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Todos os Conselhos Municipais de Saúde pesquisados foram criados nos primeiros anos da década de 90, sendo o mais antigo o de Campinas, criado em 1990. Em 1991, cinco das cidades estudadas instituíram seu CMS e as outras quatro o fizeram em 1993. Foi observado o cumprimento da composição paritária, com metade dos integrantes representando o segmento dos usuários. O número de conselheiros variou entre dez, em Brasília, até 46, em Palmas. São Gonçalo também tinha um CMS pequeno, com 12 integrantes. Camaragibe, Vitória da Conquista, Vitória, Aracaju e Manaus tinham CMS de médio porte, com 16 a 22 integrantes. Os CMS de Campinas e Goiânia estavam compostos por 34 e 32 conselheiros, respectivamente, e, junto com Palmas, poderiam ser considerados como Conselhos Municipais de Saúde de grande porte.

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Em todos os municípios, o mandato dos conselheiros tem duração de dois anos, com a possibili-dade de recondução. Tampouco existiram diferenças nas respostas dos conselheiros entrevistados em relação à regularidade e freqüência das reuniões dos CMS: os CMS reúnem-se regularmente, com freqüência mínima mensal.

Quadro 18: Ano de criação do Conselho Municipal de Saúde, número de integrantes e duração do mandato, dez grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município Ano de criação Número de integrantes mandato (anos)Duração do

Camaragibe 1991 16 2 Palmas 1991 46 2 Vitória da Conquista 1991 20 2 Vitória 1991 20 2 Aracaju 1993 22 2 São Gonçalo 1993 12 2 Campinas 1990 34 2 Goiânia 1993 32 2 Manaus 1991 22 2 Brasília 1993 10 2 Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

A maior parte dos CMS utiliza como mecanismo de aprovação das deliberações o voto aberto, nominal ou não. Em São Gonçalo e Brasília, um dos conselheiros entrevistados relatou a aprovação por consenso e, em Campinas, um dos conselheiros informou ‘outro’ mecanismo, sem especificar. Considerando apenas as respostas dos conselheiros que foram convergentes – na medida em que foram entrevistados apenas dois conselheiros por município e não se pode inferir maior veracidade de uma das respostas – observou-se que, em seis dos municípios pesquisados, ambos informaram que as decisões do CMS sempre e muitas vezes são transformadas em resoluções, isto é, adquirem caráter formal em documento escrito, e, em seis municípios (embora não os mesmos), os dois conselheiros informaram que as resoluções do CMS sempre e muitas vezes são homologadas pelo Executivo mu-nicipal, adquirindo estatuto legal. Apenas em Camaragibe, Vitória da Conquista, Aracaju e Manaus, os dois conselheiros entrevistados informaram que todo o processo decisório do CMS atende aos requisitos formais e legais.

Foi perguntado aos conselheiros qual o grau de interferência do CMS nas diretrizes e prioridades das políticas municipais de saúde e qual o poder de controle do CMS sobre as ações da SMS. Em metade dos municípios pesquisados, os dois conselheiros concordaram quanto ao grau de interferência do CMS nas Políticas Municipais de Saúde: em Camaragibe, Campinas, Manaus e Brasília, ambos infor-maram que o CMS tinha muita interferência e, em São Gonçalo, os dois conselheiros entrevistados responderam que o CMS participava das discussões, mas não tinha real interferência nas diretrizes

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e prioridades das Políticas Municipais de Saúde. Também em cinco municípios houve concordância das respostas dos conselheiros quanto ao poder de controle do CMS sobre as ações desenvolvidas pela SMS: em Camaragibe, Aracaju, Manaus e Brasília, os conselheiros afirmaram que o CMS tinha poder de controlar as ações da secretaria municipal de Saúde e, em Vitória, ambos consideraram que o CMS apenas legitima decisões já tomadas pelo governo municipal. Portanto, apenas em Camaragibe, Manaus e Brasília, as respostas dos conselheiros foram consensuais para as duas perguntas e, neste caso, as avaliações foram positivas quanto à real interferência do CMS.

Os conselheiros necessitam receber material informativo sobre o tema em discussão, em quanti-dade suficiente e de fácil compreensão, para que possam tomar decisões sobre os assuntos. Apenas em metade dos municípios pesquisados – Camaragibe, Palmas, Vitória da Conquista, Vitória e Brasília – os dois conselheiros entrevistados tiveram opiniões convergentes a respeito dos três itens, afirmando que sempre recebiam material informativo, e este era suficiente para a tomada de decisão e de fácil compreensão. Em Manaus, os conselheiros entrevistados concordaram apenas que sempre recebiam material informativo e que este era suficiente, porém discordaram em relação à facilidade de compreensão. Em Aracaju e Campinas, ambos os conselheiros só concordaram que sempre e muitas

vezes recebiam material informativo e, em Goiânia, as respostas apenas convergiram em que poucas

vezes as informações recebidas pelos conselheiros eram suficientes para a tomada de decisões. Em São Gonçalo, as respostas foram divergentes nos três tópicos.

Outra forma de avaliar o processo de deliberação nos Conselhos Municipais de Saúde foi perguntan-do aos conselheiros sobre a existência de interesses comuns entre toperguntan-dos os conselheiros representanperguntan-do os diversos segmentos; entre os conselheiros representantes do segmento dos usuários; se o processo deliberativo era realizado por meio de negociação de diferentes propostas; se a solução era obtida em comum acordo; e sobre a formação de blocos de interesses no interior do CMS.

Em Camaragibe, Palmas, Vitória e Aracaju, os dois conselheiros responderam que sempre e muitas

vezes existiam interesses comuns, tanto entre todos os conselheiros quanto entre conselheiros

repre-sentantes dos usuários. Em São Gonçalo e Campinas, ambos os conselheiros informaram a existência de interesses comuns apenas entre os conselheiros representantes dos usuários. Em Goiânia e Brasí-lia, os dois conselheiros concordaram apenas que sempre e muitas vezes existiam interesses comuns entre todos os conselheiros, e, em Vitória da Conquista e Manaus, os conselheiros não apresentaram respostas convergentes para nenhuma das duas perguntas.

Em todos os municípios pesquisados, exceto Manaus, os dois conselheiros responderam que nos CMS

sempre e muitas vezes ocorrem negociações de diferentes propostas e as soluções são encontradas em

comum acordo. Quanto à formação de blocos de interesses entre conselheiros, a situação foi oposta: apenas em dois municípios os dois conselheiros entrevistados apresentaram opiniões convergentes – em Campinas, informando que poucas vezes constituíam-se blocos de interesses e, em Manaus, mencionando que nunca se formavam blocos de conselheiros. Entretanto, apenas em Camaragibe e Manaus, não foram assinalados quaisquer blocos de interesses da lista apresentada, contendo nove possibilidades de respostas. Os blocos mais assinalados, cada qual mencionado em quatro municípios, foram entre os representantes dos gestores e entre representantes de gestores e prestadores. Em três municípios pesquisados, os conselheiros informaram a constituição de blocos entre representantes

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dos usuários e, em dois municípios, mencionaram a existência de blocos entre representantes dos profissionais e de bloco composto por representantes dos usuários e dos profissionais.

Parte das ações desenvolvidas pelos Conselhos Municipais de Saúde pode envolver intercâmbio ou o estabelecimento de parcerias com outros órgãos ou instâncias colegiadas existentes no município. Perguntou-se aos conselheiros a respeito da existência e freqüência do intercâmbio. Em São Gonçalo e Brasília, não houve concordância entre os conselheiros entrevistados, em relação a qualquer dos quatro órgãos colegiados selecionados. Em Campinas, apenas um dos conselheiros soube fazer essa avaliação, respondendo que poucas vezes o CMS estabelece intercâmbio com os órgãos seleciona-dos. Em Camaragibe, Goiânia e Manaus, poucas vezes o CMS tem contato com órgãos de defesa do consumidor, situação que nunca ocorre nos CMS de Vitória da Conquista e de Vitória e, apenas em Palmas, realiza-se sempre ou muitas vezes. Em relação ao estabelecimento de parcerias entre o CMS e o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, obtivemos menor número de respostas convergentes dos conselheiros: em Vitória e Aracaju, nunca ocorrem, em Goiânia, poucas

vezes e, apenas em Palmas, foi informado acontecerem sempre e muitas vezes.

Em apenas quatro municípios pesquisados, os conselheiros concordaram sobre a existência de intercâmbio entre o CMS e o Conselho Municipal de Educação: em Camaragibe, Palmas e Manaus, ocorrem sempre e muitas vezes, mas nunca acontecem em Aracaju. Nos cinco municípios em que os conselheiros entrevistados concordaram quanto ao estabelecimento de parcerias entre o CMS e o Conselho Municipal de Assistência Social, as respostas foram que estas ocorrem sempre e muitas vezes. Na avaliação dos conselheiros entrevistados, apenas em Palmas o CMS estabelece, com freqüência, intercâmbio e parcerias com três dos quatro órgãos colegiados selecionados.

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Quadro 19: Intercâmbio e parcerias entre o CMS e colegiados selecionados, dez grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município Órgãos de defesa do consumidor Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho Municipal de Educação Conselho Municipal de Assistência Social

Camaragibe Poucas vezes - Sempre Sempre

Palmas Sempre Sempre - Sempre

Vitória da

Conquista Nunca - Sempre Muitas vezes

Vitória Nunca Nunca -

-Aracaju - Nunca Nunca Muitas vezes

São Gonçalo - - -

-Campinas* Poucas vezes Poucas vezes Poucas vezes Poucas vezes

Goiânia Poucas vezes Poucas vezes - Muitas vezes

Manaus Poucas vezes - Muitas vezes

-Brasília - - -

-Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

Assinaladas as opiniões dos conselheiros representantes dos usuários entrevistados apenas quando convergentes. Quando divergentes, assinaladas com -.

* Apenas um dos conselheiros entrevistados respondeu à pergunta, pois o outro não soube informar.