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Principais problemas da comunidade e de saúde, segundo as famílias adscritas ao PSF pesquisadas

Considerando o conjunto de características analisadas, a situação de vulnerabilidade habitacional mais intensa foi encontrada entre as famílias usuárias do PSF pesquisadas em Vitória da Conquista, e, apesar da influência da característica rural de metade das famílias pesquisadas, a precariedade da situação não deve ser atenuada. Importantes vulnerabilidades foram também observadas nos domi-cílios pesquisados de Manaus e Camaragibe.

Principais problemas da comunidade e de saúde,

segundo as famílias adscritas ao PSF pesquisadas

Nos questionários utilizados para entrevistar as famílias usuárias do PSF, solicitava-se ao entrevis-tado que informasse, livremente, os três maiores problemas da localidade (bairro ou comunidade) de residência, sem restringir-se a problemas de saúde e, posteriormente, que informasse os três maiores problemas de saúde. As respostas sobre os três principais problemas existentes na localidade foram agrupadas em: infra-estrutura urbana em geral – ruas e praças não asfaltadas, poeira, falta de trans-porte, falta de telefone, falta de local para lazer dos jovens e falta de iluminação pública; infra-estrutura urbana de saneamento – falta de esgoto da rede pública, falta de água encanada ou de água tratada, lixo na rua ou não recolhido no dia previsto; falta de segurança e violência; problemas de saúde – foram somados todos os tipos mencionados, isto é, relativos aos profissionais ou unidades básicas de saúde, acesso ao atendimento, emergências, medicamentos; e problemas de educação – falta de escola no bairro, falta de vagas, falta de escola para adultos, ensino precário ou ruim, falta de incentivo para os adolescentes estudarem (atividades extracurriculares), falta de creche e jardim-de-infância. E, diante das respostas obtidas, também foi necessário criar um grupo relacionado com a não existência de problemas na localidade.

Aspectos relacionados com a infra-estrutura urbana geral foram considerados, embora com per-centuais bastante variados (entre 30% e 80%), pelas famílias pesquisadas, em Camaragibe, Palmas, Vitória da Conquista e Aracaju, como o principal grupo de problemas existentes em seus locais de moradia. E, mesmo sem constituir o primeiro grupo de problemas da comunidade, foram assinalados, pelas famílias adscritas ao PSF pesquisadas em Goiânia e Manaus, em percentuais superiores aos de alguns dos municípios, onde constituíram o principal grupo de problemas.

Entre 19 e 61% das famílias pesquisadas mencionaram aspectos relativos à infra-estrutura de saneamento entre os três principais problemas do bairro, constituindo o grupo de problemas mais mencionado pelas famílias pesquisadas em Manaus. Falta de segurança pública e violências foi o maior grupo de problemas da localidade de residência, segundo as famílias usuárias do PSF pesquisadas em Vitória, Goiânia e Brasília; o segundo grupo mais mencionado em Aracaju e Manaus (neste, em conjunto com problemas de infra-estrutura em geral) e o terceiro, nos demais municípios.

Em todos os municípios, exceto Brasília, os aspectos relacionados com o setor Saúde ficaram em quarto lugar na escala de principais problemas da comunidade, com percentuais de respostas que variaram entre 12% (Vitória) e 28% (Aracaju). Em Brasília, esse grupo de problemas, mesmo tendo sido informado por cerca de 24% dos entrevistados, ficou em terceiro lugar.

Entre 6% (Vitória) e 15% (Palmas e Vitória da Conquista) das famílias adscritas ao PSF pesquisadas mencionaram problemas relacionados com o setor educacional na localidade de residência. Em todos os municípios, exceto em Aracaju, ocuparam o quinto lugar na ordem de principais problemas da



comunidade. Em Aracaju, os aspectos educacionais constituíram o sexto maior grupo de problemas, pois foram superados pelo percentual de entrevistados que informaram não existir problemas no bairro. Também em Vitória foi elevado o percentual de informantes que considerou não existir qual-quer problema na localidade de residência (19%), ficando em segundo lugar, junto com o grupo de problemas relacionados com infra-estrutura de saneamento. Nos demais municípios, esse percentual variou entre 5% (Camaragibe) e 13% (Brasília). Em Vitória da Conquista e Goiânia, a tipologia das respostas não considerou esse grupo.

Quadro 36: Principais problemas da comunidade segundo as famílias adscritas ao PSF pesquisadas (%), oito grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município Infra-estrutura urbana geral de saneamentoInfra-estrutura segurança e Falta de

violência Saúde Educação

Não há problemas Camaragibe 69,2 56,7 22,9 14,1 7,1 5,0 Palmas 39,6 31,7 22,1 16,2 15,4 6,7 Vitória da Conquista 80,8 43,3 17,3 15,5 15,4 ... Vitória 18,3 19,2 38,2 12,0 5,8 19,2 Aracaju 30,4 26,3 27,1 28,2 7,9 17,1 Goiânia 42,0 39,0 52,0 25,0 12,0 ... Manaus 35,3 60,6 35,3 18,3 11,6 6,2 Brasília 27,9 20,0 47,5 23,8 14,2 12,5 Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

As respostas relacionadas com os três principais problemas de saúde existentes no bairro de re-sidência foram agrupadas em cinco categorias. O grupo de doenças contém todas as mencionadas. O de profissionais de saúde inclui queixas sobre falta de médicos especialistas, falta de profissionais no atendimento, falta de dentista, falta de visita domiciliar dos médicos, dificuldades dos médicos de re-alizar diagnóstico, número reduzido de visitas domiciliares por ACS. O grupo infra-estrutura urbana de saneamento refere-se à falta de esgoto, falta de água encanada ou de água tratada, lixo na rua ou não recolhido no dia previsto. Acesso ao atendimento engloba grande tempo de espera, mesmo com consulta marcada, falta de vagas para consultas, atendimento precário, dificuldade de atendimento quando encaminhado, dificuldades em obter consultas. O grupo de medicamentos refere-se à falta de medicamentos em quantidade e variedade. Também nesse caso foi necessário incluir o grupo de en-trevistados, que informou a inexistência de problemas de saúde na comunidade em que residiam.

Doenças diversas foram referidas em todos os municípios pesquisados, dentre os principais problemas de saúde da localidade, com percentuais que variaram entre 12% (Brasília) e 30% (Camaragibe). Apenas em Camaragibe e Vitória constituíram o grupo de problemas mais mencionado, pois em Aracaju e

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Manaus, onde também foram mais mencionados que os demais grupos, os percentuais de entrevistados que informaram a inexistência de problemas de saúde no bairro de residência foi mais elevado.

Em segundo lugar, em maior número de municípios, as famílias adscritas ao PSF pesquisadas mencionaram dificuldades de acesso ao atendimento, que constitui o grupo mais mencionado de problemas de saúde em Palmas, Goiânia e Brasília; ocupou o segundo lugar na ordem dos principais problemas de saúde da comunidade em Vitória da Conquista e Vitória, e o terceiro lugar em Cama-ragibe e Aracaju. No conjunto dos municípios, os percentuais variaram entre 12% (Manaus) e 38% (Goiânia).

Aspectos relacionados com os profissionais de saúde, incluindo os agentes comunitários de saúde, foram referidos por 13% dos entrevistados em Vitória e Aracaju, mas por 39% em Vitória da Conquista, município onde constituíram o principal grupo de problemas de saúde. Em Camaragibe, Palmas, Goiânia e Brasília, o grupo de problemas com profissionais de saúde ficou em segundo lugar.

Problemas de infra-estrutura de saneamento também foram referidos como principais problemas de saúde por 19% das famílias de Manaus, município em que foi o terceiro grupo de problemas mais mencionado. Dificuldades de acesso aos medicamentos constituíram um dos três principais pro-blemas de saúde da localidade de residência para as famílias entrevistadas em Vitória da Conquista (14%) e em Goiânia, onde foi mencionado com percentuais similares aos de Vitória da Conquista, mas ficou em quarto lugar na ordem de principais problemas de saúde. Porém, dificuldades no acesso aos medicamentos foram pouco informadas por famílias adscritas ao PSF entrevistadas em Vitória (3%) e Aracaju (4%).

O grupo de aspectos sobre infra-estrutura de saneamento ocupou o quarto lugar na ordem de principais problemas de saúde em Camaragibe e Palmas, e o quinto lugar em Vitória da Conquista, Goiânia, Vitória e Aracaju. Em Brasília, ficou em sexto lugar. Em Vitória, o percentual de entrevista-dos que informou não existirem problemas de saúde foi mais elevado do que os que mencionaram problemas com profissionais de saúde. Em Aracaju, o aspecto mais informado por famílias usuárias do PSF pesquisadas foi a inexistência de problemas de saúde, e, em Brasília, os entrevistados que informaram não existirem problemas de saúde na comunidade de residência superaram os que referiram deficiências na infra-estrutura de saneamento.

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