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2.4 O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO

2.4.2 Atitudes

Como visto, as atitudes são determinadas pelos valores pré-concebidos durante toda a vida.

Para Bowditch e Buono (2002, p. 71) “as atitudes são uma predisposição da pessoa agir de forma positiva ou negativa diante de uma situação.” Assim sendo, as atitudes de uma pessoa influenciam no seu comportamento.

O comportamento organizacional pode ser afetado de forma significativa de acordo com as atitudes das pessoas que nela trabalham.

Segundo Robbins (2005, p.60), “as atitudes refletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa”. Na organização, as atitudes das pessoas revelam como estas se sentem em relação ao seu trabalho.

Conforme afirma Kanaane (1999, p. 79), as atitudes de um indivíduo têm os seguintes componentes básicos:

- Afetivo-emocional: refere-se aos sentimentos ou reações emocionais que o indivíduo apresenta em face de uma situação específica.

- Componente cognitivo: refere-se às crenças do indivíduo, os conhecimentos e os valores associados à situação, objeto ou pessoa. O comportamento cognitivo diz respeito aos conhecimentos ou crenças intelectuais que uma pessoa tem a respeito de algo.

- Componente comportamental: refere-se às ações favoráveis ou desfavoráveis com relação à situação em foco.

- Componente volitivo: constitui-se nas motivações, desejos, expectativas e necessidades inatos e adquiridos.

Já Dubrin (2003), não separa os componentes que norteiam as atitudes dos indivíduos, e os considera todos interligados, inter-relacionados, sendo que a alteração de um deles acaba alterando todos os demais.

Neste sentido, relações humanas significam muito mais que alguns indivíduos estabelecendo e mantendo contato com outros indivíduos. Significa que os indivíduos estão nessas relações com uma atitude, com um estado de espírito ou com uma maneira de ver as coisas que, muitas vezes, difere dos outros.

Pode-se dizer ainda que as atitudes, ao contrário dos valores, são mais suscetíveis a mudanças. Conforme Quadros e Trevisan (2007), as atitudes podem sofrer mudanças, como se pode perceber nas milionárias campanhas publicitárias, onde se procura diariamente moldar as atitudes das pessoas e fazê-las consumir e

agir de forma diferente da sua conduta habitual. As atitudes das pessoas são moldadas de acordo com os interesses sociais, políticos e econômicos da sociedade em que vivem.

2.4.2.1 Tipos de atitudes

Apesar de que as pessoas podem ter um conjunto bastante amplo de atitudes, o estudo do comportamento organizacional se limita a estudar apenas aquelas atitudes relacionadas ao trabalho.

O quadro 5 a seguir demonstra as características destas principais atitudes no ambiente organizacional. Tipos de atitudes Satisfação com o trabalho Envolvimento com o trabalho Comprometimento com o trabalho Refere-se à atitude geral de uma pessoa

em relação ao trabalho que ela realiza. Em geral, as

pessoas que apresentam alto nível

de satisfação com o trabalho que realizam,

demonstram atitudes positivas em relação a ele, sendo que uma

pessoa insatisfeita apresenta atitudes

negativas.

O envolvimento com o trabalho significa o grau em que uma pessoa se identifica

psicologicamente com seu trabalho e considera seu desempenho nele como fator

de valorização pessoal. Um alto nível de envolvimento

com o trabalho está intimamente relacionado com

a cidadania organizacional e ao desempenho.

Este é definido como a situação em que o trabalhador

se identifica com uma empresa e seus objetivos, desejando manter-se dentro dessa organização, fazendo

parte dela.

Assim, o envolvimento com o trabalho e o comprometimento

diferem muito. No primeiro, o funcionário apresenta uma

identificação com a tarefa realizada, e no segundo o funcionário se identifica com a

organização onde trabalha.

Quadro 5 – Tipos de atitudes

Fonte: adaptado a partir de Robbins (2005, p.61/62)

Assim, de acordo com o quadro 5, considerar as atitudes dos funcionários, como sua satisfação com o trabalho, assim como seu envolvimento e comprometimento com esse trabalho, faz parte do novo cenário das relações de trabalho do século XXI.

2.4.2.2 Atitudes e a diversidade da força de trabalho

As diversidades sempre existiram e sempre existirão entre as pessoas. As pessoas são diferentes entre si. Suas atitudes dentro do ambiente de trabalho demonstram isto. O grande segredo é que todos aprendam a respeitar e a lidar com essas diferenças.

Conforme Robbins (2005), os gestores e executivos que tratam da gestão de pessoas vem tentando alcançar uma mudança nas atitudes dos funcionários em relação a assuntos como diferenças de sexos, cor, raça ou religião, além de outros aspectos característicos das diversidades.

Apesar de decadente, ainda prevalece, em muitas empresas, um padrão para ingressar ou ocupar determinados cargos na empresa. Por exemplo, o padrão para ocupar cargos de gerência geralmente era o de homens brancos. Mulheres e negros ocupavam cargos de menor importância na hierarquia.

Porém, na atualidade, esse quadro vem mudando muito. Diferentemente de tempos atrás, hoje já se encontram negros em cargos de comando e de chefia nos diferentes segmentos do mercado de trabalho. Além disso, as mulheres também vêm se destacando e ganhando espaço neste mercado dominado por homens até bem pouco tempo. Hoje, elas ocupam os mais variados cargo nas áreas pública, privada e política, antes só ocupados por homens. As empresas estão, cada vez mais, tentando eliminar estas adversidades e tendo reflexos positivos nos resultados da organização. Apesar de ser ainda um tema bastante novo nas empresas brasileiras e não se ter estudos mais comprovadores de que a diversidade é a responsável por gerar maiores e melhores resultados, as empresas têm caminhado nesta direção (WAGNERA, 1999).

A diversidade integra o grupo de trabalho, traz novas experiências e novas culturas, enriquecendo a célula social e obtendo melhores resultados.

Profissionais de diferentes formações, com histórias de vida adversas, percebem o mundo de forma muito mais abrangente e visualizam ângulos não percebidos por outras pessoas, resultando em idéias originais e criativas. Uma equipe diversificada apresenta um repertório rico de comportamento e conhecimento, o que resulta em um atendimento qualificado ao público externo e ao ganho de vantagem competitiva.

Contudo, possuir uma clientela interna diversificada não basta, se a organização não coloca essa questão como parte da estratégia da empresa, se não há um compromisso de todos os setores da empresa, encabeçados pela direção. O fato de a empresa ter entre seus membros pessoas diferentes não a torna mais inovadora. É preciso que se criem espaços para a novação. Só então as diferenças se complementarão e serão geradoras de novos conhecimentos. Falar de diversidade é falar de inclusão de minorias, não sustentada por um protecionismo, mas baseada nas competências (QUADROS E TREVISAN, 2007).

Sem dúvida, nos tempos da administração científica, onde as máquinas e equipamentos eram mais importantes que os seres humanos, estas questões não faziam parte da gestão das empresas. Porém hoje, devido às transformações sofridas pelos mercados, e à descoberta que o capital humano é o grande patrimônio das empresas, essa situação é bem diferente.