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2.2 A ADMINISTRAÇÃO DA COMPETÊNCIA

2.2.1 Definições de competência

Mas o que vem a ser competências?

Foi anos 80 que a temática da competência começou a ser estudada por pesquisadores e consultores.

Na indústria brasileira, a partir dos anos 90, com a inserção do país no processo de globalização produtiva, o conceito de competência começou a ganhar importância. O mercado foi sensibilizado pela necessidade de incorporar novas técnicas de gestão.

Para Medef (apud Zarifian, 2001, p.66), a competência profissional é:

(...) uma combinação de conhecimentos, de saber fazer, de experiências e comportamentos que se exerce em um contexto preciso. Ela é constatada quando sua utilização em situação profissional, a partir da qual é passível de validação. Compete então à empresa identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir.

Assim sendo, quando se fala em competência, está-se referindo a competência de um indivíduo, de uma pessoa, e não de um cargo. É a qualificação do ser humano.

Ainda de acordo com Zarifian (2001), o conceito de competência assume relevância, não só para se reverem as práticas de gestão de pessoas (se fosse apenas por isso correria o risco de ser mais um modismo), mas por colocar luz na relação entre a estratégia, as funções críticas, as competências essenciais e as competências das pessoas. Como exemplo, uma empresa que define como estratégia competitiva a diferenciação dos serviços oferecidos aos clientes precisaria priorizar como funções críticas aquelas associadas à interação com os clientes e investir na formação das competências essenciais ligadas às áreas de marketing, serviço, entre outros, relacionando-as as demais funções e competências das pessoas.

Para LeBoterf (1994 apud Fleury & Fleury, 2001, p. 20), a competência, “...é o conjunto de aprendizagens sociais comunicacionais nutridas à montante pela aprendizagem, formação, e à jusante pelo sistema de avaliações”.

Para Zarifian (2001), a competência é a colocação de recursos em ação em uma situação prática. Não somente aqueles recursos que os indivíduos possuem ou adquirem, mas aqueles que sabem como colocar em ação. É uma inteligência prática das situações que, apoiando-se em conhecimentos adquiridos, transforma- os á medida que as adversidades da das situações aumenta.

Neste sentido, é possível perceber que o conceito de competências está ligado à aquisição de conhecimentos e a mudança de atitudes, buscando melhores desempenhos.

O domínio de determinadas competências faz com que profissionais e organizações façam a diferença no mercado.

A palavra competência vem do verbo competir, que gera também outros substantivos como competição e competidor. É o capital produtivo do ser humano.

É claro que tudo isto implica uma nova relação empresa – colaboradores. O colaborador deixa de ser visto como um custo e passa a ser visto como uma fonte de vantagem competitiva.

Segundo Ruas (2005, p.36),

A emergência do conceito de competência é resultado de outro contexto, no qual se destacam a aceleração da concorrência, a lógica da atividade de serviços, o trabalho intermitente e informal, a baixa previsibilidade de negócios e atividades e, por fim, a crise nas associações sindicais de trabalhadores.

Assim, a definição de competências tem base nestas premissas, ou seja, nas transformações advindas das crescentes instabilidades da atividade econômica e nas mudanças das relações de trabalho.

Frente a este contexto, segundo Ruas (2005, p.36), “o protagonista do trabalho, além de saber fazer, deve apresentar, em muitos casos, a capacidade de identificar e selecionar o como fazer, de se adaptar à situação específica (customizada) que enfrenta”.

Frente a estas definições, percebe-se que a evolução do conceito de competência é resultado das transformações advindas com a globalização e com os fatores vinculados à ela.

A figura 3, a seguir, demonstra as pressões criadas pelas novas competências nas organizações.

Figura 3 – Pressões pela criação de novas competências nas organizações. Fonte: Adaptada de BOAM, R. , SPARROW, P. (1992)

Percebe-se através da figura 3, que muitas são as transformações no mundo contemporâneo que exercem pressões sobre as competências nas organizações. O que se conhecia de competências até então, já não respondem de forma eficiente às exigências do mercado globalizado.

Na atualidade, as organizações precisam compreender a existência de fenômenos irreversíveis e que tem influência direta sobre a necessidade de uma reestruturação das competências existentes.

Foco na qualidade-

pressões por melhor qualidadenos produtos e serviços

- melhor entendimento das relações cliente- fornecedor - definição clara de necessidade e desejos do consumidor. Novas tecnologias - mudanças técnicas em produtos, processos e sistemas de informação - reavaliação da função gerencial

- mais informação, poder e conhecimento para o nível operacional - ciclo de desenvolvimento de produto reduzido. Novos arranjos competitivos - mudanças em contextos regulatórios: privatização, desregulamentação etc. - aumento do número de alianças estratégicas - aumento do número das aquisições e fusões.

Organização mais ágil e Flexível

- descentralização em setores maduros ou declinantes

- pressão por melhoria de performance a curto prazo - aumento das terceirizações e subcontratações - movimento da burocracia em direção a ‘adhocracia’ - redução do nível de formalização

- quebra das barreiras internas e externas nas organizações movimento acelerado de nascimento, crescimento, maturidade e declínio de pequenas empresas. Pressões para geração de novas competências nas organizações. Internacionalização dos negócios - globalização dos mercados - redesenho dos grupamentos econômicos regionais; Nafta, Mercosul, Comunidade Européia. Disponibilidade de recursos - pressões demográficas reduzindo disponibilidade de recursos humanos - mobilidade limitada do staff - provisão educacional incapazde atender à demanda das empresas - crescimento da cultura do ‘eu’, com demanda por desenvolvimento individual

O poder da informação

- aumento na disponibilidade e

quantidade de informaçoes - necessidade de usomais efetivo das informaçoes - necessidade de gerir relações com fontes externas de expertise.

Para que as empresas possam permanecer competitivas no mercado de atuação, importante se faz focar produtos ou serviços com qualidade referenciada, desenvolvimento de novas tecnologias, bem como também procurar conhecer o contexto em que estão inseridas.

Conforme Wood e Filho (1999), para fazer frente ao novo cenário competitivo, a relação de trabalho deve mudar. Sobre ela deve ser alicerçado o desenvolvimento das competências organizacionais e individuais.

O aumento da complexidade nas situações profissionais exige que os profissionais desenvolvam competências para conseguir administrar essa complexidade.

LeBoterf (2003, p.37), também compactua da opinião de Wood e Filho, ao afirmar que “não se pede mais ao operador que faça consertos, mas que saiba ‘administrar panes’, acontecimentos, contingências e processos”.

Neste sentido, o profissional que apenas sabe resolver os problemas rotineiros e que se apavora no momento de resolver questões mais complexas, não é mais adequado para as organizações do século XXI, cujo ambiente de complexidade se altera dia-a-dia.

Essas transformações nos ambientes empresariais e, conseqüentemente das pessoas, traz a tona o assunto sobre o comportamento organizacional, item verificado a seguir.