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Assembleia geral

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CAPÍTULO II – INTROITOS CONCEITUAIS, ESTRUTURAIS E

2.4 O FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS ESTRUTURAIS DAS COMPANHIAS E

2.4.1 Assembleia geral

A assembleia geral é o órgão de deliberação máxima dentro da sociedade anônima, podendo, em razão desse poder, tratar qualquer assunto levantado em pauta, desde que o tema seja de interesse social – mesmo que de uma minoria. Na assembleia geral é possível aos acionistas, seus representantes ou outras pessoas que compõem o corpo administrativo da empresa discutir e deliberar sobre qualquer assunto. Entretanto, somente aos acionistas ordinários e aos preferencialistas votantes cabe decidir sobre qualquer tema de forma definitiva, através da votação. Nesse sentido, sedimentam-se as lições de José Edwaldo Tavares Borba, em sua obra Direito societário:

A assembleia-geral é o órgão supremo da sociedade, uma vez que nela reside a fonte maior de todo o poder.

Compõe-se a assembleia de todos os acionistas que, com voto ou sem voto, para ela são convocados.

Sabe-se, no entanto, que a assembleia não é um cenáculo democrático, em que as decisões aconteçam ao acaso de maiorias acidentais; sobre a assembleia impera, no comum dos casos, o acionista controlador.

As atribuições da assembleia são, na sua totalidade, de natureza deliberativa, não lhe competindo a prática de atos executivos, os quais estão reservados à diretoria. A assembleia não obriga a sociedade perante terceiros, apenas autoriza essa obrigação, a ser assumida, se o for, pela diretoria.

Quando a assembleia se reúne, tem-se uma pluralidade de pessoas – os acionistas – a debater e a decidir, sendo coletivo o processo de tomada de decisão. A deliberação em si é, todavia, um ato unitário, eis que praticado por uma só pessoa, a sociedade. Não importa o número de pessoas que participam da formação do ato; participam porque integram o órgão – relação interna – mas o ato final não é dos acionistas, é da sociedade, por um de seus órgãos.152

A assembleia geral é um órgão deliberativo, ou seja, que toma decisões. É verdade que todos os acionistas, com ou sem direito a voto, são convocados para participar da assembleia; entretanto, quando esta for deliberar sobre determinado assunto, iniciando-se um processo de votação, somente os acionistas (preferenciais ou ordinários) que possuem direito a voto poderão participar. E a decisão proveniente dessa votação, mesmo que seja acirrada e não unânime, descontentando muitos dos sócios, é o ato final da sociedade e todos terão que seguir e executar o que ficou determinado em assembleia. A princípio, parece ser um processo

democrático, pois vence a maioria dos votantes. Entretanto não há nada de democrático nas votações se os acionistas se juntam em um acordo para votar todos em uma mesma ideia. O acordo de acionistas nunca esteve tipificado em lei, mas sempre aconteceu na prática e por causa desse hábito reiterado a lei acabou cedendo e tornando-o lícito. Muitos acionistas saem prejudicados com essas manobras; é aquilo que no Direito se chama de legal, mas de ilegítimo, por não se tratar de algo justo. Fábio Ulhoa também comenta o assunto:

A organização do poder, no direito societário, funda-se na medida da contribuição de cada acionista para a formação do capital social, ou seja, é parâmetro da força econômica dos partícipes do órgão. Ora a democracia contemporânea repele, com veemência, qualquer fórmula censitária de organização do poder político.

(...)

A lembrança dos órgãos do estado democrático não é, assim, nada útil à compreensão do direito societário.153

A assembleia geral, como órgão máximo de instância deliberativa dentro da S/A, tem poderes para decidir todos os negócios que se relacionam com o objeto da sociedade, tomando todas as resoluções que julgar necessárias à defesa e à conveniência da S/A (art. 121, LSA). Esse órgão geralmente é convocado para atuar nas hipóteses que são de sua exclusividade e que estão listadas no art. 122 da LSA. Esse artigo apresenta um rol de competência privativa da assembleia geral, daí sua convocação ordinária, extraordinária ou especial quando se tem que apreciar uma dessas matérias. Por outro lado, quando o tema a ser apreciado não é de competência exclusiva da assembleia, geralmente esta não é convocada, ficando responsável pela deliberação do assunto qualquer outro órgão da companhia. O art. 122 da LSA foi um dos dispositivos bastante reformulados pela Lei n. 10.303/2001 e atualmente encontra-se disposto da seguinte forma:

Art. 122. Compete privativamente à assembleia geral: I – reformar o estatuto social;

II – eleger ou destituir, a qualquer tempo, os administradores e fiscais da companhia, III – tomar, anualmente, as constas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas;

IV – autorizar a emissão de debêntures, ressalvado o disposto nos §§ 1°, 2° e 4° do V – suspender o exercício dos direitos do acionista (art. 120);

VI – deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social;

VII – autorizar a emissão de partes beneficiárias;

VIII – deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, eleger e destituir liquidantes e julgar-lhes as contas; e IX – autorizar os administradores a confessar falência e pedir concordata.

Parágrafo único. Em caso de urgência, a confissão de falência ou o pedido de concordata poderá ser formulado pelos administradores, com a concordância do

acionista controlador, se houver, convocando-se imediatamente a assembleia-geral, para manifestar-se sobre a matéria.154

O que se nota, ante a lista de poderes que possui a assembleia geral, é que o detentor ou controlador da maioria dos votos (não importando como este os reúna) manda e desmanda na companhia. Modificar o estatuto social, eleger e destituir administradores e fiscais, tomar as contas e deliberar sobre as demonstrações financeiras, autorizar a emissão de debêntures, suspender o exercício dos direitos de acionistas, deliberar sobre os bens da companhia, deliberar sobre a transformação da sociedade (fusão, cisão, incorporação, etc.), autorizar falência ou concordata, enfim, todas essas ações podem solidificar e fazer crescer uma companhia, ou destruir e arruiná-la em pouco tempo, pois são atividades que conferem ao seu titular muito poder dentro da companhia.

Fábio Ulhoa ressalta os já comentados tipos de controle acionário, que se diferenciam de acordo com a dinâmica que se adotar para o desenvolvimento da empresa e que por isso podem tornar a assembleia geral uma mera formalidade ou um verdadeiro palco de discussões sobre os temas a serem analisados na pauta dos trabalhos do dia. O autor assim leciona:

Lição assente do direito do anonimato demonstra que o poder de controle da sociedade anônima pode ser de diversos tipos, sendo relevante destacar, por hora, três: o totalitário, o majoritário e o minoritário. No primeiro, todas as ações votantes da sociedade anônima (ou quase todas) estão concentradas no domínio de uma só pessoa, e, nesse caso, a assembleia geral assume claro caráter de instrumento formal de manifestação da vontade dessa pessoa. Não há debates, enfrentamentos ou votos discordantes, reduzindo-se a sessão ao simples recolher da assinatura do controlador nos instrumentos adequados. Eventualmente, pode comparecer um acionista de ínfima participação acionária votante, ou sem direito a voto, interessado em esclarecimentos sobre a ordem do dia, o que obriga à celebração do ritual da lei, sem outras implicâncias de relevo. Na hipótese de controle majoritário, o controlador tem a maioria das ações votantes, mas alguns minoritários podem titularizar ações em quantidade suficiente para o exercício, em assembleia, de algumas faculdades, como, por exemplo, a do voto múltiplo para a composição do conselho de administração ou da instalação do conselho fiscal. Sendo este o quadro, a assembleia geral não deve mais ser vista como um simples procedimento de formalização da vontade do acionista controlador. Ao contrário, pode mesmo haver tensão durante os trabalhos, nos embates entre controlador e minoria. No terceiro tipo, o controle minoritário, o acionista controlador possui menos da metade das ações com direito a voto. Seu poder, portanto, não é estável, como nos casos anteriores, e, dependendo da articulação a que chegam os minoritários, ele fica exposto, na assembleia geral, até mesmo à possibilidade de perda da posição de mando. Nesse caso, a sessão do órgão é o local da disputa do próprio controle da companhia; nela, os blocos de acionistas se organizam, medem forças e lutam pela supremacia na condução dos negócios sociais. A celebração do ritual da lei é, então, indispensável à garantia dos direitos dos acionistas.155

154

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 20 de agosto de 2011, às 21h30min.

Com a explicação dessas três situações é possível prever os panoramas dentro das companhias brasileiras: sociedades anônimas com um único acionista (controle totalitário) quase nunca terão problemas em relação a fraudes administrativas, simulações de contratos, acordos ilícitos entre acionistas, etc. Desse modo a CVM não teria tantos interesses de minoritários prejudicados a defender, como nos outros dois casos de controle acionário. Tanto no controle majoritário, no qual um dos acionistas detém sozinho mais da metade do capital social votante da empresa, quanto no controle minoritário, em que nenhum acionista chega a deter mais 50% das ações com direito a voto, a CVM atua com frequência, sempre tentando combater irregularidades, indisposições, fraudes, simulações e principalmente acordos entre grupos de acionistas que sejam extremamente prejudiciais tanto à empresa quanto aos minoritários. Como bem observa o autor, nesses dois últimos casos, a assembleia geral sempre será um palco de discussões, debates, deliberações, embates entre controladores e minorias, perdas e ganhos inesperados de poder, acordos, conchavos, invocação constante do cumprimento de direitos, enfim, “a celebração do ritual da lei indispensável à garantia dos direitos dos acionistas”.

O que Ecio Perin ressalta, da mesma forma como observou Fábio Ulhoa, é que, sendo a assembleia geral de acionistas um dos órgãos mais importantes da sociedade anônima, por ser o órgão que aprova as contas da administração, o que elege ou destitui os administradores e também o que delibera sobre a destinação dos resultados de cada exercício da companhia, ela possui poderes em demasia, que poderiam ser usados apenas em favor de um grupo de acionistas majoritários, em detrimento de qualquer vantagem que os minoritários pudessem auferir. Entretanto, como Ulhoa leciona e Perin também o faz, é possível que os minoritários, pelo menos teoricamente, reúnam suas forças e detenham o controle de alguns destinos imprescindíveis à sua proteção dentro da sociedade. Essa possibilidade existe, mas, na prática, é muito pouco exercida nas companhias brasileiras, como se pode considerar ante as considerações de Ecio Perin:

Seu quorum de deliberação, grosso modo (ressalvadas as matérias que reclamam quorum qualificado, igual à maioria do capital social votante), é o da maioria simples do capital social votante presente à assembleia, com o que se pode afirmar ser plenamente viável, no cenário do direito acionário brasileiro vigente, o exercício da modalidade de controle minoritário.

Dessa forma, poderíamos afirmar que o poder de controle poderia ser perfeitamente exercido, em tese, por acionistas não titulares da maioria efetiva do capital social votante, contanto que se fizessem presentes ou representados no conclave assemblear.

Não obstante a dicção da lei brasileira, pode-se afirmar ser fato raro, em nosso país, a presença de acionistas minoritários nas assembleias gerais das companhias abertas. Diferentemente do que se verifica em muitos outros países, nota-se que, por aqui, mesmo as assembleias gerais de companhias de grande porte, listadas em Bolsa, ressentem-se da presença dos acionistas minoritários.

A assembleia costuma desenvolver-se como se fosse um ritual próprio e exclusivo dos controladores, em que a figura do minoritário se mostra, em geral, indesejada. Não raras vezes a ata já vem pré-elaborada, cuidadosamente elaborada por advogados. Anseia-se que ninguém compareça.

E um ou outro minoritário que ouse aparecer haverá de deparar, muito frequentemente, com olhares tão intimidatórios quanto desconfiados, cuja eficácia resta aumentada em função de seu isolamento.156

Nota-se que o posicionamento de Ulhoa é o de ministrar o conteúdo, interpretando e comentando dispositivos legais. Já a análise de Perin é crítica. Enquanto Ulhoa se mostra apenas didático, somente passando informações, os apontamentos de Perin sobre o tema mostram a verdade real dos fatos e não apenas as formalidades contidas na lei. Em uma situação teórica é muito fácil afirmar que podem os minoritários se unir em acordo de acionistas perfeitamente corroborado pela lei (“não obstante a dicção da lei brasileira”) e em assembleia geral decidirem os rumos da companhia. Entretanto, a prática é diversa, ou melhor, é totalmente contraposta à teoria, como se pode notar na análise concreta de Perin, que comenta:

Nesse contexto, a assembleia geral anual, que deveria servir de palco para interação e integração de todos os acionistas – dos maiores aos menores, controladores e minoritários –, para a troca de experiências, cobrança de explicações, apresentação de proposições, acaba se transformando num evento formal e burocrático.

Outrossim, até o advento da sociedade por ações como uma técnica jurídica de formação de sociedades mercantis, a assembleia geral de acionistas não era um órgão previsto nas sociedades comerciais, fosse nas sociedades de pessoas fosse nas de capital.

Em relação a estas últimas, pela própria diferenciação da natureza da responsabilidade entre os sócios nas sociedades de capital de outrora, existiam aqueles sócios que se responsabilizavam limitadamente e aqueles que se responsabilizavam de forma ilimitada, respondendo pelas obrigações assumidas pela companhia (exemplo: sociedades em comandita por ações).

Com a possibilidade jurídica de estarem todos os sócios submetidos à responsabilidade limitada em relação às obrigações sociais, sendo apenas responsáveis pela realização da parte do capital social que subscreveram perante a companhia, foi extinta a desigualdade entre os acionistas, os quais passaram a se reunir em assembleias gerais para deliberar e votar matérias relativas à companhia. Nesse sentido, passou a ser a assembleia geral o órgão soberano nas sociedades por ações. Nos termos do art. 121 da Lei n. 6.404/76, a assembleia geral “tem poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento”.

O poder de controle de direito é exercido neste órgão e o detentor da titularidade da maioria das ações com direito a voto, será, em princípio, o verdadeiro controlador da sociedade.157

156Op. cit. p. 69. 157Ibidem.

Ecio Perin chega a defender as antigas sociedades em comandita por ações, afirmando que, se os acionistas majoritários querem deter todo o poder e podem deliberar à vontade temas fundamentais à administração da companhia, essa situação para eles seria um grande bônus e junto com esse bônus eles deveriam também carregar o ônus de responder ilimitadamente pelos atos da companhia. Entretanto, essa modalidade de sociedade não vingou, principalmente depois que as S/A, dando responsabilidade limitada a todos os seus sócios, acenou com as ações preferenciais, que geralmente retiram o direito ao voto, mas em troca lhes conferem maiores facilidades econômicas.

Dando continuidade à classificação das assembleias gerais, o art. 131 da LSA as divide em ordinárias e extraordinárias de acordo com os temas, as matérias que constarem das pautas de votação – ou seja, a LSA acabou por eleger um critério de competência. E sobre o tema, Fábio Ulhoa explana o seguinte:

A assembleia geral, de acordo com as matérias a apreciar, pode ser ordinária ou extraordinária. A primeira (AGO)158 realiza-se uma vez por ano, nos 4 meses seguintes ao término do exercício social, e somente pode deliberar os assuntos listados no art. 132 da LSA. A outra (AGE)159 realiza-se a qualquer tempo, e sua competência é irrestrita.160

Na verdade a competência da assembléia geral ordinária é fixa e determinada; já a da extraordinária é residual, ou seja, aquilo que não for de competência, no exato momento de sua ocorrência, da assembleia geral ordinária, poderá ser tratado, a qualquer instante, em assembleia extraordinária. Tanto é fixa a competência da AGO, que é anulável a deliberação adotada em uma assembleia geral ordinária que trate de qualquer matéria estranha às contidas e citadas no art. 132 da LSA. São disciplinas expostas no art. 132 da LSA, como se pode observar:

Assembleia-Geral Ordinária Objeto

Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembleia-geral para:

158AGO – Assembléia Geral Ordinária Reunião dos acionistas, convocada obrigatoriamente pela diretoria de

uma sociedade anônima para a verificação dos resultados, leitura, discussão e votação dos relatórios de diretoria e eleição do conselho fiscal e da diretoria. Deve ser realizada até 4 meses após o encerramento do exercício social. Fonte: Dicionário do Mercado Financeiro e de Capitais.

159AGE – Assembléia Geral Extraordinária: Reunião dos acionistas, convocada e instalada na forma da lei e

dos estatutos, a fim de deliberar sobre qualquer matéria de interesse social. Sua convocação não é obrigatória, depende das necessidades da empresa. Os estatutos da companhia definem quem pode convocá-la. Fonte: Dicionário do Mercado Financeiro e de Capitais.

I – tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras;

II – deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;

III – eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV – aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).161

Quanto à convocação para a assembléia geral, José Edwaldo faz importantes observações apontando quem tem competência para convocar e também o modo como ela deve ser feita. Sobre essas duas ordens de consideração, é necessário salientar que, como regra geral, compete convocar ao conselho de administração da companhia ou à própria diretoria convocar a assembleia geral, já que os dois únicos órgãos que devem obrigatoriamente existir são a assembleia geral e a diretoria, podendo, facultativamente, ser criados o conselho de administração e o conselho fiscal. Essa é a regra geral, que obviamente comporta exceções. A convocação pode ser excepcionalmente feita pela própria assembleia, pelo conselho fiscal, por um grupo de acionistas ou por um único acionista, mesmo que não tenha direito a voto. Sendo a convocação para a assembleia um ato considerado formal e indispensável para que suas deliberações sejam consideradas válidas, o modo mais comum de se convocar os acionistas é através de publicação em anúncio de grande repercussão. Entretanto, mesmo sem a convocação com os requisitos devidos, se todos os acionistas, sem exceção, comparecerem à assembleia na data de sua realização, tudo que ali for deliberado e votado terá validade. Se faltar algum sócio, os atos ali praticados perdem a validade.162

Fábio Ulhoa trata de algumas especificidades do quorum de instalação da assembleia e das deliberações feitas por seus acionistas:

O quorum é uma das condições para a existência e validade dos atos praticados em assembleia geral.

Para a existência válida da assembleia geral, é necessária a presença de um número mínimo de acionistas com direito de voto (quorum de instalação); para a existência válida da deliberação, a propositura deve contar com o apoio de um número mínimo de votos (quorum de deliberação).

(...)

Determinadas matérias, por sua importância, somente podem ser aprovadas pela manifestação favorável de acionistas que representem pelos menos metade do capital votante (quorum qualificado).163

Ainda em relação aos quoruns de instalação e deliberação – o primeiro como requisito para instalação da assembleia, sendo que sem sua obediência esta não poderá se

161BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 20 de agosto de 2011, às 21h30min.

162Op. cit. p. 372 e 373. 163Op. cit. p. 195 e 196.

realizar, e o segundo como condição fundamental para validar as resoluções tomadas na assembleia – importante se faz observar as lições de Ricardo Negrão, que detalha mais o tema, fazendo com que o leitor perceba a importância de se respeitar esse quorum mínimo para também proteger os poucos direitos cabíveis às minorias nas assembleias:

Para a instalação das assembleias, a Lei n. 6.404/76 previu a exigência de três números distintos de sócios e debenturistas (um quarto, metade e dois terços), em quatro situações que não se confundem: a) o quorum ordinário do art. 125, que estabelece a necessidade de presença de acionistas que representem, no mínimo, um quarto do capital social com direito de voto; b) o quorum especial de constituição,

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