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Conhecer as principais concepções “de homem” presente nas diferentes teorias psicológicas e seus desdobramentos práticos

4 1 A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO NO MODELO TRADICIONAL DE PROMOÇÃO DE SAÚDE.

4.2. A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO QUE SE CONTRAPÕE ÀO MODELO TRADICIONAL DE PROMOÇÃO DE SAÚDE.

4.2.2. Conhecimentos das principais correntes teóricas da Psicologia.

4.2.2.1. Conhecer as principais concepções “de homem” presente nas diferentes teorias psicológicas e seus desdobramentos práticos

profissionais.

Algumas questões apresentadas nesta unidade demonstram uma

compreensão comum entre os sujeitos participantes. Todos apontaram para a necessidade da Formação possibilitar, ao aluno, o conhecimento das principais correntes teóricas da ciência psicológica. Isto demonstra um

consenso sobre uma formação generalista que apresente as várias “Psicologias” que compõem tal ciência. Outra questão descrita de forma consensual foi a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a Psicologia Institucional, para habilitar o futuro profissional a ter uma atuação consistente, frente à complexa dinâmica presente nas instituições.

As questões nas quais os sujeitos apresentam diferenças indicam a visão teórico-prática que se encontra subjacente ao trabalho profissional de cada um, embora todos entendem que, na sua atuação, os conhecimentos teóricos, por eles utilizados, têm auxiliado para efetivar uma ação comprometida com a promoção de saúde na Educação.

A teoria Sócio-Histórica é apontada por três dos sujeitos como a teoria dentro da Psicologia que sustenta a compreensão que eles têm dos fenômenos psicológicos, presentes na realidade.

Para eles, essa abordagem é aquela que melhor faz a ponte entre teoria e realidade, considerando que tal visão teórica é importante para o psicólogo que quer atuar na perspectiva da promoção da saúde, porque ela pode subsidiar uma compreensão do mundo enquanto constituído pelas tramas da sua própria história, rompendo coma visão individualista, presente na maioria das outras teorias psicológicas. Cita um deles - S1: ”(...) A teoria Sócio-histórica ela é mais que uma teoria pronta sobre o mundo psíquico, sobre o funcionamento psíquico(...) ela é uma postulação, da relação do indivíduo com o mundo. Ela é uma teoria que fala da gênese do humano no homem, a gênese do psiquismo do homem que está na gênese da história e do social”(Anexo/4.2.2.1./S1).

Essa perspectiva teórica contrapõe-se à noção de homem natural. A Educação, dentro dessa concepção teórica é vista como um fenômeno construído historicamente e que se atualiza constantemente através das relações sociais. “(...) a gente está tentando desenvolver uma outra noção de que a Educação é um processo, processo de relacionamento, de parceria, de diálogo, onde professor e aluno dialogam com o conhecimento , eles são

parceiros num diálogo com o conhecimento, para poder se apropriar de uma cultura, com um conhecimento que a humanidade sistematizou, sempre entendendo aquele conhecimento como processo, como conhecimento histórico” (Anexo-/4.2.2.1./S1).

No mesmo sentido, para S2, a teoria Sócio-Histórica contribui para uma nova concepção de homem, vendo-o como ser histórico, constituído através das suas relações sociais. Tal concepção é ainda incipiente nos cursos de formação, mas vem ganhando cada vez mais espaços tanto entre os alunos quanto os profissionais.”(...) a gente tem sentido que de um dois anos para cá , uma mudança muito grande,(...) Isso para nós é um indicativo que os alunos não estão mais fechados. Então assim a gente não quer a hegemonia, mas a gente quer que essa posição teórica também exista na Formação” (Anexo/4.2.2.1./S2).

Um outro sujeitos, S3, citou o corpo teórico das chamadas Teorias Críticas, entendendo que estas reflexões contribuíram para uma nova concepção de homem, vendo-o como um ser determinante e determinado pelas circunstâncias sociais e históricas. Considera importante que o profissional tenha conhecimento dessas teorias.

As Teorias Críticas geraram um corpo teórico dentro da Psicologia, a chamada corrente Sócio-Histórica. “(...) hoje as teorias psicológicas que levam em conta uma visão de mundo que a teoria marxista pressupõe, compreendem o homem como sendo construtor também determinado pelas circunstancias históricas, em um determinado espaço social”(Anexo/4.2.2.1./S3). Considera que existe uma necessidade também de se conhecer , dentro desse enfoque, a Psicologia Social e a Institucional, entre outras.

Entende a teoria Sócio-Histórica pode propiciar uma visão mais integrada do homem, na sua relação com o mundo, possibilitando, dessa forma, uma atuação mais ampliada do profissional. Tais conhecimentos, na

sua opinião, podem possibilitar ao profissional uma ação que vise promover a socialização do saber e, consequentemente, a promoção de saúde.

A característica presente nos outros sujeitos participantes é a de utilizar várias vertentes teóricas na sua atuação profissional. Um deles justifica que é necessário uma postura aberta frente a diferentes teorias, porque considera que nenhuma delas dá conta da complexidade do ser humano. Dentre as teorias citadas, aparecem, de forma predominante, a Psicanálise, o Construtivismo de Piaget, a teoria Histórico-Cultural de Vygotsky, a teoria do Grupo Operativo de Pichon River e o Psicodrama de Moreno.

Assim, para S4, é importante conhecer, além das teorias da Psicologia da Educação, as da Psicologia Institucional e Psicologia Social, tendo em vista que tais conhecimentos ajudam na reflexão das práticas desenvolvidas. No seu trabalho ele utiliza as contribuições teóricas do construtivismo, da psicanálise e dos grupos operativos. Entende que tais contribuições enriquecem o seu trabalho, não vendo em tal fato um ecletismo teórico e sim uma busca para compreender o complexo fenômeno humano “(...)eu não sei te dizer se o que eu faço é ecletismo, eu não me sinto assim, ora isso, ora aquilo. Eu acho que o ser humano é rico demais e que uma teoria e sempre pouco(...) Se eu tiver que ser alguma coisa, eu acho que sou muito mais cognitivista. Essa cognitivista comportamental moderna” (Anexo-/4.2.2.1./S4).

Outro sujeito, S5, utiliza-se das bases teóricas psicanalíticas de autores independentes, como Winicott e outros. Considera que tais contribuições teóricas auxiliam de forma bastante interessantes a interpretação das situações institucionais. “(...) eu estou muito identificada com a psicanálise, com autores independentes, como Winicott, menos ortodoxo. Então eu faço leituras das situações, quer dizer , eu uso a psicanálise mais para a leitura das situações institucionais , do que para o desenvolvimento das ações”(Anexo-/4.2.2.1./S5).

O conhecimento das teorias de desenvolvimento e aprendizagem é também considerado com fator que complementa o seu trabalho, pois tais conhecimentos descrevem as relações e evolução do ser humano ao longo da sua existência.”(...) eu estudo um pouco mais aprofundadamente a questão da aprendizagem(...) você tem que conceituar para você, tem que conceituar a aprendizagem , o desenvolvimento, como é que você vê o ser humano em relação ao outro. E tem que ter também uma conceituação sobre a educação”. Considera que cabe à Formação dar esses diferentes contextos teóricos e “(...) cada um - dos alunos - vai localizar as teorias psicológicas, uma coisa mais geral e aí ele vai dar um significado, vai internalizar alguma coisa como teoria, e vai fazer uma escolha e nessa escolha ele tem que aprofundar” (Anexo-/4.2.2.1./S5).

O conhecimento das várias correntes teóricas é também apontado por outro sujeito; S7 considera que essa diversidade amplia a compreensão do fenômeno psicológico , em suas várias vertentes teóricas.”(...) eu acho importante que o aluno possa ter contato com as várias Psicologias, para pessoa poder escolher a sua , o seu jeito, também se identificar. Então eu acho importante ela saber que tem essas várias correntes dentro da Psicologia”(Anexo-/4.2.2.1./S7).

Em seu trabalho utiliza-se das contribuições da Psicanálise, do Construtivismo de Piaget e das discussões realizadas por Patto em Psicologia Escolar, entendendo que essas discussões esclarecem tanto as relações homem-mundo em geral como da especificidade do universo escolar. Para esse sujeito“(...) o fato de você ter ido buscar nesses autores, de alguma forma, tem uma representação que você faz sobre o próprio objeto da psicologia, né? Daí essa busca...”(Anexo-/4.2.2.1./S7).

Já na descrição de S10, é necessário conhecer as teorias educacionais, as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem, complementado ainda com a Psicanálise e o Psicodrama de Moreno.

Em seu trabalho, utiliza-se dessas fontes para ter uma atuação que considera ampla e preventiva, considerando que na formação é que o aluno vai iniciar os seus contatos com essa diversidade teórica.”(...) você vai adquirir é na faculdade, para mim foi importante os conceitos que eu estudei na faculdade. Na aprendizagem, por exemplo, teóricos como Sara Pain, Alícia Fernadez, na Orientação Vocacional as contribuições de Bohoslavisky, o psicodrama de Moreno, depois depende muito da busca pessoal de comprar livro, estar sempre acompanhando...”(Anexo-/4.2.2.1./S10).

Por sua vez, S8 considera que é fundamental que a Formação possibilite esse conhecimento geral da Psicologia. Entende que, para ter uma atuação mais coerente na Educação, é necessário aprofundar algumas teorias consideradas de suporte, como as teorias do desenvolvimento, da Psicologia Social, das Organizações, as teorias da personalidade, na medida em que tais teorias podem ser aquelas que irão facilitar diretamente o trabalho do psicólogo escolar. Diz ele: ”(...)a Psicologia do Desenvolvimento, porque você vai estar lidando com o desenvolvimento do processo, a Psicologia Social, contextualiza suas ações, a Psicologia das Organizações te dá a noção de poderes que existem dentro das instituições, as teorias da personalidade, a própria Psicologia Clínica, porque se você precisar fazer um diagnóstico, encaminhamento, essa coisas. Então eu vejo, no trabalho do psicólogo na escola, como um todo que envolve muita coisa”(Anexo/4.2.2.1./S8).

No seu trabalho como psicóloga que atua na Educação, utiliza as contribuições teóricas do Behaviorismo ,da teoria Cognistivista de Piaget e de Vygotsky e o Psicodrama de Moreno. Entende que tais teorias têm dado um importante suporte para o desenvolvimento do seu trabalho junto à Educação.

Finalmente, S9 também considera que todo conhecimento psicológico é importante para o desenvolvimento de um trabalho mais integrado. Utiliza várias vertentes teóricas - comportamental, cognitiva, humanista - utilizando autores como Vygotsky, Rogers, Maslow, entre outros

nos encaminhamentos e leituras realizadas na sua atuação.”(...) Eu acho que tem que ter conhecimento de várias teorias, na formação. Eu quando me formei me especializei em teoria comportamental, atualmente tenho utilizado a Psicologia do Desenvolvimento, e a gente tem conseguido, com isso, entender os meninos e desenvolver uma metodologia de trabalho. Já com os professores eu utilizo a Psicologia Humanista, no que se refere a questões de relacionamento, de aceitação, empatia”(Anexo/4.2.2.1./S9).

4.2.3. Conhecimento de outras áreas, na Formação, objetivando habilitar