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Atendimento pelas ESF e avaliação das famílias pesquisadas

No mês anterior à pesquisa, em mais da metade das famílias usuárias do PSF pesquisadas nos mu-nicípios, um de seus integrantes tivera contato para atendimento, exceto em Camaragibe e Palmas, em que isso aconteceu com pouco menos da metade das famílias pesquisadas. Nesse atendimento, foram incluídas as visitas domiciliares e a assistência prestada nas USF, envolvendo todos os integrantes das ESF, inclusive os agentes comunitários de saúde. Foram observados, em Vitória (97%), Aracaju (73%)

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e Vitória da Conquista (72%), percentuais elevados de famílias que haviam entrado em contato para atendimento com integrantes das ESF.

Os profissionais que realizaram o atendimento foram, principalmente, os agentes comunitários de saúde, cujo atendimento preponderou em cinco dos oito municípios pesquisados, com percentuais que variaram entre um mínimo de 40%, em Brasília, e um máximo de 57%, em Camaragibe; e os médicos, que atenderam maior percentual de famílias em Goiânia (65%), Vitória da Conquista (51%) e Aracaju (46%).

Os enfermeiros das ESF desempenharam pequeno papel assistencial no mês anterior à pesquisa, principalmente em Goiânia e em Brasília, onde realizaram menos de 7% dos atendimentos. Nas demais cidades, os enfermeiros foram responsáveis por mais de 10% dos atendimentos, alcançando percentuais mais elevados em Aracaju e Manaus, onde realizaram 16% e 15% das ações assistenciais, respectivamente.

Os auxiliares de enfermagem tiveram participação significativa nos atendimentos prestados no mês anterior às famílias usuárias do PSF pesquisadas em Brasília (19%), superando a participação de enfermeiros no próprio Distrito Federal e também os percentuais mais elevados de atendimen-to por enfermeiros em atendimen-todos os municípios pesquisados. No entanatendimen-to, desempenharam um papel extremamente reduzido nos atendimentos realizados em Manaus, Vitória da Conquista e Aracaju, locais onde realizaram menos de 2% dos contatos assistenciais. Em Camaragibe, Palmas e Goiânia, foram responsáveis por 5 a 6% dos atendimentos.

Em todos os municípios, exceto Goiânia, a maioria (83% ou mais) das pessoas conhecia o profis-sional que realizou o atendimento, percentual que atingiu 95% em Camaragibe e Manaus. Em Goiâ-nia, município em que a maior parte das famílias tinha entrado em contato para atendimento com o médico (65%) e o ACS (23%), cerca de 62% dos entrevistados informaram conhecer o integrante da ESF que prestou a atividade assistencial. Noventa e sete por cento ou mais das famílias atendidas consideraram que o profissional fora atencioso, avaliação que atingiu 100% das famílias em Cama-ragibe e Vitória da Conquista.

Para a maioria das famílias entrevistadas que recebeu atendimento no mês anterior à pesquisa, em todos os municípios, o profissional fornecera informações sobre o estado de saúde da pessoa atendida. A avaliação desse aspecto do atendimento apresentou seu percentual mais reduzido em Manaus (74%) e o mais elevado em Vitória da Conquista (100%), observando-se em todas as cidades pesquisadas uma avaliação um pouco mais crítica das famílias nesse aspecto, quando comparado com a amabilidade do profissional.

Mais de 70% das famílias pesquisadas nos grandes centros urbanos, exceto Palmas e Brasília, consideraram que o profissional que prestou o atendimento demonstrara ter conhecimentos para resolver o problema de saúde apresentado pelo usuário. Em Palmas, cidade em que a maior parte das famílias recebera atendimento dos ACS (47%) e médicos (33%), foi observado o menor percentual de avaliação positiva quanto à capacidade do profissional resolver o problema apresentado (59%), assim como em Brasília (61%). Em todos os municípios pesquisados, observaram-se percentuais decrescentes de avaliação positiva pelas famílias do profissional que realizou o atendimento nos três aspectos selecionados, ou seja, mais famílias consideraram que o profissional foi mais atencioso do que fornecera informações sobre o estado de saúde da pessoa atendida ou do que demonstrara ter

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conhecimento técnico para resolver o problema apresentado. A única exceção foi em Camaragibe, onde maior número de famílias avaliou mais positivamente o conhecimento técnico do profissional do que o fornecimento de informações.

Quadro 77: Atendimento pelas ESF no último mês e avaliação das famílias, PSF, oito grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município atendidasFamílias

Profissional que atendeu Avaliação do profissional

M E AE ACS conheciaUsuário Atencioso estado saúdeInformou Conhec. técnico

Camaragibe 46,6 26,1 10,9 5,1 56,5 94,9 100,0 95,7 97,8 Palmas 64,6 32,6 12,9 5,8 46,9 90,6 98,2 88,2 58,5 Vitória da Conquista 72,2 50,7 13,7 1,4 28,8 91,8 100,0 100,0 91,8 Vitória 97,1 39,2 10,1 4,0 43,7 91,0 96,5 92,5 90,5 Aracaju 72,9 46,4 15,7 1,8 28,9 82,5 98,2 83,9 79,6 Goiânia 52,0 65,4 5,8 5,8 23,1 61,5 98,1 86,6 80,8 Manaus 58,9 27,6 15,1 1,0 55,8 94,5 99,5 73,4 69,8 Brasília 47,5 31,8 7,0 18,5 39,5 89,8 99,4 80,9 60,5 Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

Em todos os municípios pesquisados, exceto Brasília, mais de 70% das famílias recebem aten-dimentos dos ACS com freqüência mínima mensal. Em Brasília, esse percentual foi de 58% e, em Vitória da Conquista, atingiu 93%. Essa informação permite inferir que os ACS, de maneira geral, não conseguem cumprir a meta de visitar mensalmente as famílias de sua área de abrangência. Vi-tória da Conquista, Palmas e Camaragibe foram as cidades em que os ACS mais se aproximaram do cumprimento dessa meta.

Para os outros integrantes das ESF, não há uma norma ou um parâmetro que permita avaliar a freqüência de atendimentos realizados. Entre 11% (Goiânia) e 33% (Brasília) das famílias pesquisadas mencionaram ser atendidas, no mínimo, uma vez por mês por auxiliares de enfermagem. Em média, 20% das famílias informaram atendimento mensal por auxiliar de enfermagem, porém podem ser identificados três grupos de municípios, segundo o percentual de famílias que são atendidas mensal-mente por esses profissionais – entre 11 e 14% (Goiânia, Aracaju e Palmas), entre 15 e 25% (Manaus e Vitória) e acima de 25% (Vitória da Conquista, Camaragibe e Brasília).

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Entre as famílias pesquisadas, em média 23% informaram receber atendimento de enfermagem no mínimo uma vez por mês. No entanto, o percentual de famílias atendidas por enfermeiros com essa freqüência variou entre 13% (Brasília) e 38% (Vitória da Conquista). Na maior parte dos municípios, os enfermeiros ficaram em terceiro lugar na ordem de profissionais que mais atenderam as famílias, exceto em Camaragibe e Brasília, onde ficaram em quarto lugar, suplantados pelos auxiliares de en-fermagem. Isso sugere ou um pequeno número de profissionais de enfermagem ou um baixo papel assistencial desse profissional.

O atendimento mensal por dentista informado pelas famílias pesquisadas foi muito baixo e, inclusive, inexistente em Goiânia. Apenas em Vitória da Conquista e Aracaju, 13 a 14% das famílias informaram ser mensalmente atendidas por dentistas. Nas demais cidades, esse percentual ficou abaixo de 6%, re-velando a inexistência ou um número ainda restrito de equipes de Saúde Bucal (ESB) implantadas.

No conjunto dos municípios estudados, em média cerca de 31% das famílias recebem atendimen-to médico no mínimo uma vez por mês. Em geral, os médicos constituem o segundo integrante da ESF que mais realiza atendimentos, abaixo apenas dos ACS. Em Brasília, as famílias informaram ser atendidas mensalmente mais por auxiliares de enfermagem do que por médicos, o que indica um número pequeno ou insuficiente desses profissionais. Considerando uma população adscrita de número constante e os parâmetros informados pelas famílias pesquisadas, em Vitória, as famílias receberiam 5 consultas médicas/ano. Em Camaragibe, Vitória da Conquista e Manaus, cada família receberia no máximo 4,5 consultas/ano; em Palmas, no máximo 3,5 consultas/ano; em Aracaju e Goiânia, as famílias receberiam no máximo 2,5 consultas/ano; e, em Brasília, nem todas as famílias conseguiriam receber 2 consultas/ano.

Quadro 78: Atendimento mínimo mensal das famílias usuárias do PSF pesquisadas por tipo de profissional da ESF (%), oito grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município ACS Auxiliar de Enfermagem Enfermeiro Dentista Médico

Camaragibe 84,6 28,4 27,9 5,0 39,2 Palmas 87,9 14,1 18,7 2,1 26,3 Vitória da Conquista 93,3 26,9 37,5 14,4 38,5 Vitória 78,0 20,9 21,7 2,5 45,8 Aracaju 75,0 12,1 22,5 12,5 23,7 Goiânia 71,0 11,0 17,0 0,0 21,0 Manaus 74,6 17,4 22,3 2,0 35,2 Brasília 58,3 32,9 13,4 5,5 17,5 Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

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Conhecimento e avaliação das famílias sobre