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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.6 VEGETAÇÃO, USO DA TERRA, POTENCIAL E LIMITAÇÕES DOS RECURSOS

De acordo com o Programa de Desenvolvimento Sustentável – APA Litoral Norte da Bahia (PRODESU, 2001), nesta zona litorânea as fitofisionomias predominantes são as matas ombrófilas (florestas ombrófilas densas de terras baixas), as matas ciliares (florestas ombrófilas densas aluviais), os manguezais e a vegetação de restinga. Além disso, existem áreas de vegetação secundária, reflorestamento, ocupação agropecuária, áreas urbanas e empreendimentos voltados para o turismo, como constatado no mapa de uso e ocupação da terra elaborado pelo INEMA (2011) (Figura 14).

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Figura 14: Mapa de uso e ocupação da APA Litoral Norte do Estado da Bahia – entre os rios Pojuca e Imbassaí.

Fonte: Mapa organizado pela autora a partir de informações do INEMA (2011).

Veloso et al. (1991) classificaram a floresta ombrófila da área como floresta ombrófila densa, apresentando-se em duas subdivisões de acordo com as características fisionômico- ecológicas, sendo elas: floresta ombrófila densa de terras baixas e floresta ombrófila densa aluvial.

Segundo Veloso et al. (1991), a floresta ombrófila densa possui como característica ecológica principal os ambientes ombrófilos que marcam a “região florística florestal”, resultando em uma característica ombrotérmica relacionada aos fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas (médias de 25ºC) e de alta precipitação, bem distribuída durante o ano

Fonte: Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA, 2011). Organização: Lima, Jéssica M. (2015)

80 (de 0 a 60 dias secos). Além disso, dominam nos ambientes desta floresta Latossolos distróficos e excepcionalmente eutróficos, originados de vários tipos de rochas.

A classificação da fitofisionomia da floresta ombrófila densa do Litoral Norte como uma formação de terras baixas é caracterizada por se situar entre os 4º de latitude N e os 16º de latitude S, a partir dos 5m até os 100m acima do mar (VELOSO et al., 1991). Esse tipo de vegetação ocupa, na área de estudo, ambientes mais interiores associadas aos sedimentos terciários da Formação Barreiras (PRODESU, 2001).

A floresta ombrófila densa aluvial, também chamada mata ciliar pelo mapeamento do INEMA (2011), se caracteriza como uma formação ribeirinha que ocorre ao longo dos cursos de água ocupando os terraços antigos das planícies quaternárias, nas margens dos rios protegendo-as contra a erosão, além de funcionar como corredores de fauna entre as áreas a montante e a jusante da bacia hidrográfica. A ausência dessa vegetação desestabiliza toda essa estrutura do ecossistema (PRODESU, 2001). É possível observar a partir do mapa de uso e ocupação da terra (INEMA, 2011) e as ortofotos (SEI, 2010), que em extensas áreas que deveriam ser ocupadas por matas ciliares, a vegetação foi suprimidas, tendo sido substituída pelas atividades agrícolas ou por reflorestamento (Figura 15), que é realizada de forma incorreta, com a inserção de vegetação não-nativa.

Figura 15: Ortofoto selecionada para demonstrar áreas de floresta ombrófila densa de terras baixas e área de

floresta ombrófila densa aluvial que foram exumadas para a incorporação de atividades agropecuárias no município de Mata de São João – Bahia.

Fonte: Adaptado de SEI (2010).

81 A vegetação de restinga se distribui sobre terrenos arenosos localizados paralelamente ao litoral, em solos de baixa fertilidade. Esta tipologia vegetal apresenta características específicas que permitem o seu crescimento em áreas sujeitas a altas temperaturas (DOMINGUEZ, 2006). Essas condições conferem à vegetação características peculiares: galhos retorcidos e folhas espessas (coriáceas) muitas vezes transformadas em espinhos, sendo que a grande maioria das espécies são ervas ou arbustos e algumas espécies não apresentam folhas. As restingas podem estar associadas aos vales em leques aluviais coalescentes, a substratos arenosos formados por areias quartzosas finas ou às dunas (PRODESU, 2001). Todas estão associadas à baixíssima fertilidade dos solos e à elevada susceptibilidade a processos de erosão eólica.

Os ecossistemas aquáticos representam áreas cobertas temporariamente por água doce ou salgada, formadas a partir da exudação de águas subterrâneas, associadas a aquíferos formados nos sedimentos quaternários arenosos e a fluxo das marés. Na área de estudo, encontram-se os brejos e os manguezais, nesses ambientes sobrevivem espécies vegetais bastante características e muito importantes para a regulação dos fluxos hídricos que controlam o ciclo hidrológico responsável por grande parte da vida animal na região (PRODESU, 2001).

De acordo com o PRODESU (2001), os brejos constituem-se em uma unidade associada às águas fluviais e representam áreas potencialmente inundáveis dos cursos d’águas distribuídas ao longo das margens dos rios ou entre terraços marinhos. Apresenta fisionomia herbácea, podendo chegar até a dois metros. Dentre os principais problemas detectados para as áreas úmidas do Litoral Norte da Bahia estão o aterro e a contaminação por esgotos domésticos, ligados à urbanização; a modificação do fluxo hídrico, principalmente pela construção de estradas, introdução de espécies vegetais exógenas, entre outros (PRODESU, 2001).

Os manguezais, por sua vez, normalmente estão relacionados às áreas estuarinas ou influenciadas pela ação das marés e protegidas da ação das ondas. A dinâmica dos sedimentos é resultado da atuação do fluxo das marés em conjunto com o aporte de água fluvial continental que chega aos estuários, trazendo uma gama variada de sedimentos e nutrientes. As espécies vegetais desse tipo de vegetação possuem um aspecto bastante homogêneo, tanto do ponto de vista fisionômico, quanto da sua composição florística. A sobrevivência das espécies no ambiente marinho é garantida pela adaptação representada pelas raízes escoras e raízes aéreas especiais (pneumatóforos), que se projetam para cima da superfície de água, além de outras adaptações fisiológicas (PRODESU, 2001).

82 As áreas de agropecuária e reflorestamento se constituem em regiões onde ocorreram a remoção da cobertura vegetal original, inicialmente com a inserção de pequenas áreas agrícolas e, posteriormente, com a incorporação do reflorestamento e a plantação de coco em extensas áreas ao longo de toda a costa (ALMEIDA, 2012). As áreas de reflorestamento são representadas por extensas áreas do domínio da mata atlântica com plantações de pinus e eucalipto, que são espécies exóticas de plantio homogêneo destinado para a indústria de celulose e como fonte energética (LYRIO, 2003).

Algumas áreas são desmatadas e permanecem sem um novo uso do solo. No geral, são regiões de exploração imobiliária e comercial, que ocorrem principalmente ao longo da Linha Verde e próximo à costa, formando áreas urbanas (ALMEIDA, 2012).

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