que, por vezes, este limite temporal não é suficiente para que a empresa adquira o valor necessário para a fase de desinvestimento.

Figura 27 – Opinião das ECR sobre o limite temporal de 10 anos

Ainda a propósito dos aspectos jurídicos, as empresas inquiridas indicaram qual a percentagem de detenção da participação, pelo capitalista de risco, que considerariam mais adequada. A figura 28 revela-nos que a maioria das inquiridas considera que a percentagem deve ser inferior a 50%. Verifica-se que 33,33% das ECR entendem que a percentagem adequada seria entre 40% e 50%, mas também 33,3% consideram que deveria ser entre 20% a 30%. Os resultados sugerem que, do ponto de vista das empresas, o capitalista de risco não deverá deter uma percentagem maior do que aquela que as empresas possuem no capital próprio. Numa perspectiva de custos e benefícios, os resultados parecem indicar que uma percentagem superior a 50% poderá representar um custo para a empresa. Uma vez que o capitalista de risco participa nos ganhos da empresa, compreende-se esta ilação. Ao participar em mais de 50% no capital da empresa, retirará mais ganhos do que o próprio empreendedor. Salienta-se, no entanto, que o aspecto relativo à percentagem da detenção da participação não deve ser observado com rigidez, dado que se podem criar condições atractivas para ambas as partes. Neste sentido, a percentagem da detenção da participação poderá revelar-se um benefício para a empresa.

12,5%

75%

12,5% Muito tempo

Tempo suficiente Pouco tempo Muito pouco tempo

Figura 28 – Opinião das ECR sobre a percentagem da detenção da participação pelo capitalista de risco

No que diz respeito ao financiamento bancário, procurou-se conhecer a opinião das empresas relativamente a determinados aspectos. Embora as questões não particularizem elementos jurídicos em concreto, estão relacionados com eles. Assim, as empresas foram questionadas acerca dos termos e condições impostos pela banca, da protecção jurídica, da situação de incumprimento, da renegociação do crédito e dos mecanismos legais que as entidades bancárias possuem.

Pela análise do quadro 28, observa-se que a grande maioria das EFB considera que os termos e as condições impostas pela entidade bancária, aquando da obtenção de crédito, não são incentivadoras do investimento nas PME, pelo que representam um aspecto negativo do financiamento bancário. Relativamente à protecção jurídica do cliente (no caso, da empresa), verifica-se que também a grande maioria das EFB considera que deveria haver maior protecção. 16,7% 33,3% 16,7% 33,3% > 50% 50% - 40% 40% - 30% 30% - 20% < ou = a 10%

Quadro 28 – Considerações das EFB relativamente a alguns aspectos jurídicos

Percentagem de respostas das

EFB

Aspectos jurídicos SIM NÃO

Os termos e as condições estabelecidos pela(s) instituição

(instituições) bancária(s) incentivam o investimento nas PME; 22,2% 77,8% O cliente que acede ao financiamento bancário deve ter maior

protecção jurídica; 88,9% 11,1%

As consequências, em caso de incumprimento (por exemplo: pagar juros, imposto sobre os juros, cláusulas penais, entre outros), agravam

ainda mais a situação de incumprimento da empresa;

100% 0%

Quando a empresa atravessa sérias dificuldades financeiras, a renegociação do crédito deve ser prioritário, quer para a instituição

bancária, quer para o cliente;

100% 0%

Os mecanismos legais de que a instituição bancária, enquanto credora, pode accionar (por exemplo: penhorar bens, requerer a insolvência da empresa, entre outros), apenas devem ser utilizados em

casos de impossibilidade de renegociação.

100% 0%

O incumprimento das condições do crédito pode acarretar diversos custos para as empresas, tais como o pagamento de juros, as cláusulas penais, entre outros. Estas consequências, para além de representarem custos, agravam ainda mais a situação de incumprimento por parte da empresa. Quando se verifica o incumprimento, as entidades bancárias podem lançar mão de determinados mecanismos legais, como por exemplo, executar a empresa, penhorar os seus bens, entre outros. Estes mecanismos representam custos nos quais as empresas poderão incorrer. As EFB são da opinião de que será preferível que se proceda à renegociação do crédito, em vez de se accionar os mecanismos legais. Também entendem que a renegociação do crédito deverá ser prioritária, nos casos em que a empresa atravessa dificuldades financeiras. Desta forma, a renegociação poderá evitar o incumprimento por parte da empresa, revelando-se, assim, um benefício.