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Conhecimento de outras áreas, na Formação, objetivando habilitar o psicólogo para uma atuação interdisciplinar.

4 1 A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO NO MODELO TRADICIONAL DE PROMOÇÃO DE SAÚDE.

4.2. A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO QUE SE CONTRAPÕE ÀO MODELO TRADICIONAL DE PROMOÇÃO DE SAÚDE.

4.2.3. Conhecimento de outras áreas, na Formação, objetivando habilitar o psicólogo para uma atuação interdisciplinar.

Todos os sujeitos participantes apontaram , como uma deficiência na Formação, o pouco contato que o aluno tem com outras áreas de conhecimento que podem contribuir para a sua atuação profissional e, principalmente, criar um novo modelo que avance para uma perspectiva de projetos interdisciplinares e que promovam saúde.

4.2.3.1. Áreas das Ciências Humanas e Sociais.

Os conhecimentos que foram citados pela maioria são os de Filosofia, Sociologia e História. Os sujeitos participantes apontaram , baseados em sua vivência profissional, aqueles conhecimentos que julgam serem importantes para ajudá-los a terem uma atuação interdisciplinar. Tal atuação é vista como uma exigência do mercado hoje.

Tanto S3 como S2 consideraram importante que o profissional de Psicologia tenha acesso a outras áreas de conhecimento , tais como a Filosofia, a Sociologia, História da Educação, entre outras, possibilitando uma ampliação da perspectiva de trabalho profissional. Para S2, tais conhecimentos são funadamentais "(...) porque ele (o aluno) vai poder compreender a própria constituição da Ciência Psicológica".(Anexo- /4.2.3.1./S2). Outra questão levantada é o fato de que esses outros conhecimentos poderão instrumentalizar melhor aquele aluno que vai

trabalhar na Educação. Diz S3: “(...)eu acho que só com os conhecimentos da Psicologia, ele não consegue dar conta de formar o psicólogo escolar. Uma das coisas que considero fundamental é o aluno ter um bom conhecimento do campo educacional”(Anexo-/4.2.3.1./S3) .

Já para S5, a importância de se conhecer outras áreas, como a Filosofia, a História, Sociologia, é poder dar ao aluno a oportunidade de contextualizar a Psicologia diante desse outros conhecimentos. Diz ela: “(...)o aluno precisa colocar no contexto. Num contexto histórico, num contexto filosófico. A Psicologia tem um século de existência, então é conhecer as razões históricas do surgimento da psicologia, o porque dessa variabilidade teórica, enfim conhecer todo esse percurso”(Anexo-/4.2.3.1./S5).

Na questão da profissionalização, considera importante o aluno conhecer as teorias das organizações, a dinâmica das instituições, do caráter conservador das mesmas, para realizar uma intervenção mais claramente definida.

Um outro sujeito, S6, também aponta a necessidade de conhecer para contextualizar. Somente dessa forma, segundo ele, será possível entender o desenvolvimento histórico dos fenômenos sociais e políticos, enquanto parte integrante da produção de determinados conhecimentos teóricos, entre eles a própria Psicologia.

Considera que tais conhecimentos podem dar uma visão menos individualista, própria da Psicologia em geral, possibilitando uma visão mais ampliada , por parte do profissional, da sua atuação. Faz uma crítica à formação apontado que “(...) existe uma cisão dentro da Psicologia, um descontexto. Então essa falta de contexto histórico, faz com que a ação profissional fique parecendo muito fechada em si mesma(...) porque você não pode falar em atendimento, por exemplo, sem discutir políticas de saúde no país(...) Essa falta de leitura faz com que o profissional depois fique muito impotente na ação deles”(Anexo-/4.2.3.1./S6). Portanto, entende como fundamental o profissional ter conhecimentos que possam instrumentalizá-lo

a desenvolver uma atuação mais conseqüente na perspectiva de promoção de saúde.

Também para S7 é importante que o aluno, durante a Formação, “(...)não fique só na Psicologia, ele tem que ter uma visão das Ciências do homem, de Filosofia, Sociologia(...) porque ele vai atuar na sociedade e precisa ter um mínimo de entendimento de onde ele está, e para que está ali, para não ter uma prática alienada”(...) no fim das contas não consegue nem ter opção, porque não sabia nem que tinha outras opções”(Anexo- /4.2.3.1./S7).

Concordando com o aspecto do profissional procurar conhecer teorias, S8 exemplifica: “(...) A Psicologia sozinha não dá conta mesmo de explicar tudo e a Formação não dá esse embasamento , o que é dado é muito pouco, a gente carece de Filosofia, essa parte mais sociológica, de Economia. Então falta muito isso tudo, de subsídio para estar discutindo, ampliando, para fazer essa investigação que eles - instituição - nos solicitam”(Anexo- /4.2.3.1./S8). Entende que tais conhecimentos ampliam as possibilidades do profissional promover a socialização do saber e consequentemente a promoção de saúde.

Já para S10, é necessário não só ter conhecimento de outras áreas, como a médica, mas ir além de leituras estritamente técnicas, buscando estar sintonizado com os diferentes meios de comunicação, para acompanhar as mudanças que a realidade apresenta. “(...) eu compro muita revista, jornal, como por exemplo, tem uma revista para adolescente que o CAPLA - Instituto de Sexualidade - que escreve numa das seções (...) então revista também tem muita informação. Eu vi no meu trabalho com professores no interior, que eles utilizavam a revista ” Claudia” em sala de aula, apresentando reportagens sobre saúde”(Anexo-/4.2.3.1./S10).

Alguns dos sujeitos participantes citaram teorias educacionais como parte fundamental para aqueles que atuam nessa área.

S5 considera fundamental que o aluno, na Formação, tenha conhecimento das teorias educacionais, com uma visão mais crítica, citando o trabalho do professor Paulo Freire como um exemplo dessa postura mais crítica sobre a realidade e fins da Educação. No seu trabalho, ela cita o percurso que fez para ampliar a sua visão dentro da campo educacional.”(...) na minha disciplina a gente discute novas perspectivas na Psicologia da Educação(...) a gente estuda as visões de ensino, as concepções de homem, as metodologias dentro dessa abordagens, a tradicional, comportamental, cognitivista até a hora em que privilegio a crítica social e aí eu trabalho muito com os conceitos criados por Paulo Freire. Acho importante essa troca de informações entre as áreas”(Anexo/4.2.3.1./S5).

Esses conhecimentos, ainda segundo o sujeito, ampliam a visão sobre os fenômenos humanos e sociais, o que possibilitaria trabalhos centrados em aspecto mais coletivos e integrativos, trabalhos esses propícios à promoção de saúde.

Na compreensão de S1, a teoria Sócio-Histórica amplia a visão do fenômeno educativo, entendido como um processo que se constitui e é constituído nas relações históricas. Considera ser de fundamental importância que o aluno apreenda essa visão para poder atuar na perspectiva de compreender o movimento presente no processo educativo. Diz ele: “(...) eu acho importante que o psicólogo que atue na Educação, nessa perspectiva de saúde, ele entenda o movimento das coisas, é ele perceber que as coisas, essas que eu estou chamando de perspectiva histórica, de que as coisas estão em movimento, de que são construídas pelo conjunto social, eu acho isso fundamental” (Anexo/ 4.2.3.1./S1).

Na análise que um dos sujeitos faz, é importante que o profissional tenha conhecimento das teorias educacionais, como a História da Educação, entre outras, mas entende que o aluno, ao iniciar o curso de Psicologia, tem uma expectativa de ser um futuro psicólogo clínico; esse fato cria uma certa resistência, por parte do aluno, em conhecer outras áreas, fora da Psicologia.”(...)a atuação do psicólogo não consegue dar conta da maioria

das questões que aparece na Educação. A Formação não consegue dar conta de formar o psicólogo escolar. Então considero fundamental que o aluno tenha um bom conhecimento do campo educacional, ter um bom conhecimento de áreas próximas e principalmente das teorias críticas dessas áreas e dentro da própria Psicologia”(Anexo-/4.2.3.1./S3).

S10 também apontou a importância do psicólogo, que atua na Educação, conhecer mais a área pedagógica e suas interfaces com a Psicologia. Cita, como exemplo, no seu trabalho institucional, a Pedagogia Salesiana, de base humanista, tem vem dando um bom suporte ao desenvolvimento do seu trabalho. Tal pedagogia gerou novas vertentes como a Pedagogia da Presença.”(...) A Pedagogia Salesiana não é muito conhecida no meio científico, mas nos meios educacionais ela é muito conhecida, ela foi elaborada há mais de cem anos e é basicamente voltada para a educação dos jovens. Então para mim foi muito útil os conhecimentos que a Psicologia oferece e mais os dessa Pedagogia, eles complementam o nosso trabalho.(Anexo-/4.2.3.1./S10).