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Capítulo II Enquadramento da actividade do capital de risco no ordenamento jurídico

1. Aspectos legais

1.3. Fundos de Capital de Risco

1.3.4. Entidade gestora e regulamento de gestão

Os FCR são administrados, cada um, por uma entidade gestora, podendo a gestão ser exercida por SCR, por sociedades de desenvolvimento regional e por entidades que estão legalmente habilitadas a gerir fundos de investimento mobiliário fechados206

. A entidade gestora é, então, “a legal representante do conjunto dos participantes nas matérias relativas à administração do FCR”207

. Estas entidades são remuneradas pelos serviços de gestão

203

SOARES, Breves notas sobre… p. 240

204 Cfr. Artigo 22º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro. 205 SOARES, Breves notas sobre… pp. 238 e 240

206 Cfr. N.º 1 e 2 do artigo 12º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro. 207

prestados, o que representa um custo para o FCR208. A remuneração pode incluir uma comissão de gestão fixa ou variável, estando esta última dependente do desempenho do FCR209.

Dispõe o n.º 4 do artigo 12º que, no exercício das suas funções, a entidade gestora actua por conta dos participantes de modo independente e no interesse exclusivo destes, competindo-lhe praticar todos os actos e operações necessários à boa administração do FCR, em consonância com elevados níveis de diligência e de aptidão profissional210

. Acresce-lhes, ainda, dois deveres: o de actuar no sentido da protecção dos legítimos interesse dos titulares de unidades de participação de FCR por si geridos e o dever de se abster na intervenção de negócios que gerem conflitos de interesse com os referidos titulares211

.

Compete à entidade gestora a elaboração do regulamento de gestão do FCR, do qual constam normas de natureza contratual que regem o seu funcionamento212,213,214. Existem

alguns aspectos a mencionar no que toca ao regulamento de gestão de um FCR. O primeiro reporta-se às subscrições ou aquisições de unidades de participação do FCR as quais têm de ser submetidas ao regulamento de gestão215. O segundo prende-se com a possibilidade de

serem fixados no regulamento de gestão os critérios, a frequência ou a calendarização de subscrições a efectuar durante o período de subscrição inicial das unidades de participação216

. Por último, quando o regulamento de gestão do FCR não estipula expressamente os negócios celebrados entre o FCR e determinadas entidades, tais negócios carecem de aprovação da assembleia de participantes, mediante deliberação tomada por maioria dos votos217

.

208 Para além da remuneração da entidade gestora, existem outros custos associados à gestão, que constituem

encargos do FCR. São eles: a remuneração dos depositários; a remuneração do auditor; os custos com os investimentos e desinvestimentos nos activos, incluindo despesas associadas; os custos associados às aplicações de excessos de tesouraria, incluindo comissões e taxas de intermediação; custos relacionados com a documentação a ser disponibilizada aos titulares de unidades de participação e com a convocação de assembleias de participantes e, por fim, os custos com consultores legais e fiscais do FCR. Cfr. Artigo 25º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro.

209 Cfr. A alínea a) do artigo 25º e as alíneas a) e b) do artigo 26º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro. 210 O n.º 4 do artigo 12º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro, expõe nas alienas a) a l) alguns actos e

operações que competem à entidade gestora.

211 Cfr. N.º 1 e 2 do artigo 13º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro. 212

Cfr. N.º 1 do artigo 14º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro.

213 O conteúdo mínimo exigido no regulamento de gestão está explanado nas alíneas a) a aa) do n.º3 do artigo

14º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro.

214 O conteúdo mínimo exigido no regulamento de gestão está explanado nas alíneas a) a aa) do n.º3 do artigo

14º do DL em vigor.

215

Cfr. N.º2 o artigo 14º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro.

216 O referido período não pode ser superior a 25% do período de duração do FCR Cfr. Alínea l) do n.º3 e n.º 4

do artigo 14º do DL n.º 375/2007, de 8 de Novembro.

217 As entidades em causa são: a entidade gestora; outros fundos geridos pela entidade gestora; as sociedades

No que concerne à alteração do regulamento de gestão, compete exclusivamente à entidade gestora do FCR a apresentação de propostas de alteração218. Por seu turno, compete à assembleia de participantes aprovar, por deliberação tomada por maioria, de pelo menos, 2/3 dos votos emitidos, as alterações ao regulamento de gestão que não decorram de disposição legal imperativa. No sentido de flexibilizar as alterações, o diploma vigente introduziu algumas excepções a esta aprovação. Assim, não dependem de aprovação da assembleia de participantes, salvo se constar no regulamento de gestão, nem a modificação da denominação da entidade gestora, da entidade depositária, do auditor, nem as alterações à identificação das instituições de crédito depositárias dos valores do FCR, ao montante de capital subscrito, ao nº de unidades de participação, ao regime aplicável em caso de subscrição incompleta, à indicação das entidades encarregues de promover a subscrição das unidades de participação, aos critérios de valorização e forma de determinação do valor unitário de cada categoria de unidades de participação, e, por fim, à forma e periodicidade de comunicação aos participantes da composição discriminada das aplicações do fundo e do valor unitário de cada categoria de unidades de participação219

.

Cumpre ainda referir que, caso a alteração ao regulamento de gestão origine a modificação de direitos atribuídos a uma categoria de unidades de participação, a sua produção dependerá do consentimento dos titulares das respectivas unidades de participação, sendo que este deve ser prestado através de deliberação de assembleia especial desta categoria de participantes, aprovada por maioria de, pelo menos, 2/3 dos votos emitidos220.