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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.5 ASPECTOS PEDOLÓGICOS

De acordo com os dados pedológicos em escala de 1:1.000.000, disponibilizados pelo SIG-BAHIA (2003), os solos presentes na área de estudo são: Argissolos Vermelho-Amarelos nas áreas dos Tabuleiros Costeiros, Neossolos Quartzarênicos nas áreas das Planícies Litorâneas e Gleissolos Háplicos nas áreas próximas ao rio Pojuca.

Na região dos Tabuleiros Costeiros, em especial, estudos pedológicos destacam a predominância de Latossolos e Argissolos Amarelos. Além disso, há também Neossolos Quartzarênicos e, em menor quantidade, os Espodossolos, Argissolos Acinzentados e os Plintossolos (FORTUNATO, 2004).

Ainda nesse âmbito, ao analisar de forma regional o nordeste brasileiro, Filizola et al. (2001) destacaram que nos platôs litorâneos3 dessa região, predominam Latossolos e Argissolos, geralmente extensos e pouco dissecados. Para esses autores, esses platôs comportam numerosas depressões, onde são encontrados, em profundidade maior que 80cm, horizontes endurecidos (fragipãs e duripãs) e, nas depressões maiores, Espodossolos.

Para Costa-Junior (2008), podem ser encontrados Latossolos e Argissolos amarelos em topossequência nas superfícies remanescentes dos Tabuleiros Costeiros. A ocorrência de Cambissolos, Neossolos Litólicos e Espodossolos também em topossequência está relacionada à ocorrência de duricrostas em alguns desses remanescentes.

Ao realizar estudos mais detalhados em uma área dos Tabuleiros Costeiros, Fortunato (2004) constatou a presença de dois grandes sistemas pedológicos: i) interflúvios aplanados, onde ocorrem predominantemente Latossolos Amarelos e Argissolos Amarelos e, secundariamente, os Espodossolos; e ii) vales onde predominam solos mais jovens, pouco profundos ou rasos, localmente erodidos, pedregosos, plínticos ou concrecionários, onde os processos pedogenéticos estão subordinados aos processos morfogenéticos atuantes.

3 Os Tabuleiros Costeiros correspondem aos platôs de origem sedimentar com diferentes graus de entalhamento

76 Segundo Nunes (2011), as classes de solos mais comuns desenvolvidas sobre os Tabuleiros Costeiros, são os Latossolos Amarelos, os Argissolos Amarelos, os Argissolos Acinzentados, os Espodossolos, os Neossolos Quartzarênicos e os Plintossolos. Entretanto, nas áreas-base de estudo desse autor, os solos dominantes são os Argissolos Amarelos, ocorrendo também Latossolos Amarelos, Argissolos Acinzentados, Espodossolos Humilúvicos e Espodossolos Ferrihumilúvicos, Latossolos Vermelho-Amarelos, Latossolos Vermelhos, Argissolos Vermelho-Amarelos, Neossolos Litólicos, Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e Cambissolos Háplicos.

De maneira geral, como salienta a EMBRAPA (2013), os Argissolos são constituídos por material mineral, que tem como diferencial a presença de um horizonte B textural (Bt) de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico. Os Argissolos apresentam profundidade variável, são desde forte a imperfeitamente drenados, com transição entre os horizontes A e Bt clara, abrupta ou gradual. A textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt – sempre havendo aumento de argila entre os horizontes. Em relação à acidez variam de forte a moderada (EMBRAPA, 2013).

Os Argissolos Amarelos, para Nunes (2011) são predominantes em toda a área dos Tabuleiros Costeiros, sendo mais frequentes em tabuleiros dissecados sob condições úmidas, onde a continuidade do sistema morfogenético anterior foi praticamente derruída por causa do entalhamento dos cursos fluviais. Esses solos possuem baixa capacidade de troca de cátions, são ácidos e apresentam horizontes subsuperficiais coesos, podendo também apresentar fragipãs, duripãs, horizonte plácico, ortstein plácico, ortstein ou caráter dúrico (NUNES, 2011). Os Latossolos possuem horizonte B latossólico, que representa o avançado grau de intemperização, que os destituiu virtualmente de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, apresentando baixa capacidade de troca catiônica da fração argila (EMBRAPA, 2013). Esses solos ocorrem normalmente em relevo plano, que favorece a infiltração e percolação da água, com a consequente lixiviação das bases e intemperização de minerais menos resistentes.

Os Espodossolos são desenvolvidos principalmente de materiais arenoquartzosos sob condições de umidade elevada, em clima tropical e subtropical, em relevo plano, suave ondulado, áreas de surgente, abaciamentos e depressões, podendo, entretanto, ocorrer em áreas de clima frio, úmido e de vegetação alto-montana (DIAS et al. apud EMBRAPA, 2013). São

77 solos que apresentam horizonte B espódico imediatamente abaixo de horizonte E, A ou horizonte hístico dentro de 200 cm a partir da superfície ou de 400 cm, se a soma dos horizontes A e E ou dos horizontes hístico e E ultrapassar 200 cm de profundidade (EMBRAPA. 2013).

Os Neossolos são constituídos por material mineral ou material orgânico pouco espesso (menos de 30 cm de espessura), não apresentam qualquer tipo de horizonte B e não apresentam alterações expressivas em relação ao material de origem, devido à baixa intensidade dos processos pedogenéticos (EMBRAPA, 2013). Os Neossolos Quartzarênicos, em especial, de acordo com o SIG-BAHIA (2003), situam-se na parte leste e sudeste da área, em regiões de acumulação, as quais abrangem a planície resultante da combinação das ações marinhas e fluviais nas embocaduras de rios sujeitos às penetrações das marés e a planície resultante do trabalho do vento sobre material arenoso de origens diversas.

No entanto, como observado por Martins et al. (2011), há uma carência de informações sobre os solos dos terraços marinhos em regiões tropicais, as áreas de ocorrência, a relação com o relevo e com a cronologia do material de origem. No que tange os aspectos morfo- pedogenéticos dos leques aluviais os trabalhos também são escassos, entretanto, Costa-Junior (2008) é um dos autores pioneiros nos estudos dos solos dessas áreas.

Os Neossolos Quartzarênicos, em específicos, são classificados pelo SiBCS (EMBRAPA, 2013) como:

Outros solos sem contato lítico dentro de 50cm de profundidade, com sequência de horizontes A-C, porém apresentando textura areia ou areia franca em todos os horizontes até, no mínimo, a profundidade de 150cm a partir da superfície do solo ou até um contato lítico. São essencialmente quartzosos, tendo, nas frações areia grossa e areia fina, 95% ou mais de quartzo, calcedônia e opala e praticamente ausência de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo). (EMBRAPA, 2013. p. 222)

O Gleissolo, por sua vez, é caracterizado por ser constituído por material mineral, com horizonte glei nos primeiros 150cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de horizonte H (hístico) com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos, satisfazendo ainda os seguintes requisitos, de acordo com o SICBS (EMBRAPA, 2013):

a) ausência de qualquer tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei; b) ausência de horizonte vértico, plíntico, ou B textural com mudança textural abrupta, coincidente com o horizonte glei;

c) ausência de horizonte plíntico dentro de 200 cm a partir da superfície do solo. (EMBRAPA, 2013. p. 92)

De acordo com Costa-Junior (2008), nos terraços aluviais (sopés ou planície fluvial) desenvolvem-se Argissolos e Gleissolos, enquanto nas várzeas são encontrados solos

78 Hidromórficos ou Solos de Mangue, naquelas várzeas influenciadas pelas marés. Ainda segundo o mesmo autor, nos leques aluviais pleistocênicos, ocorrem, em topossequência, Neossolos Quartzarênicos, Neossolos Litólicos e Espodossolos (ambos em superfícies mais baixas com profundidade variável), associados a Argissolos e Latossolos (encontrados em posições cimeiras da encosta), como demonstrado na figura 13.

Figura 13: Representação esquemática da evolução morfo-pedológica na superfície dos Leques Aluviais

Pleistocênicos, a partir da erosão pedogeoquímica diferencial do processo de podzolização. Esse processo supostamente avança de forma remontante a superfície arenosa com o Espodossolo no sentido da superfície Argissolo/Neossolo. A continuidade do processo pode alcançar a superfície argilo-arenosa com Latossolo/Argissolo, que pode ser lentamente transformada em superfície rebaixada e aplainada.

Fonte: Costa-Junior (2008).

Para Costa-Junior (2008), os processos pedogeoquímicos diferenciais e o transporte de partículas exercem uma influência direta na evolução da paisagem com Latossolos e Argissolos, que pode ser lentamente transformada em uma superfície rebaixada e aplainada com Espodossolos hidromórficos.

3.6 VEGETAÇÃO, USO DA TERRA, POTENCIAL E LIMITAÇÕES DOS