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2.1 DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA À ADMINISTRAÇÃO HUMANÍSTICA

2.1.1 O aspecto comportamental da administração

É na década de 1950, passados quase vinte anos da grande depressão, que as teorias da Administração são reavivadas e seus pressupostos são novamente colocados em discussão. A Administração de Taylor e Fayol já não supriam as necessidades das organizações rumo ao final do século XX.

A nova visão das organizações em relação ao seu capital humano fica então conhecida como Escola das Relações Humanas.

Conforme Chiavenato (1999), em 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas (EUA), realizou uma experiência na fábrica da Western Eletric Company com o intuito de pesquisar a correlação entre iluminação e eficiência dos operários, medida por meio da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e estendia-se aos efeitos das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Os pesquisadores verificaram que os resultados da pesquisa sofriam influências das variáveis de natureza psicológica. Na época a Western, desenvolvia uma política de

pessoal que valorizava o bem-estar dos operários mantendo salários satisfatórios e boas condições para desempenharem suas funções.

O método da psicologia experimental passa então a ser testado pelos estudiosos. A experiência consistia no aumento da intensidade de luz em uma sala correlacionando-a ao aumento de produção. Realizava-se a diminuição de energia na sala de experimento, porém, a produção continuava em seu crescimento constante. Foram adicionados, posteriormente, certos benefícios como intervalos de descanso, lanches, porém ao contrário do que se esperava a produção continuava em um aumento progressivo (CHIAVENATO, 1999).

Essa teoria, além de reconhecer que as pessoas tinham necessidades de aceitação, status e reconhecimento, eles iam além da perspectiva das relações humanas, e propunham que os trabalhadores também queriam obter satisfação pessoal do trabalho, desenvolvendo suas habilidades (e a si mesmos), na busca por um trabalho realizador e compensador (BOWDITCH, 2002).

Para Callegari (2006, p.01), a Administração voltada ao ser humano surge,

(…) a partir dos trabalhos de dinâmica de grupo desenvolvidos por Kurt Lewin, ainda na sua fase de impulsionador da Teoria das Relações Humanas, com a divulgação do livro de Chester Barnard e, posteriormente, dos estudos de George Homans sabre sociologia institucional de grupo, culminando com a publicação do livro de Herbert Simon sobre o comportamento administrativo, uma nova configuração passa a dominar a teoria administrativa.

Neste período, a globalização da economia já estava em processo e a teoria administrativa procura novas alternativas para se adequar aos novos tempos.

Conforme Callegari (2007), a abordagem comportamental marca a mais forte ênfase das ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais. A abordagem comportamental originou-se das ciências comportamentais, em particular da psicologia organizacional.

Durante o desenvolvimento da Teoria das Relações Humanas percebe-se que o homem é um ser complexo e dotado de diversas necessidades, sendo que estas necessidades orientam e dinamizam o comportamento humano em direção a certos objetivos pessoais.

Para os defensores da abordagem comportamental da Administração, assim que uma necessidade é satisfeita, logo surge outra em seu lugar, dentro de um processo contínuo, que não tem fim, desde o nascimento até a morte das pessoas. Os autores behavioristas4 verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações e, com isso, conquistar a adesão dos que nela trabalham (CALLEGARI, 2007).

O principal teórico da abordagem comportamental da administração foi Abrahan Maslow, que desenvolveu a teoria da motivação e é amplamente lembrado até os dias de hoje, quando se fala em comportamento organizacional. Para este estudioso, as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influenciação, formando uma pirâmide de necessidades, como se pode verificar na figura 1 a seguir.

Figura 1 – Pirâmide de necessidade de Maslow Fonte: Callegari (2007, p.03)

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Corrente de pensamento oriunda das experiências sobre comportamento realizadas por Pavlov (1849-1936), e enunciadas por John Watson (1878-1958), de grande influência durante os anos 20 até a década de 30.A denominação vem do termo em inglês behaviour (comportamento) e enfatiza a importância dos fatos objetivos passiveis de observação, basicamente a fórmula estímulo-resposta como base de uma psicologia científica.

Segundo Gil (2001), Maslow percebeu que as necessidades humanas são satisfeitas à medida que as necessidades básicas são atingidas, e outras mais elevadas tomam o predomínio do seu comportamento.

Para Callegari (2007), as necessidades primordiais da pirâmide são as fisiológicas, as quais são representadas pelas necessidades de abrigo, de alimentação, etc. São vitais a todos os seres humanos. Quando alguma dessas necessidades não está satisfeita, ela domina fortemente a direção do comportamento.

Maslow define ainda como necessidade de grande importância, a necessidade de segurança que, segundo Callegari (2007, p.03), constituem:

O segundo nível das necessidades humanas. Surgem no comportamento quando as necessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Quando o indivíduo é dominado por necessidades de segurança, o seu organismo se orienta fortemente para a procura de satisfação dessa necessidade. As necessidades de segurança têm grande importância no comportamento humano.

A segurança é fator direcionador do comportamento social para Maslow. Ao sentir-se seguro, o ser humano sente-se mais motivado e satisfeito dentro do ambiente organizacional. Ao se sentir ameaçado ou desconfortável com alguma situação na empresa, o indivíduo passa a sentir insegurança, reduzindo a rentabilidade e a sua satisfação pessoal dentro da organização.

As necessidades sociais também são citadas por Maslow, onde enquadram- se a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. Quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, o indivíduo torna-se resistente, antagônico e até hostil com relação às pessoas que o cercam (CALLEGARI, 2007).

As necessidades sociais são fortes direcionadores do comportamento social do indivíduo, pois todo ser humano tem a necessidade de se sentir aceito e querido pelo seu grupo social.

A necessidade de auto-estima também consta na pirâmide de Maslow. Conforme Callegari (2007), estas são as necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestigio e consideração, de confiança perante o mundo, independência e autonomia.

Caso não tenha o sentimento de auto-estima, o ser humano estará então se sentindo inferiorizado, fraco, dependente, e conseqüentemente, infeliz, desmotivado e pouco produtivo dentro da organização.

Essa necessidade é mais complexa e envolve toda a vida do indivíduo, representando suas experiências passadas que atuaram sobre a formação da auto- estima e da auto-confiança. No entanto, um ambiente organizacional equilibrado, agradável e saudável pode contribuir para a redução da baixa auto-estima e da falta de auto-segurança, contribuindo com a melhora da produtividade e da satisfação do indivíduo.

Por fim, a pirâmide de Maslow, segundo Callegari (2007), aborda a auto- realização como a necessidade humana mais elevadas e que está no topo da hierarquia.

São as necessidades de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de auto-desenvolver-se continuamente.

Neste contesto, foram as teorias comportamentais da Administração, estudadas amplamente até os dias de hoje, que desenvolveram instrumentos gerenciais para se tratar os relacionamentos e comportamentos humanos dentro das organizações.