• Nenhum resultado encontrado

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.4 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS

3.4.3 Domínio Quaternário

O referido Domínio abrange todas as unidades geológicas depositadas a partir do Pleistoceno inferior (cerca de 1,8 milhão de anos A.P.), Esse período foi marcado pelas numerosas mudanças climáticas, oscilações do nível relativo do mar e movimentos crustais, resultando em feições geomorfológicas, geológicas e pedológicas características e particulares.

De acordo com Martin et al. (1980), os depósitos sedimentares compõem um registro das mudanças ambientais durante o Quaternário. Esses depósitos sedimentares são encontrados ao longo da costa da área de estudo recobrindo rochas do embasamento cristalino e sedimentos da Formação Barreiras (BARBOSA; DOMINGUEZ, 1996).

Para Barbosa e Dominguez (1996), os principais tipos de depósitos quaternários são: depósitos flúvio-lagunares, dunas externas, dunas internas, terraços marinhos holocênicos, terraços marinhos pleistocênicos, leques aluviais, bancos de arenitos e faixas de praias atuais. Esses depósitos foram identificados na área de estudo por Dominguez (2006) e Almeida Junior (2013).

73 Os Depósitos de Leques Aluviais se localizam preferencialmente no sopé das encostas da Formação Barreiras e possuem altitudes variando de 10 a 20m. Trata-se de acumulações predominantemente de material arenoso mal selecionado, contendo também materiais de tamanhos variados, desde argila até seixos. São resultado do retrabalhamento dos sedimentos da Formação Barreiras, que foram redepositados em sistemas de leques aluviais em uma época de clima mais árido que o atual (DOMINGUEZ; BITTENCOURT, 2012).

Os depósitos de terraços marinhos são subdivididos em Pleistocênicos (TMP) e Holocênicos (TMH), denominados por Dominguez e Bittencourt (2012) como Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas e Holocênicas. Os TMPs ocorrem na porção interna da Planície Litorânea bordejando os Depósitos de Leques Aluviais. Esses depósitos apresentam em sua superfície vestígios de antigas cristas de cordões litorâneos. São constituídos por sedimentos arenosos, de granulometria média a grossa, de cores variando de branco a marrom, bem selecionados e com boa permeabilidade. É um material pouco cimentado, à exceção de um nível cimentado por materiais organometálicos translocados de horizontes superficiais para horizontes subsuperficiais, caracterizando horizontes espódicos (DOMINGUEZ; BITTENCOURT, 2012).

Os TMHs, por sua vez, ocorrem bordejando praticamente toda a linha de costa do estado da Bahia. Apresentam topografia levemente ondulada, devido à presença, em superfície, de cristas de cordões litorâneos. Os cordões são bem delineados, estreitos, pouco elevados e, na maioria das vezes, paralelos entre si e com grande continuidade lateral. Esses terraços são bem permeáveis, constituídos por areias finas a médias bem selecionadas e de coloração amarelada, bem como apresenta níveis de conchas de moluscos (DOMINGUEZ; BITTENCOURT, 2012). Os depósitos eólicos arenosos ou dunas mapeados por Martin et al. (1980) e Almeida Junior (2013), de uma maneira geral, são constituídas de areias finas, bem selecionadas, dominantemente quartzosas, e com graus de arredondamento dependendo estreitamente da sua fonte. As dunas internas (Pleistocênicas) possuem colorações tanto ocres quanto brancas, enquanto que as dunas externas (atuais - Holocênicas) são amareladas (MARTIN et al., 1980). O mapeamento de Almeida Junior (2013), seguiu a distinção dessas dunas em três gerações como proposto pela CONDER (1993), sendo elas: dunas Pleistocênicas (correspondem a depósitos arenosos constituídos de material quartzoso de granulometria média a grossa, com cotas variando de 5 a 40m, superpondo nas cotas mais elevadas da Formação Barreiras), Dunas Holocênicas (depósitos arenosos, também paralelos à linha de costa, situados na parte inferior das dunas internas, apresentando granulometria variando de fina a média, com grãos bem

74 arredondados e coloração branca, com cotas variando de 3 a 6m) e Cordões Arenosos Litorâneos (estreitos e alongados depósitos arenosos em contato direto com a faixa de praia, composto também por material quartzoso, com cotas inferiores a 3m) (CONDER, 1993; ALMEIDA JUNIOR, 2013).

Tendo sido formados desde o início da última transgressão até o atual, uma série de depósitos flúvio-lagunares é encontrado margeando os rios. Esses materiais são basicamente representados por areias e siltes argilosos ricos em matéria orgânica. São considerados flúvio- lagunares devido à dificuldade de se diferenciar os depósitos fluviais antigos de lagunas e mangues (MARTIN et al., 1980).

Os sedimentos das praias atuais representam alongados depósitos arenosos de granulometria fina a grossa, que sofrem influência eólica e marinha direta, seja pelo avanço ou recuo da maré, seja pelas correntes de deriva litorânea. Correspondem a uma faixa variando de 30 a 50 metros de extensão (CONDER, 1993; ALMEIDA JUNIOR, 2013).

Dessa forma, os sedimentos recentes do Litoral, em sua maior parte, integram a feição geomorfológica denominada planície litorânea. Esquivel (2006) considerou o Domínio Quaternário, sob o ponto de vista ambiental, como um ambiente de transição entre os ambientes marinho e terrestre, extremamente sensível e frágil. Portanto, essa área possui grandes necessidades de planejamento e gerenciamento ambiental adequados para minimizar os impactos ambientais negativos e potencializar os positivos.

Geomorfologicamente, os Depósitos Quaternários compõem o Domínio dos Depósitos Sedimentares, como proposto por Nunes et al. (1981), compreendendo, dessa maneira, as unidades de Depósitos de Leques Aluviais Coalescentes, de Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos, Eólicos, Flúvio-Lagunares, Aluvionares, além de Depósitos Litorâneos Costeiros Indiferenciados e os Arenitos de Praia.

Corresponde às Regiões de Acumulação formadas por materiais arenosos, argilosos ou cascalhentos, influenciados pelas enchentes e marés e pela existência ou não de vegetação nativa (ALMEIDA JUNIOR, 2013). De acordo com o SIG-BAHIA (2003), essa região de acumulação abrange três unidades morfológicas diferenciadas a partir da sua origem: (i) Planície resultante da combinação das ações marinhas e fluviais nas embocaduras de rios sujeitos às penetrações das marés, podendo conter mangues e terraços; (ii) Planície resultante do trabalho do vento sobre material arenoso de origens diversas; (iii) Planície resultante das ações fluviais, contendo aluviões, sujeitas a inundações, podendo conter terraços.

75 Essas regiões de acumulação correspondem ao que Dominguez (2006) classificou como Planície Litorânea, que possui como principal fator de origem e evolução as variações do Nível Relativo do Mar e a tectônica. Dessa forma, essa Unidade Geomorfológica encontra-se associada aos Depósitos Quaternários e às alterações do Nível Relativo do Mar.