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Aspectos relativos à importância de um trabalho desenvolvido em parceria com outros profissionais.

3.1 ATIVIDADES PROFISSIONAIS INSERIDAS NA PERSPECTIVA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE.

3.1.5. Aspectos relativos à importância de um trabalho desenvolvido em parceria com outros profissionais.

A maioria dos sujeitos envolvidos na presente pesquisa apontou o trabalho em parceria com profissionais de outras áreas, como um ponto importante na atuação profissional. Tais parcerias são consideradas como complementares ao trabalho, como algo que possibilita ampliar a visão da realidade a ser trabalhada, por parte do psicólogo, entre outras questões consideradas importantes.

Para S1, o que deve estar permeando o trabalho com outros profissionais é a abordagem teórica que deve funcionar como ponto aglutinador das leituras a serem feitas sobre determinados fenômenos, possibilitando, dessa forma, a construção coletiva de um projeto comum. Como exemplo, cita o seu trabalho desenvolvido em Orientação Vocacional, em parceira com outros profissionais, assim descrevendo tal trabalho: "(...) o

projeto quando foi construído ele tinha um pedagogo, tinha um sociólogo e um psicólogo, eles construíram coletivamente e ele tem essa cara, o projeto, porque ele tem a cara do pedagogo, no processo de informação profissional, essa parte informativa; ele tem a cara do psicólogo na perspectiva de ser fundamental trabalhar o auto-conhecimento, valores; ele tem a cara do sociólogo na perspectiva da percepção do trabalho na sociedade(...) eu acho fundamental o projeto ter essa cara"(Anexo-/3.1.5./S1).

Por sua vez, o trabalho que, segundo S4 marcou sua atuação profissional, com referência à sua ação como psicóloga escolar, foi o realizado em uma escola, ao longo de nove anos, que contava com uma equipe pedagógica que deu o suporte necessário ao seu desenvolvimento junto aos professores, alunos, pais e técnicos da instituição .“(...) eu era lotada no departamento de saúde do escolar e a gente prestava serviços junto às escolas(...) nessa escola tinha uma equipe que era a assistente pedagógica, a orientadora educacional e eu e sempre trabalhávamos com a dinâmica da escola, e isso dava tranqüilidade para todo mundo, eram pouquíssimos mal entendidos, essas coisa da fofoca, quase não existia”(Anexo-/3.1.5./S4). A coesão desse trabalho foi a grande qualidade apontada, considerando que conseguiu um trabalho de qualidade graças a uma equipe que tinha objetivos comuns e uma direção comprometida com esse projeto”(...) tinha uma diretora que não trabalhava só com a administração da escola, mas tinha uma pedagogia, ela não largava a questão pedagógica da escola”(Anexo-/3.1.5./S4).

Considera que o psicólogo tem sua especificidade, que é trabalhar com as relações humanas, promovendo saúde, mas entende que a riqueza do trabalho está na troca e na sua cumplicidade dentro de uma equipe interdisciplinar. “(...) eu me senti assim , estou fazendo um trabalho de promoção de saúde, de integração das pessoas(...) e eu achava que trabalhava num oásis e de fato eu trabalhava porque eu encontrava com colegas que não conseguiam fazer isso”(Anexo-/3.1.5./S4).

Outra questão interessante apontada sobre a riqueza do trabalho coletivo é descrita por S6, considerando que o trabalho com outros profissionais propicia contribuições teóricas diferenciadas, ampliando o “olhar” sobre determinadas realidade. Diz ele: “(...) o meu trabalho eu faço um esforço , para que ele seja um trabalho de integração de profissionais diferentes(...) são leituras diferenciadas da realidade , leituras de cada área do conhecimento(...) eu vou trazer texto do referencial teórico que eu tenho, eu sou da Psicologia. O que é do Serviço Social, por exemplo, tem outros repertórios e aí você vai poder cruzar essas informações, é uma riqueza, é uma diversidade de olhar sobre a prática”(Anexo-/3.1.5./S6).

Para outro sujeito - S8 -, o trabalho contou com a cooperação de outros profissionais dentro da escola e considera que essa cooperação pode trazer avanço na resolução das questões mais coletivas do cotidiano escolar assim como nas reflexões sobre a importância do trabalho interdisciplinar. “(...) muito deles cooperavam com o meu trabalho, uma porque aderiu e tal, outra porque achou interessante e outros porque ah! não custa nada ajudar o setor da psicologia(...) então por isso eu acho que ficou mais perto de um trabalho integrado do que interdisciplinar”(Anexo-/3.1.5./S8).

Entende que o trabalho do psicólogo na escola é mais enriquecedor quando desenvolvido junto a um grupo de profissionais, numa perspectiva interdisciplinar, com um projeto em comum que busque a totalidade do fenômeno humano.”(...)Nessa perspectiva de promover saúde é fundamental essa perspectiva interdisciplinar(...) eu acho que o ser humano ele está lá como um todo, né? A gente didaticamente tenta separar os assuntos, os conteúdos, para poder estar passando, trocando melhor a idéia, mas ele é um todo.”(Anexo-/3.1.5./S8).

S9, por sua vez, considera que a parte social e pedagógica, realizada por assistentes sociais e pedagogos, complementa a sua atuação como psicóloga. Essa equipe possibilita projetos comuns dentro da instituição, mas segundo sua visão, essa equipe caracteriza-se por um trabalho multidisciplinar, porque há as discussões conjuntas, mas cada qual

desenvolve o seu projeto em seu setor. “(...)a nossa atuação junto é no sentido de emitir opiniões, de troca de idéias, de planejamento. Mas no dia-a- dia realmente cada um está na sua área(...) a nível geral a gente está sempre discutindo e caminhando junto, tendo um projeto comum”(Anexo-/3.1.5./S9). Na sua opinião, a união de diferentes profissionais com objetivos em comum fortalece o trabalho, ainda que este não possa ser considerado um trabalho interdisciplinar.

Outra questão apontada por S10, como uma qualidade do trabalho conjunto, é a possibilidade de complementação de conteúdos. Tais trabalhos podem envolver tanto diferentes profissionais como profissionais de Psicologia que atuam em diferentes áreas. Essa complementação facilita a revisão dos objetivos propostos para tal ação, assim como no planejamento das tarefas.“(...) é muito mais interessante você estar trabalhando com outros profissionais do que isolado, por exemplo, eu estou dando um curso de Orientação Sexual para adolescentes para educadores. Eu venho com os conceitos da Psicologia ligada á área da educação, e o meu parceiro, que é psicólogo e que trabalha na secretaria da saúde, ele pode complementar com outros dados que é da área da saúde(...)eu já trabalhei com enfermeiros num programa de prevenção de drogas e AIDS(...) Então eu acho que seria isso, a Psicologia junto com a educação, com a saúde e também com a sociologia”(Anexo-/3.1.5.S10).

Outros três participantes apontaram o espaço da Formação, como contexto em que se devem iniciar as reflexões sobre o trabalho coletivo, sobre a importância e riqueza que esse tipo de atuação pode oferecer ao futuro profissional. Entendem que tal proposição ainda é incipiente nos cursos de Formação e descrevem como estão tentando possibilitar tais discussões em suas práticas como docentes e/ou supervisores.

Para S2, é fundamental desenvolver com os alunos , na Formação, reflexões sobre o trabalho em equipe, apontando que tal trabalho possibilita a complementação de diferentes pontos de vista sobre determinados fenômenos. Entende que o trabalho multidiciplinar pressupões diferentes

profissionais com um projeto político educacional em comum, uma visão de homem, uma metodologia de trabalho. “(...) é necessário essa discussão, do trabalho com outros profissionais, enquanto uma exigência do mercado atualmente.(Anexo-/3.1.5/S2).

Outra questão apresentada por S8 é a necessidade de construir uma postura profissional que facilite o trabalho interdisciplinar na instituição, tentando desenvolver a identidade dos educadores. Entende que tal perspectiva enriquece e complementa o trabalho do psicólogo. “(...) eu acho fundamental, se você vai trabalhar na instituição, você tem que saber tudo que está acontecendo(...) então você está compartilhando das idéias, compartilhando das histórias que aconteceu ali. Então no trabalho de estágio , é importante que o estagiário desenvolva essa compreensão. Inclusive assim, você complementa muito mais a sua formação como psicóloga que vai trabalhar com instituição”(Anexo-/3.1.5./S8).

Um outro tipo de trabalho coletivo é o realizado no interior da própria Psicologia, com profissionais de diferentes área. Neste exemplo foi citado o trabalho de S3, desenvolvido no estágio de Psicologia Escolar, em parceira com uma professora da área de Psicologia Clínica, junto a uma escola pública. Tal participação, segundo o sujeito, possibilita a ampliação do atendimento à criança, assim como o conhecimento sobre a mesma, por parte dos estagiários e professores de diferentes áreas. “(...) o modelo de atuação profissional - dentro da psicologia - que apresenta modelos das diversas áreas, como áreas isoladas , é um modelo superado e ele precisa ser substituído por um tipo de prática que seja mais coletivo. Eu acho que a gente conseguiu criar esse exemplo de como isso pode acontecer” (Anexo- /3.1.5./S3).

Considera que seria um avanço se tal prática fosse mais disseminada na Formação e entende que cada vez mais deveria ser buscado um modelo de atuação transdisciplinar, ou seja, desenvolver uma postura de troca teórico-prática que faça avançar as análises institucionais. Tais atuações seriam compostas de “(...)pessoas de áreas diferentes que procuram discutir,

estar enxergando as coisas dentro de um enfoque diferente(...) para que a escola, os educadores, eles possam ir se apropriando dessas múltiplas visões das questões educacionais e dos problemas que emergem dentro do contexto educacional”(Anexo-/3.1.5./S3).

3.1.6. Discussão sobre o espaço profissional existente hoje para o