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2.1 A ANÁLISE INTEGRADA DA PAISAGEM E O (SUB)SISTEMA SOLO

2.1.5 Horizontes Coesos, Fragipãs e Duripãs dos Tabuleiros Costeiros

e Tardy e Roquin (1998), citados por Nunes (2011), são vermelhos, friáveis, microgranulares, constituídos de hematita, goethita, caulinita e/ou gibbisita, muitas vezes apresentando relíquias de cascalhos ferruginosos organizados em linhas de pedras. Assim, os solos formados a partir dos sedimentos do Grupo Barreiras podem apresentar características peculiares, tais como a presença do caráter coeso, horizontes fragipãs e/ou duripãs, linhas de pedras ao longo dos perfis, etc.

2.1.5 Horizontes Coesos, Fragipãs e Duripãs dos Tabuleiros Costeiros

Os solos com caráter coeso caracterizam-se por apresentarem horizontes pedogenéticos subsuperficiais adensados, com elevada resistência à penetração do martelo pedológico quando secos, ou seja, possuem consistência dura ou muito dura quando seco, tornando-se friáveis, quando umedecidos (JACOMINE, 1996; GIAROLA; SILVA, 2002; OLIVEIRA, 2011; EMBRAPA, 2013).

No Brasil foram identificadas as características de horizontes coesos nos tabuleiros costeiros (relacionados com os sedimentos do Grupo Barreiras) (JACOMINE, 1996). Os Latossolos Amarelos são vistos por Jacomine (1996) como solos que apresentam, em condições naturais, o caráter coeso. De forma geral, o caráter coeso ocorre em uma faixa de 20 a 60cm de profundidade, podendo atingir maiores profundidades. Corresponde normalmente aos horizontes AB (A2) e/ou BA (B1), podendo chegar ao topo do B. No caso dos Argissolos Amarelos, o caráter coeso, além de estar presente logo abaixo do horizonte A, atinge maior profundidade do B que nos Latossolos (JACOMINE, 1996).

De acordo com a EMBRAPA (2013),

Estes horizontes são de textura média, argilosa ou muito argilosa e, em condições naturais, têm uma fraca organização estrutural, sendo realmente maciços ou com tendência à formação de blocos. O caráter coeso é comumente observado nos horizontes transicionais AB e/ou BA entre 30 e 70 cm da superfície do solo, podendo prolongar-se até o BW ou coincidir com o Bt, no todo ou em parte. Uma amostra de horizonte de caráter coeso, quando seca, desmancha-se ao ser imersa em água. (EMBRAPA, 2013, p.33-34)

A identificação dos horizontes coesos no Brasil tem sido feita qualitativamente utilizando-se a análise morfológica. Esse atributo é comum em Latossolos e Argissolos derivados de sedimentos do Barreiras (OLIVEIRA, 2011) e no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013) o caráter coeso é empregado no terceiro nível

40 categórico (grande grupo), como Latossolos Amarelos Distrocoesos, Argissolos Amarelos Distrocoesos e Argissolos Acinzentados Distrocoesos.

Para Giarola e Silva (2002), a forma como os horizontes coesos são identificados no Brasil, a partir dos atributos morfológicos, impossibilita que se faça um reconhecimento fácil e seguro do mesmo, configurando a estrutura maciça moderadamente coesa a coesa de valor limitado como feição distintiva auxiliar, já que o caráter “coeso” não se manifesta quando o solo está úmido.

De acordo com Silva et al. (2013), uma das características mais eminentes dos solos dos Tabuleiros Costeiros é a coesão manifestada em horizontes subsuperficiais (horizontes coesos). Existem pesquisadores que tentaram explicar a evolução desses horizontes. No entanto, a formação desses horizontes ainda não está totalmente esclarecida e gera várias discussões (LIMA NETO et al., 2010).

Ao estudar solos dos Tabuleiros Costeiros de Alagoas, sendo eles: um Argissolo Amarelo, um Argissolo Acinzentado e dois Latossolos Amarelos, Lima Neto et al. (2010) não observaram, nos horizontes coesos, tendência de aumento dos teores de Al e Si, indicando que a sua gênese não se deve à presença de agentes cimentantes. Sugeriram, dessa forma, que a gênese do caráter coeso apresenta duas fases distintas, a primeira pelo entupimento dos poros decorrente da iluviação de argila fina e a posterior pela diminuição dos óxidos de Fe na parte superior do horizonte, provocando o colapso da estrutura e o reajuste da caulinita.

Para Corrêa et al. (2008), a gênese dos horizontes coesos de solos vermelhos e amarelos do ambiente Tabuleiros Costeiros deve-se ao maior conteúdo de argilas muito finas, principalmente menores que 0,2µm, translocadas entre horizontes como argila dispersa, que favorece o entupimento dos poros.

No Litoral Norte da Bahia, em específico, Silva et al. (2013) selecionaram três perfis de solos no Grupo Barreiras a partir da tese de Nunes (2011), sendo: Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico, Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico típico e Argissolo Amarelo Distrocoeso abrúptico. A partir das descrições morfológicas e as análises físicas e químicas, os autores identificaram que a coesão se desenvolveu devido à boa distribuição granulométrica e a argiluviação, não comprovando a relação com a translocação de argila muito fina, como proposto por Corrêa et al. (2008).

Para Costa-Junior (2008), a morfologia dos Latossolos e Argissolos dos Tabuleiros Costeiros é marcada pela presença, em subsuperfície, de uma camada coesa de espessura

41 variada, que envolve os horizontes BA, Bt e Bw, às vezes até o AB. Além da coesão, diferentes graus de cimentação podem ser formados nos horizontes dos solos dos Tabuleiros Costeiros a partir dos fragipãs e duripãs, gerados como consequência da eventual existência de duricrostas (COSTA-JUNIOR, 2008).

É imprescindível destacar que existe diferença entre os horizontes coesos e os fragipãs e duripãs, sendo que estes últimos também são encontrados nos Tabuleiros Costeiros do nordeste do Brasil. Segundo Filizola et al. (2001), os horizontes endurecidos do tipo fragipãs e duripãs são encontrados frequentemente em profundidade maior que 80 cm e desenvolvem-se nas depressões, associados a Espodossolos.

De acordo com Oliveira (2011), a característica diferencial do caráter coeso em relação ao fragipã é que uma amostra de um horizonte coeso úmida comprimida deforma-se lentamente, já o fragipã, apresenta quebradicidade, isto é, desintegra-se em fragmentos menores; porém, uma amostra de horizonte coeso desmancha-se ao ser imersa na água.

Assim, é importante ressaltar os conceitos de fragipã e duripã. O horizonte fragipã consiste em um horizonte mineral subsuperficial, endurecido quando seco, usualmente de textura média ou arenosa, raramente de textura argilosa, baixo teor de matéria orgânica e alta densidade aparente em relação aos horizontes sobrejacentes e aparentemente cimentado quando seco, tendo então consistência dura, muito dura ou extremamente dura. Geralmente está abaixo de um horizonte B espódico, B textural ou horizonte álbico. Para ser diagnóstico o fragipã deve ocupar 50% ou mais do volume do horizonte (OLIVEIRA, 2011; EMBRAPA, 2013).

No SiBCS (EMBRAPA, 2013), também tomando como base o conceito constante de Estados Unidos (1951, 1975, 1999), o duripã apresenta maior grau de cimentação por sílica, podendo ainda conter óxido de ferro e carbonato de cálcio. Apesar da variação de aparência, todos apresentam consistência, quando úmidos, muito firme ou extremamente firme, não se esboroando mesmo durante prolongado umedecimento, apesar de serem quebradiços. O duripã também deve representar 50% ou mais do volume do horizonte para ser diagnóstico.

Para Filizola et al. (2001), a formação desses horizontes seria induzida pela migração do ferro, que se concentra provisoriamente nas bandas ferruginosas derivadas das linhas de plaquetas, sob a forma de géis alumino-ferruginosos, e depois como oxi-hidróxidos de ferro. As bandas, pela diminuição da drenagem, provocariam a desferruginização e a hidrólise da caulinita, fonte dos géis aluminosos, alumino-silicosos ou, ainda alumino-ferruginosos, responsáveis pelas características dos materiais endurecidos.

42 Além da presença desses horizontes endurecidos, coexistem a baixa fertilidade e a baixa reserva de nutrientes dos solos dos Tabuleiros Costeiros, uma redução da profundidade efetiva do solo, que dificulta o desenvolvimento do sistema radicular (CORRÊA et al., 2008). Assim, problemas para o uso e o manejo a partir da presença desses horizontes são: baixos teores de matéria orgânica; distrofia ou alicidade; horizontes superficiais arenosos, dificultando a retenção de água e nutrientes e sujeitos à erosão diferencial e natural, que pode ser acelerada em caso de remoção da cobertura vegetal; limitações à livre circulação da água e do ar causando a diminuição da aeração do solo, bem como a penetração das raízes, promovendo a formação de lençóis suspensos temporários e ambiente redutor, além de provocar a desoxigenação do meio (RIBEIRO, 1996; COSTA-JUNIOR, 2008).

2.2 OS ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS E A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS