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Características de vulnerabilidade dos moradores usuários do PSF

No conjunto de moradores adscritos ao PSF pesquisados, existiam entre 28% (Camaragibe) e 35% (Manaus) com até 14 anos de idade. Em Vitória da Conquista e Vitória, existiam mais crianças e adolescentes até 14 anos entre as famílias pesquisadas que no conjunto dos habitantes do município, enquanto, em Camaragibe, o percentual foi inferior.

Considerando a distribuição por faixas etárias da população residente por grandes regiões no Brasil (IBGE, 2002), os percentuais de moradores até 14 anos nas famílias pesquisadas, em Manaus e Palmas, foi similar à média da Região Norte urbana (35%); em Camaragibe, Vitória da Conquista e Aracaju, foi inferior à verificada na Região Nordeste (33%); e, em Vitória, foi superior à média da Região Sudeste (27%). Goiânia apresentou proporção inferior e Brasília superior à observada, em 2001, na Região Centro-Oeste (30%).

A menor taxa de moradores pesquisados com 65 ou mais anos de idade foi verificada em Palmas (2%) e a mais elevada em Vitória (8%). Tanto em Vitória quanto em Goiânia, a proporção de idosos entre as famílias pesquisadas foi superior à observada entre o conjunto dos habitantes, enquanto, em Manaus, esse percentual foi inferior.

Dos moradores adscritos ao PSF pesquisados, 76%, em Aracaju e Manaus, e 43%, em Goiânia, se auto-referiram como negros e pardos. Em 2001, cerca de 46% dos brasileiros eram negros e pardos,

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concentrados, principalmente, nas regiões Norte urbana (72%), Nordeste (70%) e Centro-Oeste (55%); enquanto nas regiões Sudeste e Sul representavam 36% e 16% dos habitantes, respectivamente. Os moradores pesquisados em Manaus, Aracaju, Vitória e Brasília se consideraram como negros ou pardos em taxas superiores às regionais.

Entre 56% (Vitória da Conquista) e 36% (Vitória) dos moradores pesquisados apresentavam vulnerabilidade educacional, ou seja, não tinham qualquer escolaridade ou tinham menos de 4 anos de estudo. Embora deva ser considerado que nesse conjunto estavam incluídos menores de 10 anos, observa-se que, em Camaragibe, Vitória da Conquista, Aracaju e Goiânia, os percentuais dos mora-dores que apresentavam vulnerabilidade educacional superavam em 10% ou mais as proporções de menores de 14 anos.

Melhor aproximação a essa característica de vulnerabilidade pode ser observada pelo percentual de moradores entre 7 e 14 anos que não estavam estudando no momento da pesquisa. Essas proporções variaram entre um máximo de 6%, em Manaus, e um mínimo de 2%, em Palmas e Goiânia. Em 2001, 3,5% dos brasileiros entre 7 e 14 anos não estavam estudando, situação desfavorável principalmente nas regiões Norte urbana e Nordeste, onde essa taxa atingia cerca de 5% (IBGE, 2002). Em apenas dois municípios pesquisados foi observada uma proporção maior de moradores adscritos ao PSF entre 7 e 14 anos, que não estavam estudando, em relação ao percentual regional: Manaus e Brasília.

Quadro 32: Vulnerabilidade dos moradores usuários do PSF pesquisados segundo as características selecionadas (%), oito grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município Até 14 anos 65 ou mais anos Negros e pardos Vulnerabilidade educacional (1) 7-14 anos não estudantes (2)

Camaragibe 28,2 5,1 68,4 44,0 4,0 Palmas 34,4 2,2 66,4 37,2 2,2 Vitória da Conquista 30,6 5,7 60,7 55,7 2,7 Vitória 29,9 8,2 66,2 36,0 2,5 Aracaju 30,8 4,8 76,2 40,9 2,5 Goiânia 26,5 7,5 43,1 39,4 1,6 Manaus 34,5 3,5 75,7 37,5 6,3 Brasília 33,6 4,2 66,4 40,7 3,2

Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz; IBGE – Contagem populacional, 1996 e Censo Demográfico, 2000.

(1) Vulnerabilidade educacional – sem escolaridade + com menos de 4 anos de estudo.

(2) Percentual do total de moradores na faixa etária.

Legenda: índice superior , índice igual e índice inferior ao verificado no conjunto da população do município.

A taxa ou razão de dependência, como já mencionado, é um indicador que sintetiza um conjunto de características de vulnerabilidade das famílias, indicando a composição e estrutura familiar. Conside-rando apenas as situações mais desfavoráveis – taxas entre 0,01 e 0,20, neste último caso significando uma família integrada por cinco membros dos quais apenas um trabalha – verificamos, nessa situação,

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cerca de 17% das famílias adscritas ao PSF pesquisadas em Camaragibe e Vitória da Conquista; ao redor de 13% em Vitória e Manaus; e menos de 9% nos demais municípios. Em Brasília, apenas 3% das famílias pesquisadas apresentaram taxas de dependências intensamente desfavoráveis.

As proporções de aposentados ou pensionistas entre os moradores adscritos ao PSF pesquisados, que trabalhavam ou tinham rendimentos, variaram entre um máximo de 29%, em Camaragibe e Vitória da Conquista, e um mínimo de 8%, em Palmas. Em Brasília, essa taxa foi de 17%, e nos demais municípios foi superior a 20%.

Entre 38% (Palmas e Goiânia) e 68% (Vitória da Conquista) dos moradores adscritos ao PSF pes-quisados, que trabalhavam ou tinham rendimentos, recebiam, mensalmente, até um salário mínimo – R$ 180,00, em 2001, quando foi realizada a pesquisa em Vitória da Conquista e Goiânia, e R$ 200,00, em 2002, quando foram pesquisados os demais municípios. Em Camaragibe e Aracaju, essa situação atingia mais de 50% dos moradores pesquisados que trabalhavam ou tinham rendimentos, e cerca de 45% em Vitória, Manaus e Brasília.

Entre 33% (Aracaju) e 82% (Vitória da Conquista) dos moradores pesquisados, que trabalhavam, não tinham vínculo formalizado em carteira de trabalho, situação que atingia 57% ou mais dos tra-balhadores pesquisados em Palmas, Goiânia e Manaus; cerca de 50% em Brasília; e mais de 40% em Camaragibe e Vitória.

A taxa de desemprego dos moradores entre 15 e 64 anos de idade das famílias adscritas ao PSF pesquisados foi calculada considerando-se a desocupação ou desemprego aberto como a percentagem das pessoas desocupadas em relação às pessoas economicamente ativas. Pessoas economicamente ativas foram definidas como as pessoas ocupadas mais as desocupadas, no mesmo período. Pessoas ocupadas foram classificadas como as que tinham trabalho mesmo não o tendo exercido no período considerado por motivo de férias, licença, greve, etc. E foram classificadas como pessoas desocupa-das aquelas sem trabalho, mas que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho no período (IBGE, 2002).

As taxas de desemprego entre os moradores pesquisados variaram de um mínimo de 9%, em Goiânia, até um máximo de 22%, em Camaragibe. Entre 10 e 15% dos moradores acima de 15 e até 64 anos estavam desempregados em Vitória da Conquista e Palmas, enquanto, em Vitória, Aracaju, Manaus e Brasília, essa taxa situou-se ao redor de 16 e 17% dos moradores nesse grupo de idade.

Em Vitória da Conquista, Palmas, Goiânia, Vitória e Camaragibe, foi possível identificar uma relação inversa entre trabalhadores sem carteira de trabalho assinada e taxa de desemprego, isto é, quanto maior o percentual dos que trabalhavam sem vínculo formal de trabalho, menor a taxa de desemprego. No entanto, essa associação não foi observada em Manaus, Aracaju e Brasília.

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Quadro 33: Vulnerabilidade dos moradores usuários do PSF pesquisados segundo as características selecionadas (%), oito grandes centros urbanos, Brasil, 2002

Município dependência Taxa de desfavorável (1) Aposentados ou pensionistas (2) Rendimentos mensais até 1 SM Sem carteira de trabalho Taxa de desemprego (15 a 64 anos) Camaragibe 16,7 28,5 51,2 40,5 21,5 Palmas 8,8 8,0 38,2 66,6 13,5 Vitória da Conquista 17,3 28,5 67,6 82,1 10,2 Vitória 13,3 24,7 44,7 45,3 17,2 Aracaju 8,8 23,8 53,1 33,1 16,1 Goiânia 6,0 23,5 38,7 57,4 8,6 Manaus 13,3 20,0 44,5 60,6 17,1 Brasília 3,3 17,2 45,0 49,4 15,7 Fonte: Nupes/Daps/Ensp/Fiocruz.

(1) Taxa de dependência: relação entre número de ocupados sobre o total de pessoas na família. Desfavorável entre 0,01 e 0,20.

(2) Percentual do total de moradores que trabalham ou têm rendimentos.

O maior número de características de vulnerabilidade dos moradores adscritos ao PSF pesqui-sados foi observado em Vitória da Conquista, verificando-se, também, situações adversas bastante acentuadas em Manaus e Camaragibe.

Características de vulnerabilidade dos